Traços de Tristeza

by KittyBlue

Capítulo 1

- Que pensas que estás a fazer aqui? – perguntou um dos guardas.

- Eu estou a tirar apontamentos, não posso?

- Não! É proibido jornalistas nos locais de crime!

- Eu sabia mas pensei que ias ser simpático e deixar-me ficar..

- Fora!!! – gritou o guarda.

- Já vou, já vou!

O ruivo suspirou colocando o seu bloco de notas dentro do casaco e dirigindo-se para a saída. Tinha quase conseguido ler o que dizia o relatório da policia mas aquele guarda estúpido tinha aparecido e estragado tudo!

- Como sempre a meter-se onde não deve, não é Fujimiya?!

Ran olhou para o seu lado esquerdo. Os seus olhos arregalaram-se ao ver alguém que pensava, e tinha quase a certeza, ser um fantasma. O ruivo olhou em redor para ver se ninguém dizia nada, mas os guardas estavam todos ocupados a expulsar outros repórteres ou a tomar conta da cena do crime.

- Kudoh.. Yohji Kudoh..?

- Isso mesmo. – respondeu o loiro acendendo um cigarro. – Ainda bem que não te esqueceste de mim..

- Mas.. tu devias estar morto!

- Woa! Boa maneira de dizeres que sentiste a minha falta!

- Cala-te! Disseram que tinhas morrido com a tua namorada, Asuka qualquer coisa.. eu próprio tratei de fazer o artigo e eu sei muito bem que até encontraram um corpo!

- Minha parceira, Asuka Murase. Ela morreu sim, eu não. Tão simples quanto isso.

- Que fazes aqui?

- Eu sou o detective em cargo deste caso.. parece que voltamos a encontrar- nos.

- Parece que sim.. – Ran desviou o olhar do loiro para um guarda que ia a passar e que ao vê-lo veio na direcção dele. Ele suspirou ao perceber que não tinha mesmo maneira de saber mais sobre o morto. – Tenho de ir andando.. – Ran olhou para o guarda que se aproximava.

- Eu não disse para saíres daqui??

- Sim! Já estou a ir!

- Estás à espera de quê então? – perguntou o guarda cruzando os braços. Yohji riu-se e os dois olharam para ele. – Detective Kudoh! O comissário estava a perguntar por si.

- Ok.. obrigado. – o loiro desencostou-se da parede e foi para onde sabia estar o comissário.

- E tu fora! – gritou o guarda novamente para Ran.

- Tu deves ter um problema qualquer de atitude, já disse que estava a ir!! – Ran afastou-se mas parou novamente ao lado do guarda. – Mas voltaremos a encontrar-nos de novo, não desisto facilmente.

Ran seguiu o seu caminho. Yohji riu-se ao ver o ar atrapalhado do guarda, além de estar completamente embaraçado, parecia perdido. O loiro sabia bem o quanto aquele repórter, Ran Fujimiya, conseguia fazer uma pessoa perder todo o sentido.

Realmente a primeira coisa que Yohji pensou quando Manx lhe disse qual era a nova missão da Weiß foi se iria novamente encontrar-se com ele.

Flashback

- A vossa nova missão Weiß. – disse Manx ao entrar na sala e entregar uns pacotes que tinha as informações respectivas à missão. – Um grupo de jovens entre os 18 e os 20 anos têm sido encontrados em jardins destruídos ou cemitérios. Sabemos que o assassino tem protecção de alguém superior que além de lhe apagar as pistas, protege-o contra a policia. A vossa missão é encontrar o assassino e o seu protector e eliminar os dois.

Yohji percebeu imediatamente que esta era uma missão em que seriam necessários os três elementos da Weiß. Seria uma missão fácil se Persia não achasse que para proteger os inocentes e para evitar perder tempos a Weiß devia permanecer sob disfarce.

Então Ken tinha sido encarregue de entrar como estagiário para a policia, Yohji iria usar a sua perícia de detective e tomar conta de todos as ocorrências relacionadas com estes assassinatos.

Tudo estava bem até Omi perceber que ia ficar novamente apenas em casa a tratar de tudo através do computador. Depois de o loirinho quase se devastar em lágrimas em frente à ruiva, Manx finalmente concordou em arranjar-lhe também um disfarce. Que acabou por ser especialista de investigação no jornal Himawari.

Depois de a Manx preparar tudo para entrarmos para os nossos sectores durante a missão, Omi foi verificar o cadastro dos jornalistas e empresários do jornal, entre eles o prezado repórter Ran Fujimiya. Manx disse que Ran seria um dos que Omi teria de seguir mais atentamente, ele era bastante cuidadoso com as suas reportagens mas em geral metia-se muito onde não devia.

