Capítulo 17 – Reencontros
Um facho do sol que nascia escapou por entre as nuvens carregadas de chuva, iluminando suavemente o rosto do garoto. Ryuu olhou preocupado para ele. Yoh estava, como sempre, muito calmo e sorridente, mas Ryu não compartilhava essa calma. A luta estava marcada para aquela tarde, e se até lá eles não conseguissem ninguém para substituir Mei-ann, estariam desclassificados. Havia apenas uma solução.
- Senhor Yoh, por favor. Aproveite que Liberté foi embora e entre no lugar dela no grupo do Ren. Eu serei desclassificado, mas não me importo, senhor Yoh, pois sei que se o senhor for o Rei Xamã, vai ficar tudo bem.
- Não podemos fazer isso, Ryu. Liberté não pode ter ido embora definitivamente. Afinal, ela nem pagou a conta da pensão! Duvido que ela fosse capaz de ir embora sem pagar a conta. A Liberté é uma pessoa honesta, não é?
- O senhor Yoh é muito ingênuo.
- Não se preocupe, Ryu. Tudo vai se resolver, você verá.
Nesse momento, a atenção dos dois xamãs foi desviada um jovem de cabelos verdes que entrou na pensão timidamente. Yoh deixou escapar seu costumeiro sorriso alegre e acolhedor. O mesmo sorriso que tinha o poder de fazer com que as pessoas confiassem nele e se sentissem invadidas por uma onda de felicidade.
- Oi Lyserg! Tudo bem?
- Estou bem, obrigada... – disse ele, olhando para baixo, muito envergonhado.
- A Liberté não está aqui, se é isso que você quer saber. Infelizmente ela desapareceu. E nem pagou a conta da pensão! Não é estranho?
- Na verdade... – continuou ele, hesitante – eu gostaria de falar com vocês dois.
Parecendo ligeiramente surpreso, Yoh perguntou:
- É? Por quê?
- Bem...É que eu soube que há...Uma vaga no seu grupo. E eu queria saber se...Se eu podia preencher essa vaga.
O sorriso de Yoh e alargou ainda mais, e Ryuu...Bem, para Ryuu, ouvir aquilo era como ouvir que seu aniversário chegaria mais cedo naquele ano.
- É claro que sim! – disseram os dois.
---
Sem se importar com a chuva, Yoh saiu da pensão seca e quieta para a rua chuvosa e mais quieta ainda. No meio de toda aquela solidão cinzenta, Anna Kyôyama, com sua bandana de um vermelho muito vivo e seu olhar forte, se destacava como a luz na escuridão. Ela caminhou até ele como só ela conseguia, rapidamente, mas sem pressa. Cheia de determinação e força, mas sem desperdiçar um único movimento.
O sorriso sempre presente no rosto de Yoh desapareceu, para dar lugar a um sorriso diferente, um misto de alegria, alívio, confiança, raiva, medo e mágoa. Um sorriso que juntava todas as coisas que ele sentia dentro de si ao vê-la, e mostrava todas elas. A garota a sua frente devia achá-lo um idiota. Mas não. Ao ver o seu sorriso, ela mesma deixou um escapar. Não era um sorriso de sarcasmo, mas um sorriso doce e miúdo, de suave contentamento. Parecia quase feliz, se é que Anna Kyôyama podia parecer feliz.
- Anna! É bom ver você de novo! Com vão as coisas?
O sorriso dela desapareceu, para dar lugar à sua usual falta de expressão. Sinal de que ela provavelmente estava irritada com alguma coisa.
- Só vim aqui para te desejar boa sorte. Então...Boa sorte.
O sorriso de Yoh alargou-se, e ele disse:
- Obrigado, Anna. Acho que vamos precisar. Lyserg...Você sabe quem ele é?
- É claro que sei.
- Pois é. Ele...Ocupou o lugar de Mei-ann no grupo, mas mesmo assim...Vai ser estranho, sem ela. Mas tudo vai se resolver, certo?
