Capítulo 7

                                   De volta as aulas

Harry observava o desembarque dos barcos da porta de entrada da escola. Procurava afoitamente pelos cabelos castanhos de Mione. Sentia muita a falta dela. Seus sonhos o estavam deixando louco. Lembrou-se da conversa com o padrinho e Lupin, quando retornou da vila, após a conversa com Rony:

"Como foi a conversa? – Sirius perguntou com ar de riso.

 Foi esclarecedora. – Ele olhou firme para o padrinho. -  Você sabia o tempo todo que não era com Hermione que ele estava namorando! – Acusou com o dedo em riste. – Porque não me contou?

Rony me pediu segredo. Não poderia trair suas confidencias. – Ele sorriu carinhosamente para o afilhado. – Além disso, o segredo era dele. Não seria a mesma coisa se eu contasse, seria?  Eu sabia que você não sofreria, então não me importei.

Como você sabia? Nem eu sabia que gostava tanto assim de Mione...

Harry, o modo como você a olhava...Eu logo percebi que para você ela era mais que uma amiga.

Eu também notei, Harry. – Lupin esclareceu. – As pessoas de fora vêm as coisas mais claramente. Não se preocupe, nem seu amigo percebeu.

Ele estava desesperado! Quase chorou quando conversou comigo!- Sirius acrescentou.

Eu não disse nada a ele sobre Mione. – Os dois adultos se surpreenderam. – Ele juntou as peças. – Contou, então, a conversa que teve com ele. – Ele disse que ela gosta de um garoto, mas que não devo me preocupar. Disse que devo tentar conquistá-la...- Seu tom de voz era desanimado, sabia que não tinha chances.

E deve! – Lupin confirmou. – Creio não estar enganado, mas acho que ela sente algo por você...

E se me ver só como um amigo querido? Nunca dei indicação do que sentia, pois eu nem sabia que sentia. Sou tão burro que nem reconheci meus sentimentos...

Harry, eu poderia usar muitas frases feitas para estas ocasiões. E você não iria gostar! – Sirius estava bem sério ao falar. – Só posso lhe dizer que se não tentar, nunca saberá!

Sirius, você tinha muitas namoradas na escola? – Harry estava curioso. Será que eles entendiam tanto do assunto para aconselhar?

Um bocado! – Sirius gargalhou e piscou marotamente. - Sempre gostei muito de garotas.

E o senhor, professor Lupin?

Não muito, lamento dizer. Não tenho muita prática...

As garotas corriam atrás de Remo, e ele corria delas...- Intercedeu Sirius com ar sério.

Por causa de meu problema, entende Harry?- O olhar de Lupin era extremamente triste.

Sim. Eu compreendo.– Não devia ser fácil namorar sendo lobisomem. – Mas, Sirius, havia alguma em especial? - Harry percebeu que Sirius ficava muito vermelho.

Harry...- O tom do padrinho era um alerta de que estava se metendo onde não  devia.

Existiu, sim! – Lupin interrompeu rindo. – Ele era doido pela garota! Eles chegaram a namorar. Só que seu padrinho andou se engraçando por uma outra e ela descobriu. Terminaram um pouco antes dele ir para Azkaban...

Remo! Não precisava contar, além do mais eu já a esqueci.  – Só que a expressão desolada dele, provava justamente o contrário. Lupin trocou um sorriso triste com Harry.- Era paixão adolescente...

E o senhor professor? Teve alguém especial?

Eu amei muito uma garota, Harry. Só que nunca poderia dar certo, então eu a deixei. Eu... não usei a cortesia quando fiz isso. Creio tê-la magoado muito, hoje ela deve me odiar, mas foi melhor assim. Ela não poderia aceitar minha condição! – Ele tinha uma expressão triste e sofrida ao falar. Harry notou que o padrinho tinha um ar culpado, mas achou que era só impressão.

Está na hora de você dormir, garoto! Está fazendo perguntas demais hoje!- Sirius ainda tinha uma certa culpa no olhar, e Harry convenceu-se de que ele estava escondendo algo. Achou melhor não insistir. Já tinha sido bisbilhoteiro demais naquele dia.

Está certo! - Harry dirigiu-se para a porta e virou-se com ar maroto. – Em Hogsmead,  tem uma garota que acho que conhece você.- Fez uma pausa para criar suspense.- Só que não parece ser sua amiga, ela estava furiosa em saber que você está aqui...

Quem pode ser?- O padrinho parecia curioso.

