Epílogo – Luz e Sombra
Cruzou os braços com força, tentando se manter aquecido. Era uma pena que, no primeiro dia de sol e calor que via em meses, ele estivesse trancado no frio e na escuridão de uma igreja.
Mas ficar ali era melhor do que a estranheza de observar, com olhos secos e coração intocado, a dor e a tristeza dos seus amigos, que tinham ido visitar o túmulo de alguém que ele não conhecera, não amara, não admirara. Além disso, gostava de igrejas, apesar do frio e da escuridão. Gostava delas pelo seu silêncio, respeitoso e sagrado, diferente de qualquer outro. Gostava delas por serem um refúgio onde, se não havia paz, havia pelo menos trégua. Gostava delas por serem a sua salvação, e a condenação do inimigo.
Gostava delas, acima de tudo, por lembrarem uma pessoa muito especial.
O som de passos cuidadosos e delicados ecoou na igreja, refletindo-se nos arcos de pedra, nos vitrais coloridos, no chão de madeira sob o qual descansavam milhares de almas.
Lyserg, imerso em seus pensamentos, nada viu ou ouviu. Apenas sentiu uma presença morna e suave sentar-se ao seu lado, tão próxima que ele podia ouvir a sua respiração calma e as batidas do seu coração.
O garoto ergueu os olhos para ver quem ousava puxá-lo do mundo perfeito que existia apenas em sua mente, mas a expressão zangava desapareceu assim que ele viu quem era a dona dos passos cuidadosos e da presença morna.
Olhos da cor do sangue observavam o altar com a devoção que apenas uma pessoa no mundo tinha. Pele pálida, quase transparente, se mostrava no equilíbrio frágil entre luz e escuridão existente nas velas que iluminavam a igreja. Cabelos muito claros e compridos emolduravam o corpo delicado, exalando o cheiro fresco das flores de laranjeira.
- Jeanne-sama... – disse ele, com a voz frágil e o corpo trêmulo.
Os olhos se desviaram do altar para fitar Lyserg, com devoção igual ou maior. Sua mão esquerda pequena e fria procurou a dele, e nela ficou, como se as duas mãos fossem duas metades de algo muito maior e mais profundo.
Os olhos de um se perderam nos olhos do outro, se fundindo como as mãos tinham feito antes, juntando mais metades.
Não precisavam de mais. Confiaram seus segredos um ao outro, numa confissão muda que poderia ter durado uma eternidade. Juntos, eram um mundo inteiro. O único mundo que importava.
---
A paisagem mudava rapidamente, ficando cada vez menos urbana. Fábricas, torres de vidro e metal, casas de subúrbio, campos de um verde muito intenso, florestas.
Para o jovem sério que, sentado em sua poltrona, observava ansiosamente a paisagem, o tempo passava muito, muito devagar. Ele nunca fora uma pessoa muito paciente, e naquele momento estava sentindo-se ainda mais impaciente do que o normal.
Ele queria ter certeza de que ela estaria lá, e de que ela não fugiria dele. Mas ele não tinha. Ele não sabia como ela agiria numa situação daquelas. Ele praticamente não a conhecia. Quase tudo que ele sabia dela tinha sido contado por outras pessoas. No entanto, mesmo sem saber muito bem quem era a Liberté de agora, e quem tinha sido a Liberté de antes, ele tinha certeza absoluta de que a amava e de que ela era tudo do que ele precisa para viver.
Ren fechou os olhos, lembrando do desespero que sentira ao entrar no quarto de Liberté e encontrá-lo vazio, abandonado. Sentimentos que ele nem conhecia atingiram-no com uma força estonteante e, por alguns instantes, o jovem chinês foi obrigado a apoiar-se na parede para não cair. Umas poucas lágrimas de amor, dor, ódio, ciúme e abandono escaparam de seus olhos e ele deixou o corpo cair no chão, sacudido por soluços.
Foi assim que Anna, Yoh e Lyserg o encontraram. Eles o forçaram a se sentar e tentaram conversar com ele, que conseguiu, depois de algum esforço, sussurrar que Liberté tinha partido, daquela vez para sempre. Ele sabia disso, como sabia que o fogo queimava.
Ren lembrou-se, com alguma vergonha, em como todos trocaram olhares, sem saber o que fazer. E então, lembrou-se do jeito tímido e gentil com que Lyserg tocou o seu ombro e lhe deu um pedaço de papel com um endereço, amarrotado e escrito com letra apressada, quase ilegível, mas, sem sombra de dúvida, letra de garota.
