Capítulo Vinte e Cinco
Eu não quero saber de você!
Gina entrou em seu quarto, no momento vazio, e bateu a porta com raiva. Ela se dirigiu para a janela e começou a olhar a bonita noite que fazia. Num momento, ela olhou de relance para os jardins e pôde ver um casal passeando de mãos dadas e depois parando para se beijar. Aquilo fez com que ela voltasse a lembrar o momento em que ouviu Crabble e Goyle tendo aquela conversa. As lágrimas voltaram a passear pela sua face agora inchada, os olhos estavam vermelhos e alguns fios de seus ruivos cabelos estavam grudados em seu rosto.
"Droga, como eu fui tola a ponto de acreditar nele. Tudo o que eu não queria aconteceu e agora, eu estou aqui, sofrendo de novo..." pensava ela desolada.
Ela se sentou em sua cama enquanto pegava em seu malão uma espécie de caderno com as iniciais: "VW". Ele não era pequeno nem grande, tinha uma capa prateada e embaixo das iniciais tinha uma foto com todos os Weasley, Harry e Hermione, era a mesma foto que tinha no medalhão que Gina dera a Harry. A menina o abriu numa página marcada por uma fitinha azul marinho toda decorada com o que parecia uma imitação de estrelas que brilhavam a cada toque. Depois, pegou uma pena e um tinteiro e começou a escrever as seguintes palavras: "Meu querido diário..."
Sempre que Gina precisava desabafar ou confessar coisas que não queria que ninguém soubesse, ela recorria ao seu diário. Quando Harry a pediu em namoro e ela ficou com raiva, esvaziou sua mente escrevendo no diário. Quando beijou Draco, quando começaram a namorar, ela escrevia tudo o que sentia que precisava contar alguém. Sempre foi assim, então por que agora seria diferente?
"... Por que a vida é tão injusta comigo? Às vezes eu fico me perguntando se um dia vou finalmente ter sorte no amor. Parece que quanto mais eu procuro a felicidade maior é o aperto que sinto no meu coração..."
Nesse instante, uma lágrima irrompeu pelo seu rosto e manchou a palavra "coração".
Gina estava muito cansada e, logo que terminou de escrever, guardou o diário em sua mochila com um feitiço para que somente ela pudesse abri-lo e deitou, adormecendo em seguida.
"- O que faremos, Nagini?- perguntou um vulto com uma voz fria.
- Não sei...- sibilou a cobra.
- Temos que acabar com o Potter de uma vez por todas!
- Mas primeiro precisamos de tempo para juntarmos aliados.
Ouviu-se um baque. Voldemort havia batido no braço da cadeira com a mão fechada.
- Rabicho? - gritou ele.
Imediatamente um homenzinho apareceu.
- S-sim mestre? - ele perguntou tremendo.
- Novas notícias?
- A-ainda n-não - respondeu ele ainda mais nervoso.
- Como? - perguntou Voldemort furioso.
- O ministério da magia está ficando influente, as pessoas estão com medo de passar para o nosso lado, mestre - disse ele desta vez com o maior cuidado para não gaguejar e fazer com que seu mestre não ficasse tão bravo com ele.
O Lord das Trevas inspirou e expirou nervosamente.
- Pois trate de dar um jeito ou terei o maior prazer de alimentar Nagini. Faz tempo que ela não come ratos- disse ele em tom ameaçador e enfatizando a última palavra.
A cobra voltou-se para Rabicho encarando-o.
- E-eu re-resol-verei me-me-mestre... - disse Rabicho se virando para sair.
- Cruccio! - pode se ouvir Voldemort gritar antes dos gemidos de dor emitidos por Rabicho.
Passado um tempo, O Lord falou:
- NUNCA dê as costas para mim!!!
- D-descu-culpe me-mestre... - disse Rabicho se levantando, ainda muito fraco para sair. Mas dessa vez ele não ousou ficar de costas para Voldemort.
- Potter, você ainda vai pagar por tudo o que me fez..."
Neste instante, Harry acordou com uma forte pontada na cicatriz. Ele olhou para o lado, Rony parecia estar sonhando com algo muito bom: havia um sorriso estampado em seu rosto, e ele não teve coragem de perturbá-lo. Então pegou a capa de invisibilidade, se cobriu com ela e desceu as escadas dos dormitórios.
Ao chegar na sala comunal, percebeu que não estava sozinho, havia uma menina sentada em uma poltrona com o olhar fixo em algum ponto da parede. Ele se aproximou dela ajoelhando-se a sua frente e retirando a capa em seguida.
- Oi, Gina.
- Harry? - disse a menina assustada.
- Por que você está aqui? - perguntou ele docemente.
- Eu tive um pesadelo com o Malfoy e não consegui voltar a dormir... - respondeu ela evitando olhar diretamente para ele.
- Ah...
Seguiu-se um silêncio que estava ficando insuportável para os dois, então, Gina disse:
- Você também teve um pesadelo?
- Sim, só que felizmente não foi com o Malfoy!
Gina forçou um sorriso.
Na verdade, nenhum dos dois sabiam exatamente o que dizer ali, então Gina falou:
- Eu vou subir. Talvez ainda consiga descansar mais um pouco.
- Está bem, boa noite.
- Para você também - disse ela subindo as escadas.
Harry ainda ficou pensativo por alguns instantes, depois, resolveu fazer o mesmo que ela.
No dia seguinte, todos resolveram esperar por Gina para o café. Assim que a menina desceu as escadas se espantou ao ver os irmãos, Harry e Hermione esperando por ela. Todos a olhavam com pena.
- Bom dia - disse a menina meio sem graça.
