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Ainda observando vários pontos sem interesse notou um brilho vindo de uma das emendas entre as placas de pedra. Aproximou-se e o brilho queimou seus olhos.
Esticou o braço e com o dedo cutucou o brilho até que segurou em sua mão algo muito conhecido.
Capítulo 12: Duras Revelações
-Como veio parar aqui? –ela sussurrou ao segurar o amuleto em forma de serpente, as pedras brilhavam mais do que quando as vira pela primeira vez. Admirava a bela peça e logo sentiu-a aquecer em suas mãos. As pedras haviam se soltado. –O que...
Não sabia o modo como o amuleto havia chegado até suas mãos, entretanto a razão acabava de lhe ser mostrada. Alguém precisava daquelas pedras, mais do que Draco.
-Você... Você não precisa de amuleto nenhum! Está feliz... –sua cabeça doeu. –Está muito feliz... –sua garganta raspou. –Se casou com uma linda... Linda... Linda mulher... –a dor aumentou e seus olhos se encheram de água. –Está muito feliz... Enquanto eu... Eu estou trancada nesse lugar estranho... –as lágrimas rolaram por sua face.
Sentou-se no fundo da cama e apoiou os cotovelos sobre os joelhos; fixou os olhos em um ponto qualquer e a única coisa que sentia eram as lágrimas que molhavam seu rosto e também sua roupa.
-Você me enganou... Disse que me amava... Disse que essa criança era a coisa mais importante de sua vida... –sussurrava com grande raiva. –Mais importante... –sentiu a mágoa crescer, enquanto provava o gosto das lágrimas ao falar. –Odeio você... ODEIO VOCÊ!
Enxugou o rosto e saiu decidida pela porta batendo os pés com raiva na pedra do chão. –Draco Malfoy... Odeio você! E essa criança... Essa criança... Vai morrer! Essa criança vai morrer! Se deixou tudo de lado pelo poder eu também tenho esse direito!
Andava de modo imponente apesar do grande volume que carregava, pouco faltava para o nascimento da menina.
Não pensava sobre o que acabara de jurar, nem ao menos raciocinava sobre a razão que motivara a súbita transformação de sua tristeza em uma incontrolável ira. E era esse sentimento que a cegava, e não lhe dava chance para respirar.
-Senhora... Aonde vai?
-Não é do seu interesse...
-Senhora... –o homem parecia perder a paciência. –É meu dever seguí-la...
-Cale-se Nott! Cale-se, por favor! Sua voz se torna a cada dia mais insuportável...
-O que está acontecendo aqui?
-AH! –ela grunhiu. –Não acredito! Agora Malfoy! Era tudo o que eu precisava! Ver essa sua cara HORROROSA! Suma já da minha frente...
-Menina idiota! Calada!
-Calada? –ela deu uma fria risada. –Calada? Calado você! Ou prefere que fure outra parte do seu corpo, seu incompetente! Calados os dois... Saiam da minha frente...
Deixou os dois homens para trás, e continuou até chegar ao balaústre de uma bela sacada. Agarrou-se às esculturas de pedra que serviam de proteção, olhou para o horizonte, sua vista turva pelas lágrimas insistentes. –AH! –gritou com toda a força que restava ao seu pulmão, ouviu a voz desesperada ecoar pela floresta, fazendo com que pássaros voassem e animais fugissem.
Mal sabia que há poucos metros do local onde estava alguém sorria, observando um velho espelho. –Sim... Você é fraca, fraca contra minha magia...
Ainda olhando para o céu azul, desejou que fosse negro, cheio de raios e trovões, desejou ver aquela beleza em chamas.
-Draco Malfoy... Eu... Eu... Odeio você!
-Ousa dizer o nome do meu filho?
Malfoy aparecera repentinamente e ouvira seus berros raivosos. Seu coração disparou, não sabia o que fazer, ou o que dizer, seria inútil tentar negar.
-Enlouqueceu completamente... Anda tendo visões estranhas também? Posso pedir para que Tom o interdite... É muito poderoso para ficar louco... Ou melhor, ainda mais louco!
-CALE-SE! Cale-se imediatamente... –Lucius parecia ter perdido o controle, era a primeira vez que isso acontecia. –O assunto ultrapassou uma certa barreira, e adentrou a minha esfera de competência... E interesse. Meu filho.
-Seu filho... –ela sorriu de maneira debochada e seus olhos voltaram a verter lágrimas. –Seu filho... Seu... –ela se apoiou novamente no balaústre. Olhava para o chão azulado e notava suas lágrimas o tocarem. –Só podia ser SEU filho! Só podia...
