Traços de Tristeza
by KittyBlue
Capítulo 2
Omi trancou a porta da loja e ao voltar-se viu duas raparigas no outro lado da rua. Uma dela era Mireille, e quando a loira o viu sorriu e caminhou na direcção dele. Omi sorriu e disse bom dia ao que Mireille respondeu mas em francês.
- Então, não vais abrir hoje a tua lojinha?
- Não, eu estou neste momento a trabalhar num jornal e então não tenho muito tempo livre, ela só abre mais tarde, a Momoe-san, uma senhora idosa, vai cuidar de tudo para nós.. para mim quero dizer.
- Hum.. Ah! Esta é a minha amiga Kirika.. este é o Omi, sê simpática.
A morena olhou durante alguns instantes para Mireille e finalmente olhou para Omi. O rapaz deu-lhe um grande sorriso a que ela apenas respondeu dizendo olá. Omi perdeu o sorriso e olhou meio perdido para a loira.
- Ela é mesmo assim, não ligues... disseste que trabalhavas num jornal.. queres boleia? Eu e a Kirika vamos dar uma volta, para não estarmos trancadas em casa, se ficarmos muito tempo sem fazer nada ainda nos matamos uma à outra.
Omi riu e aceitou.
Os três entraram num descapotável vermelho. Kirika sentou-se no banco da frente ao lado de Mireille enquanto Omi ficou atrás. O loirinho estudou Kirika com atenção durante alguns momentos. A rapariga era mais ou menos da idade dele, tinha cabelos castanhos escuros. Ele continuou a fita-la durante algum tempo até a rapariga olhar para ele. Ele tentou sorrir mas os olhos dela fizeram-no apenas encara-la seriamente. Finalmente ela desviou o olhar para a paisagem que passava rapidamente e ele relaxou no seu lugar.
Quando o carro parou em frente ao jornal Himawari, Mireille voltou-se olhando para Omi. Os olhos verdes dela estavam fixos nela, um sorriso estranho nos seus lábios.
- Acho que deixamos-te aqui, vemo-nos mais tarde, ne? [1]
- Acho que sim.
- Desculpa lá a Kirika, mas ela é muito tímida.
A rapariga em questão olhou para eles. Os olhos castanhos, numa cor tão estranho que quase se assemelhava ao vermelho, fixaram-se nele. Ele deu-lhe um sorriso gentil e saiu do carro.
- Até depois! – disse ele correndo para dentro do edifício.
Omi entrou no elevador e saiu novamente no piso três, onde era a redacção. Por ele ser bastante recomendado e ser especialista com computadores, tinha o seu próprio gabinete. Ele entrou e fechou a porta.
Ligando o computador distraidamente, verificou alguns jornalista que Yohji lhe tinha pedido para investigar, e finalmente lembrou-se de já que estava a fazer isto verificar também Ran Fujimiya. Yohji não lhe tinha dito para o fazer, mas Manx tinha lhe ligado ontem e tinha lhe pedido para Omi estar de olho no repórter.
Omi arregalou os olhos ao verificar que Fujimiya tinha recebido um monte de prémios pelos seus artigos e tinha até feito uma vez uma reportagem para a televisão, mas pelos registos Fujimiya tinha desistido uma ou duas semanas depois. Ao verificar datas Omi descobriu que um dia antes da sua demissão uma Aya Fujimiya, irmã do jornalista, tinha dado entrada num hospital. Curioso Omi continuou a investigar o nome de Aya e descobriu que ela tinha sido atropelada, mesmo depois da sua família inteira ter sido vítima de uma explosão.. o único sobrevivente foi Ran Fujimiya que durante meses não saiu do lado da sua irmã.
O loirinho voltou a pesquisar os artigos que estavam assinados por Ran Fujimiya e descobriu outro facto bastante confuso, a maioria dos furos do repórter eram de homicídios e os poucos que não eram voltavam-se para políticos, sempre ligados de certa forma com o primeiro ministro Reiji Takatori.