- Mas Manx-sama, vou ser babysitter ou algo do tipo?

- Não Omi, apenas quero que caso ele descubra alguma coisa me contactes imediatamente. Precisamos acabar com este assassino o mais depressa possível, teremos todo o tempo com o protector, mas Persia não quer mais inocentes a morrer.

- Então quando começamos? – perguntou Ken curioso e dava para ver, ansioso.

- Amanhã. Ai dentro encontraram o sitio onde serão esperados amanhã. Ken e Omi terão de começar por ser entrevistados, serão aceites por terem óptimas recomendações que ninguém se dignaria a recusar. – Manx pausou e olhou na minha direcção. – Yohji, tu irás amanhã ao último local do crime, irás conversar com os guardas e se houver alguma pessoa que aches suspeita, tem em mente investigar, como não terás a ajuda do Omi, fala comigo ou investiga por ti, como quiseres.

- Ele não precisa de ser entrevistado porquê? – perguntou Omi.

- Não sei bem como mas Yohji Kudoh tem uma boa reputação como detective, o comissário Shuuichi Takatori aceitou facilmente integrar-te na sua equipa. Ele quer que os assassinatos acabem tão rápido como nós. Alguma dúvida?

Ao não receber nenhuma, Manx despediu-se e saiu da sala de missões, deixando três membros da Weiß ansiosos e ao mesmo tempo aterrados com aquilo que os esperava. Nunca numa missão tinham ficado proibidos de se contactarem e desta vez só poderiam contactar-se quando a missão acabasse. Omi seria o única a permanecer na Koneko, os restantes, Ken e Yohji teriam até de arranjar um sitio para ficar durante a missão.

Fim do Flashback

Até agora as coisas corriam bem. O comissário Takatori tinha se disponibilizado a ajudar da melhor maneira possível e parecia realmente bastante interessado em que este assassino fosse descoberto.

Yohji aproximou-se do comissário, que estava a falar com o médico legista.

- Mandou chamar-me, comissário?

- Kudoh. Eu queria que visses o relatório da autopsia depois do Dr. Konaka examinar o corpo do morto. Podes tirar algumas pistas sobre o que aconteceu a partir dai. Quero que saibas que estou bastante contente por ter alguém tão conceituado connosco, tenho a certeza que serás uma preciosa ajuda.

- Farei tudo ao meu alcance para terminar este caso o mais rápido possível. Mais alguma coisa ou posso ir?

- Só tenho mais uma coisa a avisar, os repórteres costumam aproximar-se bastante do local do crime. Pelo menos duas vezes já tivemos problemas com jornais e revistas a dizer aquilo que achavam sobre este assassino sem terem na realidade nada a dizer. Espero que tenhas cuidado com eles, um especialmente perigoso é Ran Fujimiya. Ele é um bom jornalista mas em geral não tem limites quando tem uma reportagem a terminar.

- Terei isso em conta. Com licença, vou investigar o local e depois irei até à clinica ter com o doutor. – Yohji afastou-se.

O primeiro sitio que o loiro lembrou-se de examinar foi o local onde o morto tinha sido encontrado. Noutra coisa que Yohji tinha tido sorte foi que esta vítima tinha sido encontrada num jardim completamente destruído, pelo menos dois ou três anos sem ter uma única visita. Alguns dos últimos mortos tinham sido encontrados em cemitérios.

Ao examinar o chão Yohji chegou à conclusão que o corpo tinha sido arrastado. Ao seguir os sinais de arrastamento do corpo, o loiro verificou que a vítima tinha sido morta um pouco longe, quase na entrada do jardim. Podiam ver-se claras marcas de luta, por isso a morte deveria ter sido demorada, pois havia marcas mais profundas, como se o homem tivesse tentando ainda levantar-se.

Yohji não tinha ideia da arma do crime e nem sabia quais as circunstâncias da morte da vítima, coisas que só descobriria ao examinar o corpo, coisa que seria impossível por o corpo já ter sido levado para a clinica, mas existia sempre a hipótese de ver o relatório da autopsia. Só mesmo ai teria novas informações.

--

A Koneko estava vazia, apenas uma ou duas raparigas que tentavam convencer Omi a sair com elas. Ele já tinha dito mil vezes que não podia, que agora que ia estar sozinho durante o resto do mês teria mais trabalho. Nenhuma delas sabia de certeza que a Koneko iria só contar com a presença dele nalgumas manhãs e fins de tardes, com o novo trabalho no jornal, Omi iria ter muito menos tempo para estar ali.

O sino da entrada tocou avisando que estava ali uma nova cliente. Omi arregalou os olhos quando a rapariga entrou olhando em redor. Ela tinha cabelos loiros compridos e uns olhos verdes meio azulados, era bastante bonita e sem dúvida que não era o tipo de cliente que Omi estava habituado a receber.

