Capítulo 5

                              O que está havendo?

Harry chegou na Toca em êxtase. Tinha que falar com os amigos. Até pediria desculpas a Hermione. Estava feliz demais e não poderia ficar zangado com ela. Jamais com ela. Eles ficariam felizes também, se bem que teria de deixar os Weasley o mais rápido possível.

Sra. Weasley, a senhora sabia? – Perguntou assim que entrou na casa.

Sim, meu querido. Dumbledore nos mandou uma mensagem contando tudo. Estamos felizes por você. – Ela lhe deu um abraço forte.

Onde estão Rony e Hermione? Tenho que contar a eles!

Acho que estão perto do lago. Vi Mione indo para lá e, quando chegou, Rony também foi naquela direção.

Rony tinha saído? – Ele parou surpreso.

Nem me fale! Tenho que falar com ele sobre estes "sumiços". Mas vá, vá contar para eles.

Harry disparou em direção ao lago. As noticias eram tão boas que nem sabia por onde começar. Avistou os dois conversando. Estavam sentados, bem próximos. Parou de repente. Rony estava abraçando Hermione! Estavam namorando...Esta constatação apertou seu coração. Não poderia falar com eles agora. Não queria se aproximar e ouvir a verdade deles. Não importava. Não queria saber.

Deu meia volta e começou a se afastar. Contaria depois. Sua alegria pelas novidades havia sumido. Sentia-se vazio. Escutou Rony chama-lo. Não queria voltar, mas não poderia fugir. Como explicaria se saísse correndo? Suspirou e virou-se novamente.

Você voltou! –Hermione falou surpresa, parecia constrangida. Rony parecia contente em ver o amigo.

É o que parece, não? – Ele não queria ser seco, mas não pode evitar.

Eu...eu vou ajudar a Sra. Weasley. – ela saiu correndo. Rony olhou furioso para o amigo.

Harry, por que foi tão grosso?

Sei lá!

Coitada! – Rony parecia realmente preocupado com Hermione. E zangado com Harry.

Porque coitada? Foi ela que brigou comigo, ontem!

Ela estava chorando, seu tolo! – Rony deu-se conta de ter falado demais.

Chorando? Porque ela estava chorando? – Ele parecia sinceramente preocupado.

Por vocês terem brigado ontem... – Rony pensou rápido, mas Harry percebeu que não era isto que acontecia.

Mais um segredinho, Ronald Weasley?

Deixa para lá! Como foi sua visita ao Sirius?

"tima. – Harry parecia indeciso sobre mudar de assunto.

O professor Lupin estava lá?

Ele vai ser nosso professor de novo! – Harry lembrou-se das coisas que queria falar para ele. – Chame Hermione, quero contar para os dois!

Não sei se ela vai voltar...- O amigo parecia constrangido.

Tenta! – Harry insistiu sem dar chances para novas desculpas.

Rony disparou atrás de Hermione. Harry esperou nervoso. Porque ela estava chorando? O que estava acontecendo? Analisando melhor a cena que havia visto, percebeu que de fato Rony parecia estar consolando-a. O motivo é que, tinha certeza, não era o alegado pelo amigo. Cerca de 10 minutos depois Rony voltou trazendo uma Hermione emburrada.

Desculpa Mione, eu não queria te magoar! – Harry a abraçou com força.

Tudo bem, vamos esquecer. – ela aproveitou o abraço do amigo. – Rony disse que tem novidades...

Partirei amanhã!

O que?! – Exclamaram os dois amigos juntos.

Vou embora amanhã!

Você ia ficar até o final! – Rony estava magoado. – Estas são as "boas" notícias?

Deixa eu acabar. – Fez silencio, queria criar suspense. - Vou morar com Sirius!

Harry, isto é fantástico! – Hermione correu a abraça-lo de novo. Estava muito feliz. Ele estava livre dos Dursley!

Mas, porque tem de ir amanhã?

Rony, eu vou me mudar. Tenho que pegar o resto das minhas coisas na casa de meus tios. Sirius quer passar um tempo comigo.

O.k.

Ainda não acabou...Sirius vai trabalhar em Hogwarts.

Não acredito!

Fala sério, Harry. Sirius dando aulas? – Rony estava incrédulo.

De que matéria? DCAT?

Não, Lupin voltara para esta matéria.

Ele vai voltar? – Mione parecia muito contente. – Foi o melhor professor que tivemos.

Sirius será o vice-diretor.

Não acredito! Isto é demais!

Harry contou aos amigos que o nome do padrinho estava limpo novamente. Assim Dumbledore o convidou para trabalhar na escola. Eles iriam morar perto de Lupin, iriam juntos para escola. Teriam que ir uma semana antes, para se preparem para o inicio do ano letivo. Assim, ele teria de partir quinze dias antes do previsto da Toca.

