Capítulo 3
A escapada de Rony
Durante o café, naquela manhã, a Sra. Weasley estranhou o profundo silencio que se instalou à mesa. Incrivelmente, até os gêmeos estavam contemplativos. Percy estava comendo apressado para ir ao trabalho, mas ele nunca fora nenhum falador. Arthur Wealey, que também era relativamente silencioso, lia com atenção o jornal "O profeta Diário". Gina parecia meio atordoada com o silencio. Hermione parecia constrangida e embaraçada, sequer levantava o olhar do prato. Rony estava silencioso, mas parecia inquieto, olhando seguidamente para Harry. Este último parecia confuso, seus olhares iam de Rony para Hermione, e vice-versa, sem se demorar em ninguém. Ela sacudiu levemente a cabeça. Este era um período de incerteza, na idade deles estes sentimentos eram normais. Estavam indo para o último ano da escola e teriam que decidir seus futuros.
Os gêmeos estavam encaminhados. Não concordava com a loja que estavam montando, era um negócio arriscado, mas os apoiava, afinal eram seus filhos. Pensando bem, não conseguia ver aqueles "capetas", sentados atrás de uma mesa no Ministério. Definitivamente, eles não dariam certo no trabalho burocrático.
Apenas Percy se adaptara ao trabalho no Ministério, mas ele era diferente: sempre muito sério, responsável, cioso de seus deveres. Carlinhos trabalhava com dragões, aliás detestava que ele trabalhasse com aqueles bichos horrendos e perigosos, porém ele era feliz. Gui, também aventureiro, trabalhava com os duendes, nunca falava muito sobre o fazia, mas ela pressentia que devia ser algo perigoso.
Agora Rony se formaria... O que ele faria? Provavelmente o mesmo que os outros dois amigos decidissem... mas, os três estavam tão diferentes nestas férias, pareciam distantes um dos outros. Percebera que em certos momentos eles até se evitavam, entretanto não iria se meter, eles iriam resolver seus problemas sozinhos. Eram amigos demais.
Após terminarem o café da manhã, Harry viu-se sozinho repentinamente. Onde estava Rony? Ele sumira. Avistou Hermione sentada num banco no jardim e decidiu conversar com ela. Quem sabe ela sabia onde Rony estava?
Oi, Mione. O que você está fazendo? – Harry sentou-se ao lado da garota, notando que ela estava pensativa.
Nada. Só pensando no futuro.
Atrapalho se ficar aqui com você?
Nunca, você será sempre bem vindo. – Talvez fosse a hora de tentar se comportar normalmente com ele. Afinal, se não pudesse ter seu carinho, não queria perder sua amizade.
Sobre o que você pensa tanto?
Sobre o futuro. O que você pretende fazer após a formatura? – Ela o encarou e perdeu-se nos olhos verdes e profundos.
De verdade? Ainda não pensei seriamente sobre isto...
Harry James Potter! Como você ainda não pensou nisso? Estamos indo para o último ano...
E você? Parece que tem pensado muito nisto, não?
Tenho pensado bastante. Gostaria de dar aulas em Hoggarts.
Mesmo? – O garoto pensou por uns instantes.- Acho que eu também gostaria... Mas, será possível?
Não sei, Harry. Só sei que gostaria de tentar. – De repente seus olhos brilharam. – Não seria ótimo se conseguíssemos? Continuaríamos juntos!
A idéia de permanecer junto de Hermione causou uma felicidade imensa a Harry. Seria ótimo. Uma lembrança porém obscureceu esta idéia: suportaria ver Hermione vivendo um amor? Namorando? Talvez até com Rony, ou Vitor. A resposta veio na hora: não, não suportaria. Talvez sentisse mais que amizade por ela...
Eles estavam próximos no banco, seus corpos se tocando levemente. Sem que percebesse Harry pegou uma mecha do cabelo de Mione e ficou brincando com ela, enquanto pensava.