Ela sorriu e aproximou-se de Omi.

- Allô.. [1] quer dizer olá! – disse ela com um sorriso.

- Olá. Posso ajudar nalguma coisa?

- Acho que nem por isso.. eu mudei-me para a casa em frente. – ela pausou apontando para a casa em frente à loja. – E ao ver esta bonita floricultura, decidi aproximar-me para explorar.

- Oh, então bem vinda. De certeza que será sempre bem vinda à Koneko. – as duas raparigas que restavam acabaram por ir embora ao ver que Omi não lhe dava atenção nenhuma. O loirinho agarrou um lírio e deu-o a loira.

- Que lindo! Obrigado.. esqueci-me completamente de me apresentar.. Mireille Bouquet.

- Muito gosto, Omi Tsukiyono.

- Eu adorei a tua lojinha, é muito gira.. que quer dizer Koneko no.. como é mesmo.. sabes, é que eu sou francesa e não tenho muita experiência com o japonês.

- Koneko no Sumu Ie, a casa do gatinho.

- Ah! Mignon! [2]

Omi corou embaraçado. Mireille sorriu.

- Bem eu tenho de ir andando, a minha amiga deve estar a estranhar onde ando. Vem visitar-nos um dia destes! – disse ela com um sorriso voltando-se para ir embora.

- Adeus. – disse ele.

A porta fechou-se e Omi olhou em redor e viu que a loja estava totalmente deserta. As últimas clientes tinham ido embora, sem os outros tudo parecia mais triste. Omi preparou-se para fechar a loja.

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Kirika afastou-se da janela ao ver Mireille a sair da loja. A loira deu-lhe um sorriso e atravessou a estrada, alguns segundos depois a loira estava a entrar no quarto onde estava a morena.

- Aquele miúdo é muito querido. Devias ter vindo comigo. – Mireille olhou para a flor que tinha na mão e em seguida olhou para Kirika. – Então, tudo bem?

- Tudo.

- Ainda bem. Sentes falta de Paris? – Mireille esperou algum tempo para a outra responder mas a morena ficou calada. – É que eu sinto. Nunca pensei mas acho que me acostumei à cidade. O Japão é um pais como outro qualquer, não tem aquele atractivo que encontrei sempre em cada rua e esquina de paris.. – Mireille suspirou.

- É pouco tempo.

- Pois é! – Mireille sorriu. – Sabes, acho que vou ter de arranjar algo mais que fazer do que andar por aqui a pensar naquilo que deixamos para trás... novas mensagens?

- Não. O cliente disse que avisaria quando quisesse o serviço e até agora não disse nada.. que fazemos?

- Eu juntei duas ou três missões, podemos tratar delas enquanto ele não diz nada.

- Muito bem. Diz-me apenas quem tenho de matar.

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O céu escureceu à medida que o sol se ponha. As poucas luzes do local eram dos postes de electricidade. A rua estava escura, mas não suficiente para que ele não visse para onde estava a ir.

Com cuidado Ran saltou a vedação que os guardas tinham colocado para que ninguém visse vasculhar o lugar. O ruivo suspirou aliviado ao ver que não havia ninguém ali. Aproximando-se do lugar onde tinha visto o morto antes de ser transportado para a morgue, Ran parou captando todo o tipo de pistas que lhe pudessem ser úteis.

A policia tinha verificado bem o lugar mas tinha deixado o sitio completamente destruído em termos de evidências. Desde a faculdade que tudo haver com criminologia o interessava, tinha aprendido cedo a perceber quando estava em frente a um suicídio ou um homicídio, e com o tempo tinha acabado por aprender também a perceber quando estava em frente a um simples assassino ou um serial-killer.

Ran baixou-se e tocou a terra. Estava seca e não havia nem uma marca de sangue, por isso o quer que tenha morto a vítima não tinha sido algo como uma faca, talvez tenha mesmo sido a tiro.. Sabia que devia ter investido mais tempo no relatório!!!

Um barulho fez com que ele rapidamente se levantasse, mas antes de ele se conseguir virar, braços o envolveram impedindo-o de se voltar. Lábios no seu pescoço fez com que ele gemesse, ao aperceber-se de repente que alguém estava a beija-lo e ele nem fazia a mínima ideia de quem era, Ran começou a mover-se para se afastar.

A outra pessoa começou a rir e Ran relaxou ligeiramente.

- Que raios pensas que estás a fazer? – perguntou Ran afastando-se bruscamente.

- Eu?! Apenas a tentar perceber que fazes tu aqui?

- Kudoh! Que fazes tu aqui? Não é meio tarde para vires até aqui?