Hermione estava nas nuvens com as novidades que ele trouxera. Ele seria feliz junto de Sirius e Lupin. Quanto a partida iminente dele, estava dividida: por um lado estava aliviada, teria tempo de se refazer e tentar esquece-lo; por outro estava triste, ficaria sem vê-lo diariamente.

Rony soube que teria que contar rapidamente seu namoro com Cho para Harry, não poderia deixar que ele soubesse na escola. Alguém poderia tê-lo visto com Cho e contar.  Tinha que resolver este assunto. Achava que teria mais tempo, que se prepararia melhor, mas se enganara.

Harry percebeu a mudança e os conflitos no rosto dos amigos. Sentia que estavam felizes por ele, mas havia alguma coisa que os aborrecia. Ele também estava triste com sua partida. Gostaria de ter mais tempo ao lado dos amigos, mas sentia que o afastamento seria útil para analisar os seus sentimentos por Mione. Embora já tivesse certeza do que eram, apenas precisava saber o que fazer com eles.

O jantar foi bem festivo. Todos os Weasley estavam felizes pelas mudanças que ocorriam na vida de Harry. Gostavam bastante dele e sabiam que seu passado era doloroso. Achavam que ele merecia ter um pouco de paz e alegria.

Você irá na inauguração da nossa loja, não é mesmo Harry?

Claro Jorge, quando será?

A loja é em Hogmeads, vamos aproveitar a primeira visita dos alunos à vila.

Convide seu padrinho. Estamos louco para conhecer o fugitivo de Azkaban!

Fred! Não brinque com isso, meu filho. – Arthur Weasley estava sério. – Aquilo é o inferno. Sirius passou doze anos de sofrimento. Não devemos tocar neste assunto com ele. Nem para matar a curiosidade de todos nós.

Ah, pai! Seria bom conhecer as técnicas. – Fred cutucou Jorge. – Podemos precisar um dia.

Não diga isto, nem brincando!

Todos riram diante da reação de Molly. Sabiam que os gêmeos eram terríveis, mas não perigosos criminosos. Harry queria muito falar com Hermione, mas não aparecia a oportunidade. Rony estava sempre ao lado dela. Queria fazer as pazes corretamente. Estavam se falando, mas algo parecia definitivamente errado. Não queria partir com o gosto amargo de saber que ela estava magoada com ele.

Rony cumpria sua promessa. Não deixava a garota sozinha de jeito nenhum. O problema é que tinha de falar com o amigo. Tinha que contar para ele sobre Cho. Só não tinha coragem. Hermione lançava-lhe olhares duros e incisivos. Sabia que ela queria que ele contasse antes da partida do amigo. Ora, ele sabia que tinha de contar, ela não precisava dizer. Só não tinha coragem!

Harry foi dormir irritado. Rony colou em Hermione a noite toda. Tentou sinalizar para que ele a deixasse sozinha, só que ele não entendeu, ou que fez que não. Não tinha certeza. Assim, não conseguira falar com ela. Percebeu nos olhos dela uma grande  mágoa, queria saber de onde ela tinha vindo, mas pelo jeito não conseguiria.

Hermione estava em parte agradecida com Rony. Ele não a largara um minuto sequer. Só poderia ser mais discreto. Até a Sra. Weasley estava estranhando. Notou um olhar inquieto que ela lhe lançara. E os gêmeos? Davam risadinhas pelo canto, observando o trio de amigos. Rony, decididamente, tinha que aprender o significado de discrição. E por que ele não contara a Harry sobre Cho? Quando contaria? Estava virando uma confusão.

Rony sabia que Hermione estava zangada por ele não ter contado para Harry. E sabia que Harry estava zangado por ele não largar Hermione. Entendera os sinais do amigo, ele queria falar sozinho com a garota. Devia querer se desculpar decentemente. Fora covarde. Usara a amiga como escudo, com a desculpa de cumprir sua promessa. Contaria tudo assim que pudesse.

Na manhã seguinte, Harry partiu. Foi a despedida mais estranha dos três amigos. Dava para sentir o constrangimento entre eles. Os abraços trocados foram constrangidos e rápidos. Combinaram de se encontrar na volta as aulas, mas não havia entusiasmo nas palavras trocadas. Os olhos evitavam-se. As palavras eram vazias.

O que estava acontecendo com eles? Perguntavam-se todos, cada um com suas hipóteses. Todas as conclusões chegaram a um triângulo amoroso. Estavam errados. Eram apenas promessas demais a serem cumpridas e segredos demais a serem guardados. Cada qual com o seu guardado no coração.

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