N/A: Mais uma vez obrigada a quem está acompanhando a fic e mandando
reviews (mandem mais que eu adoro). Ela não vai ser muito longa, mas é
delicioso escrevê-la. E, como sempre, dedico principalmente ao meu amor,
Álan, já que sem ele esta fic, e nem eu, existiríamos. Bjims da Lú.
Ciúmes Inesperados
Quando Harry finalmente chegou à Sala Comunal, ainda sentindo o peito do pé esquerdo latejar, estava pensando que ia ser difícil encontrar um meio de perguntar para Rony e Hermione onde Gina estava, mas ele se enganou, pois a primeira coisa que os amigos falaram foi o paradeiro de Gina.
- Cara, a minha irmã está definitivamente doida... – Rony disse enquanto comia um pedaço de bolo de caldeirão como sobremesa. – Ela acabou de passar por nós feito um furacão. Deu uma resposta malcriada quando perguntei se ela queria um pouco de doce, me mandando enfiar o bolo onde o sol não bate, e subiu as escadas correndo. Achei que fosse me bater, ou soltar fogo pelas ventas a qualquer instante... – ele continuou de boca cheia, após enfiar mais um pedaço de bolo na boca.
- Ela não disse o que houve com ela? – Harry perguntou preocupado. Ele sabia o que o amigo havia querido dizer com soltar fogo pelas ventas pela pequena demonstração que a garota havia dado após o almoço.
Hermione, que estava ocupada organizando um cronograma de estudo, ao que parecia ser para o resto de sua vida pela quantidade de matéria envolvida, mesmo assim ergueu o rosto do enorme pergaminho sobre a mesa para responder.
- Não, Harry. E nem mesmo quis me explicar alguma coisa quando fui lá em cima falar com ela... – ela voltou o rosto para o dever de casa um pouco emburrada.
- Mione está assim porque Gina disse para ela não se meter em assuntos que não sejam de cunho acadêmico já que ela tem a maturidade emocional de uma criança de três anos para essas coisas e isso chateou um pouco a Hermione... – Ron disse em um tom explicativo.
- Correção: Chateou MUITO a Hermione... – a garota retrucou enquanto passava a régua e traçava linhas delimitando os seus horários de estudo. – Com licença, Ron... – ele tirou o braço para que a pena terminasse de percorrer a linha reta até o final do pergaminho.
Harry engoliu em seco. Se a amiga não havia recebido bem nem mesmo Hermione, ele não poderia esperar nada menos do que levar um vaso na cabeça ou um chute naquele lugar. Mas ele precisava tentar entender o que estava acontecendo com Gina para ela ter agido daquela forma.
- Eu vou lá em cima falar com ela... – Hermione deu um muchocho.
- Isso é coisa de filha única mimada, se querem mesmo saber... – Mione disse após bufar.
- Olha quem fala... – Ron retrucou e ela olhou feio para ele.
- Eu sou filha única mas nunca fui mimada. A sua irmã é que está ficando assim, já que você e os seus irmãos ficam protegendo e mimando ela o tempo todo... – Ron deu de ombros, antes de dar mais uma mordida no bolo e dizer de boca cheia, os farelos se espalhando pelo cronograma da namorada.
- Ela só é um pouco geniosa... Quem pode culpá-la por isso? – Hermione rolou os olhos e limpou os farelos com um feitiço rápido, fazendo uma expressão de perigo iminente. Harry se meteu entre os dois.
- Por favor, não vão brigar de novo, okay? Lembrem-se do que eu e Gina falamos para os dois... – ele fez com que ambos acalmassem os ânimos. – Eu vou subir para tentar saber o que houve, se vocês não se importam... – disse calmamente. E em seguida justificou. - Logo vão começar as aulas da tarde e temos treino com o time hoje. A nossa principal artilheira tem que estar capaz de agir se quisermos mesmo recuperar os quinhentos pontos que perdemos... – tinha dito as palavras mágicas e descoberto a desculpa perfeita. Hermione e Rony se sentiam ainda culpados, e ficaram solidários ao amigo, já que os pontos tinham sido perdidos por causa dos dois, muito mais por culpa de Hermione.
- Tem razão, Harry... Vá ver se você consegue acalmar a fera... – Ron espalhou mais algumas migalhas sobre o trabalho de Hermione ao dizer a última palavra.