No desespero de ir atrás dela, não falara com ninguém. Não agradeceu, não deu explicações, não fez nada. Apenas juntou as suas coisas o mais rapidamente possível, pagou a sua conta na pensão e foi para as ruas ensolaradas e tumultuadas da aldeia.
Agora, ele não sabia se tinha tomado a decisão certa. Ele tinha abandonado a luta e todos os seus sonhos de ser Rei Xamã. E não tinha nem certeza de que ela o amava. Pelo que sabia, ela podia muito bem gostar de qualquer outro garoto, ou simplesmente não gostar de ninguém. Ela podia odiá-lo e expulsá-lo de sua casa, de sua cidade. E ele podia perder tudo o que tinha.
Bem, só havia um jeito de descobrir a verdade.
Ren voltou a olhar a paisagem, apertando com força o pedaço de papel em suas mãos.
---
O trem parou.
Ren foi o único que desceu na estação pequena, que mais parecia um cenário de sonho, aberta para a rua vazia e ocupada apenas por algumas casas elegantes, uma loja de doces e árvores de cerejeira, cujas flores caíam sem parar, numa chuva de cor e perfume.
Com a mala numa das mãos, Ren andou pelas poucas ruas da cidade, onde os únicos sons eram os de seus passos no chão de pedras redondas e do rio que corria ali perto. Havia rostos nas janelas das casas, olhando curiosos para o garoto de roupas escuras e rosto amargurado que tanto se destacava naquela cidade, como escuridão na luz.
A rua indicada no pedaço de papel era ainda menor e mais vazia que as outras pelas quais tinha passado. Ren entrou nela e deu apenas alguns passos. Depois parou, com medo. Olhou para o céu azul, sem uma única nuvem e sentiu a brisa acariciar seu rosto, suave como o toque de uma fada. E entendeu porque as pessoas olharam para ele de suas janelas com tanta curiosidade.
Ele era uma exceção naquela cidade perfeita, com ruas perfeitas, árvores perfeitas e até mesmo céu perfeito. Aquele era um lugar de tons pastéis, chuvas de flores, crianças brincando nas ruas, alegria e indolência. Ele, com roupas escuras e alma amargurada, não combinava com aquele comercial de margarina.
O vento fez o sino de uma das casas daquela rua tilintar. Numa outra casa, mais adiante, um dos lençóis pendurados no varal foi levado pelo vento, caindo abandonado no chão da rua. Uma garota de pele avermelhada e longos cabelos escuros foi correndo atrás do lençol, praguejando, sua presença barulhenta e intrusiva na perfeição da cidade.
Um sorriso felino surgiu no rosto de Ren. Ele não era perfeito, e não combinava com aquela cidade. Mas Liberté também não era perfeita e, mesmo assim, tinha escolhido aquele lugar para viver.
Ren foi andando até a garota, que se ergueu depois de pegar o lençol no chão e olhou para ele, assustada.
O sorriso de Ren se alargou ao ver a face de Liberté ficar ainda mais vermelha do que de costume, enquanto a brisa afastava os longos cabelos escuros de seu rosto e tentava puxar o lençol, agora sujo, de suas mãos calejadas.
Liberté sorriu também, e largou o lençol. Caminhou na direção de Ren devagar, até ficar tão próxima dele que seus narizes se tocaram. E então ela disse:
- Eu também acho que você é idiota, fraco e covarde. Mas também quero você perto de mim. Sempre.
---
Se a calma pudesse ser fotografada, teria em seu rosto a mesma expressão que o jovem casal no cemitério tinha.
Ao contrário do que se pode imaginar, aquele não era um cemitério cinzento e abandonado, num dia chuvoso e nublado. Havia sombra, sim, mas naquele dia o sol brilhava como se tivesse acabado de nascer e o grande lago que havia na frente do cemitério brilhava. Uma brisa suave balançava as flores e a relva, que crescia alta naquela parte do cemitério.
E os dois jovens, que estavam de mãos dadas, não choravam. Na verdade, não pareciam nem mesmo tristes. Havia, é claro, um pouco de melancolia. Mas os dois já tinham deixado a pessoa que tinham ido visitar partir, e agora estavam calmos, como nunca tinham estado antes. O garoto interrompeu o silêncio, dizendo com a voz preguiçosa:
- Onde será que o Ren está?
- Você sabe que ele foi atrás daquela garota. – disse Anna, tentando disfarçar sua alegria com mau humor.
- E o Horohoro e o Ryu?
- Provavelmente atrás de garotas. – resmungou ela, mais uma vez.
- E o Lyserg?
- Yoh, se você não parar de falar eu te mato agora. E se...