O nome dela é Rosmerta. – Viu queixo do padrinho cair, seu ar surpreso e assustado era cômico. Saiu rápido da sala, escutando a gargalhada de Lupin. Rony tinha razão: ali havia algo para ser descoberto."

Estava ansioso para contar esta conversa para os amigos, omitindo alguns detalhes, é claro. Queria muito que seu padrinho fosse feliz. Depois de doze anos no inferno, ele merecia isto. Chamaria os amigos para ajudá-lo nesta missão! Seria um pouco diferente das coisas que fizeram juntos antes, mas, ainda assim, seria uma aventura. E, nesse meio tempo, tentaria conquistar Hermione.

Harry! Harry! – Hermione vinha ao seu encontro com um ar risonho. – Estava com muitas saudades!

Ele a abraçou com força. Que bom que a briga que tiveram ficara para trás, mas sabia que ainda lhe devia desculpas decentes. Beijou as faces dela, notando que ela ficara muito corada.

Como foi a viagem? E onde está Rony?

A viagem foi ótima, mas sem você não foi igual as outras. – Ela fez uma cara de tédio. - Rony e Cho ficaram no mesmo vagão que eu. Fiquei enjoada de ver os dois!

Ciúmes, Mione? – Ele colocou os braços ao redor de seus ombros segurando-a bem junto a ele.

Harry! – Ela deu um sorriso. Estava aliviada de ver que tinham superado a briga das férias. Sentira tanta a falta dele! Rony lhe mandara uma carta dizendo que contara tudo a ele, e que tudo ficara bem entre os dois. Disse também que estava enganado: não era de Cho que Harry gostava. Respondera tentando arrancar o nome da felizarda, mas o amigo fez jogo duro. Tentara novamente durante a viagem, mas ele negou-se terminantemente, dizendo ter feito uma promessa. Porém, agora estava em seus braços, lugar onde se sentia muito bem: quente e segura. Não iria se preocupar com mais nada! Não naquele momento, pelo menos.

Cara, que bom te ver! – Rony chegou abraçando fortemente o amigo! Como estão as coisas?

Agora vai melhorar. Isto aqui estava silencioso como um cemitério! – Olhou para a bela garoa que segurava a mão de Rony. – Oi Cho, como vai?

Bem, estou ótima. E você Harry?

Legal!  O que está fazendo no Expresso? Você já se formou...

Conversei com o Diretor, quero me especializar em poções. Farei aulas extras este ano. Será a única matéria que farei, durante todas as tardes.

Isto é ótimo! – Hermione sorria para Cho com sinceridade e admiração. Rony e Harry trocaram um olhar risonho. Rony revirou os olhos e sorriu.

Vamos jantar, depois quero falar com vocês. Vou precisar de ajuda!

Cho pode ir, Harry?

Claro! Quanto mais pessoas para ajudar, melhor!

Num gesto totalmente espontâneo pegou a mão de Hermione e levou-a para dentro. A garota estava adorando, mas estranhando muito também. Harry estava diferente. Extremamente charmoso. Ela tentara esquecê-lo, não conseguira. Resolvera que seria sua melhor amiga, assim ficaria sempre perto dele, mas se ele continuasse a olhar daquele jeito e dar aqueles sorrisos devastadores, seria impossível!

As mesas estavam cheias. Cho afastou-se e sentou-se na mesa da Corvinal, sua casa na escola. Harry e os amigos sentaram-se na da Grifinória. A mesa da Sonserina, mais afastada, estava silenciosa. Com a derrota de Voldemort não tinham muito o quê comemorar. Malfoy lançou um olhar de desprezo aos inimigos. Perdera o pai na batalha, mas não a arrogância. Harry notou que ele parecia mais frio e vazio do que antes, se é que isso era possível.

Na mesa dos professores faltava alguém, Snape não estava lá. Rony o cutucou e apontou-lhe uma nova pessoa: uma professora nova. Devia ter cerca de uns trinta anos. Era bonita ainda, mas seu rosto estava sério.

Harry...- Hermione sussurrou-lhe perto do ouvido. – Veja Lupin.

Que é que tem? – Ele observou o professor atentamente.

Ele está pálido e nervoso. Aconteceu alguma coisa?

Não, não aconteceu nada que eu saiba. – Ele notou que o professor mexia nervosamente as mãos, lançando olhares irados para o amigo Sirius, que sorria satisfeito. O padrinho andara aprontando!