-O que está acontecendo...?
-Seu... Seu...
-O QUE ESTÁ ACONTECENDO? –o homem gritou com ainda mais força.
-Não interessa... Não interessa a você o que está acontecendo... –Ginny fez menção de voltar, entretanto teve seu braço agarrado com muita força; ele não a deixaria ir, e ela sabia disso.
-Ouça bem... O que está acontecendo? –ele aproximou seus pequenos olhos cinzentos, que se contraíram em sinal de raiva. –Sabe que não a soltarei até que me responda o que desejo saber!
-Largue-me... –ela puxou o braço, mas foi inútil. –Já disse...
-FALE!
-Está preocupado com seu filhinho? –perguntou de modo desesperado.
-O que acha? –ele pareceu incomodado ao responder.
-E por que? Por que? Por acaso ama seu Draco...
-Menina...
-AMA? AMA OU NÃO?
-É meu único filho... –ele disse seriamente
-E o que isso significa? –ele soltou-lhe o braço que ardia. –Tem medo de dizer? Alguma vez já disse que ama alguém? Ao menos já pensou amar...
-Menina...
-Menina... Menina... –ela riu novamente. –Tem pavor do amor, não é? Queria me matar agora, mas sabe que não pode, afinal... Guardo algo que lhe interessa!
-O que quer que eu diga?
-Se ama seu filho... –ela se aproximou com os olhos fixos no homem.
A dificuldade que ele tinha para admitir o sentimento, mesmo que fosse em relação ao seu próprio filho, único herdeiro, era algo inacreditável. Todo aquele ambiente era doente, assim também o eram os que permaneciam ali por muito tempo, assim ficava ela após longos meses presa ao lado de um exército de maníacos psicopatas.
-A... Amo meu filho... –ele gaguejou, porém manteve-se impassível.
-AMA? Malfoys não amam a ninguém... Amam o poder, o dinheiro! Não perdem seu coração amando outro ser humano! Você mente... Mente como Draco mentiu...
-Ginevra, o que aconteceu?
-Mentiram para mim... –as lágrimas voltaram a escorrer e ela as provava em meio à tristeza e ao ódio. –Mentiram de novo! E sabe por quê? Porque eu, Ginevra Weasley sou a patética perfeita para aceitar mentiras! Eu acreditei... Acreditei no que ele me disse...
-Por favor... Me diga o que está acontecendo... –pela primeira vez havia feito uma pergunta com um pouco de calma e educação. Parecia realmente preocupado, até mesmo abalado ao vê-la naquele estado deplorável.
-É O PAI DA MINHA FILHA! –ela berrou.
-COMO?
-Draco Malfoy... –dizer aquele nome fez com que engasgasse. –É o pai da criança... Do talismã...
Era impossível dizer exatamente o que se passava pela cabeça de Lucius naquele exato momento, ele permaneceu inexpressivo, olhando incrédulo para ela e também para sua enorme barriga. Pôde, contudo, notar algo nos olhos, algo que fizera com que as pupilas cinzentas se destacassem como nunca.
Resolveu que analisar os sentimentos de Malfoy era algo muito além das capacidades que possuía, decidiu então se movimentar e voltar para seu quarto.
Deu o primeiro passo, e foi quando sentiu a mais terrível dor de toda a sua vida. Uma pontada em seu ventre que fez com que caísse, sua perna formigava e não poderia andar.
O grande homem veio em sua direção, segurou e quando a levantou novamente foi tomada por algo indescritível, algo que não seria suportável por muito tempo.
-Foi muito... –ela disse. –Muito para um dia só... –e desmaiou nos braços daquele que acabara de se descobrir avô daquela criança.
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-Tem certeza que quer mesmo saber o que sou?
-Tenho...
Capítulo 12: Enfim... A Viagem...
O Hall escuro se iluminou, e a claridade trazia calor. As paredes à sua volta sumiam lentamente, dando lugar a muros cobertos de era verdejante e arcos enrolados por belas flores coloridas. Havia árvores cheias de frutos, pássaros cantando e abelhas zunindo.
Estava em pé, exatamente no centro de um belíssimo jardim, um lugar mágico que possuía aromas diferentes o bastante para se passar anos decifrando-os todos. Não entendia aquela realidade, não tinha a mínima idéia de como poderia sair de lá, entretanto isso era o menos importante, sentia que descobriria muita coisa nos próximos minutos.
-O que acha? –ouviu a voz de Acies perguntar, porém não a encontrou.
-Cadê você... –ele perguntou olhando para o céu muito azul.
-Isso importa?
-Sim...
-Estou aqui...
-Onde?
