Capítulo 11: Perto da Verdade

Fora aquela uma noite muito estranha. Acies pouco demorou a dormir, porém ele passou todo o tempo acordado, constantemente observando a horrorosa marca no braço da menina, e agradecendo, apesar de sentir muito por ela, ter escapado daquilo.

Sempre soube que amuletos eram poderosos, entretanto nunca havia ganhado um, nunca antes havia tido prova de que realmente funcionavam; agora estava certo de que a força que guardam vai muito além do que se pode imaginar, do que se pode acreditar.

O desenho era grotesco, para não se dizer asqueroso, assim como aquele que o fez. Reparara que Augustus Jones não estivera presente na cerimônia, e Acies pareceu saber, mesmo antes de acontecer, que seu pai não compareceria.

-Bom dia... –ela despertou com a luz do Sol que penetrava as cortinas translúcidas.

-Não sei como consegue dormir... –ele resmungou, sentado em uma poltrona, com os olhos fixos em ponto nenhum.

-Você deveria dormir, afinal quem ganhou o desagradável presente fui eu...

-Me desculpe... É só que... Bom... Sei lá...

-Não queria ter se casado comigo... –ela abaixou os olhos. –Esse casamento não tem valor, pelo menos não à frente dos humanos normais...

-Não queria que ficasse assim...

-Draco, não estou assim pois não gostou de ter se casado comigo... Estou assim pois não queria ter casado com você... –aquela resposta foi inesperada, e estranhamente feriu seu ego. "Não acredito que ela prefira se casar com um Weasley...".

-E você? –ela lançou.

-O que?

-Diz que eu prefiro me casar com um Weasley... E você?

-Havia me esquecido...

-Não se esqueça... Não se esqueça que gosta de Ginny, por Ginny, independentemente de qualquer coisa... Agora é um comensal da morte, isso lhe trará certo poder, que pode até mesmo ser tentador... Cabe a você escolher.

-Já fiz minha escolha... Escolho viver...

-Sei que sim... –ela sorriu.

Era domingo, e deviam se aprontar para o almoço, as roupas que vestiriam foram penduradas em um cabide prateado. Novamente estava de preto, um terno ao invés de um fraque, o que fazia pouca diferença, continuava apertado. Acies estava vestida de vermelho, um tom muito vivo, que fazia um belo contraste com sua pele branca.

-Está muito bonita... –disse, recebendo como resposta um fino sorriso.

-Bom dia... –Augustus Jones abriu a porta, e sem qualquer pudor adentrou o quarto. –Finalmente consegui chegar... Sinto não ter podido ver minha filha vestida de noiva... Imagino que foi a mais bela das noivas, não?

-Foi muito triste não tê-lo aqui... –Acies foi extremamente irônica, fazendo questão de o explicitar.

-Estava linda, senhor Jones. –Draco tentou melhorar a situação.

-Não me chame de Senhor... Somos da mesma família agora...

Durante o almoço discutiram os novos planos do Lorde, sendo que todos eles estavam intimamente ligados à força proveniente do talismã. Contaram tudo a eles, inclusive o local onde guardavam a mãe da criança, fazendo com que se enchesse de raiva relembrando a magnitude do esforço que fora despendido para encontrá-la, e agora toda a informação que precisava lhe era servida como mais um prato da refeição.

-E no dia do Equinócio será realizado o ritual... Precisamos do posicionamento do Sol, porque além do que se sabe, dentro da pirâmide principal há uma entrada de Luz... Todo o sangue do amuleto deverá ser derramado no Graal...

"Todo o sangue...". Estava certo de que matariam sua filha, porém aquela reiteração tirou completamente sua fome. Sentiu-se estranhamente observado por Augustus Jones, que se sentava na ponta da mesa, e o olhava constantemente, principalmente quando o ritual era mencionado.

Era tarde quando voltaram a Hogwarts, o céu estava negro e vento mais frio que o comum, certamente choveria durante a noite.

-Acy... –ele disse cautelosamente assim que pisaram no Hall. –O seu pai... Passou todo o almoço e toda a tarde olhando para mim...

-Ele é maluco... –ela respondeu calmamente.

-Eu sei, mas...

-Mas?

-Mas ele parecia ter um motivo para fazer isso... Parecia querer alguma coisa, querer saber o que eu sentia a cada palavra que os outros comensais diziam...

-Draco, ele é louco, já te disse...

-Não parecia loucura... Parecia outra coisa... Parecia...