Dumbledore iniciou o seu discurso, como era tradição. Foi breve e conciso. Finalizou dizendo:

Bem, como devem ter percebido, o professor Severo Snape, não se encontra na mesa dos professores. – Rony e Harry trocaram sorrisos satisfeitos. Seria o paraíso um ano sem o seboso. - Após os trágicos eventos que culminaram com a queda de Voldemort, o professor pediu afastamento das aulas por um período. Ele se encontra em Hogwarts, mas não dará aulas neste ano. Auxiliará na administração da escola. – Os alunos não conseguiram evitar outro sorriso de alegria. Snape era terrível, Harry bem o sabia. – Para substituí-lo temos a professora Serena Dilhorme. Gostaria que todos dessem as boas vindas a ela.

A professora sorriu. Nossa, ela se tornava muito bonita ao sorrir. Parecia ser uma pessoa simpática. Notou que ela olhou para os professores e sorriu, menos para Lupin, que desviou o olhar.

Hermione, acho que ela e Lupin não se dão muito bem.

Será? Notei que ele não a olha de jeito nenhum!

Com o início do jantar, eles esqueceram de tudo. A comida como sempre estava fabulosa. Todos conversavam animadamente. Não se conseguia distinguir as vozes, todas muito empolgadas. Hermione notou que a maioria dos garotos olhava disfarçadamente para a professora Serena.  Provavelmente só Harry e Rony não a olhavam, o que deixou a garota muito satisfeita. Notou também que ela e Lupin se evitavam a todo custo, nem sequer se olhavam. Era estranho!

Ele não pode conversar sozinho com os amigos naquela noite. Todos estavam muito cansados. Hermione, a monitora chefe, mandou que todos se recolhessem. Ela não dividia mais o quarto com as garotas, tinha um aposento só para ela. Rony e Harry foram conhecê-lo, não era muito grande, mas estava abarrotado de livros.

Após se despedirem, foram dormir. Ele ansiava por um momento a sós com a amiga, precisava se desculpar decentemente e ter certeza de que não a magoara definitivamente. Só que este momento não seria naquele dia.

No dia seguinte, ele foi ao escritório do padrinho, estava preocupado com Lupin e queria saber se ele estava bem. Não chegou a entrar, vozes alteradas vinham lá de dentro. Parou e reconheceu as vozes de Sirius e Remo.

Você não tinha o direito, sirius! – Lupin estava extremamente nervoso. – Não tinha, mesmo!

Eu não fiz isto para lhe chatear, vê se entende isto!- Sirius também estava alterado.

Você sabia que eu seria afetado! – Pelos passos que escutava, ele deduziu que o professor andava de um lado para o outro. – Você é meu amigo, sabe como eu me sinto!

Eu sei como você se sentia. – Ele falou irônico. Depois sua voz baixou um tom e ganhou ar de riso.- Não sabia que ainda existia o sentimento...

Não existe! Não existe, ouviu bem!

Não é o que parece! Parece estar bem vivo e forte!- Ele suspirou ruidosamente e falou para o amigo. – Você vai ter que encará-la um dia, que seja agora!

Não posso! Não me peça isto!

Percebendo que estava se metendo aonde não devia quando ouviu a dor na voz do professor e amigo, achou melhor se afastar. Não era certo ficar escutando escondido. Voltaria mais tarde, decidiu. Encontrou os amigos e contou o que escutara.

Harry, você ficou escutando a conversa dos outros? – A expressão de Mione era de pura reprovação.

Os dois berravam as palavras, não tinha como não escutar! – Ele esclareceu meio irritado. - Quando eu percebi, sai rápido de lá.

Não devia! – Apartou Rony, também zangado. – Se tivesse escutado até o fim, saberíamos por que estão brigando.

Rony, isto é uma tremenda falta de educação! Tenho certeza de que Sirius e Lupin resolverão suas diferenças. Não devemos nos envolver!

Ah, Mione! Você sempre certinha. Que saco! Se soubesse mais, poderíamos ajudar mais, não acha?

Temos aula de poções! Melhor nos apressarmos! Não conhecemos a professora! – Harry cortou a discussão rapidamente.

Pode ser um Snape de saias, já pensou? – Rony fez uma careta de medo e nojo. Os amigos riram e se dirigiram à sala.

A aula foi uma agradável surpresa. A professora ensinava com calma e paciência. Não descontou pontos de ninguém. Sua voz calma deixava os alunos seguros ao tentarem realizar a poção. Como Cho fazia esta aula com eles, sentou-se com Rony. Assim, Harry e Hermione sentaram-se juntos.