Omi fechou a pesquisa e desligou o computador. Não tinha nada mais a saber sobre Ran Fujimiya e nem procuraria mais nada. O rapaz por instantes teve pena do jornalista, talvez a sua ambição na carreira fosse apenas uma maneira de chegar à pessoa que tinha colocado a sua irmã em coma. Ou talvez para Ran jornalismo fosse realmente algo bastante importante...
O telefone tocou e Omi atendeu imediatamente.
- Sim?
- Poderias passar mais tarde no meu gabinete, precisava que verificasses umas coisas para mim..
- Claro, Fujimiya-san. Agora?
- Não, eu preciso sair agora. Mais tarde.
- Diga-me quando depois.
- Certo. Obrigado. – Ran desligou e Omi suspirou.
O loirinho retirou o seu telemóvel do casaco e marcou o número de Yohji. Alguns segundos depois, o loiro finalmente atendeu.
- Kudoh.
- Yohji-kun.. preciso que me faças um favor..
--
Yohji parou em frente a uma loja de bebidas. O loiro achou estranho mas ele tinha a certeza que a pessoa que estava a seguir tinha parado aqui. Olhando em redor Yohji sorriu ao ver um porsche branco estacionado no outro lado da estrada.
O loiro não teve de esperar muito tempo até Ran sair finalmente da loja. Nas suas mãos um envelope que Yohji tinha a certeza que o ruivo não tinha antes. O loiro esperou Ran atravessar a estrada e entrar no seu carro antes de sair para se dirigir à loja.
A loja era bastante diferente do seu exterior. Por fora tinha uma aparência sofisticada e moderna mas por dentro era realmente uma loja antiga. Os moveis de madeira marcando o ar antiquado e arcaico de outros tempos. Yohji aproximou-se do balcão. O empregado olhou para ele durante algum tempo até perguntar se podia ajudar. Yohji mostrou o distintivo de detective.
- Eu vou ser directo, preciso de informações.
- Não me diga, e em que o posso ajudar, senhor?
- Aquele homem que saiu daqui.
- O senhor Fujimiya?
- Exactamente. Que veio ele aqui fazer?
- Ele veio perguntar por uma das proprietárias do estabelecimento.
- Hn.. porque será que acho que há algo mais ai..?
- Senhor, infelizmente eu sou apenas um empregado e não sei mais sobre o que se passa aqui sem ser atender os clientes.
- Pode dizer-me o nome das donas, então?
- Não..
- Não?
- Desculpe mas eu não sei. Ele também me apanhou de surpresa, mas quando eu disse que não sabia quem ele procurava ele apenas perguntou se eu tinha alguma coisa para Ran Fujimiya.
- Ok.. e tinhas?
- Um envelope.. mas não me pergunte de quem era ou o que era, eu não sei.
- Obrigado então. – Yohji saiu da loja insatisfeito por não ter descoberto mais. Sabia que havia ali algo que lhe estava a escapar mas não ia ser por um simples empregado que ia descobrir os factos todos.
Entrando no seu carro o loiro ligou um aparelho e sorriu ao ver o sinal piscar. Enquanto Ran estava na loja Yohji tinha tido a excelente ideia de colocar um transmissor no veiculo do outro. O bom daquele mecanismo era que era tanto um localizador como um microfone.
- Vamos lá ver que fazes agora, Fujimiya. – O loiro carregou no botão que ligava o microfone. Yohji percebeu o silêncio apenas preenchido por carros que passavam. Olhando para o aparelho o loiro notou que Ran estava a voltar para o jornal.
Yohji suspirou ao perceber que tinha perdido um dia inteiro a seguir alguém que não o ia ajudar a resolver os assassinatos que estavam a marcar Tokyo. A Weiß estava agora encarregada de executar uma missão e não ia ser de certeza um jornalista curioso que o ia impedir de o fazer. Yohji ia desligar o microfone quando ouviu o barulho de um telefone a tocar.