-Há uma coisa que falta em você... Paciência...

-Eu... Eu...

-E esperteza...

-Está me chamando de burro?

-Algumas vezes até se comporta como um, mas não é isso que quero dizer... Você é muito apressado. Fala demais... Muito mais do que deveria...

-Como assim?

-Tudo o que pensa, diz.

-E daí??? Por acaso isso faz alguma diferença??? Mesmo que não dissesse você poderia saber o que estou pensando...

-Já disse que não leio sua mente...

-É MENTIRA... MENTIRA... Você está sempre se intrometendo nos meus pensamentos!

-Sem querer... Faço sem querer!

-Tá bom...

-Acredite se quiser... O problema não é revelar pensamentos, mas sim raciocinar sobre eles.

-E daí???

-E daí que quando nós dizemos as coisas racionamos menos do que quando pensamos as coisas!

-QUE DROGA! Eu não consigo entender o que você me fala...

-DE NOVO!!! VOCÊ FEZ DE NOVO!!! Por que ao invés de dizer Não entendo, você pára e pensa... Pensa sobre o que eu estou falando.

Tudo aquilo figurava em sua mente como um grande mistério, uma charada que nunca conseguiria resolver sozinho. Durante todo o tempo que passara no castelo de Voldemort havia descoberto muitas coisas, porém a confusão em sua mente só fez aumentar.

A única coisa da qual estava certo era que Acies sabia de muita coisa, havia muito que não lhe contara. "Tenho o direito de saber... Isso diz respeito à minha vida, de minha filha... De Ginevra...".

-Você vai me explicar... Tudo. Agora. –disse sem ao menos notar o tom que usara

-É igual a eles...

-Não sou igual a ninguém! Não sou... –sempre fizera questão de não ser igual a qualquer outra pessoa, mesmo seu pai que por muito tomara como exemplo não seria a imagem que projetava de si.

-O que quer saber? –ela perguntou simplesmente.

-Tudo. O que está acontecendo??? Quem é você? Te conheço há quase vinte anos e nunca soube quem é de verdade... O que você é??? O QUE VOCÊ É??? –ele ouviu seus gritos após perceber os ecos.

Os lindos olhos castanhos pousaram sobre ele de modo misterioso, Acies lhe indagava algo muito além do que poderia sequer entender. –Ainda não sabe? –ela finalmente falou.

-Não.

-Então não sou eu quem vai lhe dizer... Há coisas que devem ser percebidas por nós mesmos. Juro que fiz de tudo para que pudesse entender, descobrir. Fiz muito mais do que deveria...

-JÁ DISSE, NÃO AGÜENTO MAIS! NÃO AGÜENTO! FALE ALGUMA COISA COM SENTIDO!

-Não grite comigo... –ela se aproximou e seus olhos flamejavam a ponto de assustá-lo. –Nunca mais grite comigo... Quer saber quem sou? Sou sua esposa... Essa aliança é o que diz quem sou eu...

-Não... Não... –aquela confusão lhe deixava cada vez mais angustiado. Olhava para todos os lados, para o teto, como se aquelas pedras antigas soubessem de algo que pudesse clarear sua visão. –Não... Não... –as palavras saiam empurradas por uma dor que repentinamente tomou seu corpo, sem piedade lhe contorcia e o fazia que lágrimas rolassem por sua face.

Acies não demonstrava qualquer sentimento, estava estática, parada à sua frente, com seus olhos fixos em suas lágrimas. Assim permaneceram por longos e torturantes minutos, até que ela finalmente decidiu falar.

-Não posso...

-O que você não pode? –Draco perguntou com imensa dificuldade.

-Dizer tudo o que quer saber...

-Por que?

-Também não posso lhe responder isso...

-Você está do lado deles???

-O que você acha? –ela olhou para o chão. –Se estivesse do lado deles nunca encontraria Ginevra... Faria com que se esquecesse dela, ou que simplesmente procurasse no local errado. Não estou do lado deles...

-Desculpa. É que... É que eu estou perdendo o controle. Na verdade acho que já perdi... –fez sinal mostrando as lágrimas que não conseguia segurar. –Já você... Nunca perde o controle. Nunca reage a nada como o resto das pessoas... Quando chora... Quando chora não parece realmente chorar... Parece deixar lágrimas molharem seu rosto, mas isso não é chorar! Quando tem medo... Quando tem medo, não parece temer!

-Seres humanos perdem o controle...

