Capítulo 6
Revelações
Faltavam apenas três dias para o inicio das aulas, mas Harry já estava em Hogwarts. Pela primeira vez não pegaria o expresso, não iria a plataforma 9 ½. Desde o segundo ano, sempre ia com os amigos para Londres comprar o material e pegar o trem para chegar a escola, dessa vez foi diferente.
Foi o padrinho que o levou a Londres. Foi com o padrinho que veio a escola. Olhava os jardins da escola pensativo. Não recebia noticias dos amigos desde que deixara a Toca. Estava preocupado. Não sabia se realmente as coisas estavam bem entre ele e Hermione.
Hermione...não conseguira decifrar seus sentimentos. Sabia que havia uma forte atração física. Ficava em chamas só de pensar nela...Mas seriam apenas seus hormônios em ebulição, ou havia algo mais? Seria simples culpar apenas os hormônios, só que seus pensamentos não eram só físicos. Não era hipócrita de negar que estava louco para beija-la, toca-la e...nem queria pensar. Tinha que reconhecer, porém, que havia algo mais: sentia falta da conversa dela, do som de sua voz, até de seus conselhos. Não...seus sentimentos eram bem mais profundos que a atração física. O mistério era o que fazer com eles!
Estava tão perdido em seus pensamentos que não notou a coruja de Rony se aproximando. Píchi caiu em seu colo, assustando-o. Trazia uma mensagem amarrada na perna.
Píchi, Rony escreveu? Estava com saudades. – Acariciando a pequena coruja abriu a mensagem:
"Harry,
Realmente eu preciso falar com você. Deveríamos ter conversado lá em casa, mas me faltou coragem. Não posso adiar mais, você tem razão: eu estou escondendo algo sério. Por favor me encontre no final da tarde na cervejaria de Hogsmeade.
Seu SEMPRE amigo,
Rony"
"Eu sabia! Rony esconde algo." Teria de pedir permissão ao padrinho para ir até o vilarejo. Estava curioso e preocupado. Que será que Rony escondia? Porque ele não falava em Hermione na carta?
Correu para dentro do castelo, procurando o padrinho. Achou Sirius na sala dele conversando com Lupin, que chegara no dia anterior. Os dois olharam Harry entrar correndo com preocupação. Ergueram-se rapidamente.
O que aconteceu?
Calma, Sirius. Não aconteceu nada!
Você quase me mata, Harry! – Sirius tinha se tornado extremamente protetor com Harry. Pela primeira vez na vida, o garoto estava sendo mimado. Não só por Sirius, Lupin também tentava compensa-lo de anos de ausência, procurando estar sempre por perto. Harry se divertia com as brigas dos dois, geralmente por ciúmes.
O que aconteceu? – Lupin perguntou curioso.
Rony me escreveu.
Que bom, já não era sem tempo...
Sirius, ele quer que o encontre em Hogsmead.
Para que?
Ele disse que me esconde algo, quer me contar.
Ora, ora...segredos serão revelados? –O tom de Sirius era levemente brincalhão.
Não brinca, é sério. Posso ir?
Pode. – Sirius piscou para o amigo. – Se não deixar, creio que uma "certa" capa será usada...Que você acha?
Com certeza. Lupin sorria compreensivo. Olhou sério para Harry. – Você está preparado para esta conversa?
Como assim?
Ele poderá dizer algo que o magoará...Lembre-se, a amizade de vocês é o que realmente importa! Não deixe nada acabar com ela.
Principalmente uma mulher! – Interviu Sirius com carinho. – Não nos contou se decifrou seus sentimentos pela "bela" Hermione...
Sirius... – Harry irritou-se com a ironia. – Ela é muito bonita...A garota mais bonita que conheço.
Hummm....
Eu tenho certeza que tenho uma grande atração física por ela.
Harry, não vá fazer bobagens...
Como assim, professor Lupin?
Eu quero dizer...- Ele parecia constrangido.
Fala, Remo!- Sirius estava definitivamente se divertindo. – Queremos ouvir a voz da experiência...
Veja quem fala! Doze anos preso, sozinho, seus hormônios devem Ter se deteriorado, meu caro.
Verdade, tenho que dar um jeito nisto. – Ele pareceu perdido em pensamentos por um momento. - Mas você não está tão ativo assim, não é mesmo meu amigo?
DO QUE VOCÊS ESTÃO FALANDO? – O garoto não estava entendendo aonde queriam chegar.
Sexo, Harry!- Sirius disse com um amplo sorriso. - Você já sabe alguma coisa sobre isto?
N-não....Não estou pensando em fazer isto com Mione!
Pois parece que só pensa nisto!
Posso ir encontrar Rony, então?
Vá, mas continuaremos esta conversa uma outra hora.