- Fujimiya. – ouviu Yohji. – Sim.. onze horas.. no parque Reiciisan. Muito bem, até logo. – Yohji esperou algum tempo e ao ter a certeza que não ia ouvir mais nada desligou o aparelho.
Parece o meu amigo tem um encontro para esta noite.. e pelos vistos eu também.
--
A noite envolvia o local como um manto escuro. O parque que durante o dia era tão alegre e cheio de risos à noite era apenas mais um local da cidade. O silêncio foi quebrado com o som de passos.
- Pontual como sempre. – disse alguém. A voz era jovem e feminina, tinha um tom de voz de criança mas a profundeza contradizia.
- Acho que é uma das poucas coisas que temos em comum. – respondeu Ran dando alguns passos. Sentando-se num banco. Das sombras saiu uma rapariga de 16 ou 17 anos. Ela sentou-se ao lado de Ran, os seus olhos a captar a escuridão do local.
- Então?
- Quero saber se foste tu?
- Eu?! Eu o quê?
- Que mataste as pessoas.
- Ah, acho que li qualquer coisa sobre os assassinatos.. achas que fui eu?
- Estou a perguntar-te.
- Não, não fui eu.
- Sabes quem foi?
- Não...
- Diz-me.
- Não posso..
- Garantes-me que não foste tu?
- Claro.
- Que fazes no Japão? – ela riu-se.
- Tenho uma missão.
- Uma missão? Vais matar alguém? Alguém que eu precise saber?
- Não.. desta vez não é esse tipo de missão.
- Hn.. estás a ser muito vaga.
- Não te preocupes, não vais ser envolvido. É algo pessoal.
- Nessas situações morre sempre alguém..
- Não nesta.
- Posso confiar em ti?
- Sempre pudeste.
Ran levantou-se.
- Acho que tens de ter cuidado, Ran. – o ruivo parou. – Apenas quero que tenhas mais atenção àquilo em que te metes, toma cuidado.
- Adeus. – respondeu ele, caminhando para a saída mais próxima.
Ela continuou quieta. Retirando algo de dentro do manto que a cobria, ela atirou alguma coisa numa direcção qualquer. Pelo local ecoou um gritou abafado e alguém a cair.
- Raios! – disse a outra pessoa a levantar-se.
- Quem és tu?
Yohji olhou para o lado e viu a mesma rapariga encostada a uma árvore.
- Merda! Isso pergunto eu! Não sei se sabes mas podias ter matado alguém com isto!! – ele agarrou uma faca que estava espetada no chão e olhou para a rapariga de novo.
- A intenção era essa.
- Estou a ver que sim.
- Weiß Kreuz. – disse ela de repente.
Ele olhou para ela admirado. Ela sorriu maliciosamente e aproximou-se.
- Que estás a fazer aqui? – perguntou ela na sua mão outra faca pronta a ser utilizada. – E espero que saibas que não estou para brincadeiras.
- Espero que saibas que eu também não estou para brincar. – ele tocou no relógio soltando o seu fio. Ela fitou a arma durante algum tempo, nos seus lábios um sorriso.
- Vais ser um desafio. – disse ela antes de mandar outra faca.
Yohji avançou na direcção dela, mas ela era muito rápida. Ele voltou-se para logo se desviar ao quase ser golpeado com outra faca. A rapariga parou a olhar para ele.
- Pergunto mais uma vez, que fazes aqui? – Yohji apenas sorriu e avançou na direcção dela, o seu arame a espalhar-se quase a tocando, mas a rapidez dela era uma desvantagem. Ela moveu-se e rapidamente estava atrás dele.
- Chega! – os dois pararam.
Ran estava de braços cruzados a olhar para ambos.
- Vocês parecem duas crianças! – disse ele dando alguns passos na direcção deles.
- Ele estava a seguir-te. – disse ela tentando defender-se.