-Procure... –ela disse rindo.
Draco deu alguns passos, e sentiu a grama. Estava descalço, vestia uma calça branca e uma enorme camiseta azulada. –Que roupa é essa?
-Essa é a roupa que quis usar... E esse jardim é o local onde quis estar...
Acies pulou de um galho e caiu logo à sua frente, vestida em um vestido branco de tecido fino que voava com o toque da brisa morna. Seus cabelos castanhos estavam presos por uma bela tiara de rosas e cheio de cachos que escorriam pelo seu ombro.
-De onde tirou essa roupa? E esse cabelo? –ela perguntou sorrindo enquanto brincava com alguns cachos. –Peço perdão, mas é um pouco antiquado... Para não dizer brega!
-O que quer dizer com isso?
-Foi você quem criou essa realidade... Você imaginou tudo isso... –a menina correu com os braços abertos, seguindo algumas borboletas. –Gosto de borboletas, muito obrigada...
-Não criei esse seu modelito, pode acreditar! –disse bravo. -Acies... Sim... Tudo isso é lindo, mas... Mas há poucos segundos estávamos no hall escuro de Hogwarts, e agora estou dentro de um conto de fadas... O que está acontecendo?
-Você se lembra o que desejava saber sobre mim? Então... Eis que te dou a resposta...
-É uma fada... Eu sabia!
-Não Draco... Não sou uma fada. –ela ainda dançava com os pés descalços. –Mas posso ser... Se assim o quiser... –e logo após terminar de dizer essa frase seus olhos castanhos ficaram azuis como o céu sobre sua cabeça.
-Como faz isso?
-É o que sou, não há um nome especial para mim... Não pode me chamar de fada, apesar de eu poder fazer o que elas fazem.
-O que você é então?
-Não sei o que sou... E isso já te disse. Contudo sei o que posso fazer... Posso ler mentes, e posso transformar sonhos em realidade... Fazer com seus maiores desejos se tornem parte de sua vida...
-Mas isso é uma ilusão... Não é real...
-Será? Qual é a diferença entre o que é e o que não é real... Sente a grama, ouve os pássaros... Por que tem tanta certeza que isso é só ilusão?
-Não sei... –ele sorriu. –Não sei...
-Já sabe o que sou agora... Peço que guarde segredo... Por favor...
-Sim... Sim... É uma fada...
-Se insiste tanto... Sou uma fada...
-O Weasley sabe disso?
-Nunca contei... Pelo menos não diretamente... Mas tenho quase certeza que ele sabe... –ela sorriu.
-Você pode me emprestar esse cenário?
-Não... –ela riu. –Não, Draco. Para criar uma ilusão devo ser parte dela... Mas isso tudo veio de sua cabeça, e sei que tem dinheiro o bastante para criar seu próprio paraíso sem qualquer ajuda...
-Dinheiro nenhum é o bastante para criar um paraíso como esse...
Acies deu mais alguns passos e ele notou que começou a escurecer e a esfriar, a era desapareceu lentamente assim como as outras árvores e após poucos segundos se viu de volta no Grande Hall de Hogwarts.
-Wow... Pena que não podemos ficar lá para sempre. –ele suspirou.
-Lógico que não podemos... Na verdade temos que dormir muito bem essa noite, não se esqueceu que amanhã iremos atrás de Ginevra, não é? Amanhã encontrará Ginny e sua pequena...
-Ela já nasceu?
A bela menina chegou mais perto dele, tocou sua face com uma de suas mãos e disse olhando para seus olhos –Está nascendo, Draco... Agora...
-Você só pode estar tirando sarro da minha cara! –disse com raiva.
-Malfoy, se acalme. Não há como irmos de outra maneira! A rede de floo está sendo controlada, sabe disso... A viagem é muito longa para ser feita de vassoura... –Lupin tentou acalmá-lo
-Deve haver outro modo, mais fácil...
-Não há. –Potter terminou a discussão. –Imagine que essa será uma nova experiência em sua vida...
-Tá... Super engraçado! –ele debochou.
Ter que viajar em um avião muggle era algo desesperador, primeiro porque a viagem demoraria séculos e segundo porque ele não confiava em muggles.
-Está com medo? –Granger perguntou
-Estou sim... Essas coisas voadoras são esquisitas e vivem caindo! Granger, você devia saber disso, afinal aposto que já viajou várias vezes nesse... Nesse... Como chama mesmo? Avinhão...
-Avião, Malfoy... A-VI-ÃO...
-Isso daí, Granger... Isso daí!