O rapaz disparou porta fora. Era só o que faltava falar sobre este assunto com aqueles dois. Não queria nem pensar.
Rony tomava uma cerveja amanteigada, enquanto esperava o amigo. Tentava relaxar para a conversa difícil que teriam. Uma pergunta martelava sua cabeça: Harry poderia perdoa-lo? Esperava, com todas as suas forças, que sim. Superariam mais esta barreira em sua amizade, que já fora testada diversas vezes, e continuariam. Tinha certeza! Ou melhor, tinha quase certeza...
A porta do bar se abriu, e Harry entrou. Rony observou o amigo procura-lo com o olhar. Chamou e ele sentou a sua frente. Como dizer?
Quer cerveja?
Rosmerta já está trazendo, obrigado Rony! – Sorriu para o amigo.
Como estão as coisas?
A escola está vazia. – Harry encarou o amigo. – Sinto sua falta e de Hermione!
Eu também estava com saudades.
Olá, garotos! – Ela lhes lançou um olhar de estranheza – Já começaram as aulas?
Não, eu vim conversar com Harry. Não posso me demorar.
Você tem vindo bastante aqui, garoto. – Harry olhou surpreso o amigo. Rony vindo muito a vila? Devia ser pela loja dos gêmeos.- Mas... e você Potter?
Estou morando com meu padrinho. Ele vai trabalhar na escola, por isto já vim antes que os outros alunos.
S-seu padrinho? – Ela parecia confusa.
Sim, Sirius Black!
Sirius!? Ele está em Hogwarts? – A mulher estava perplexa e zangada.
Você sabe que ele foi inocentado, não sabe?
Eu nunca achei que fosse culpado...- Ela parecia falar consigo mesma. – Há quanto tempo estão na escola?
Uma semana...
Uma semana...E ele não me procurou...- Ela falava com uma tristeza imensa. - Eu devia saber!
Vou dizer a ele que a vimos, Rosmerta.
Não se atreva! – Rosmerta estava furiosa. – Deixe que o infame fique por lá. – Os dois garotos se entreolharam surpresos quando ela se afastou com lágrimas nos olhos.
Rosmerta e Sirius?! – Os dois exclamaram surpresos.
Eu nunca pododeria imaginar...- Harry encarou o amigo. – Mas não foi para isto que você me chamou Rony. O que está acontecendo?
Eu tenho algo para lhe contar. – Rony desviou o olhar – Achei que seria injusto esperar as aulas começarem...
Parece ser algo sério.
Eu nunca faria nada que o magoasse, pelo menos não de propósito, você sabe, não sabe?
Sei, sim. Você é meu melhor amigo!
Não sei como dizer isto! – Ele mordeu os lábios indeciso. – Eu estou namorando...
Eu desconfiava... – Ele murmurou cabisbaixo. A confirmação de suas suspeitas rasgaram seu coração. E só então ele percebeu. Seus olhos se abriram, sua mente clareou: amava Hermione. Sempre a amara, só não sabia. Descobrira tarde demais, seu melhor amigo a namorava.
Como desconfiava?
Pelo seu jeito, acho até que sei quem é...
Perdoe-me Harry! Eu sei que você a viu primeiro e sempre gostou dela, mas não pude evitar. – Ele deu um suspiro sentido. – Começou aqui mesmo, neste bar.
O que ela estava fazendo em Hogsmead?
Visitando parentes, parece...
Neste anos todos, nunca soube que ela tinha parentes aqui...
Bom, eu sei que estávamos conversando e de repente estávamos nos beijando. Foi tão repentino, não sei explicar. – Ele olhou preocupado com o amigo.
Eu vou superar, Rony. Não esquenta!
Eu não queria te magoar. Você gosta dela desde aquele jogo de quadribol, quando a vimos pela primeira vez.
Que jogo? Nós a vimos no primeiro ano, no trem. Não num jogo de quadribol.
Harry, você está louco? Foi no segundo ano, tenho certeza. De lá para cá, você só fala nela. – Decididamente tinha certeza de que Harry não a vira no primeiro ano.
Rony...- Harry começou a desconfiar que algo estava errado. – Quem é sua namorada?
Cho Chang, quem você pensou que fosse?- Rony encarou o amigo, juntando mentalmente as informações que ele lhe passara. – Espera aí...
Eu não estava falando de ninguém! – Mas, o vermelhão que tomou conta de seu rosto, entregou-lhe. – Fico feliz por você e Cho. Juro que não gosto mais dela, pelo menos não romanticamente, e nem estou chateado.
Você falou que nos conhecemos no primeiro ano... – Rony ainda tentava avidamente juntar os fatos.
Cho está formada. Como vão se ver durante o período de aulas? – Harry tentava desesperadamente mudar o assunto.