- É sim... E cuidado, Harry... Ela morde... – disse Hermione antes de virar o rosto contraído do namorado para longe do seu cronograma.
Harry subiu as escadas, e ouviu o barulho de coisas sendo atiradas e quebradas dentro do quarto. Ele respirou fundo.
Assim que Harry abriu a porta viu o motivo de todo o barulho: Havia uma foto dele pregada atrás da porta. A mesma que ele havia dado a Gina para que ela entregasse a Colin após a menina tê-lo finalmente convencido. E Gina atirava furiosamente bolinhas de vidro nela. Bolinhas de gude antiquebrantes de vidro, que se estilhaçavam e voltavam a se refazer magicamente assim que quebravam, para que Gina as atirasse novamente. Com a porta aberta, quase uma delas espatifou-se em cheio no rosto do dono da foto. Gina pareceu desapontada por ter errado o alvo.
- Gina... – ele começou, mas ela pareceu ignorar a presença dele ali.
- Gina, por favor, me diga o que aconteceu... – disse se aproximando um pouco mais. Ela cruzou os braços e amarrou uma carranca para o rapaz.
- Eu não sei por que você está tão furiosa, mas é óbvio agora que é comigo... – apontou para a foto praticamente destruída. Ela ficou de pé e foi até a janela, ainda sem dirigir a palavra ao amigo.
- Estava tudo indo tão bem. Estávamos progredindo juntos e...
- É só com isso que você se importa, não é? – ela disse de repente. Quando se virou Harry viu que ela estava chorando. – Você só se importa em me usar não é mesmo? – ele franziu a testa sem entender. – Pois você não vai mais me usar, Harry Potter. Não entendo para quê ainda faz tanta questão em me beijar, se já conseguiu a garota que queria... – ele sacudiu a cabeça sem entender.
- Gina, eu não consegui a garota que eu queria... Se eu tivesse conseguido você acha que eu ainda estaria treinando com você? – a frase não poderia ter soado pior.
Gina avançou furiosa para ele, levantando as mãos para socá-lo. Harry segurou-a pelos pulsos para impedí-la, e não restou mais nada a garota, que deu-lhe uma joelhada em cheio nas partes baixas, fazendo o garoto cair no chão, curvando-se de dor imediatamente. Ele se lembraria que havia imaginado a possibilidade de que isso ocorresse, mas a dor era tanta que ele não pôde sequer pensar.
- Eu tenho seis irmãos homens, Harry. Sei muito bem me defender quando me seguram... – ela disse enquanto ele se recuperava.
- Não me fez... sentir melhor... você saber se... defender... mas... – ele disse com a voz falhando enquanto tentava sair da posição fetal. Gina ignorou e continuou a desabafar.
– Eu só sou muito burra de ter acreditado naquela sua conversinha fiada de "amigo é para essas coisas"... – fez uma voz fina e debochada. - Me arrependo do carinho e atenção que desperdicei com você... – ele arquejou no chão e se arrastou até se apoiar na parede, respirando fundo antes de falar.
- Meus futuros filhos... agradecem o carinho também... Gina... – disse com grande dificuldade de respirar. A voz embebida em uma dor física lancinante. Ela ficou um pouco arrependida, mas não demonstrou naquele momento.
- Me diga, isso é alguma espécie de aposta ou competição cruél entre vocês garotos? Quando é que os nossos colegas vão começar a comentar de mim também? – perguntou de forma irônica. - E já que a Lilá ainda não é a garota que você "gosta" e quer, suponho que tenha pedido a ela o mesmo que me pediu, se é que realmente existe alguma garota que você realmente queira seriamente... – Harry gemeu mais uma vez e tentou se colocar de pé, mas não conseguiu com o pé esquerdo machucado e a perna direita sem poder se mover.
- Gina, eu não tenho a menor idéia do que você está falando... – ela bufou.
- Não? Não mesmo, Harry? – ela disse em um tom debochado e cheio de ressentimento que assustou até a ela mesma.
Ela poderia jurar que estava ficando louca e tendo a maior crise de ciúmes de sua vida, não fosse o fato de que ela e Harry eram apenas bons amigos e ela já havia superado a paixonite pelo garoto há tempos. Aquilo que ela estava sentindo era totalmente inesperado.