O garoto não deixou a irritada bruxa terminar de falar. Ele abraçou-a carinhosamente e deu-lhe um beijo, o mais breve e delicado dos beijos, mas cheio de amor e ternura.
- E se em vez disso você me deixasse vivo para que nós possamos ser felizes juntos?
Anna olhou para ele e sorriu, dizendo:
- Está bem.
E se a alegria e a confiança pudessem ser fotografadas, teriam a expressão exatamente igual à expressão dos dois jovens. Eles tinham lutado, sofrido e procurado a felicidade em todos os lugares, e finalmente a encontraram. Juntos.
--- Fim ---
---
Muita gente achou que "E se..." tinha terminado no último capítulo. Bem, só posso dizer que vocês estavam errados!
Eu NUNCA deixaria a história terminar assim, sem um epílogo fofo e ridículo. Eu tinha aquela cena final entre a Liberté e o Ren desde que decidi que o Ren e a Liberté iam ficar juntos. Apesar de isso ser patético.
Porque ficou, sim, patético. Eu não expliquei o que houve com o Hao, não expliquei o que houve com a Luta dos Xamãs e não expliquei mais um monte de coisas. Mas e daí?
Se reclamarem eu faço uma continuação, hein?
Brincadeiras à parte, espero que tenham gostado. Eu gostei. Pra falar a verdade, adorei. Eu amo escrever, mesmo que sejam coisas insípidas e irritantemente românticas. Eu não espero que vocês admitam (quase todo mundo tem vergonha) o lado romântico de vocês. Só espero que vocês deixem uma review, só mais uma, para me deixarem feliz.
Por fim, agradeço a todos que mandaram reviews. Eu estou muito orgulhosa por finalmente ter terminado algo que comecei, mas todos esses capítulos se devem a vocês!
Por isso, muito obrigada a todos vocês:
Cowgirl Anna, Kiki-chan, Akari-chan, Florzinha, Hotaru17, Dona Morte, Anna Kyouyama, Masutsa, Aiko-chan0, Saki, July e Unknown (acho que isso não é apelido, mas...).
Essa história é de vocês. Eu até entendo se vocês não quiserem essa coisa inútil e fedorenta pra vocês, mas valeu a intenção, né?
Um beijão para todas vocês, e até a próxima históra inútil e fedorenta! Eu juro que já estou com a idéia na cabeça!
Lady Macbeth (ignorem o 2 - eu ignoro)
Cruzou os braços com força, tentando se manter aquecido. Era uma pena que, no primeiro dia de sol e calor que via em meses, ele estivesse trancado no frio e na escuridão de uma igreja.
Mas ficar ali era melhor do que a estranheza de observar, com olhos secos e coração intocado, a dor e a tristeza dos seus amigos, que tinham ido visitar o túmulo de alguém que ele não conhecera, não amara, não admirara. Além disso, gostava de igrejas, apesar do frio e da escuridão. Gostava delas pelo seu silêncio, respeitoso e sagrado, diferente de qualquer outro. Gostava delas por serem um refúgio onde, se não havia paz, havia pelo menos trégua. Gostava delas por serem a sua salvação, e a condenação do inimigo.
Gostava delas, acima de tudo, por lembrarem uma pessoa muito especial.
O som de passos cuidadosos e delicados ecoou na igreja, refletindo-se nos arcos de pedra, nos vitrais coloridos, no chão de madeira sob o qual descansavam milhares de almas.
Lyserg, imerso em seus pensamentos, nada viu ou ouviu. Apenas sentiu uma presença morna e suave sentar-se ao seu lado, tão próxima que ele podia ouvir a sua respiração calma e as batidas do seu coração.
O garoto ergueu os olhos para ver quem ousava puxá-lo do mundo perfeito que existia apenas em sua mente, mas a expressão zangava desapareceu assim que ele viu quem era a dona dos passos cuidadosos e da presença morna.
Olhos da cor do sangue observavam o altar com a devoção que apenas uma pessoa no mundo tinha. Pele pálida, quase transparente, se mostrava no equilíbrio frágil entre luz e escuridão existente nas velas que iluminavam a igreja. Cabelos muito claros e compridos emolduravam o corpo delicado, exalando o cheiro fresco das flores de laranjeira.
- Jeanne-sama... – disse ele, com a voz frágil e o corpo trêmulo.
Os olhos se desviaram do altar para fitar Lyserg, com devoção igual ou maior. Sua mão esquerda pequena e fria procurou a dele, e nela ficou, como se as duas mãos fossem duas metades de algo muito maior e mais profundo.
Os olhos de um se perderam nos olhos do outro, se fundindo como as mãos tinham feito antes, juntando mais metades.