Acies e os membros da família Weasley também pareciam muito assustados, certamente nenhum deles havia viajado em um avião e assim como ele, sabiamente, não confiavam em muggles.
-Mas... Harry... Você tem certeza que essa coisa não vai cair?
-Tenho, Ron...
-Fale a verdade... –Acies olhou para ele de modo incriminador. –Só durante o ano passado, várias pessoas morreram em quedas de avião... Foram mais de...
-VOCÊS VÃO GOSTAR DA VIAGEM... Verdade! –Granger interveio a tempo de acalmar seu namorado, tão vermelho quanto um tomate.
Chegaram ao aeroporto, um local gigantesco, cheio de muggles andando de um lado para o outro, tropeçando em malas espalhadas pelo chão. O nível de ruído era quase insuportável, as vozes das pessoas se misturavam às daqueles que passavam informações sobre os vôos.
-O que esses palhaços estão olhando?
-O cabelo da Tonks... –Acies cochichou apontando para a mulher que usava um enorme cabelo azul claro até a cintura.
-Será que ela morreria se uma vez na vida usasse uma cor comum?
-Muggles são idiotas, Draco... Você mesmo sempre diz isso! Qual é o interesse que eles têm na cor do cabelo de alguém? Ou na roupa que a pessoa usa? PATÉTICOS!
-Finalmente, Acies Jones! Finalmente você concorda comigo... Já era hora!
-AH! Fica quieto...
-Venham... Vamos despachar as bagagens! –Tonks andou na frente e foi quando Draco percebeu que somente ele levava malas. –Venha, Draco...
-O que?
-O queeee? –Weasley o imitou. –O que, que só você trouxe malas, seu imbecil!
-Como assim? O que você queria? Que eu viajasse para o meio do nada sem ao menos algumas... Algumas... Roupas íntimas? Só você, seu porco!
-Lógico... Com uma bunda do tamanho da sua eu imagino o tamanho da sua roupa íntima! Não cabe em uma mochila!
-Weasley, o que você quer dizer com isso?
-Que você é um bundão, Malfoy...
Acies ria muito ao seu lado, enquanto Granger suspirava ao lado de Weasley. –Parem com essa palhaçada... –ela disse afinal. –Por favor... Temos que despachar a... As três malas de Malfoy!
-Três? –Tonks acabara de reparar no número de bagagens que ele levara. –Não acredito... Draco, nós avisamos que não era para trazer nada além do essencial...
-Vocês que são pobres! Pobres não têm dinheiro nem para comprar o essencial e se contentam com pouco... Eu não! Essas malas estão com metade do que me é essencial! Agora... Parem de me encher... E... O que eu tenho que fazer com elas mesmo?
-Despachar... –Lupin disse com certo cansaço
-Despachar? Como assim?
-Despachar, Malfoy... Para que elas sejam levadas no compartimento adequado do avião...
-Não quero que elas se misturem às fétidas malas dos muggles! Não mesmo! Pode esquecer... Elas vão comigo...
-Não podem ir com você... –o homem se aproximou e pegou uma de suas bagagens. –O que você tem aqui? Pedra?
-Devolva minha mala! Aonde pensa que vai com ela? –ele correu atrás de Lupin com as outras duas. –Não vou dar minha bagagem para ninguém...
-A fila está crescendo... Pare com essa palhaçada... –Potter disse.
Após longos minutos e algumas ameaças ele resolveu que deveria deixar que as malas fossem despachadas, contudo no momento em que a mulher do balcão pegou a primeira delas ele sentiu que algo de mau aconteceria com sua bagagem.
-Larga... –Acies gritava e puxava
-Larga isso, caramba! –Weasley parecia muito nervoso.
-Que droga, Malfoy, vamos nos atrasar... –Granger disse
-Draco... Posso garantir que os comensais não se atrasarão... –Acies disse, fazendo com que ele decidisse largar a alça da mala de deixar que fosse despachada.
Após uma hora de discussões conseguiram que as bagagens de Draco fossem despachadas, mas a confusão estava longe de acabar. Deram mais alguns passos e chegaram à entrada dos portões de embarque. Para que pudessem chegar até o local desejado precisavam passar seus pertences de mão por um sistema de raios-X, o que assustou Weasley.
-O que é isso?
-É para ver o que tem na sua mala... –Tonks respondeu com naturalidade, antes de colocar a sua própria na esteira.
-Como assim? Não quero que vejam o que estou levando na minha mochila... –ele corou.
-Eu gostaria de saber o que está levando para ficar tão vermelho... –Draco disse, piorando ainda mais a situação. –E eu que sou o bundão... –caçoou antes de passar sua valise de couro pelo tal exame.