- Gina, por Merlin... Me diga o que foi que inventaram para você... Eu não tenho nada com a Lilá... – ele disse com um pouco menos de dor.
- Não é o que dizem por aí, Harry. As pessoas viram você e ela se beijando loucamente na sala de astronomia ontem... – ela apontou o dedo para o rosto do rapaz, que respirou fundo.
- Então é isso? – Gina arregalou os olhos.
- É isso sim. E você ainda confessa? – ele sacudiu a cabeça indignado.
- Confessar o quê, mulher? Você enlouqueceu? – Gina sentou na cama e começou a chorar de verdade, de raiva e mágoa.
- O que eu quis dizer... – Harry começou a se levantar e mancou, arrastando a perna direita, até perto dela. – É que foi isso, que foi algo que inventaram sobre mim e Lilá? – Gina não conseguia mais parara de soluçar.
Harry sentou ao lado dela e ficou alguns segundos ouvindo a garota chorar, sentindo-se o pior dos homens.
- Gina, já ouvi fofocas e mentiras sobre você. Eu mesmo achei que você namorasse o Dino, lembra? – ela continuou a chorar e Harry, sem saber mais o que fazer segurou a ponta do queixo dela, que não ofereceu qualquer resistência.
- Gina, eu juro, pela alma dos meus pais e de Sirius que eu nunca, nunca beijei outra garota além de você... E da Cho, é claro, mas a Cho não conta mais... – ela parou de chorar.
- Obrigada... – ela disse em um tom de voz sentido, mas havia acreditado nele, que era o que interessava a Harry naquele momento. Ele teve certeza de que ela havia entendido quando ela finalmente conjurou uma bolsa de gêlo e entregou na mão dele.
- Coloque isso erm... lá... Vai ajudar. Mamãe sempre fez isso quando acontecia algum incidente deste tipo com os meninos... ou com o papai... – Harry imaginou que talvez o incidente não o tivesse aleijado, já que o senhor Weasley havia tido sete filhos.
- Você acreidta em mim? – ela acenou afirmativamente.
- Por que alguém inventaria uma coisa cruél dessas? – Harry deu de ombros.
- Não sei, mas é muito cruél mesmo, já que eu acho a Lilá uma mocréia... – Gina riu e ele também enquanto mantinha o saco de gêlo na virilha.
- Me desculpe por isso... – ela baixou os olhos discretamente na direção do "machucado".
- Tudo bem. Vou viver... – ele parou por alguns segundos e prosseguiu. – Me desculpe também... – ela franziu a testa.
- Pelo quê? – ele esticou a mão e passou pelo rosto dela, delineando o caminho das lágrimas já secas, repousando-a no queixo da menina, acariciando a pontinha deste com o polegar.
- Por ter feito você chorar... – ela engoliu em seco. – Eu não deveria nunca ter te pedido que treinasse comigo... – Gina continuou séria olhando para ele. – Eu fui extremamente injusto e insensível e eu vou entender perfeitamente se você quiser parar de... - a menina foi mais rápida, e antes que Harry pudesse compreender o que estava havendo os lábios de Gina estava pressionados sobre os dele. - ... me beijar... – ele completou a frase, a linha de raciocínio totalmente bagunçada agora. Gina sorriu.
- Nós vamos continuar, Harry. Eu te fiz uma promessa. E é melhor eu lavar o rosto. Estamos atrasados para as aulas da tarde, e ainda temos "treino" e treino depois, o time conta conosco... – ela levantou depressa e foi na direção do banheiro lavar o rosto.
Harry tentou fazer o mesmo, mas a perna direita ainda não estava forte o suficiente, e a esquerda estava enfraquecida pelo beijo, o que fez com que o rapaz caísse no chão.
- Ouch! – ele disse se ajeitando na cama de novo, e Gina colocou a cabeça para fora do banheiro. – Parece que vou ficar mais alguns minutinhos aqui Gina, se não se importa... – ela sorriu envergonhada.
As aulas da tarde transcorreram bem. Harry tinha Trato das Criaturas Mágicas e não foi sequer repreendid por Hagrid, pelo atraso. Apenas teve que dizer a Rony e Hermione que a sua psicologia havia funcionado muito bem com Gina, já que ela havia ficado ótima após ele mencionar a importância dela para a Grifinória no time de quadribol.