- Eu sei! Achas que sou parvo? Nunca pensei foi que ele tivesse a lata de vir até aqui e ainda mais meter-se numa luta parva contigo.
- Eu até acho que estava a conseguir chegar-lhe. – disse Yohji olhando a rapariga de cima abaixo. – A única vantagem que ela tem é ser rápida, mas eu a isso estou habituado.
- Eu estava apenas a dar um espectáculo ao meu amigo! – disse ela. – Se tivesse a sério, estavas morto no momento em que te atirei a segunda faca.
- Parem! – resmungou Ran outra vez. – Porque me estás a seguir, Kudoh?
- Tinha saudades tuas. – respondeu Yohji. A rapariga riu-se, mas imediatamente parou quando Ran lhe lançou um olhar maldoso.
- Eu devia tê-la deixado matar-te. Vamos! – Ran olhou para a rapariga e ela seguiu Ran. Yohji observou os dois desaparecerem na escuridão. Ele desviou os seus olhos para o seu braço e viu alguns arranhões que as facas tinham lhe feito..
Esta rapariga é um misto de Farfarello e Schuldich.- pensou Yohji com um sorriso.
- Ele não vai desistir, Ran.
- Eu sei.
- Achas que ele sabe quem sou?
- Se soubesse não tinha se metido contigo.
- Talvez tenhas razão. Mas isso também não interessa.
- Não?
- Não.. ainda bem que me impediste de o matar.
- Porquê?
- Achei-o giro, pena que tu já estás caidinho e eu já estou destinada a alguém.
Ran parou de andar para olhar para ela.
- Acho que precisas de um médico, urgentemente.
- Podes ter me dito muitas vezes quem não matar, mas nunca me impediste de matar ninguém, principalmente alguém tão perigoso.
- Perigoso?
- Ele é da Weiß..
- E?
- Sabes quem é a Weiß, Ran?
- Sim, mas isso não quer dizer nada. Tu és uma assassina e eu nunca deixei de te proteger e defender por isso.. e os vossos motivos são bem diferentes.
- ... acho que tenho de voltar.
- Desculpa.
- Não faz mal. Tudo sempre volta a nós... eu e ela.
- Eu sei..
- Vais ter saudades minhas, Ran?
- Apesar de ser contra aquilo que fazes, sempre tiveste por perto quando eu precisei. Nunca te heide agradecer o suficiente por me ajudares com a Aya.
- Eu fiz o que fiz apenas para saldar a minha divida. Tu ajudaste-me a recuperar quando eu tive aquela missão desastrosa e eu ajudei-te naquilo que precisavas.
- Tu devolveste-me a pessoa mais importante da minha vida.
- E eu ainda acho que é pouco.
- Achas que a tua absolvição está assim tão distante? – brincou ele.
- Sei que não concordas com aquilo que estou a fazer, mas é algo que está destinado a acontecer. Sei que eu terei, mais cedo ou mais cedo, de entregar-me ao meu destino..
- Eu sei. Apenas espero que tenhas cuidado quando o fizeres.
- Claro que sim, afinal eu sou a verdadeira Noir.
--
O suspense acabou!! Sabem quem é ela?! Claro que sabem!! Quem mais passa a vida a dizer que é a verdadeira Noir?! Quem é que é um misto de Farfarello e Schuldich?
Ela está um pouco OOC, mas não deixa de ter uma pontinha da personalidade escura e medonha, a parte cómica/emocional apenas entrou para aliviar um pouco o ambiente, apesar de ela mais tarde ou mais cedo voltar..
Já sabem quem é ela? Eu digo-vos no próximo capitulo.. se não souberem!!
(eu sou má!)
A partir daqui o rating é sem dúvida NC17, o próximo capítulo terá talvez algumas situações sexuais e ainda mais violentas, sinto-me na obrigação de advertir...
Continuem a ler! se quiserem claro..