-E você é... –antes de completar a frase lembrou que a própria menina lhe pedira para falar menos e pensar mais. "Você não é humana...". –Você não é...

-Se estivesse preparado para saber já haveria descoberto... –a menina se virou, porém Draco a segurou pelo braço em um clamor desesperado, ainda lhe restava esperança de que descobriria os mistérios por detrás daqueles olhos quase negros.

-Por favor...

-Você sabe que não sou igual aos outros...

-Sei.

-Tem certeza que quer mesmo saber o que sou?

-Tenho...

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Capítulo 11: Pedras que Brilham

-Pedra, pedra, pedra, pedra, lustre... Pedra, pedra, porta... Pedra, pedra, pedra, pedra, pedra... AH! Pedra... Essas pedras estão me enlouquecendo! É a terceira vez que conto quantas pedras há nesse quarto... Bom, ainda tenho muito tempo... Vamos começar de novo... Uma, duas, três... Isso é outra ou a mesma???

-Creio que não será possível contar todas elas...

-Augustus???

-Ginevra... Senti sua falta. Cheguei a invejar o Grande Mestre por tê-la tão perto.

Ginny sorriu após ouvir as doces palavras ditas pelo belo homem. –Nem ao menos o vi, onde estava? O que aconteceu? Os el... –impediu-se de terminar a frase, sabia que caso fosse descoberta a conversa que tivera com Ikky e Lux, os pequenos seriam castigados. –Os outros comensais me disseram que não sabiam onde você estava...

-Fiz uma viagem, longa... Na verdade, muito longa... –ele gaguejou, e continuou. –Mas estou de volta e lhe farei companhia por um tempo...

-E Tom?

-Tom... –ele riu. –O Mestre está em missão...

-Algo arriscado?

-Não há razão para se preocupar. Contudo sei que o Lorde ficará lisonjeado ao saber de sua preocupação...

-Não estava preocupada... –ela sentiu-se corar. Odiava quando isso acontecia, pois não era capaz de esconder seus sentimentos, principalmente aqueles que desejava ocultar.

Augustus parecia feliz, realizado, sorria mesmo quando olhando para lugar nenhum. A princípio freou sua pergunta, mas após alguns momentos, observando o enorme sorriso no rosto dele foi forçada a perguntar a razão de tudo aquilo.

-Felicidade? –ele até pareceu espantado. –Sim... Estou feliz. Imagine, minha filha se casou.

-Acies se casou? –soltou as palavras que deram lugar a uma insuportável dor. –Quero dizer... Quero dizer... Sua... Sua...

-Sim... –ele a cortou, sem paciência para maiores explicações. –Ceowin se casou com o pequeno Malfoy.

-Draco? –baixou seus olhos e procurava algo, que não sabia o quê, pelo chão. Foi tomada por uma onda de lágrimas, a qual não pôde frear e não teve tempo de pensar em uma desculpa boa o bastante para disfarçar o que a machucava.

-O que foi? –o homem se alarmou com seu choro. –Por que está chorando?

-Emoção... –acenou com um fino sorriso. –É que acabei de pensar que talvez eu nunca me case... Na verdade vou morrer antes de me casar. Meu filho... Isto é... Minha filha vai morrer também... E... E...

-Chega de mentiras...! –Augustus se aproximou e tocou sua face com cuidado, mas nenhum carinho. –Chega... Sempre que menciono o relacionamento dos dois você perde completamente o pouco controle que tem. –ele lembrava Lucius Malfoy em seus dias após uma noite mal dormida.

-Tire a mão de mim...

-Calada.

-Cale-se você... Sou a mãe do amuleto que seu mestre deseja... Jurou lealdade a mim...

-Jurei? –ele sorriu de maneira irônica. –Engraçado... Não me lembro disso... Não me lembro de estar em qualquer cerimônia!

-Sua ausência nada significa! O efeito se estende a todos...

Ele deu uma estranha risada que ecoou pelo quarto. –Descende de uma família de bruxos... Por favor... Não me cause risos! Sabe perfeitamente que juramentos não funcionam como as estúpidas leis dos muggles... –ele voltou a rir.

Estava aterrorizada. O homem mudara de comportamento repentinamente, parecia saber toda a verdade enquanto seus olhos desejavam sua morte; suas pernas tremiam e seu estômago doía. A criança mexeu em seu ventre, ela sentia o mesmo que a mãe, e tal pensamento foi o que lhe deu coragem para revidar.