- Viu só? Não disse? Mimada... – Rony ignorou o comentário de Hermione.
Gina, por sua vez não teve assim tanta sorte. A aula que ela tinha era de poções, e Snape tirou vinte pontos da Grifinória, além de passar um sermão enorme sobre repsonsabilidades com horários e relaxamento com o uniforme, já que Gina havia tido que pegar a veste sobressalente, uma vez que a sua havia sumido do cabide da Sala Comunal. Quando as aulas finalmente terminaram o turnilhão de alunos ansiosos correu para se lavar, lanchar ou mesmo aproveitar o tempo livre antes do jantar.
Gina não fez nenhuma dessas coisas. Tinha um compromisso com Harry, que já a estava aguardando quando esta chegou ao vestiário.
- Você está melhor? – ela perguntou assim que estava próxima o suficiente. Ele sorriu.
- Estou sim, Gina. Não estou mais mancando... – ela fez uma expressão triste.
- Estou tão envergonhada de ter feito algo assim com você... Eu deveria ter acreditado em você. Afinal você... – ela tombou a cabeça para o lado, meio sem jeito. - Bem, você é você, né? – ele deu de ombros.
- Não se importe com isso... Senta aqui eu trouxe um lanche para nós. Imagino que esteja com fome... – ele mostrou para ela uma pequena cesta com alguns sanduíches e suco de abóbora.
- Dobby? – ele confirmou enquanto mordia o sanduíche.
- Quem mais me faria sanduíches em formas de coração? – Gina riu.
- Eu faria... – ela disse piscando o olho para ele, que se aproximou rindo.
- Que coisa mais adorável de ser dizer, Gina Weasley... – ela deu uma mordida no próprio sanduíche.
- Fazer o quê? Eu sou adorável... – disse de boca cheia. Harry já estava bem perto dela quando ela acabou de engolir a comida.
- É sério. Não me faça te fazer cócegas... – ela riu.
- Tá bem, então eu faço em você... – ela enfiou a mão no vão do pescoço dele, que riu, caindo para trás.
Logo ele teve sua revanche. Controlando a vontade de rir, derrubou Gina e rolou por cima dela, segurando as duas mãos da garota com uma das mãos e deixando a outra livre para se "vingar", Gina gargalhava só de imaginar o que ele faria em seguida.
- Vejamos... Por onde eu começo... – ela riu ainda mais.
- É sério, Harry. Não me faça tentar te aleijar de novo... – ele sorriu.
- Você queria me aleijar, é? – ela apertou os lábios numa linha contraída pela vontade de rir.
- Não, mas agora eu posso querer... – ele fingiu medo e soltou as mãos dela, mantendo-se ainda em cima dela.
- Precisamos treinar... – ele disse olhando fixo nos olhos dela.
- É... precisamos... – ela disse derretida enquanto entreabria os lábios.
- Eu quis dizer... o quadribol... – Harry explicou em um lampejo de lucidez que teve em meio à vontade de beijá-la. Gina pareceu não ouvir.
- Aham... o Qua... dri... bol... – terminou a última sílaba com a boca encostada à dele.
Harry passou os braços por baixo dela e, entreabrindo a boca beijou-a com vontade. Arriscou passar a pontinha da língua pelos lábios dela, o que ela pareceu corresponder. O beijo agora é bem diferente de tudo que eles já haviam feito. Ambos tinham os olhos fechados, as bocas coladas, famintas uma da outra.
Foi então que Harry sentiu que logo teria sérios problemas hormonais se continuasse naquela posição. Ele se afastou de Gina, apoiando-se os braços no chão do vestiário, de cada um dos lados do corpo dela.
- Precisamos parar o "treino"... temos o treino... – ela suspirou ainda, com certa frustração, mas já consciente de que ele estava certo.
- ...de quadribol... eu sei... – ela completou se levantando e se recompondo.
- A qualquer minuto alguém pode chegar... – Harry justificou enquanto guardava as coisas do lanche. Gina o ajudou.
- Eu sei, Harry... Eu sei... Você não ia querer ser visto deste jeito comigo – ela disse num tom melancólico quase imperceptível, o qual Harry não reparou.
- Exatamente, Gina. Eu não me perdoaria se fôssemos pegos juntos... – concordou de forma prática.