A mão direita de Anna cortou o ar rapidamente, atingindo o rosto de Yoh com força total.
- Você é lamentável, sabia disso? Não tem vergonha de sempre depender de mim ou da minha irmã? Sempre. Quando éramos pequenos, ela sempre te ajudava quando você fazia suas habituais trapalhadas, ou quando não queria treinar. E quando ela foi embora, eu tive que ir até Tóquio para cuidar do seu treinamento! E quando eu fui embora, ela voltou para te ajudar mais uma vez.
- É...Acho que não posso viver sem vocês. – disse ele, parando de sorrir e procurando um traço de bondade nos impiedosos olhos da garota a sua frente
- Você já tem idade suficiente para saber o que quer fazer da vida, e para lutar por isso. Sozinho, Yoh. Não vou mais vir aqui falar com você. Se quiser me ver novamente, torne-se Rei Xamã com seu próprio esforço. Então conversaremos.
- Você ainda quer ser a esposa do Rei Xamã?
Anna parou para pensar por um tempo, e por fim disse:
- Não sei ao certo. As coisas mudaram.
- O que mudou? Os seus sentimentos? – para uma pessoa tão calma, Yoh parecia estar extremamente ansioso e inseguro. Aflito, até. Anna podia ver isso nos olhos dele, e por isso fechou os seus. Não queria mais viver em meio a falsas esperanças, interpretando cada sorriso, cada gentileza de Yoh como um sinal de que ele sentia por ela o que ela queria tanto que ele sentisse. Não mais.
Nesse momento, Lyserg apareceu abruptamente na rua, surpreendendo os dois jovens, cada um profundamente concentrado em seus sentimentos e medos.
- Yoh? Vamos lá, está na hora da luta! – nesse momento Lyserg reparou em Anna – Ah...Desculpe, Yoh! Não sabia que você estava ocupado. Desculpe-me, por favor.
Lyserg voltou correndo para a pensão, muito embaraçado, e Yoh gritou:
- Ei, Lyserg! Espere um pouco!
Quando voltou suas atenções para Anna, a garota tinha desaparecido. Yoh sorriu. Aquilo era típico dela. Chegar, dar uma bronca dele, e ir embora sem dar uma única explicação.
Suspirando, voltou para a pensão para chamar Lyserg e Ryuu. A hora de lutar estava chegando e, dessa vez, ele não podia contar com nenhuma das irmãs Kyôyama. Ele tinha apenas um "Boa sorte", dito meio a contragosto.
Mas ele estava confiante. Aquele "Boa sorte" era mais precioso do que qualquer coisa no mundo, e mais do que suficiente para derrotar quem quer que fosse o seu adversário.
---
O estádio estava completamente cheio, apesar da chuva. Naquele dia, pelo visto, um grupo muito famoso ia lutar contra Yoh e seus amigos. Liberté deixou um sorriso escapar de seus lábios. Quem quer que fosse, não seria páreo para a enorme força que Yoh guardava dentro dele.
Entrou no meio da multidão, esperando não ser notada no meio de toda aquela agitação. Os olhos esquadrinharam cada canto do estádio, só para chegar, num misto de decepção e alívio, à conclusão de que ele não estava lá. Mas aquilo não estava certo. Não podia estar. Ela podia sentir a presença dele, firme e agressiva, mas com um toque de dúvida e ternura.
- Procurando alguém? – veio a voz, por trás dela, irritada e arrogante.
Liberté virou-se rapidamente para encarar os olhos cruéis de Ren, que a fitavam com raiva e desconfiança.
- Achou que ia escapar tão facilmente? Você é covarde demais, sabia? Como pôde fugir assim e deixar o nosso grupo incompleto? Você ficou louca?
Liberté deu alguns passos para trás. A irritação de Ren era tão grande que ela podia senti-la na pele, assustando e machucando. Ela queria correr, queria escapar daqueles olhos, queria se esconder bem longe dele, para não se sentir tão confusa e perdida. Mas não podia. Ela simplesmente não conseguia se mexer, como se estivesse presa por um feitiço.