Vocabulário:
1 = 'ne' é usado como hey ou certo em japonês.
by KittyBlue
Capítulo 2
Omi trancou a porta da loja e ao voltar-se viu duas raparigas no outro lado da rua. Uma dela era Mireille, e quando a loira o viu sorriu e caminhou na direcção dele. Omi sorriu e disse bom dia ao que Mireille respondeu mas em francês.
- Então, não vais abrir hoje a tua lojinha?
- Não, eu estou neste momento a trabalhar num jornal e então não tenho muito tempo livre, ela só abre mais tarde, a Momoe-san, uma senhora idosa, vai cuidar de tudo para nós.. para mim quero dizer.
- Hum.. Ah! Esta é a minha amiga Kirika.. este é o Omi, sê simpática.
A morena olhou durante alguns instantes para Mireille e finalmente olhou para Omi. O rapaz deu-lhe um grande sorriso a que ela apenas respondeu dizendo olá. Omi perdeu o sorriso e olhou meio perdido para a loira.
- Ela é mesmo assim, não ligues... disseste que trabalhavas num jornal.. queres boleia? Eu e a Kirika vamos dar uma volta, para não estarmos trancadas em casa, se ficarmos muito tempo sem fazer nada ainda nos matamos uma à outra.
Omi riu e aceitou.
Os três entraram num descapotável vermelho. Kirika sentou-se no banco da frente ao lado de Mireille enquanto Omi ficou atrás. O loirinho estudou Kirika com atenção durante alguns momentos. A rapariga era mais ou menos da idade dele, tinha cabelos castanhos escuros. Ele continuou a fita-la durante algum tempo até a rapariga olhar para ele. Ele tentou sorrir mas os olhos dela fizeram-no apenas encara-la seriamente. Finalmente ela desviou o olhar para a paisagem que passava rapidamente e ele relaxou no seu lugar.
Quando o carro parou em frente ao jornal Himawari, Mireille voltou-se olhando para Omi. Os olhos verdes dela estavam fixos nela, um sorriso estranho nos seus lábios.
- Acho que deixamos-te aqui, vemo-nos mais tarde, ne? [1]
- Acho que sim.
- Desculpa lá a Kirika, mas ela é muito tímida.
A rapariga em questão olhou para eles. Os olhos castanhos, numa cor tão estranho que quase se assemelhava ao vermelho, fixaram-se nele. Ele deu-lhe um sorriso gentil e saiu do carro.
- Até depois! – disse ele correndo para dentro do edifício.
Omi entrou no elevador e saiu novamente no piso três, onde era a redacção. Por ele ser bastante recomendado e ser especialista com computadores, tinha o seu próprio gabinete. Ele entrou e fechou a porta.
Ligando o computador distraidamente, verificou alguns jornalista que Yohji lhe tinha pedido para investigar, e finalmente lembrou-se de já que estava a fazer isto verificar também Ran Fujimiya. Yohji não lhe tinha dito para o fazer, mas Manx tinha lhe ligado ontem e tinha lhe pedido para Omi estar de olho no repórter.
Omi arregalou os olhos ao verificar que Fujimiya tinha recebido um monte de prémios pelos seus artigos e tinha até feito uma vez uma reportagem para a televisão, mas pelos registos Fujimiya tinha desistido uma ou duas semanas depois. Ao verificar datas Omi descobriu que um dia antes da sua demissão uma Aya Fujimiya, irmã do jornalista, tinha dado entrada num hospital. Curioso Omi continuou a investigar o nome de Aya e descobriu que ela tinha sido atropelada, mesmo depois da sua família inteira ter sido vítima de uma explosão.. o único sobrevivente foi Ran Fujimiya que durante meses não saiu do lado da sua irmã.
O loirinho voltou a pesquisar os artigos que estavam assinados por Ran Fujimiya e descobriu outro facto bastante confuso, a maioria dos furos do repórter eram de homicídios e os poucos que não eram voltavam-se para políticos, sempre ligados de certa forma com o primeiro ministro Reiji Takatori.