- É eu sei disso... – Gina imaginou que deveria se sentir feliz pelo amigo querer preservar a sua reputação, mas por algum motivo aquilo havia feito com que ela sentisse algo doer dentro do peito.
Ciúmes Inesperados
Quando Harry finalmente chegou à Sala Comunal, ainda sentindo o peito do pé esquerdo latejar, estava pensando que ia ser difícil encontrar um meio de perguntar para Rony e Hermione onde Gina estava, mas ele se enganou, pois a primeira coisa que os amigos falaram foi o paradeiro de Gina.
- Cara, a minha irmã está definitivamente doida... – Rony disse enquanto comia um pedaço de bolo de caldeirão como sobremesa. – Ela acabou de passar por nós feito um furacão. Deu uma resposta malcriada quando perguntei se ela queria um pouco de doce, me mandando enfiar o bolo onde o sol não bate, e subiu as escadas correndo. Achei que fosse me bater, ou soltar fogo pelas ventas a qualquer instante... – ele continuou de boca cheia, após enfiar mais um pedaço de bolo na boca.
- Ela não disse o que houve com ela? – Harry perguntou preocupado. Ele sabia o que o amigo havia querido dizer com soltar fogo pelas ventas pela pequena demonstração que a garota havia dado após o almoço.
Hermione, que estava ocupada organizando um cronograma de estudo, ao que parecia ser para o resto de sua vida pela quantidade de matéria envolvida, mesmo assim ergueu o rosto do enorme pergaminho sobre a mesa para responder.
- Não, Harry. E nem mesmo quis me explicar alguma coisa quando fui lá em cima falar com ela... – ela voltou o rosto para o dever de casa um pouco emburrada.
- Mione está assim porque Gina disse para ela não se meter em assuntos que não sejam de cunho acadêmico já que ela tem a maturidade emocional de uma criança de três anos para essas coisas e isso chateou um pouco a Hermione... – Ron disse em um tom explicativo.
- Correção: Chateou MUITO a Hermione... – a garota retrucou enquanto passava a régua e traçava linhas delimitando os seus horários de estudo. – Com licença, Ron... – ele tirou o braço para que a pena terminasse de percorrer a linha reta até o final do pergaminho.
Harry engoliu em seco. Se a amiga não havia recebido bem nem mesmo Hermione, ele não poderia esperar nada menos do que levar um vaso na cabeça ou um chute naquele lugar. Mas ele precisava tentar entender o que estava acontecendo com Gina para ela ter agido daquela forma.
- Eu vou lá em cima falar com ela... – Hermione deu um muchocho.
- Isso é coisa de filha única mimada, se querem mesmo saber... – Mione disse após bufar.
- Olha quem fala... – Ron retrucou e ela olhou feio para ele.
- Eu sou filha única mas nunca fui mimada. A sua irmã é que está ficando assim, já que você e os seus irmãos ficam protegendo e mimando ela o tempo todo... – Ron deu de ombros, antes de dar mais uma mordida no bolo e dizer de boca cheia, os farelos se espalhando pelo cronograma da namorada.
- Ela só é um pouco geniosa... Quem pode culpá-la por isso? – Hermione rolou os olhos e limpou os farelos com um feitiço rápido, fazendo uma expressão de perigo iminente. Harry se meteu entre os dois.
- Por favor, não vão brigar de novo, okay? Lembrem-se do que eu e Gina falamos para os dois... – ele fez com que ambos acalmassem os ânimos. – Eu vou subir para tentar saber o que houve, se vocês não se importam... – disse calmamente. E em seguida justificou. - Logo vão começar as aulas da tarde e temos treino com o time hoje. A nossa principal artilheira tem que estar capaz de agir se quisermos mesmo recuperar os quinhentos pontos que perdemos... – tinha dito as palavras mágicas e descoberto a desculpa perfeita. Hermione e Rony se sentiam ainda culpados, e ficaram solidários ao amigo, já que os pontos tinham sido perdidos por causa dos dois, muito mais por culpa de Hermione.
- Tem razão, Harry... Vá ver se você consegue acalmar a fera... – Ron espalhou mais algumas migalhas sobre o trabalho de Hermione ao dizer a última palavra.
- É sim... E cuidado, Harry... Ela morde... – disse Hermione antes de virar o rosto contraído do namorado para longe do seu cronograma.