Mãos fortes agarraram seus pulsos e puxaram-na para perto dele. Perigosamente perto. Dando-se conta disso, Ren afastou a garota um pouco, sem soltá-la.
- Não pense que vai fugir. Eu não vou deixar. Não vou deixar você estragar as minhas chances de me tornar Rei Xamã.
Com alguma dificuldade, Liberté conseguiu encontrar alguma coisa para dizer:
- Você pode encontrar alguém para me substituir.
Os olhos dele brilharam de um jeito estranho, e Liberté sentiu-se um pouco menos assustada. Ele parecia agora confuso e menos ameaçador, apesar de continuar segurando seus pulsos com tanta força que chegava a machucar.
- Eu não quero nenhum idiota fraco e covarde no meu grupo. Quero você. Apesar de você ser idiota, fraca e covarde. Quero você perto de mim. Sempre.
As pernas de Liberté tremeram, e ela teve que respirar fundo e se concentrar em não cair. Não entendia. Não conseguia entender. Alguma coisa estava errada. Ele não tinha dito o que ela achava que ele tinha dito, certo? Impossível. Ela olhou para ele, sentindo-se de repente como a criança que fora um dia, pequena e boba.
Ele devolveu o olhar com irritação, e começou a puxá-la até duas cadeiras vazias ao lado de Horohoro, que olhava para eles com curiosidade e impaciência.
- Até que foi rápido, hein? Como você conseugiu encontrá-la no meio dessa bagunça toda? E você, Liberté, não faça mais uma coisa dessas, entendeu?
Liberté sorriu, ainda um pouco confusa, e concordou com a cabeça. Naquele instante não tinha a intenção de ir a lugar algum. Como se tivesse lido seus pensamentos, Ren afrouxou os dedos ao redor de seu pulso e sentou-se. Liberté sentou-se também e, tentando escapar do olhar impiedoso de Ren, voltou-se para o campo de batalha. Yoh, Lyserg e Ryuu já estavam lá, aguardando pacientemente a chegada do grupo adversário. Após alguns minutos, ele finalmente chegou. Apesar de sua confiança em Yoh, Liberté foi invadida pelo medo e pela insegurança. As três mulheres eram lindas, como deusas, com sua pele muito escura, seus longos cabelos negros e seus olhos dourados, fortes e seguros. Mas não era só a beleza delas que intimidava. Seus corpos irradiavam uma força assustadora, uma força que nem mesmo Yoh e seus amigos tinham.
A mais alta delas, provavelmente a líder, deu um passo para frente e encarou Yoh, que olhava para ela despreocupado.
Uma outra encarou o grupo, e disse irritada:
- Dois garotinhos e um idiota? É contra isso que vamos lutar? Como podemos mostrar nossa verdadeira força se só lutamos contra inúteis?
- Cale-se – disse a líder, irritada, ainda olhando para Yoh – Ele não é só um garotinho. Não devemos subestimar nossos adversários. Eles não são tão inofensivos quanto parecem. Não segurem sua força.
As três mulheres encaram o grupo com olhares maldosos. Enquanto Ryuu e Lyserg se mostravam apreensivos, Yoh apenas sorriu. Ele ia certamente precisar de toda a sorte que pudesse ter.
---
Oi!
Estou profundamente irritada comigo mesma. Demorei tanto tempo pra atualizar (mas foi só porque eu viajei, que quando eu voltei sentei na cadeira e escrevi tudo de uma vez só) e o capítulo ainda saiu assim. Sem graça. E o final, putz. Só não ficou pior que o reencontro da Liberté e do Ren. Perdoem-me, por favor. Eu adoraria fazer uma coisa realmente boa, mas apesar de ter milhares de idéias para a história, não consigo botá-las no papel.
Bem, agradeço a todas as reviews que vocês me mandaram! Mandem mais, mandem mais! É rapidinho, e não custa nada!
Até o próximo capítulo!