Ela virá sempre a Hogsmead. – A cabeça de Rony juntava freneticamente as informações. Harry podia jurar que via os neurônios do amigo se agitando. - Quem nós conhecemos no trem? Quem?
Esquece, Rony. Não estava falando de ninguém! Juro!
Não, senhor! Você disse que iria superar, que neste anos todos ela nunca...no trem... no primeiro ano... – Então ele viu a verdade, tão clara e tão óbvia. – Hermione! Você gosta de Hermione!- Seu queixo caiu pela surpresa.
Rony, por favor...Esquece...
Meu Deus! Você gosta de Mione! – Ele estava boquiaberto. Nunca tinha notado qualquer sentimento mais forte do amigo pela garota. – Eu nunca desconfiei...
Você está certo! – Ele rendeu-se finalmente a teimosia do amigo. Falava num tom melancólico e derrotado. – Estou louco por ela...Nem sei quando comecei a vê-la de uma maneira diferente...Só penso em beija-la, abraça-la...Ela sempre foi apenas a "Mione", a melhor amiga que um garoto pode ter...E agora, a última coisa que posso imaginar é ser apenas um amigo para ela!
Harry... – Rony estava surpreso. Sempre achara que a grande paixão do amigo fosse Cho. Se bem que, pensando bem, graças a Deus não era.
Rony...- Ele olhou seriamente para o amigo. – Hermione comentou alguma coisa com você? Ela gosta de alguém? Não minta para mim...
Ela...- Droga! Fizera uma maldita promessa e não poderia quebra-la. Porque fora prometer a Mione?- Ela gosta sim, Harry.
De quem?
Eu não...- Estava dividido, mas sabia que teria que honrar sua promessa. Porém, sorriu, não prometeu nada a Harry. Tudo daria certa afinal. Poderia contar dos sentimentos de harry para a amiga e tudo se resolveria. – Não sei quem é.
Rony, eu acho que sabe! Mas tudo bem, ela deve Ter pedido segredo. – Nem como amigo ela confiava nele... Olhou seriamente para Rony. - Você tem que me prometer ....
Nem vem!- Ele não iria pedir segredo, iria?
Você é meu melhor amigo! Prometa que nunca, jamais...
Em tempo algum...Já conheço a fórmula... – Deu um soco na mesa. Tudo saira do controle de novo. - Que droga, Harry! Porque tenho que prometer?
É importante para mim! Se ela até hoje não se interessou por mim, não quero constrangi-la e, menos ainda, que tenha piedade de mim. – Olhou decidido. – Se é meu amigo de verdade, prometa.
Droga, droga....- O que poderia fazer? – Prometo!
Obrigado, amigo.
Você vai tentar conquista-la, não vai?- Ainda havia uma esperança.
Eu... você acha que devo?
Claro, claro que deve!
E este rapaz de quem ela gosta? Sempre achei que era voce...
Não se preocupe com ele! Não irá atrapalhar. – Como gostaria de poder falar. Promessas demais. Estava fazendo promessas demais. Olhou para o relógio. – Sirius tinha razão...
Sirius? O que ele tem com isso?
Eu conversei com ele. Ele me disse para não me preocupar, que a verdade estava na minha cara e eu não conseguia enxergar, mas que ele tinha certeza de que você não se zangaria comigo. Ele me chamou de cego!
Eu também busquei ajuda com ele. Tive a mesma resposta. E o pior é que ele tinha razão...Eu estava cego!
Eu tenho que ir! Mamãe me mata se atrasar!
Como você veio?
Pó de flu!
Os dois amigos se despediram com um abraço. Rony se afastou em diração a lareira e Harry para a porta. Cada qual perdido em seus próprios dilemas.
Harry não sabia conquistar Hermione. Como poderia faze-la enxergar nele um garoto e não um amigo? Daria tudo para Ter esta resposta... E o que teria acontecido entre Sirius e Rosmerta? Ela parecia magoada com ele. Tantas coisas para pensar estavam deixando-o louco. Somente saber que seu melhor amigo estava namorando e feliz aliviava seu tormento. Cho e Rony! Quem poderia imaginar um casal tão irreal?
Rony sentia-se aliviado. Assim que chegou em casa mandou uma coruja para Mione dizendo que tinha contado tudo para Harry e estava tudo certo. Chegou a segurar a pena, pronto para contar que Harry gostava dela, mas lembrou-se que por muito pouco quase perdera a amizade dele. Não iria arriscar. Faria de tudo para juntar Harry e Mione, prometeu para si mesmo, esquecendo que andava fazendo promessas demais. Ah, iria investigar o que aconteceu entre Sirius e Rosmerta, com certeza. Ali havia alguma coisa...
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