Mione estava dividida: queria muito prestar atenção na aula, mas a perna de Harry tocando a sua tirava sua concentração. E o pior é que nem conseguia se afastar. O local onde as pernas se tocavam estava em fogo.

Mione, o que você tem?- Harry viu que a amiga parecia distante.

Hã?! – Ela estava meio tonta. – Estou pensando em Lupin...- A mentira veio rápida.

A professor fez uma pergunta...Você não quer responder? – Rony falava ironicamente da mesa de trás. Ela viu que ele tinha um riso disfarçado no rosto. Olhou duramente para ele, o que apenas fez o sorriso se alargar. Teria que agüentar, quem mandou deixar ele descobrir?

Harry, porém, não estava em situação melhor. Sentia que o ar lhe faltava. O cheiro dela estava deixando-o sem ar, e o toque da perna dela na sua, era demais. Seus hormônios estavam em ebulição. Quando ela virou-se para falar com Rony, seus seios roçaram seu braço. Isto não daria certo. Livrara-se de Snape, mas arranjara uma nova forma de tortura. Não tinha como pedir para Rony sentar com ele, afinal o amigo queria estar com a namorada. E seria bem estranho sentar com outra pessoa, com certeza magoaria ainda mais a amiga. Não tinha remédio! Ainda bem que esta era a única matéria que Cho faria com eles, senão com certeza reprovaria.

Bem. Classe, estão dispensados. Espero que tenham gostado da aula. – A professora deu um daqueles sorrisos cativantes e despediu-se.

Ela é muito melhor do que Snape. – Harry comentou, pela primeira vez saindo satisfeito de uma aula de poções.

Realmente, até Neville conseguiu fazer a poção sem se atrapalhar muito...-

Sem contar, é claro, que ela é muito mais agradável de olhar... – Ao fazer este comentário Rony levou uma cotovelada de Cho.

Rony Weasley, contenha-se. – O jovem ruivo deu um sorriso e beijou os lábios dela com carinho. – Rony! Na frente de todo mundo!- Ela falou, mas não esboçou reação de se afastar. Ao contrário, o abraçou.

Os dois continuaram abraçados, parando no meio do caminho, enquanto Harry via boquiaberto o amigo dar uma tremendo beijo na garota. Com um resmungo Mione o puxou e começaram a andar mais rápido.

Viu, por isto a viagem foi tão melada! – Harry gargalhou com o comentário da amiga, mas por dentro estava louco de inveja.- Não sei como sobrevivi à viagem. Era assim o tempo todo, Harry.

Hermione....Você já beijou? – Deixou a pergunta escapar, antes que pudesse pensar.

Beijar de verdade? Não.

Foi beijada?

Não! – Ela estava da cor de um pimentão maduro. – Por que está me perguntando estas coisas?

Por nada... Só curiosidade. – Como tivesse virado um hábito, pegou na mão dela e foram caminhando juntos.- Mas você não namorou o Vitor Krum? Nunca se beijaram?

Ah, foi mais uma paquera, trocamos apenas um selinho. Não um beijo de verdade, isto não.- Ela estava escarlate.

E o que é um beijo de verdade para você? – Ele estava curioso.

Harry, por favor! Vamos falar de outra coisa...- Ela estava totalmente constrangida. Ele achou graça de seu embaraço, mas a deixou mudar o assunto. - Você notou que a professora tinha  um ar de tristeza?

Não, não notei nada. Como assim, um ar de tristeza?

Ela parecia melancólica. Seu sorriso nunca alcança os olhos. Ele deve ter sofrido muito...

Hermione, todos temos nossos sofrimentos após a guerra. Todos perdemos algo...- A voz dele embargou um pouco. Não gostava de falar na guerra. - Olhe lá estão Lupin e Sirius. Você tinha razão, acho que fizeram as pazes. – Harry abanou a mão para o padrinho, que fez um gesto para que se aproximasse.

Olá Hermione, você continua bonita como sempre! – A garota deu-lhe um beijo na bochecha sorrindo. - Como foi a aula, Harry?

Muito boa. A professora Serena é fantástica!

Verdade? – Ele lançou um olhar para Lupin que parecia irritado. – Também gostou Hermione?

Sirius, ela é uma excelente professora. Todos os garotos estão adorando ter aula com ela. Afinal, ela é muito bonita. – Ela disse lançando um olhar atravessado para Harry.

Mesmo? Você a achou bonita, Harry?- Sirius tinha um ar irônico.

Achei. Você não acha? ele devolveu a pergunta a Sirius, que sorriu abertamente.