Lady Macbeth
Um facho do sol que nascia escapou por entre as nuvens carregadas de chuva, iluminando suavemente o rosto do garoto. Ryuu olhou preocupado para ele. Yoh estava, como sempre, muito calmo e sorridente, mas Ryu não compartilhava essa calma. A luta estava marcada para aquela tarde, e se até lá eles não conseguissem ninguém para substituir Mei-ann, estariam desclassificados. Havia apenas uma solução.
- Senhor Yoh, por favor. Aproveite que Liberté foi embora e entre no lugar dela no grupo do Ren. Eu serei desclassificado, mas não me importo, senhor Yoh, pois sei que se o senhor for o Rei Xamã, vai ficar tudo bem.
- Não podemos fazer isso, Ryu. Liberté não pode ter ido embora definitivamente. Afinal, ela nem pagou a conta da pensão! Duvido que ela fosse capaz de ir embora sem pagar a conta. A Liberté é uma pessoa honesta, não é?
- O senhor Yoh é muito ingênuo.
- Não se preocupe, Ryu. Tudo vai se resolver, você verá.
Nesse momento, a atenção dos dois xamãs foi desviada um jovem de cabelos verdes que entrou na pensão timidamente. Yoh deixou escapar seu costumeiro sorriso alegre e acolhedor. O mesmo sorriso que tinha o poder de fazer com que as pessoas confiassem nele e se sentissem invadidas por uma onda de felicidade.
- Oi Lyserg! Tudo bem?
- Estou bem, obrigada... – disse ele, olhando para baixo, muito envergonhado.
- A Liberté não está aqui, se é isso que você quer saber. Infelizmente ela desapareceu. E nem pagou a conta da pensão! Não é estranho?
- Na verdade... – continuou ele, hesitante – eu gostaria de falar com vocês dois.
Parecendo ligeiramente surpreso, Yoh perguntou:
- É? Por quê?
- Bem...É que eu soube que há...Uma vaga no seu grupo. E eu queria saber se...Se eu podia preencher essa vaga.
O sorriso de Yoh e alargou ainda mais, e Ryuu...Bem, para Ryuu, ouvir aquilo era como ouvir que seu aniversário chegaria mais cedo naquele ano.
- É claro que sim! – disseram os dois.
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Sem se importar com a chuva, Yoh saiu da pensão seca e quieta para a rua chuvosa e mais quieta ainda. No meio de toda aquela solidão cinzenta, Anna Kyôyama, com sua bandana de um vermelho muito vivo e seu olhar forte, se destacava como a luz na escuridão. Ela caminhou até ele como só ela conseguia, rapidamente, mas sem pressa. Cheia de determinação e força, mas sem desperdiçar um único movimento.
O sorriso sempre presente no rosto de Yoh desapareceu, para dar lugar a um sorriso diferente, um misto de alegria, alívio, confiança, raiva, medo e mágoa. Um sorriso que juntava todas as coisas que ele sentia dentro de si ao vê-la, e mostrava todas elas. A garota a sua frente devia achá-lo um idiota. Mas não. Ao ver o seu sorriso, ela mesma deixou um escapar. Não era um sorriso de sarcasmo, mas um sorriso doce e miúdo, de suave contentamento. Parecia quase feliz, se é que Anna Kyôyama podia parecer feliz.
- Anna! É bom ver você de novo! Com vão as coisas?
O sorriso dela desapareceu, para dar lugar à sua usual falta de expressão. Sinal de que ela provavelmente estava irritada com alguma coisa.
- Só vim aqui para te desejar boa sorte. Então...Boa sorte.
O sorriso de Yoh alargou-se, e ele disse:
- Obrigado, Anna. Acho que vamos precisar. Lyserg...Você sabe quem ele é?
- É claro que sei.
- Pois é. Ele...Ocupou o lugar de Mei-ann no grupo, mas mesmo assim...Vai ser estranho, sem ela. Mas tudo vai se resolver, certo?
