Capítulo Vinte e Seis

Grifinória X Sonserina

Gina passou o resto do dia presa ao que o professor falara. Para falar bem a verdade, o resto da semana.

"- É natural que você tenha perdido a confiança nele. Mas me diga uma coisa: o que você está sentindo agora?

- Eu não sei direito. Eu me sinto traída, enganada, sinto repulsa dele...

- Só isso?

- Acho que sim. Professor, em que você está querendo chegar?

- No que eu devia ter feito antes, assim quem sabe você não teria sofrido tanto.

- Professor eu não estou entendendo...

- Pense em como você se sentiu quando Harry te pediu em namoro, depois em como você está se sentindo agora. Aí você entender em que eu quero chegar..."

Gina lembrava da conversa com todas as palavras e transcrevia tudo para o seu diário...

"Em que você quer chegar, professor, em que?". Gina suspirou. "Quando o Harry me pediu em namoro nem eu mesma sei explicar o que eu senti. Primeiro veio uma felicidade imensa, era tudo o que eu queria ouvir dele desde que o conheci. Mas depois eu lembrei da conversa do meu irmão e da Mione, sobre o Harry ter pedido a Chang em namoro. Aí eu me senti como se eu fosse um mero objeto. Fiquei com raiva, fiquei triste, magoada... Eu me sentia pior a cada dia que passava. Só melhorei quando o Draco disse que gostava de mim. Eu não sei explicar exatamente como foi, mas eu me senti amada de novo. Percebi que alguém se importava comigo, me senti reconfortada. Foi isso que eu senti... Mas foi muito diferente do que eu sentia pelo Harry...".

Gina parou de escrever. "Diferente? Por quê?". Era o que ela se perguntava indo ao encontro do professor Lupin.

No caminho, ela foi esbarrando em pessoas que corriam de um lado para o outro pelos corredores, todas ansiosas pelo jogo de quadribol: Grifinória x Sonserina, e, tirando esta última, praticamente todo o colégio torcia para a casa de Gina.

- Professor? - perguntou Gina batendo à porta dele.

- Entre! - respondeu ele.

- Leia isto... - disse ela entregando o diário aberto na página em que estava escrevendo.

Ele estranhou a atitude da menina, mas vendo o olhar encorajador dela para que ele lhe atendesse o pedido, ele obedeceu.

Quando Gina percebeu que ele havia acabado de ler, ela perguntou:

- Por que, professor? Por quê?

- Que bom que você está no caminho certo, Gina, fico muito feliz. Mas agora não faça essa pergunta para mim, faça para o seu coração porque ele, melhor do que ninguém, saberá te dar a resposta correta... - ele olhou para o relógio. - Ei! Olha a hora. O jogo vai começar, vamos.

Os dois já estavam se dirigindo para as arquibancadas quando Gina disse:

- Pode ir na frente professor, eu vou guardar meu diário e venho daqui a pouco.

- Tudo bem.

Então Gina voltou para a torre da Grifinória. Quando chegou ao quarto, ouviu o som de palmas e gritos vindos dos jardins. O jogo começara.

Gina olhou pela janela: vários homenzinhos, uns de verde outros de vermelho, voavam em suas vassouras buscando cumprir suas funções. Ela se sentou em sua cama e suspirou.


Harry subiu bem alto com sua Firebolt apertando os olhos no encalço do pomo. Draco também o procurava, mas não saía de perto de Harry.

Fred e Jorge voavam por todo o campo rebatendo os balaços e protegendo os jogadores. Alícia, Angelina e Katie estavam fazendo um bom trabalho, a Grifinória mantinha uma diferença de 20 pontos da Sonserina. O novo goleiro também estava ajudando bastante...


Gina deitou em sua cama tentando encontrar as respostas que procurava. Ela ouviu vários aplausos, a sua casa só podia ter marcado mais um gol.

"Ah, que droga. Por que tudo tem que ser tão confuso? O que eu senti quando descobri que Draco me usou foi, foi..." Gina não encontrava as palavras. "Ele me prometeu que não me faria sofrer..." ela pensava.


Draco estava procurando o pomo. Ele estava decidido: não iria perder daquela vez, não podia, não queria. "Não, eu não vou..." foi o que ele prometeu a si mesmo.