-Pare de rir! SUA RISADA É INSUPORTÁVEL... –sua voz soou poderosa e ameaçadora, como nunca antes. "Aprendi alguma coisa nesse lugar!". –CALE-SE, imediatamente... –Augustus obedeceu, pareceu surpreso com a reação, porém surpreendentemente satisfeito. –Não mais me ameace... Entendeu?

-Sim Senhora... –ele sorriu

-Qual é a graça?

-Aprendeu com o melhor... Com os melhores eu diria... E aprendeu a ser ainda melhor!

-Do que está falando?

-Continuo achando que há algo errado... Entretanto sua reação foi muito diferente do que esperava. Vamos...

-Não...

-Venha, para fora...

-Não. Enquanto Tom não voltar permanecerei presa nesse lugar. Não importa quanto tempo demorar.

-Se assim deseja... –ele se virou e fechou a porta.

"O que está havendo? Ele sabe que o filho não é de Harry... Ele sabe que é de Draco... O que vai me acontecer!!!". Andou em círculos, deu algumas voltas, o peso de sua barriga não mais incomodava e as costas não doíam. Ainda observando vários pontos sem interesse notou um brilho vindo de uma das emendas entre as placas de pedra. Aproximou-se e o brilho queimou seus olhos.

Esticou o braço e com o dedo cutucou o brilho até que segurou em sua mão algo muito conhecido.

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DESCULPEM-ME PELA DEMORA!!! Fim de semestre, vocês entendem...

Eu sei que esse capítulo está pequenino... Só que é essencial para a estória! A fic está quase acabando e então preciso de links!!!

Uma parte que pode causar certo problema: o momento em que Acies fere o ego de Draco ao dizer que não queria se casar com ele. Isso aconteceria com qualquer um de nós, se conseguir se colocar no lugar dele vai entender o que eu quero dizer...

APESAR DE TUDO: Vocês gostaram??? Me contem!!! Reviews...

VALEUZÃO (Schumacher se animou após a vitória na F1 e resolveu funcionar!!! FINALMENTE!!!!!!!! Fiquei triste, só dez reviews... Buá! Vocês me mimaram!!!! Beijõesões...!)

Viviane Valar: Logo, logo sonhos não mais serão necessários... Eles finalmente vão se encontrar!!! Espero que tenha gostado desse capítulo! Me conte... Beijões.

Rute Riddle: MUITO obrigada pelos elogios, é super legal saber que gosta da fic!!! Sinceramente, até eu não agüento mais vê-los separados, mas o roteiro deve ser seguido, se não vou perder a linha e isso vai ficar uma completa meleca... O que achou desse capítulo??? Beijões.

Kika Felton: Kika, talvez já tenha entendido melhor o mistério do Augustus, estou dando MUITAS dicas... Gostou desse capítulo??? Me conte... Beijões.

Raisa Melyanna: Os desejos de Voldemort são um mistério... Mas logo saberemos o que ele deseja... E o que vai acontecer!!! O que achou desse capítulo, hein??? Beijões.

Pat: Que bom saber que está gostando da fic... O que achou da reação da Ginny, hein??? Ainda vai ter mais... Obviamente... Gostou desse capítulo??? Beijões.

Pri Malfoy: Eu não faço nada!!! Os poderes de sedução são do Tom Riddle (infelizmente sou só uma muggle que ele adoraria matar!!!)! Fique tranqüila que logo você vai entender minhas pretensões... Espero que tenha gostado desse capítulo... Beijões.

Juliana: OBRIGADA pelos elogios feitos à estória, e bom saber que está gostando da fic!!!! Não fique brava pelo casamento, tudo se resolverá!!! Gostou desse capítulo??? Beijões.

Sarah Brington: Suas perguntas têm relação com todos os mistérios da fic... Por isso não vou responder, deixemos o mistério nos levar!!! Hahaha! Logo você vai entender tudo direitinho, eu prometo! O que achou desse capítulo??? Beijões.

Xianya: Que bom saber que está gostando!!! Logo suas dúvidas serão respondidas... Quanto ao nome Ginevra, também estranho, porém não fui capaz de mudar o nome dado pela Rowling... Mas uso pouco, tento usar o Ginny com mais freqüência!!! Espero que tenha gostado desse capítulo!!! Me conte... Beijões.

Fefs Malfoy: Sua vida consegue ser mais complicada do que a da Ginevra... Obrigada pelos elogios feitos à fic!!! E boa sorte com seu novo amor!!! Beijões.