Harry subiu as escadas, e ouviu o barulho de coisas sendo atiradas e quebradas dentro do quarto. Ele respirou fundo.
Assim que Harry abriu a porta viu o motivo de todo o barulho: Havia uma foto dele pregada atrás da porta. A mesma que ele havia dado a Gina para que ela entregasse a Colin após a menina tê-lo finalmente convencido. E Gina atirava furiosamente bolinhas de vidro nela. Bolinhas de gude antiquebrantes de vidro, que se estilhaçavam e voltavam a se refazer magicamente assim que quebravam, para que Gina as atirasse novamente. Com a porta aberta, quase uma delas espatifou-se em cheio no rosto do dono da foto. Gina pareceu desapontada por ter errado o alvo.
- Gina... – ele começou, mas ela pareceu ignorar a presença dele ali.
- Gina, por favor, me diga o que aconteceu... – disse se aproximando um pouco mais. Ela cruzou os braços e amarrou uma carranca para o rapaz.
- Eu não sei por que você está tão furiosa, mas é óbvio agora que é comigo... – apontou para a foto praticamente destruída. Ela ficou de pé e foi até a janela, ainda sem dirigir a palavra ao amigo.
- Estava tudo indo tão bem. Estávamos progredindo juntos e...
- É só com isso que você se importa, não é? – ela disse de repente. Quando se virou Harry viu que ela estava chorando. – Você só se importa em me usar não é mesmo? – ele franziu a testa sem entender. – Pois você não vai mais me usar, Harry Potter. Não entendo para quê ainda faz tanta questão em me beijar, se já conseguiu a garota que queria... – ele sacudiu a cabeça sem entender.
- Gina, eu não consegui a garota que eu queria... Se eu tivesse conseguido você acha que eu ainda estaria treinando com você? – a frase não poderia ter soado pior.
Gina avançou furiosa para ele, levantando as mãos para socá-lo. Harry segurou-a pelos pulsos para impedí-la, e não restou mais nada a garota, que deu-lhe uma joelhada em cheio nas partes baixas, fazendo o garoto cair no chão, curvando-se de dor imediatamente. Ele se lembraria que havia imaginado a possibilidade de que isso ocorresse, mas a dor era tanta que ele não pôde sequer pensar.
- Eu tenho seis irmãos homens, Harry. Sei muito bem me defender quando me seguram... – ela disse enquanto ele se recuperava.
- Não me fez... sentir melhor... você saber se... defender... mas... – ele disse com a voz falhando enquanto tentava sair da posição fetal. Gina ignorou e continuou a desabafar.
– Eu só sou muito burra de ter acreditado naquela sua conversinha fiada de "amigo é para essas coisas"... – fez uma voz fina e debochada. - Me arrependo do carinho e atenção que desperdicei com você... – ele arquejou no chão e se arrastou até se apoiar na parede, respirando fundo antes de falar.
- Meus futuros filhos... agradecem o carinho também... Gina... – disse com grande dificuldade de respirar. A voz embebida em uma dor física lancinante. Ela ficou um pouco arrependida, mas não demonstrou naquele momento.
- Me diga, isso é alguma espécie de aposta ou competição cruél entre vocês garotos? Quando é que os nossos colegas vão começar a comentar de mim também? – perguntou de forma irônica. - E já que a Lilá ainda não é a garota que você "gosta" e quer, suponho que tenha pedido a ela o mesmo que me pediu, se é que realmente existe alguma garota que você realmente queira seriamente... – Harry gemeu mais uma vez e tentou se colocar de pé, mas não conseguiu com o pé esquerdo machucado e a perna direita sem poder se mover.
- Gina, eu não tenho a menor idéia do que você está falando... – ela bufou.
- Não? Não mesmo, Harry? – ela disse em um tom debochado e cheio de ressentimento que assustou até a ela mesma.
Ela poderia jurar que estava ficando louca e tendo a maior crise de ciúmes de sua vida, não fosse o fato de que ela e Harry eram apenas bons amigos e ela já havia superado a paixonite pelo garoto há tempos. Aquilo que ela estava sentindo era totalmente inesperado.
- Gina, por Merlin... Me diga o que foi que inventaram para você... Eu não tenho nada com a Lilá... – ele disse com um pouco menos de dor.