Seria fantástico se conseguíssemos permanecer unidos, Mione. Você é muito importante para mim. – O coração dela deu um salto... seria possível? – Você é minha melhor amiga. Você e Rony. Fico perdido sem vocês. Acho até que já estaria morto, se vocês não estivessem sempre comigo.
Seremos sempre amigos. – Harry notou uma grande tristeza na voz da amiga. – Você sabe disto! Você é muito especial para mim, Harry. Nunca esqueça disso.
Os dois se encararam. Ele perdeu-se na ternura dos olhos castanhos dela. Com carinho passou a mão sobre sua face macia. Ela era linda, mas parecia tão triste...
Mione, porque você anda tão triste? Eu posso ajuda-la?
Se você pode me ajudar? – A risada dela foi amarga. – Não tenho nada Harry. Não se preocupe. Eu só estou angustiada com meu futuro. – O toque da mão dele ainda queimava em seu rosto. Se ele podia ajuda-la? Bastava beija-la e dizer que a amava... Mas ele acabara de dizer que ela era, e sempre seria, sua melhor amiga. Se isto era o que teria dele, teria de ser suficiente. Beijou-lhe a face com carinho. – Não se preocupe comigo. Estou bem...
Não gosto de ver você assim...- Novamente seus olhos se encontraram. Harry percebeu que a beijaria. Tinha que mudar de assunto. – Sabe, estou preocupado com Rony.
Com Rony, também? – Ela deu um sorriso travesso. – Cuidado Potter, você está ficando muito parecido com uma garota estressada que eu conheço.
Já me disseram isto. – Harry sorriu de volta. Seus olhos verdes brilhavam. Realmente, gostaria muito de beija-la.
Falando sério, porque você está preocupado com ele?
Ele anda misterioso. Está muito diferente comigo, parece que tem algo que não quer que eu saiba. Você sabe de alguma coisa?
Eu?! – Ela sentiu-se dividida, não poderia contar a conversa que tivera com Rony, não podia trai-lo, mas não estaria traindo Harry escondendo isto dele? – Não sei de nada. Ele me parece o mesmo de sempre.
Você sabe aonde ele está agora? – Ele percebeu pelo modo como Hermione evitou encara-lo que ela sabia de algo.
Não está em casa?
Não, já procurei por todos os lugares...
Não se preocupe, daqui a pouco ele aparece. Acho que está imaginando coisas.
Hermione...- Harry puxou-a pelo queixo para olha-la nos olhos. – Você não mentiria para mim, não é mesmo?
Eu...- Ela não conseguia mentir olhando nos olhos dele.
Hermione...A verdade. – Harry pousou o olhar nos lábios rosados. Ela era tão tentadora.
Não, eu não mentiria para você. – O toque dele estava deixando seu corpo quente. Sua coxa firme tocava a dela. Sua mão queimava em seu queixo. E seus olhos...estavam diferentes, seu olhar estava diferente.
Ficaram se encarando. Harry teve a certeza de iria beija-la. Não conseguia resistir ao impulso. Ficar tão perto dela estava sendo uma tortura. Ansiava por toca-la. Sentir a maciez de seu corpo jovem e perfeito.
Vamos tentar encontrar o Rony? – Hermione quebrou a magia do momento, parecendo corada e nervosa. Quase pusera tudo a perder. Quase o beijara...
Vamos...- Harry pegou sua mão e os dois se ergueram. Quase pusera tudo a perder. Quase a beijara...
Na janela de sua sala a Sra. Weasley deu um sorriso compreensivo. Então era isso que estava acontecendo. Não precisava se preocupar com estes dois. Sempre achou que eles seriam o par perfeito. Preocupou-se com Rony, afinal ele sempre parecera ter uma queda pela garota. Tudo terminaria bem no final. Tinha certeza, ou pelo menos esperava.
Os dois somente encontraram Rony cerca de uma hora depois. Ele estava sentado no lago, jogando pedrinhas. Parecia feliz, e ao mesmo tempo, desesperado.
Rony, onde você estava?