Omi fechou a pesquisa e desligou o computador. Não tinha nada mais a saber sobre Ran Fujimiya e nem procuraria mais nada. O rapaz por instantes teve pena do jornalista, talvez a sua ambição na carreira fosse apenas uma maneira de chegar à pessoa que tinha colocado a sua irmã em coma. Ou talvez para Ran jornalismo fosse realmente algo bastante importante...
O telefone tocou e Omi atendeu imediatamente.
- Sim?
- Poderias passar mais tarde no meu gabinete, precisava que verificasses umas coisas para mim..
- Claro, Fujimiya-san. Agora?
- Não, eu preciso sair agora. Mais tarde.
- Diga-me quando depois.
- Certo. Obrigado. – Ran desligou e Omi suspirou.
O loirinho retirou o seu telemóvel do casaco e marcou o número de Yohji. Alguns segundos depois, o loiro finalmente atendeu.
- Kudoh.
- Yohji-kun.. preciso que me faças um favor..
--
Yohji parou em frente a uma loja de bebidas. O loiro achou estranho mas ele tinha a certeza que a pessoa que estava a seguir tinha parado aqui. Olhando em redor Yohji sorriu ao ver um porsche branco estacionado no outro lado da estrada.
O loiro não teve de esperar muito tempo até Ran sair finalmente da loja. Nas suas mãos um envelope que Yohji tinha a certeza que o ruivo não tinha antes. O loiro esperou Ran atravessar a estrada e entrar no seu carro antes de sair para se dirigir à loja.
A loja era bastante diferente do seu exterior. Por fora tinha uma aparência sofisticada e moderna mas por dentro era realmente uma loja antiga. Os moveis de madeira marcando o ar antiquado e arcaico de outros tempos. Yohji aproximou-se do balcão. O empregado olhou para ele durante algum tempo até perguntar se podia ajudar. Yohji mostrou o distintivo de detective.
- Eu vou ser directo, preciso de informações.
- Não me diga, e em que o posso ajudar, senhor?
- Aquele homem que saiu daqui.
- O senhor Fujimiya?
- Exactamente. Que veio ele aqui fazer?
- Ele veio perguntar por uma das proprietárias do estabelecimento.
- Hn.. porque será que acho que há algo mais ai..?
- Senhor, infelizmente eu sou apenas um empregado e não sei mais sobre o que se passa aqui sem ser atender os clientes.
- Pode dizer-me o nome das donas, então?
- Não..
- Não?
- Desculpe mas eu não sei. Ele também me apanhou de surpresa, mas quando eu disse que não sabia quem ele procurava ele apenas perguntou se eu tinha alguma coisa para Ran Fujimiya.
- Ok.. e tinhas?
- Um envelope.. mas não me pergunte de quem era ou o que era, eu não sei.
- Obrigado então. – Yohji saiu da loja insatisfeito por não ter descoberto mais. Sabia que havia ali algo que lhe estava a escapar mas não ia ser por um simples empregado que ia descobrir os factos todos.
Entrando no seu carro o loiro ligou um aparelho e sorriu ao ver o sinal piscar. Enquanto Ran estava na loja Yohji tinha tido a excelente ideia de colocar um transmissor no veiculo do outro. O bom daquele mecanismo era que era tanto um localizador como um microfone.
- Vamos lá ver que fazes agora, Fujimiya. – O loiro carregou no botão que ligava o microfone. Yohji percebeu o silêncio apenas preenchido por carros que passavam. Olhando para o aparelho o loiro notou que Ran estava a voltar para o jornal.
Yohji suspirou ao perceber que tinha perdido um dia inteiro a seguir alguém que não o ia ajudar a resolver os assassinatos que estavam a marcar Tokyo. A Weiß estava agora encarregada de executar uma missão e não ia ser de certeza um jornalista curioso que o ia impedir de o fazer. Yohji ia desligar o microfone quando ouviu o barulho de um telefone a tocar.