A mão direita de Anna cortou o ar rapidamente, atingindo o rosto de Yoh com força total.
- Você é lamentável, sabia disso? Não tem vergonha de sempre depender de mim ou da minha irmã? Sempre. Quando éramos pequenos, ela sempre te ajudava quando você fazia suas habituais trapalhadas, ou quando não queria treinar. E quando ela foi embora, eu tive que ir até Tóquio para cuidar do seu treinamento! E quando eu fui embora, ela voltou para te ajudar mais uma vez.
- É...Acho que não posso viver sem vocês. – disse ele, parando de sorrir e procurando um traço de bondade nos impiedosos olhos da garota a sua frente
- Você já tem idade suficiente para saber o que quer fazer da vida, e para lutar por isso. Sozinho, Yoh. Não vou mais vir aqui falar com você. Se quiser me ver novamente, torne-se Rei Xamã com seu próprio esforço. Então conversaremos.
- Você ainda quer ser a esposa do Rei Xamã?
Anna parou para pensar por um tempo, e por fim disse:
- Não sei ao certo. As coisas mudaram.
- O que mudou? Os seus sentimentos? – para uma pessoa tão calma, Yoh parecia estar extremamente ansioso e inseguro. Aflito, até. Anna podia ver isso nos olhos dele, e por isso fechou os seus. Não queria mais viver em meio a falsas esperanças, interpretando cada sorriso, cada gentileza de Yoh como um sinal de que ele sentia por ela o que ela queria tanto que ele sentisse. Não mais.
Nesse momento, Lyserg apareceu abruptamente na rua, surpreendendo os dois jovens, cada um profundamente concentrado em seus sentimentos e medos.
- Yoh? Vamos lá, está na hora da luta! – nesse momento Lyserg reparou em Anna – Ah...Desculpe, Yoh! Não sabia que você estava ocupado. Desculpe-me, por favor.
Lyserg voltou correndo para a pensão, muito embaraçado, e Yoh gritou:
- Ei, Lyserg! Espere um pouco!
Quando voltou suas atenções para Anna, a garota tinha desaparecido. Yoh sorriu. Aquilo era típico dela. Chegar, dar uma bronca dele, e ir embora sem dar uma única explicação.
Suspirando, voltou para a pensão para chamar Lyserg e Ryuu. A hora de lutar estava chegando e, dessa vez, ele não podia contar com nenhuma das irmãs Kyôyama. Ele tinha apenas um "Boa sorte", dito meio a contragosto.
Mas ele estava confiante. Aquele "Boa sorte" era mais precioso do que qualquer coisa no mundo, e mais do que suficiente para derrotar quem quer que fosse o seu adversário.
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O estádio estava completamente cheio, apesar da chuva. Naquele dia, pelo visto, um grupo muito famoso ia lutar contra Yoh e seus amigos. Liberté deixou um sorriso escapar de seus lábios. Quem quer que fosse, não seria páreo para a enorme força que Yoh guardava dentro dele.
Entrou no meio da multidão, esperando não ser notada no meio de toda aquela agitação. Os olhos esquadrinharam cada canto do estádio, só para chegar, num misto de decepção e alívio, à conclusão de que ele não estava lá. Mas aquilo não estava certo. Não podia estar. Ela podia sentir a presença dele, firme e agressiva, mas com um toque de dúvida e ternura.
- Procurando alguém? – veio a voz, por trás dela, irritada e arrogante.
Liberté virou-se rapidamente para encarar os olhos cruéis de Ren, que a fitavam com raiva e desconfiança.
- Achou que ia escapar tão facilmente? Você é covarde demais, sabia? Como pôde fugir assim e deixar o nosso grupo incompleto? Você ficou louca?
Liberté deu alguns passos para trás. A irritação de Ren era tão grande que ela podia senti-la na pele, assustando e machucando. Ela queria correr, queria escapar daqueles olhos, queria se esconder bem longe dele, para não se sentir tão confusa e perdida. Mas não podia. Ela simplesmente não conseguia se mexer, como se estivesse presa por um feitiço.