- Não é o que dizem por aí, Harry. As pessoas viram você e ela se beijando loucamente na sala de astronomia ontem... – ela apontou o dedo para o rosto do rapaz, que respirou fundo.
- Então é isso? – Gina arregalou os olhos.
- É isso sim. E você ainda confessa? – ele sacudiu a cabeça indignado.
- Confessar o quê, mulher? Você enlouqueceu? – Gina sentou na cama e começou a chorar de verdade, de raiva e mágoa.
- O que eu quis dizer... – Harry começou a se levantar e mancou, arrastando a perna direita, até perto dela. – É que foi isso, que foi algo que inventaram sobre mim e Lilá? – Gina não conseguia mais parara de soluçar.
Harry sentou ao lado dela e ficou alguns segundos ouvindo a garota chorar, sentindo-se o pior dos homens.
- Gina, já ouvi fofocas e mentiras sobre você. Eu mesmo achei que você namorasse o Dino, lembra? – ela continuou a chorar e Harry, sem saber mais o que fazer segurou a ponta do queixo dela, que não ofereceu qualquer resistência.
- Gina, eu juro, pela alma dos meus pais e de Sirius que eu nunca, nunca beijei outra garota além de você... E da Cho, é claro, mas a Cho não conta mais... – ela parou de chorar.
- Obrigada... – ela disse em um tom de voz sentido, mas havia acreditado nele, que era o que interessava a Harry naquele momento. Ele teve certeza de que ela havia entendido quando ela finalmente conjurou uma bolsa de gêlo e entregou na mão dele.
- Coloque isso erm... lá... Vai ajudar. Mamãe sempre fez isso quando acontecia algum incidente deste tipo com os meninos... ou com o papai... – Harry imaginou que talvez o incidente não o tivesse aleijado, já que o senhor Weasley havia tido sete filhos.
- Você acreidta em mim? – ela acenou afirmativamente.
- Por que alguém inventaria uma coisa cruél dessas? – Harry deu de ombros.
- Não sei, mas é muito cruél mesmo, já que eu acho a Lilá uma mocréia... – Gina riu e ele também enquanto mantinha o saco de gêlo na virilha.
- Me desculpe por isso... – ela baixou os olhos discretamente na direção do "machucado".
- Tudo bem. Vou viver... – ele parou por alguns segundos e prosseguiu. – Me desculpe também... – ela franziu a testa.
- Pelo quê? – ele esticou a mão e passou pelo rosto dela, delineando o caminho das lágrimas já secas, repousando-a no queixo da menina, acariciando a pontinha deste com o polegar.
- Por ter feito você chorar... – ela engoliu em seco. – Eu não deveria nunca ter te pedido que treinasse comigo... – Gina continuou séria olhando para ele. – Eu fui extremamente injusto e insensível e eu vou entender perfeitamente se você quiser parar de... - a menina foi mais rápida, e antes que Harry pudesse compreender o que estava havendo os lábios de Gina estava pressionados sobre os dele. - ... me beijar... – ele completou a frase, a linha de raciocínio totalmente bagunçada agora. Gina sorriu.
- Nós vamos continuar, Harry. Eu te fiz uma promessa. E é melhor eu lavar o rosto. Estamos atrasados para as aulas da tarde, e ainda temos "treino" e treino depois, o time conta conosco... – ela levantou depressa e foi na direção do banheiro lavar o rosto.
Harry tentou fazer o mesmo, mas a perna direita ainda não estava forte o suficiente, e a esquerda estava enfraquecida pelo beijo, o que fez com que o rapaz caísse no chão.
- Ouch! – ele disse se ajeitando na cama de novo, e Gina colocou a cabeça para fora do banheiro. – Parece que vou ficar mais alguns minutinhos aqui Gina, se não se importa... – ela sorriu envergonhada.
As aulas da tarde transcorreram bem. Harry tinha Trato das Criaturas Mágicas e não foi sequer repreendid por Hagrid, pelo atraso. Apenas teve que dizer a Rony e Hermione que a sua psicologia havia funcionado muito bem com Gina, já que ela havia ficado ótima após ele mencionar a importância dela para a Grifinória no time de quadribol.
- Viu só? Não disse? Mimada... – Rony ignorou o comentário de Hermione.