Não precisavam de mais. Confiaram seus segredos um ao outro, numa confissão muda que poderia ter durado uma eternidade. Juntos, eram um mundo inteiro. O único mundo que importava.
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A paisagem mudava rapidamente, ficando cada vez menos urbana. Fábricas, torres de vidro e metal, casas de subúrbio, campos de um verde muito intenso, florestas.
Para o jovem sério que, sentado em sua poltrona, observava ansiosamente a paisagem, o tempo passava muito, muito devagar. Ele nunca fora uma pessoa muito paciente, e naquele momento estava sentindo-se ainda mais impaciente do que o normal.
Ele queria ter certeza de que ela estaria lá, e de que ela não fugiria dele. Mas ele não tinha. Ele não sabia como ela agiria numa situação daquelas. Ele praticamente não a conhecia. Quase tudo que ele sabia dela tinha sido contado por outras pessoas. No entanto, mesmo sem saber muito bem quem era a Liberté de agora, e quem tinha sido a Liberté de antes, ele tinha certeza absoluta de que a amava e de que ela era tudo do que ele precisa para viver.
Ren fechou os olhos, lembrando do desespero que sentira ao entrar no quarto de Liberté e encontrá-lo vazio, abandonado. Sentimentos que ele nem conhecia atingiram-no com uma força estonteante e, por alguns instantes, o jovem chinês foi obrigado a apoiar-se na parede para não cair. Umas poucas lágrimas de amor, dor, ódio, ciúme e abandono escaparam de seus olhos e ele deixou o corpo cair no chão, sacudido por soluços.
Foi assim que Anna, Yoh e Lyserg o encontraram. Eles o forçaram a se sentar e tentaram conversar com ele, que conseguiu, depois de algum esforço, sussurrar que Liberté tinha partido, daquela vez para sempre. Ele sabia disso, como sabia que o fogo queimava.
Ren lembrou-se, com alguma vergonha, em como todos trocaram olhares, sem saber o que fazer. E então, lembrou-se do jeito tímido e gentil com que Lyserg tocou o seu ombro e lhe deu um pedaço de papel com um endereço, amarrotado e escrito com letra apressada, quase ilegível, mas, sem sombra de dúvida, letra de garota.
No desespero de ir atrás dela, não falara com ninguém. Não agradeceu, não deu explicações, não fez nada. Apenas juntou as suas coisas o mais rapidamente possível, pagou a sua conta na pensão e foi para as ruas ensolaradas e tumultuadas da aldeia.
Agora, ele não sabia se tinha tomado a decisão certa. Ele tinha abandonado a luta e todos os seus sonhos de ser Rei Xamã. E não tinha nem certeza de que ela o amava. Pelo que sabia, ela podia muito bem gostar de qualquer outro garoto, ou simplesmente não gostar de ninguém. Ela podia odiá-lo e expulsá-lo de sua casa, de sua cidade. E ele podia perder tudo o que tinha.
Bem, só havia um jeito de descobrir a verdade.
Ren voltou a olhar a paisagem, apertando com força o pedaço de papel em suas mãos.
---
O trem parou.
Ren foi o único que desceu na estação pequena, que mais parecia um cenário de sonho, aberta para a rua vazia e ocupada apenas por algumas casas elegantes, uma loja de doces e árvores de cerejeira, cujas flores caíam sem parar, numa chuva de cor e perfume.
Com a mala numa das mãos, Ren andou pelas poucas ruas da cidade, onde os únicos sons eram os de seus passos no chão de pedras redondas e do rio que corria ali perto. Havia rostos nas janelas das casas, olhando curiosos para o garoto de roupas escuras e rosto amargurado que tanto se destacava naquela cidade, como escuridão na luz.
A rua indicada no pedaço de papel era ainda menor e mais vazia que as outras pelas quais tinha passado. Ren entrou nela e deu apenas alguns passos. Depois parou, com medo. Olhou para o céu azul, sem uma única nuvem e sentiu a brisa acariciar seu rosto, suave como o toque de uma fada. E entendeu porque as pessoas olharam para ele de suas janelas com tanta curiosidade.
Ele era uma exceção naquela cidade perfeita, com ruas perfeitas, árvores perfeitas e até mesmo céu perfeito. Aquele era um lugar de tons pastéis, chuvas de flores, crianças brincando nas ruas, alegria e indolência. Ele, com roupas escuras e alma amargurada, não combinava com aquele comercial de margarina.
O vento fez o sino de uma das casas daquela rua tilintar. Numa outra casa, mais adiante, um dos lençóis pendurados no varal foi levado pelo vento, caindo abandonado no chão da rua. Uma garota de pele avermelhada e longos cabelos escuros foi correndo atrás do lençol, praguejando, sua presença barulhenta e intrusiva na perfeição da cidade.