- Fujimiya. – ouviu Yohji. – Sim.. onze horas.. no parque Reiciisan. Muito bem, até logo. – Yohji esperou algum tempo e ao ter a certeza que não ia ouvir mais nada desligou o aparelho.
Parece o meu amigo tem um encontro para esta noite.. e pelos vistos eu também.
--
A noite envolvia o local como um manto escuro. O parque que durante o dia era tão alegre e cheio de risos à noite era apenas mais um local da cidade. O silêncio foi quebrado com o som de passos.
- Pontual como sempre. – disse alguém. A voz era jovem e feminina, tinha um tom de voz de criança mas a profundeza contradizia.
- Acho que é uma das poucas coisas que temos em comum. – respondeu Ran dando alguns passos. Sentando-se num banco. Das sombras saiu uma rapariga de 16 ou 17 anos. Ela sentou-se ao lado de Ran, os seus olhos a captar a escuridão do local.
- Então?
- Quero saber se foste tu?
- Eu?! Eu o quê?
- Que mataste as pessoas.
- Ah, acho que li qualquer coisa sobre os assassinatos.. achas que fui eu?
- Estou a perguntar-te.
- Não, não fui eu.
- Sabes quem foi?
- Não...
- Diz-me.
- Não posso..
- Garantes-me que não foste tu?
- Claro.
- Que fazes no Japão? – ela riu-se.
- Tenho uma missão.
- Uma missão? Vais matar alguém? Alguém que eu precise saber?
- Não.. desta vez não é esse tipo de missão.
- Hn.. estás a ser muito vaga.
- Não te preocupes, não vais ser envolvido. É algo pessoal.
- Nessas situações morre sempre alguém..
- Não nesta.
- Posso confiar em ti?
- Sempre pudeste.
Ran levantou-se.
- Acho que tens de ter cuidado, Ran. – o ruivo parou. – Apenas quero que tenhas mais atenção àquilo em que te metes, toma cuidado.
- Adeus. – respondeu ele, caminhando para a saída mais próxima.
Ela continuou quieta. Retirando algo de dentro do manto que a cobria, ela atirou alguma coisa numa direcção qualquer. Pelo local ecoou um gritou abafado e alguém a cair.
- Raios! – disse a outra pessoa a levantar-se.
- Quem és tu?
Yohji olhou para o lado e viu a mesma rapariga encostada a uma árvore.
- Merda! Isso pergunto eu! Não sei se sabes mas podias ter matado alguém com isto!! – ele agarrou uma faca que estava espetada no chão e olhou para a rapariga de novo.
- A intenção era essa.
- Estou a ver que sim.
- Weiß Kreuz. – disse ela de repente.
Ele olhou para ela admirado. Ela sorriu maliciosamente e aproximou-se.
- Que estás a fazer aqui? – perguntou ela na sua mão outra faca pronta a ser utilizada. – E espero que saibas que não estou para brincadeiras.
- Espero que saibas que eu também não estou para brincar. – ele tocou no relógio soltando o seu fio. Ela fitou a arma durante algum tempo, nos seus lábios um sorriso.
- Vais ser um desafio. – disse ela antes de mandar outra faca.
Yohji avançou na direcção dela, mas ela era muito rápida. Ele voltou-se para logo se desviar ao quase ser golpeado com outra faca. A rapariga parou a olhar para ele.
- Pergunto mais uma vez, que fazes aqui? – Yohji apenas sorriu e avançou na direcção dela, o seu arame a espalhar-se quase a tocando, mas a rapidez dela era uma desvantagem. Ela moveu-se e rapidamente estava atrás dele.
- Chega! – os dois pararam.
Ran estava de braços cruzados a olhar para ambos.
- Vocês parecem duas crianças! – disse ele dando alguns passos na direcção deles.
- Ele estava a seguir-te. – disse ela tentando defender-se.