Estava aqui, Mione.
Nós procuramos você por toda a parte. – Harry disse, tentando não parecer magoado. – Por que não nos disse nada?
Ei, vamos com calma! Não preciso dizer cada passo que dou. Só queria pensar. – Rony parecia culpado de algo, mas também levemente irritado.
Calma, não vamos brigar. – Lá estava Hermione agindo sensatamente. – Só ficamos preocupados, com você.
Desculpa gente, não queria brigar com vocês.
Tudo bem, cara. – Harry sorriu para o amigo. – Porque você está preocupado?
Pensava no futuro....
Você também? – Rony percebeu que Mione corava ao lado de Harry. Provavelmente ela já usara esta desculpa. Sorriu maroto.
Por que eu também, Harry?
Encontrei Mione perdida nestes mesmos pensamentos...- Ele olhou desconfiado para os dois. – Parece que só eu não ando pensando nisto.
Rony viu que Mione parecia extremamente sem jeito. Ela estava escondendo algo. Ah, mas ele ia descobrir...
Os três conversaram sobre os projetos de Hermione. Rony riu, pois não conseguia se imaginar como Professor em Hogwarts. Mal conseguia ser um aluno, que dirá um professor. A professora Minerva iria parar na enfermaria, só de imaginar os três como professores na tradicional escola.
Acho que não gostaria de dar aulas...Poderia virar um outro Snape.- Rony pensou um pouco. – Você gostaria realmente Harry?
Eu tinha pensado na carreira de Auror.
Auror?! – Hermione deu um salto ao seu lado. – Você está enlouquecendo? Depois de tudo por que passamos? É muito perigoso. – Ela parecia muito preocupada. Rony percebeu o quanto ela se importava com o amigo. Será que ela gostava dele? Tentou amenizar o clima.
Você viraria um novo Modoy. – Disse rindo, mas avaliando a reação da amiga.
Já não sou nenhum galã, um olho de vidro poderia dar um certo charme...
Vocês brincam com isto?! Vocês estão loucos? Nenhum dos dois cai seguir esta carreira, ponto final! É perigosa demais!
Calminha, Hermione. Você não é nossa mãe. – Falou Harry se divertindo com a reação dela. Aliás, seus sentimentos nada tinham de filiais, estava até duvidando que fossem fraternais.
Eu nunca iria querer ser a mãe de vocês. – Ela fuzilava Harry com o olhar. Era só o que faltava, deixar de ser vista como amiga, para ser vista como mãe. – Vocês façam o que quiserem. Já vi que não levam nada a sério.
Ela saiu correndo deixando os dois paralisados pela reação dela. Harry sentiu-se mal, não queria magoa-la. Se bem que ela reagira exageradamente. Olhou Rony percebendo que ele observava Hermione se afastar, pensativamente.
Ela está brava. – O ruivo comentou solenemente.
Ela É brava. Por qualquer brincadeira se queima! Ultimamente ela está até pior...
Como assim?
Qualquer brincadeira que faça, ela já vem me dando bronca.
Pois comigo ela está até tolerante...
Então, ela realmente está chateada. E, é comigo o problema.
Os dois perderam-se em pensamentos por alguns minutos. Cada um analisando as reações da amiga. Rony pensava que sua suposição estava correta, ela devia gostar de Harry, se bem que ela sempre exagerara sua reações. Era difícil chegar a alguma conclusão. Por seu lado, Harry não chegava a nenhuma conclusão. Vivia confuso em relação a Hermione.
Você realmente quer ser auror, Harry?
Não, foi só uma brincadeira. Eu gostaria realmente de trabalhar na escola.
Você se daria bem. Eu gostaria de trabalhar no Ministério, mas não na parte burocrática...
Ainda temos um ano para decidir, Rony.
Passa rápido....- Ele fez uma pausa e olhou sério para o amigo. - Você vai ter de fazer as pazes com ela, sabe disso não?
Sei, vou explicar que foi uma brincadeira tola.
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