Ela sempre foi linda, não é verdade Remo? – Havia um leve tom de deboche na voz de Sirius.

Desculpe, tenho que trabalhar. – Ele lançou um olhar furioso para Sirius. Sorriu sem graça para os garotos. – Até a nossa aula de amanhã.

O que deu nele? – Hermione estava perplexa pela reação do professor e amigo. Ficou observando ele se afastar a passos duros.

Ele descobriu que o passado sempre volta... – Sirius murmurou filosoficamente, olhando o amigo se afastar.

Ontem ele estava bem nervoso...- Harry comentou distraidamente, ou tentando parecer distraído.

Nem pense em se meter nisto! Remo vai resolver seus problemas sozinhos!

Mas...

Harry, eu lhe conheço!

Sirius se despediu com um gesto de cabeça e foi para a direção oposta. Harry olhou confuso para Hermione. Com um olhar ela deixou claro que não estava entendendo nada, também.

Mais tarde, contaram a estranha conversa que tiveram com os dois amigos, mas Rony estava distraído e pensativo. Assim não chegaram a conclusão nenhuma. Cho voltou ao seu dormitório e os três ficaram conversando. Rony, porém, não participava senão com monossílabos.  Ele pensava num modo de contornar as promessas feitas. Tinha muitos defeitos, ele os sabia todos, mas nunca traíra uma promessa feita, mesmo que ela fosse ajudar os amigo. Promessa era promessa, não tinha jeito. A única solução que visualizava era tentar deixar os dois sozinhos por mais tempo que lhe fosse possível, quem sabe assim ele se acertassem. Não era tão difícil assim, bastava apenas terem a chance de conversar.

Vou estudar! – ele levantou-se decidido e se afastou, deixando os dois amigos boquiabertos.

Hermione, eu ouvi bem? Rony disse que ia estudar? – Ele não conseguiu segurar a risada.

Acho que ele está com algum problema. – Ela ria também. – Todos estes anos, nunca vi Rony decidir estudar do nada. É, para dizer o mínimo, estranho!

Será que ele está com algum problema? – Harry ficou sério de repente.

Não sei.  - Uma desconfiança se instalou na mente dela. Rony estava aprontando.- você quer descobrir?

Talvez seja melhor que ele decida nos contar. – Ele olhou dentro dos olhos dela e deu um sorriso devastador. – Mione, você não está mais chateada pela forma que te tratei na Toca? Há dias quero falar com você sobre aquilo. Eu sinto muito, mesmo. Fui um grosso com você.

Não estou chateada. Vamos esquecer, certo?- Ele percebeu um tom melancólico na voz dela.

Eu não vou ser Auror, estava só brincando...

Eu exagerei, como sempre. Vamos esquecer, por favor?

Claro, só queria ter certeza de que não havia perdido sua amizade...

Isto nunca vai acontecer...

Vamos dar uma volta? – Ele queria ficar sozinho com ela. Tinha que conquistá-la, fazer com que esquecesse o rapaz de quem gostava. Aliás, ainda arrancaria o nome do felizardo de Rony, com ou sem promessa!

Uma volta? – Ela estava perdida. – É muito tarde, Harry. Não podemos sair pela escola à noite, esqueceu?

É mesmo! Que droga! Vamos estudar?- Ele queria ficar perto dela, nem que para isso tivesse que estudar.

Você pegou a doença de Rony? – Ela perguntou com ar debochado.

Srta. Granger, cuidado! – Ele falou sério e depois lhe deu um puxão de cabelo.

Temos mesmo que estudar Poções, a tarefa não é nada fácil.

Os dois se reuniram a Rony, que disfarçou a frustração. Assim não daria certo! Eles iam grudar nele? Tinha que dar um jeito nisto, mas achou melhor deixar para outro dia, afinal a tarefa de Poções era realmente complicada, qualquer ajuda era bem vinda. Teria vários outros dias pela frente...

Nos dias seguintes, por mais que Rony tentasse se afastar, nada adiantava. Harry e Mione procuravam sempre por ele. Aquilo o estava deixando louco! Os dois se gostavam, porque não resolviam seus problemas? A única coisa que o alegrou foi um bilhete de Cho, combinando um encontro para aquela noite, num canto secreto do jardim. Estava louco para dar uns beijos nela e esquecer aqueles dois tontos. Talvez a namorada tivesse alguma idéia para lhe ajudar. Não prometera esconder dela os segredos dos amigos. Ou prometera? Bom, com promessa ou não, ela iria saber e, tomara, teria alguma sugestão de como contornar toda esta trapalhada.

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