Capítulo Vinte e Dois

Algo Inesperado...

Draco estava voltando, muito mal-humorado, de uma aula de transfiguração, pois McGonagall tirou cinqüenta pontos da Sonserina por causa de Goyle que, por acidente, tropeçou quando ia transformar uma aranha em sapo, e o feitiço atingiu Crabbe, seu parceiro na atividade. A professora, é claro, não acreditou quando Goyle disse que havia tropeçado, e então tirou os cinqüenta pontos.

Draco estava a caminho do grande salão quando passou por perto de alguns sonserinos que conversavam animadamente:

- Ah, até parece... - disse um deles.

- Duvida? - encarou o outro duas vezes maior que o primeiro.

- Vamos apostar então?

- Claro. Aposto que beijo qualquer uma.

- Uhmm... cinco sicles então?

- E qual será a sortuda? - perguntou o garoto com um sorriso malicioso.

Naquele instante, passaram por eles um grupo de meninas quartanistas da Grifinória, Gina estava entre elas.

Draco tentou ouvir quem seria, mas Crabbe entrou na sua frente e perguntou:

- Vamos jantar, Draco?

- Sai da frente imbecil - disse Draco empurrando o menino para um lado, mas era tarde demais, e tudo o que ele conseguiu ouvir foi:

- Então depois do jantar.

- Feito!

E os dois saíram.

- O que foi, Draco?

- Ai, seu idiota, Crabbe! Eu ia... - ele olhou bem para o outro que esperava uma resposta, mas disse simples e secamente - Ah, não te interessa!

Durante o jantar, Malfoy não desgrudou os olhos dos outros meninos que ele ouvira conversando a instantes. E quando eles levantaram, Draco foi atrás.

Ele os seguiu disfarçadamente. "Será que essa menina é a..." ele pensou, mas foi interrompido pela voz de um dos meninos.

- Ela está vindo - ele disse ao amigo. - Vai, e lembre-se: é a sua única chance.

O outro foi em direção a menina que Draco não conseguia ver devido ao lugar onde se escondera para não ser visto: atrás de uma grande estátua.

- Oi! - Draco pode ouvir o garoto dizer.

- Oi! - respondeu a menina secamente.

Agora Draco não tinha dúvidas, ele não precisava ver a menina para saber quem era, ele reconheceu pela voz... era Gina. Ele ia sair de onde estava, mas achou melhor esperar para ver o rumo daquilo tudo. "Ela não é tão boba assim, sabe se defender. Aí talvez eu não precise me expor..." pensou ele.

- Tchau - disse Gina apertando o passo.

- Ei, calma! Vamos conversar... Qual é o seu nome?

- Gina, e eu estou com pressa.

Ela já estava apertando o passo, mas ele se colocou na frente dela.

- O que você tem que fazer pode esperar, Gina... - ele enfatizou o nome dela.

- Não, não pode! Agora quer me dar licença? - disse ela tentando abrir caminho.

- Ocupadinha... - disse ele sarcasticamente colocando o braço ao redor dela e a prendendo contra a parede.

- Me solta! - ela respondeu brava.

Agora ele forçava os pulsos dela para que não pudesse se mexer. Ele já estava se aproximando dela, Gina fazia de tudo para se livrar dele, quando Draco não pode mais se segurar e saiu de onde estava escondido. Ele acertou um soco no garoto que se virara para ver quem era. O menino cambaleou no chão se contorcendo de dor. O soco fora forte, no estômago. Como os garotos eram um ano mais novos que Draco, decidiram não tentar revidar e saíram correndo sob o olhar ameaçador de Malfoy.

Gina estava pálida do susto que levara. Uma lágrima rolou pelo seu rosto e ela abraçou o menino.

- Obrigada, Draco. Muito obrigada... - ela disse em tom choroso.

- Vem cá, vamos conversar na nossa sala para que ninguém nos veja.

- Ok.

Eles se dirigiram para a sala e quando a porta foi fechada, Draco perguntou:

- Por que você estava sozinha?

- Eu ia pegar meus livros para vir aqui com você. Mas... como você sabia? Como...

- Eu ouvi eles conversando antes do jantar que iriam fazer uma aposta. Bem, aí eu os segui porque... - e ele contou tudo o que ocorrera.

Ela ainda estava um tanto pálida e começara a chorar silenciosamente. Ele a abraçou e sussurrou em seu ouvido: "não fique assim. Já passou. E eu prometi que não deixaria que nada de mau te acontecesse, lembra?"

Ela o abraçou forte. Ele pode sentir que o corpo dela tremia de nervosismo.

Draco continuou a abraçando, em silêncio, até que ela adormeceu. Ele ficou observando Gina dormir por um tempo. "Por que é tão linda?" pensava ele, até que ele próprio pegou no sono também. O dia deles havia sido muito exaustivo, nas aulas os professores viviam revisando a matéria para as provas.

No dia seguinte, bem cedo, Rony, Harry e Hermione estavam conversando sobre um pesadelo que Harry tivera:

- Eu vi Vol... desculpe, Você-Sabe-Quem conversando com aquela cobra. Ele dizia que ainda não tinha nenhum plano definido e...- estava contando Harry quando foi interrompido por Colin.

- O-oi, Harry! Posso tirar uma foto?

Ele suspirou e disse:

- Pode, Colin...