- Vamos tomar café? - perguntou Rony colocando o braço direito por trás dos ombros da irmã.
- Vamos.
As aulas da manhã se passaram lentamente para Gina, nem mesmo a aula de herbologia, da qual ela tanto gostava, foi a mesma naquele dia. Ela se distraía facilmente, não tinha ânimo para muita coisa.
Depois da última aula da manhã, que foi de DCAT, ela saiu da sala e começou a andar sem rumo pelos corredores pensando em tudo o que ocorrera. Ao dobrar um corredor, alguém a puxou para uma sala com uma mão em sua boca para que ela não gritasse. Era uma mão fria que ela logo reconheceu...
- Me solte, Malfoy - foi o que ela disse quando ele tirou a mão de sua boca.
- Não até que você escute o que eu tenho a lhe dizer - seu olhar era firme mas a sua voz fraquejava às vezes, como se algo o estivesse incomodando.
- Eu já te disse que nada vindo de você me interessa mais.
- Gina, eu gosto de você! Eu não ia mais seguir aquele plano estúpido...
- Chega! - berrou ela. - Eu não acredito em uma única palavra do que você disse- e ela se soltou dele, que se aproximou devagar, um espasmo de dor no rosto, como se estivesse machucado ou algo parecido.
Gina se perguntou que diabos ele tinha e chegou a supor que ele só fingia para chamar a atenção. Aquilo a deixou ainda mais irritada.
- Mas você querendo ou não esta é a mais pura verdade!
- Não, não é - disse ela com as lágrimas começando a incomodá-la.
- Você não pode apagar os meus sentimentos. Você acha que eu não tentei? Que eu não lutei contra eles? Eles são mais fortes que eu ou a sua vontade.
- Pois se você não consegue se controlar o problema é seu, porque desta vez eu vou ser mais forte do que os meus sentimentos, se é que eu realmente senti alguma coisa por você!
Aquilo calou profundamente em Draco. Ele ficou imóvel com o que ela disse.
Gina olhou com desprezo para ele e saiu da sala. Ela andou mais um pouco pelos corredores pensando em tudo o que estava acontecendo, tentando formular as coisas em sua mente... Uma hora ela sentiu as pernas bambearem e se sentou recostada na parede. Gina abraçava nas pernas com a cabeça baixa. Ela começou a chorar envolta por seus pensamentos, tanto, que nem percebeu que alguém se aproximava.
- Gina?
Ela ergueu a cabeça para ver quem era.
- Professor... - ela esboçou um sorriso.
- O que está acontecendo? Na aula hoje você ficou mais distraída que de costume ou você acha que a gente não percebe?
Ela suspirou.
- Eu terminei com o Draco.
Lupin não demonstrou muita surpresa em sua face, era como se ele já soubesse que isso aconteceria. Mas ele mudou sua expressão rapidamente quando ela continuou:
- Ele me usou. Foi só para fazer ciúmes no Harry e nos meus irmãos, para se vingar deles...
- O que? O Sr. Malfoy passou dos limites desta vez.
- Ele me disse que gosta mesmo de mim, que não ia mais fazer isso... Mas eu não consigo acreditar em uma única palavra que ele diz. Eu perdi a confiança que eu tinha por ele.
- É natural que você tenha perdido a confiança por ele. Mas me diga uma coisa: o que você está sentindo agora?
- Eu não sei direito. Eu me sinto traída, enganada, sinto repulsa dele...
- Só isso?
- Acho que sim. Professor, em que você está querendo chegar?
- No que eu devia ter feito antes, assim quem sabe você não teria sofrido tanto.
- Professor eu não estou entendendo...
- Pense em como você se sentiu quando Harry te pediu em namoro, depois em como você está se sentindo agora. Aí você entender em que eu quero chegar...- disse Lupin se levantando e dobrando o corredor, mas não antes de se despedir. - Tchau, Virgínia.
- O que será que ele quis dizer com isso?
- Malfoy!- murmurou Rony vendo o loiro dobrando o corredor em que se encontrava, andando com alguma dificuldade.
Ele se adiantou e Harry aprovou o gesto fazendo o mesmo mas Hermione os segurou pelo braço enquanto tentava controlar o riso.
- Lembrem-se do que eu disse: vamos nos controlar dessa vez. Eu sei que o que ele fez foi repugnante mas a Gina já pôs um fim nisso. Se ele não se aproximar novamente nós não vamos reagir- começou tentando ficar séria-, pelo menos não por enquanto...- concluiu mais para si mesma do que para os outros.- Já basta o que o Fred e o Jorge armaram esta manhã enviando a ele uma carta com aquele pó que causa furúnculos... bem, vocês sabem em que lugar. Vocês viram como ele está andando?- ela não pôde deixar de rir ao lembrar da cena.
Os outros dois riram também.
- Ah, eu queria tanto que a Gina ainda estivesse no salão principal quando Draco recebeu aquela surpresinha pelo correio-coruja! - Rony pareceu esquecer um pouco da idéia de acertar as contas com Malfoy ao pensar no quanto ele devia estar odiando o presente de seus irmãos.- Mas eu vou contar para ela hoje a noite...
- O melhor é que ele é orgulhoso demais para admitir que está com um furúnculo, bem, você sabe em que lugar, para reclamar com alguém- comentou Harry.
- Pois é... Voc olhou para a cara dele quando viu Fred e Jorge rindo na nossa mesa? Foi hilário!- exclamou Rony.
E os três seguiram para a próxima aula rindo da cara de Draco. É claro que aquela brincadeira não acabaria com toda a raiva que sentiam, mas já era um começo...
N/A: bem, valeu pelas reviews mais uma vez. Bjão.