Um sorriso felino surgiu no rosto de Ren. Ele não era perfeito, e não combinava com aquela cidade. Mas Liberté também não era perfeita e, mesmo assim, tinha escolhido aquele lugar para viver.
Ren foi andando até a garota, que se ergueu depois de pegar o lençol no chão e olhou para ele, assustada.
O sorriso de Ren se alargou ao ver a face de Liberté ficar ainda mais vermelha do que de costume, enquanto a brisa afastava os longos cabelos escuros de seu rosto e tentava puxar o lençol, agora sujo, de suas mãos calejadas.
Liberté sorriu também, e largou o lençol. Caminhou na direção de Ren devagar, até ficar tão próxima dele que seus narizes se tocaram. E então ela disse:
- Eu também acho que você é idiota, fraco e covarde. Mas também quero você perto de mim. Sempre.
---
Se a calma pudesse ser fotografada, teria em seu rosto a mesma expressão que o jovem casal no cemitério tinha.
Ao contrário do que se pode imaginar, aquele não era um cemitério cinzento e abandonado, num dia chuvoso e nublado. Havia sombra, sim, mas naquele dia o sol brilhava como se tivesse acabado de nascer e o grande lago que havia na frente do cemitério brilhava. Uma brisa suave balançava as flores e a relva, que crescia alta naquela parte do cemitério.
E os dois jovens, que estavam de mãos dadas, não choravam. Na verdade, não pareciam nem mesmo tristes. Havia, é claro, um pouco de melancolia. Mas os dois já tinham deixado a pessoa que tinham ido visitar partir, e agora estavam calmos, como nunca tinham estado antes. O garoto interrompeu o silêncio, dizendo com a voz preguiçosa:
- Onde será que o Ren está?
- Você sabe que ele foi atrás daquela garota. – disse Anna, tentando disfarçar sua alegria com mau humor.
- E o Horohoro e o Ryu?
- Provavelmente atrás de garotas. – resmungou ela, mais uma vez.
- E o Lyserg?
- Yoh, se você não parar de falar eu te mato agora. E se...
O garoto não deixou a irritada bruxa terminar de falar. Ele abraçou-a carinhosamente e deu-lhe um beijo, o mais breve e delicado dos beijos, mas cheio de amor e ternura.
- E se em vez disso você me deixasse vivo para que nós possamos ser felizes juntos?
Anna olhou para ele e sorriu, dizendo:
- Está bem.
E se a alegria e a confiança pudessem ser fotografadas, teriam a expressão exatamente igual à expressão dos dois jovens. Eles tinham lutado, sofrido e procurado a felicidade em todos os lugares, e finalmente a encontraram. Juntos.
--- Fim ---
---
Muita gente achou que "E se..." tinha terminado no último capítulo. Bem, só posso dizer que vocês estavam errados!
Eu NUNCA deixaria a história terminar assim, sem um epílogo fofo e ridículo. Eu tinha aquela cena final entre a Liberté e o Ren desde que decidi que o Ren e a Liberté iam ficar juntos. Apesar de isso ser patético.
Porque ficou, sim, patético. Eu não expliquei o que houve com o Hao, não expliquei o que houve com a Luta dos Xamãs e não expliquei mais um monte de coisas. Mas e daí?
Se reclamarem eu faço uma continuação, hein?
Brincadeiras à parte, espero que tenham gostado. Eu gostei. Pra falar a verdade, adorei. Eu amo escrever, mesmo que sejam coisas insípidas e irritantemente românticas. Eu não espero que vocês admitam (quase todo mundo tem vergonha) o lado romântico de vocês. Só espero que vocês deixem uma review, só mais uma, para me deixarem feliz.
Por fim, agradeço a todos que mandaram reviews. Eu estou muito orgulhosa por finalmente ter terminado algo que comecei, mas todos esses capítulos se devem a vocês!
Por isso, muito obrigada a todos vocês:
Cowgirl Anna, Kiki-chan, Akari-chan, Florzinha, Hotaru17, Dona Morte, Anna Kyouyama, Masutsa, Aiko-chan0, Saki, July e Unknown (acho que isso não é apelido, mas...).
Essa história é de vocês. Eu até entendo se vocês não quiserem essa coisa inútil e fedorenta pra vocês, mas valeu a intenção, né?
Um beijão para todas vocês, e até a próxima históra inútil e fedorenta! Eu juro que já estou com a idéia na cabeça!
Lady Macbeth (ignorem o 2 - eu ignoro)