Quando o menino foi embora, Hermione disse:

- Já está se aproximando da hora do café e logo isto aqui vai estar lotado de gente... Vamos para uma sala que tenhamos certeza que não seja ocupada.

- E qual seria?

- Uma daquelas salas do terceiro andar...

- Tá, vamos logo então - disse Rony se levantando.

Eles passaram pelo retrato da mulher gorda e foram para o terceiro andar. Hermione escolheu uma sala e abriu a porta. Ela ficou imóvel, com uma cara de espanto.

Rony e Harry, que vinham atrás dela e viram a reação da amiga ao abrir a porta, foram logo espiar para ver o que era.

Eles viram Gina e Draco dormindo. Ela estava recostada no peito de Draco e ele a abraçava por trás.

Rony ficou púrpura até as orelhas e andou furioso até Draco, segurando-o pela gola do uniforme e acordando os dois.

- O que você fez com a minha irmã? - ele perguntou sob os olhos assustados de Gina e os inexpressivos de Draco.

- Rony, pára! - disse Gina depressa.

- O-que-você-fez-com-a-minha-irmã? - sibilou Rony ignorando o que ela disse.

- Ei, calma... - disse Draco secamente. - E tire as mãos de mim.

Rony olhou para trás e disse para Hermione:

- Chame os meus irmãos.

- Mas Rony...

- Por favor, Mione.

Ela não sabia o que fazer diante daquela cena. "Se eu chamar os irmãos dele eles vão matar o Malfoy..." pensou ela rapidamente. "Mas ele bem que merece...". Agora ela estava com raiva de Draco também, e acabou fazendo o que o namorado pedira.

Harry também estava perplexo diante daquela cena. Estava sentindo um aperto no coração, um frio desagradável na barriga, e ao mesmo tempo sentia ódio de Draco.

Ele foi até onde os outros estavam.

- O que você fez? - perguntou ele.

- Potter, não se meta! - disse Draco.

- É claro que me meto! Os Weasley são como a minha família...

- Mas não são!

- Não fuja do assunto, Malfoy... - disse Rony o encarando.

Naquele instante, Hermione entrou na sala com Fred e Jorge.

- O que está acontecen... - foi perguntando Fred, mas ao ver Draco, a única coisa que conseguiu falar foi: - O que o Malfoy está fazendo aqui?

- Eu não contei, Rony - explicou Hermione.

- Nós entramos na sala e vimos os dois dormindo, abraçados - disse Rony.

- O que? - exclamaram os outros dois.

- Ah, Malfoy eu... - disse Jorge, mas foi interrompido.

- Parem com isso! - gritou Gina. - Nós não fizemos nada...

- Não é o que parece... - disse Harry.

- E Draco está certo: este assunto não interessa a você! - disse Gina furiosa.

Rony perdeu o controle e deu um tapa em Gina. Ela olhou com cara de descrença para ele, não acreditando no que ele tinha acabado de fazer.

- Você... - ela estava perplexa.

Draco a abraçou.

- Afaste-se dela, Malfoy - disse Fred.

Ignorando o garoto, Draco perguntou a Gina:

- Você está bem?

Ela fez um sinal de positivo com a cabeça:

- Obrigada, Draco.

- Draco? - perguntou Jorge abismado. - Desde quando você o chama assim, Gina?

- Desde que nós ficamos amigos e começamos a namorar! - disse Draco.

Gina imediatamente pegou a mão de Draco e a segurou com força. Vendo o gesto dos dois, até Hermione sentiu um embrulho no estômago.

- Vocês estão o que? - perguntou Rony furioso.

- Namorando, Rony - desta vez foi Gina quem falou. - E isto é problema meu e dele, não de vocês!

- Espere aí, você diz que está namorando o Malfoy e que isso não é problema nosso? Ficou doida, Gina? - perguntou Jorge.

- Gina, ele não presta, só vai te fazer sofrer!

- Quem disse isso, hein, Fred? Você não conhece o Draco.

- Gina, nos o conhecemos o suficiente para saber que ele é um...

- Vocês acham que conhecem, Rony. Tem uma grande diferença nisso. Vocês não estavam aqui quando ele me ajudou a estudar, vocês não estavam aqui quando ele me disse que você gostava de mim Rony, naquele dia que eu briguei com você, ou você acha que eu voltei daquele jeito porque percebi tudo sozinha? Não, ele estava aqui, me abraçando, me mostrando que você se importava comigo e tudo mais. Vocês não estavam aqui quando ele me deu apoio nos dias que eu estava triste, e principalmente, vocês não estavam aqui ontem a noite, quando eu mais precisava de ajuda... - ela disse lutando contra as lágrimas.

- O-o que aconteceu, Gina? - perguntou Hermione.

- Se não fosse pelo Draco - ela enfatizou o nome dele - eu não teria conseguido me livrar de um sonserino que estava tentando me beijar a força. ELE me ajudou, enquanto vocês estavam muito bem com seus amigos.

Todos estavam perplexos: O Malfoy? Tinha ajudado a Gina? Era o que todos pensavam abismados.

- E nem vocês nem ninguém vão impedir que eu continue a namorar o Draco - disse ela em tom ameaçador. Ela pegou a mão dele, ambos se levantaram e ela disse. - Vem, Draco, vamos embora...

E os dois saíram da sala deixando para trás os Weasley, Harry e Hermione de boca aberta.