- Eu sei! Achas que sou parvo? Nunca pensei foi que ele tivesse a lata de vir até aqui e ainda mais meter-se numa luta parva contigo.
- Eu até acho que estava a conseguir chegar-lhe. – disse Yohji olhando a rapariga de cima abaixo. – A única vantagem que ela tem é ser rápida, mas eu a isso estou habituado.
- Eu estava apenas a dar um espectáculo ao meu amigo! – disse ela. – Se tivesse a sério, estavas morto no momento em que te atirei a segunda faca.
- Parem! – resmungou Ran outra vez. – Porque me estás a seguir, Kudoh?
- Tinha saudades tuas. – respondeu Yohji. A rapariga riu-se, mas imediatamente parou quando Ran lhe lançou um olhar maldoso.
- Eu devia tê-la deixado matar-te. Vamos! – Ran olhou para a rapariga e ela seguiu Ran. Yohji observou os dois desaparecerem na escuridão. Ele desviou os seus olhos para o seu braço e viu alguns arranhões que as facas tinham lhe feito..
Esta rapariga é um misto de Farfarello e Schuldich.- pensou Yohji com um sorriso.
- Ele não vai desistir, Ran.
- Eu sei.
- Achas que ele sabe quem sou?
- Se soubesse não tinha se metido contigo.
- Talvez tenhas razão. Mas isso também não interessa.
- Não?
- Não.. ainda bem que me impediste de o matar.
- Porquê?
- Achei-o giro, pena que tu já estás caidinho e eu já estou destinada a alguém.
Ran parou de andar para olhar para ela.
- Acho que precisas de um médico, urgentemente.
- Podes ter me dito muitas vezes quem não matar, mas nunca me impediste de matar ninguém, principalmente alguém tão perigoso.
- Perigoso?
- Ele é da Weiß..
- E?
- Sabes quem é a Weiß, Ran?
- Sim, mas isso não quer dizer nada. Tu és uma assassina e eu nunca deixei de te proteger e defender por isso.. e os vossos motivos são bem diferentes.
- ... acho que tenho de voltar.
- Desculpa.
- Não faz mal. Tudo sempre volta a nós... eu e ela.
- Eu sei..
- Vais ter saudades minhas, Ran?
- Apesar de ser contra aquilo que fazes, sempre tiveste por perto quando eu precisei. Nunca te heide agradecer o suficiente por me ajudares com a Aya.
- Eu fiz o que fiz apenas para saldar a minha divida. Tu ajudaste-me a recuperar quando eu tive aquela missão desastrosa e eu ajudei-te naquilo que precisavas.
- Tu devolveste-me a pessoa mais importante da minha vida.
- E eu ainda acho que é pouco.
- Achas que a tua absolvição está assim tão distante? – brincou ele.
- Sei que não concordas com aquilo que estou a fazer, mas é algo que está destinado a acontecer. Sei que eu terei, mais cedo ou mais cedo, de entregar-me ao meu destino..
- Eu sei. Apenas espero que tenhas cuidado quando o fizeres.
- Claro que sim, afinal eu sou a verdadeira Noir.
--
O suspense acabou!! Sabem quem é ela?! Claro que sabem!! Quem mais passa a vida a dizer que é a verdadeira Noir?! Quem é que é um misto de Farfarello e Schuldich?
Ela está um pouco OOC, mas não deixa de ter uma pontinha da personalidade escura e medonha, a parte cómica/emocional apenas entrou para aliviar um pouco o ambiente, apesar de ela mais tarde ou mais cedo voltar..
Já sabem quem é ela? Eu digo-vos no próximo capitulo.. se não souberem!!
(eu sou má!)
A partir daqui o rating é sem dúvida NC17, o próximo capítulo terá talvez algumas situações sexuais e ainda mais violentas, sinto-me na obrigação de advertir...
Continuem a ler! se quiserem claro..
Vocabulário:
1 = 'ne' é usado como hey ou certo em japonês.