Mas Harry não deixaria barato. Se nas outras partidas ele fazia o possível para ganhar, por que desta vez seria diferente? E Draco sabia disso, como sabia que seria difícil pegar o pomo, mas ele iria até o fim.

Harry não olhava para Malfoy. Ele tremia de ódio só de lembrar daquele sorriso sarcástico ou daquela cara de cínico. "O que ele fez com a Gina não tem perdão, ele passou dos limites. Quem dera se nós não estivéssemos em Hogwarts. Aí ele veria só...".


Gina resolveu ir assistir ao jogo para se distrair um pouco; se continuasse se isolando daquele jeito ela não chegaria a nada. O melhor era deixar que o tempo resolvesse as coisas.

Ela desceu as escadas chegando a sala comunal, que estava deserta. Passou pelo retrato da mulher gorda e foi andando pelos corredores até que saiu pela porta dando com os jardins. De lá ela foi se dirigindo para o campo de quadribol, e quando já estava bem próximo a este, ouviu uma voz atrás de si:

- Oi! Lembra de mim?

Gina se virou e o reconheceu: foi o sonserino que tentou beijá-la. Ela o ignorou e foi apertando o passo em direção as arquibancadas: quanto mais rápido chegasse lá melhor.

Ele foi atrás dela e a puxou pelo braço.

- Eu não desisto tão fácil assim, sabia?

- Me solta! - gritou ela.

Draco, que estava procurando o pomo por todo o campo, desviou seu olhar para os dois, agora a poucos metros das arquibancadas. "Gina?"

- O seu namoradinho está muito ocupado com o jogo para te proteger agora, né?

- Ele NÃO é meu namorado! - berrou Gina.

- Melhor ainda... - disse o menino em tom malicioso.

O capitão do time olhou com cara feia para Draco: se ele não capturasse logo o pomo, a Sonserina perderia o jogo, pois os jogadores sonserinos já estavam ficando muito cansados e a diferença de pontos estava aumentando consideravelmente. Draco olhou para Harry. Ele estava bem atento, mas ainda não havia achado o pomo. Os dois apanhadores estavam bem próximos um do outro.

A torcida permanecia agitada e a gritaria estava a solta.

O garoto que estava com Gina a tinha preso contra uma árvore. Draco tinha que fazer alguma coisa. Ele quase não conseguia raciocinar com o barulho que vinha das arquibancadas. O menino estava se aproximando de Gina... Harry estava bem ao seu lado...

E as coisas que sucederam foram muito rápidas: Draco resolveu ir ajudar a menina. Naquele instante, o pomo passou ao lado dele e foi para a mesma direção. Harry foi atrás deles...

- Ginaaaaaaaa!- gritou Draco a caminho de onde ela estava.

O pomo continuava na mesma direção e Harry, o único que conseguira distinguir o que Draco gritara, pois estava o suficientemente perto dele para isso, viu o que acontecia com a menina. Então, um balaço veio na direção dos dois, mas não tinha nenhum batedor de ambas as casas. Harry ainda conseguiu desviar, mas ele atingiu Draco no estômago. O pomo passou ao lado de Harry que o apanhou.

Aí, a gritaria aumentou na torcida.

O menino que estava prestes a beijar Gina e ela perceberam o aumento da gritaria, e, num momento de distração do garoto, ela lhe deu um chute na canela e saiu correndo para o meio da multidão que agora descia as arquibancadas, em sua maioria, comemorando a vitória da Grifinória.

Harry, que tentava se livrar da confusão para ajudar a menina, ficou feliz quando a viu se aproximando.

Gina passou Harry direto e foi até os seus irmãos.

- Parabéns pela vitória! - ela disse aos gêmeos.

- Ah, eu acho que se nós tivéssemos perdido eu não ficaria tão triste assim... - disse Jorge e Fred completou:

- É, só de ver o Malfoy sendo atingido por um balaço no estômago já valeu a pena...

- Ele o que?- perguntou Gina assustada.

- Isso mesmo, irmãzinha, e eu não seu porque você está assim. Deveria ser a primeira a dar bem feito para ele...

- Jorge! Por mais que ele tenha me feito mal eu não posso ficar feliz por ele ter levado um balaço no estômago.

- Ah, minha irmãzinha. Sempre boazinha... - zombou Fred.

- Parem com isso...- disse Mione defendendo a amiga.- Ela tem razão...