Mãos fortes agarraram seus pulsos e puxaram-na para perto dele. Perigosamente perto. Dando-se conta disso, Ren afastou a garota um pouco, sem soltá-la.
- Não pense que vai fugir. Eu não vou deixar. Não vou deixar você estragar as minhas chances de me tornar Rei Xamã.
Com alguma dificuldade, Liberté conseguiu encontrar alguma coisa para dizer:
- Você pode encontrar alguém para me substituir.
Os olhos dele brilharam de um jeito estranho, e Liberté sentiu-se um pouco menos assustada. Ele parecia agora confuso e menos ameaçador, apesar de continuar segurando seus pulsos com tanta força que chegava a machucar.
- Eu não quero nenhum idiota fraco e covarde no meu grupo. Quero você. Apesar de você ser idiota, fraca e covarde. Quero você perto de mim. Sempre.
As pernas de Liberté tremeram, e ela teve que respirar fundo e se concentrar em não cair. Não entendia. Não conseguia entender. Alguma coisa estava errada. Ele não tinha dito o que ela achava que ele tinha dito, certo? Impossível. Ela olhou para ele, sentindo-se de repente como a criança que fora um dia, pequena e boba.
Ele devolveu o olhar com irritação, e começou a puxá-la até duas cadeiras vazias ao lado de Horohoro, que olhava para eles com curiosidade e impaciência.
- Até que foi rápido, hein? Como você conseugiu encontrá-la no meio dessa bagunça toda? E você, Liberté, não faça mais uma coisa dessas, entendeu?
Liberté sorriu, ainda um pouco confusa, e concordou com a cabeça. Naquele instante não tinha a intenção de ir a lugar algum. Como se tivesse lido seus pensamentos, Ren afrouxou os dedos ao redor de seu pulso e sentou-se. Liberté sentou-se também e, tentando escapar do olhar impiedoso de Ren, voltou-se para o campo de batalha. Yoh, Lyserg e Ryuu já estavam lá, aguardando pacientemente a chegada do grupo adversário. Após alguns minutos, ele finalmente chegou. Apesar de sua confiança em Yoh, Liberté foi invadida pelo medo e pela insegurança. As três mulheres eram lindas, como deusas, com sua pele muito escura, seus longos cabelos negros e seus olhos dourados, fortes e seguros. Mas não era só a beleza delas que intimidava. Seus corpos irradiavam uma força assustadora, uma força que nem mesmo Yoh e seus amigos tinham.
A mais alta delas, provavelmente a líder, deu um passo para frente e encarou Yoh, que olhava para ela despreocupado.
Uma outra encarou o grupo, e disse irritada:
- Dois garotinhos e um idiota? É contra isso que vamos lutar? Como podemos mostrar nossa verdadeira força se só lutamos contra inúteis?
- Cale-se – disse a líder, irritada, ainda olhando para Yoh – Ele não é só um garotinho. Não devemos subestimar nossos adversários. Eles não são tão inofensivos quanto parecem. Não segurem sua força.
As três mulheres encaram o grupo com olhares maldosos. Enquanto Ryuu e Lyserg se mostravam apreensivos, Yoh apenas sorriu. Ele ia certamente precisar de toda a sorte que pudesse ter.
---
Oi!
Estou profundamente irritada comigo mesma. Demorei tanto tempo pra atualizar (mas foi só porque eu viajei, que quando eu voltei sentei na cadeira e escrevi tudo de uma vez só) e o capítulo ainda saiu assim. Sem graça. E o final, putz. Só não ficou pior que o reencontro da Liberté e do Ren. Perdoem-me, por favor. Eu adoraria fazer uma coisa realmente boa, mas apesar de ter milhares de idéias para a história, não consigo botá-las no papel.
Bem, agradeço a todas as reviews que vocês me mandaram! Mandem mais, mandem mais! É rapidinho, e não custa nada!
Até o próximo capítulo!
Lady Macbeth