- Até é, por isso.. que fazes aqui?

- Vim apenas tentar perceber o que aconteceu aqui. Já que fui expulso durante o dia, lembraste?

- Hum.. então descobriste alguma coisa?

- E se tiver? Desde quando partilhamos informações?

Yohji riu-se. – Acho que desde nunca, não é?

- Parece que sim.. por isso podes desaparecer para eu continuar o que estava a fazer?

- E que estavas tu a fazer?

- Nada! Deixa-me em paz!

- Fujimiya.. bem me disseram que farias tudo para descobrir o que se passa aqui? Estás assim tão interessado que és capaz de pôr a tua vida em risco? Imagina que em vez de mim era o assassino?

- Sempre disseram que o assassino volta sempre ao local do crime.

- És teimoso!

- Pois sou! – Ran deu alguns passos até estar frente a frente com o loiro. – E sou capaz de tudo pela minha carreira, por isso ou ajudas ou desapareces.

- Parece que não entendes. Tu estás a lidar com alguém que mata, alguém que ainda não foi encontrado, não com um assaltante ou alguém que decidiu que estava farto de ser bonzinho! Estás no meio de um caso de alguém que mata por apenas querer sangue.

- Parece que falamos de um serial-killer então, ou será mesmo apenas um assassino?

- Eu não vou dizer nada para aumentar a tua curiosidade.

- Podias ajudar a diminui-la... – Ran colocou os braços em volta do pescoço de Yohji, e beijou-lhe o pescoço da mesma maneira que o loiro lhe tinha feito anteriormente.

- Acho que iríamos apenas os dois ficar na mesma. – disse Yohji relaxando nos braços de Ran. – Serias capaz de quê exactamente para resolver isto??

- Tudo. – disse Ran simplesmente erguendo a cabeça e beijando Yohji nos lábios.

Yohji respondeu ao beijo imediatamente, mas Ran afastou-se bruscamente.

- Parece que queres saltar o acordo, Kudoh. – disse Ran com um sorriso cínico.

Yohji riu-se. – Não preciso de acordos para ter sexo. Apesar de seres alguém bem interessante, e eu certamente adoraria experimentar-te em todos os sentidos.. não o farei nunca apenas pela tua ambição.

O loiro voltou-se e andou até à saída ainda ouvindo Ran dizer algo como, "Tu é que perdes". Yohji parou e olhou para o ruivo, Ran apenas lhe deu um pequeno sorriso e voltou-lhe costas para continuar a examinar o local do crime.

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Na manhã seguinte Yohji acordou bastante assustado. Ele levantou-se e fez uma cara de desgosto ao ver a situação em que se encontrava, uma erecção nada pequena despontava nos seus boxers. Há muito tempo que não lhe acontecia ter um sonho tão erótico ao ponto de acordar ainda a sentir na sua pele cada caricia..

Devo estar a enlouquecer.. – pensou Yohji dirigindo-se para a casa de banho.

Decidido a tomar um duche rápido, o loiro removeu os boxers e começou a lavar-se. Os seus pensamentos voltaram-se para os homicídios. O seu dia seria passado na clinica com o médico legista a tentar encontrar semelhanças entre os mortos. O comissário Takatori tinha sugerido que podia ser um serial-killer e pediu para verificarmos isso o mais cedo possível. Depois de algumas conversas com Ken, que estava a dar-se muito bem entre os agentes da policia, Yohji perceber que seria provável que não fosse. Mas acabou por decidir-se a verificar na mesma essa possibilidade, afinal se fosse um serial-killer seria mais fácil de encontrar o tal assassino.

Yohji saiu do duche contente por sentir-se muito melhor, os seus pensamentos voltaram para o sonho que tinha tido esta noite, o que o tinha aterrado não tinha sido ele ter tido um sonho sexual, e certamente não o tinha incomodado o protagonista do seu sonho ser um homem.. o que o tinha deixado alerta e especialmente preocupado tinha sido a pessoa com quem tinha sonhado: Ran Fujimiya.

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Que acharam do primeiro capitulo? O ritmo foi muito rápido ou até acharam bastante lento. Queria também saber se acharam confuso. Espero que tenham gostado!

Tenho de dizer algumas coisas relacionadas com a personagem Mireille, acho que a coloquei um pouco demais OOC, ela não é assim tão emocional, apesar de ela em geral estar sempre com um sorriso. Ela em geral fala muito e quase nunca recebe respostas da Kirika com excepção de quando se trata de uma missão.

De qualquer forma.. continuem a seguir o meu fic!

Vocabulário:

1 = 'Allô' é olá em francês.

2 = 'Mignon' é bonito ou engraçado, ou na minha tradução fofinho!!