Gina, por sua vez não teve assim tanta sorte. A aula que ela tinha era de poções, e Snape tirou vinte pontos da Grifinória, além de passar um sermão enorme sobre repsonsabilidades com horários e relaxamento com o uniforme, já que Gina havia tido que pegar a veste sobressalente, uma vez que a sua havia sumido do cabide da Sala Comunal. Quando as aulas finalmente terminaram o turnilhão de alunos ansiosos correu para se lavar, lanchar ou mesmo aproveitar o tempo livre antes do jantar.
Gina não fez nenhuma dessas coisas. Tinha um compromisso com Harry, que já a estava aguardando quando esta chegou ao vestiário.
- Você está melhor? – ela perguntou assim que estava próxima o suficiente. Ele sorriu.
- Estou sim, Gina. Não estou mais mancando... – ela fez uma expressão triste.
- Estou tão envergonhada de ter feito algo assim com você... Eu deveria ter acreditado em você. Afinal você... – ela tombou a cabeça para o lado, meio sem jeito. - Bem, você é você, né? – ele deu de ombros.
- Não se importe com isso... Senta aqui eu trouxe um lanche para nós. Imagino que esteja com fome... – ele mostrou para ela uma pequena cesta com alguns sanduíches e suco de abóbora.
- Dobby? – ele confirmou enquanto mordia o sanduíche.
- Quem mais me faria sanduíches em formas de coração? – Gina riu.
- Eu faria... – ela disse piscando o olho para ele, que se aproximou rindo.
- Que coisa mais adorável de ser dizer, Gina Weasley... – ela deu uma mordida no próprio sanduíche.
- Fazer o quê? Eu sou adorável... – disse de boca cheia. Harry já estava bem perto dela quando ela acabou de engolir a comida.
- É sério. Não me faça te fazer cócegas... – ela riu.
- Tá bem, então eu faço em você... – ela enfiou a mão no vão do pescoço dele, que riu, caindo para trás.
Logo ele teve sua revanche. Controlando a vontade de rir, derrubou Gina e rolou por cima dela, segurando as duas mãos da garota com uma das mãos e deixando a outra livre para se "vingar", Gina gargalhava só de imaginar o que ele faria em seguida.
- Vejamos... Por onde eu começo... – ela riu ainda mais.
- É sério, Harry. Não me faça tentar te aleijar de novo... – ele sorriu.
- Você queria me aleijar, é? – ela apertou os lábios numa linha contraída pela vontade de rir.
- Não, mas agora eu posso querer... – ele fingiu medo e soltou as mãos dela, mantendo-se ainda em cima dela.
- Precisamos treinar... – ele disse olhando fixo nos olhos dela.
- É... precisamos... – ela disse derretida enquanto entreabria os lábios.
- Eu quis dizer... o quadribol... – Harry explicou em um lampejo de lucidez que teve em meio à vontade de beijá-la. Gina pareceu não ouvir.
- Aham... o Qua... dri... bol... – terminou a última sílaba com a boca encostada à dele.
Harry passou os braços por baixo dela e, entreabrindo a boca beijou-a com vontade. Arriscou passar a pontinha da língua pelos lábios dela, o que ela pareceu corresponder. O beijo agora é bem diferente de tudo que eles já haviam feito. Ambos tinham os olhos fechados, as bocas coladas, famintas uma da outra.
Foi então que Harry sentiu que logo teria sérios problemas hormonais se continuasse naquela posição. Ele se afastou de Gina, apoiando-se os braços no chão do vestiário, de cada um dos lados do corpo dela.
- Precisamos parar o "treino"... temos o treino... – ela suspirou ainda, com certa frustração, mas já consciente de que ele estava certo.
- ...de quadribol... eu sei... – ela completou se levantando e se recompondo.
- A qualquer minuto alguém pode chegar... – Harry justificou enquanto guardava as coisas do lanche. Gina o ajudou.
- Eu sei, Harry... Eu sei... Você não ia querer ser visto deste jeito comigo – ela disse num tom melancólico quase imperceptível, o qual Harry não reparou.
- Exatamente, Gina. Eu não me perdoaria se fôssemos pegos juntos... – concordou de forma prática.
- É eu sei disso... – Gina imaginou que deveria se sentir feliz pelo amigo querer preservar a sua reputação, mas por algum motivo aquilo havia feito com que ela sentisse algo doer dentro do peito.
