Capítulo 8
O Primeiro Beijo
Passava da meia noite quando Harry acordou. Estava com sede. Levantou-se vagarosamente e estacou assustado. Rony não estava no quarto! Olhou para o relógio e ficou nervoso. Decidiu rápido o que fazer: tinha que acha-lo, antes de Filch. Vestiu suas calças e tênis com rapidez, a camisa nem abotoou. A noite estava quente! Pegou sua capa de invisibilidade e saiu do quarto. Tinha que achar o amigo, se Filch o pegasse, era detenção na certa! Desceu as escadas com cuidado, para não fazer barulho. Não queria ser ele o apanhado. Droga, alguém estava saindo da ala feminina. Cobriu-se rápido com a capa e encostou-se na parede.
Prendeu o ar ao ver Hermione. Ela trazia um copo na mão, usava um roupão aberto, deixando entrever um pijama delicado e leve, que deixava suas pernas de fora. Sentiu o ar ficar raro. Deve Ter feito algum tipo de barulho, pois ela olhou para os lados desconfiada. Estava bem próxima dele. Ela abriu a boca para falar algo e, rapidamente, ele cobriu-a com a capa, colocando a mão em sua boca antes que ela tivesse tempo de gritar.
Quieta, Mione! – Ele sussurrou e suplicou com o olhar. Nossa, os lábios dela eram macios. O contato deles na palma de sua mão era uma sensação muito boa.
O que está fazendo? Você não tem juízo? – Ela parecia ao mesmo tempo irritada e surpresa.
Calma! Rony está fora da cama! Vou tentar acha-lo.
Harry! – Ela parecia que iria lhe passar um bom sermão, mas mudou de idéia. – Vou com você. Não sei o que Rony pensa sinceramente, não sei...
Ele a puxou pela mão e seguiram silenciosos. Os dois estavam totalmente cobertos pela capa, mas tinham que permanecer com os corpo bem próximos. Cada passo estava sendo torturante. Lembrou-se do tempo em que a capa cobria os três: ele, Rony e Hermione, folgadamente.
Eles se esgueiraram pelos corredores a procura de Rony. Tomaram cuidado para não encontrar nem Filch, nem Pirraça, pois o segundo era bem pior. Estavam quase desistindo quando ouviram passos no corredor. Era Rony. Mione abriu a boca para chama-lo, mas Harry impediu-a e apontou Cho. O amigo não estava sozinho. Os dois namorados andavam cuidadosamente, mas sempre se abraçando. Num determinado momento os dois pararam e trocaram beijos e carícias, que fizeram Hermione corar.
Vamos sair daqui! – Harry sussurrou baixinho para Hermione. Ela concordou com a cabeça e os dois se afastaram.
Hermione não sabia o que falar, Harry muito menos. Estavam já bem próximo da torre de Grifinória quando Filch apareceu. Agindo rápido Harry prensou a garota na parede. Seus corpos agora se tocavam por inteiro. Nenhum dos dois conseguia respirar. Mione olhou nos olhos de Harry e viu desejo. O mesmo desejo que estava refletido em seus, tinha certeza.
Nenhum dos dois percebeu que Filch se afastou. Hermione se segurou em Harry, pois suas pernas tremiam. Foi seu erro. Sentiu a pele firme dos ombros deles. As aventuras haviam deixado seu corpo mais forte, ele perdeu a magreza que tinha ao chegar na escola. Estava forte e firme. Nem tão firme, pois ela percebeu que ele também tremia. Assim como ela. Não resistiu e deslizou suas mãos pelas costas dele, que tremeu.
Hermione... – A voz dele não passou de um sussurro rouco.
Ele a olhou e ela soube: seria beijada.
As mãos dele deixaram uma trilha de fogo, enquanto desciam pelo seu corpo, seguindo seus contornos. Ela percebeu que o corpo dele respondia ao seu e ficou orgulhosa. Ele a desejava! Seu corpo não mentia, deixava que ela sentisse o quanto. Ela queria muito o beijo, e ele não a deixou esperar mais. Os lábios dele vieram lentamente ao encontro dos dela. Lentamente demais. Estavam quase se tocando.
Então, passos no corredor quebraram a magia do momento. Os dois se separaram com a respiração irregular. Olhavam-se ainda, agora incertos. Nenhum dos dois falou nada, nem conseguiriam. Era Rony que vinha pelo corredor. De comum acordo os dois o seguiram. Ela sentiu que a mão dele ainda tremia junto a sua.
Entraram na torre e trocaram um olhar rápido. Rony ouviu um barulho. Parecia que alguém respirava próximo a ele. Olhou para os lados. Tinha a esquisita sensação de ser observado. Então lembrou-se.
Harry, sei que você está aqui! – Ele olhou para os lados. – Ande! Apareça!
Puxando a mão de Hermione, e tomando cuidado para não fazer barulho, Harry subiu a escada. Viu que Rony olhava ao redor procurando-o. Foi até a porta do quarto de Hermione.
Hermione...
Harry, vá para o quarto antes de Rony. Seria embaraçoso se ele soubesse que estávamos o seguindo. – Ela passou a língua sobre os lábios repentinamente secos. Ele queria beija-la.
Nós temos algo para acabar... – A voz dele ainda estava rouca.
Harry, nem sabemos o que começamos...
Naquele momento ele escutou os passos do amigo e com um olhar deixou claro: terminariam o que começaram em outro momento, quer soubessem, ou não, o que era. Ela deu um sorriso tímido e entrou no quarto. Agilmente Harry correu para o seu dormitório e jogou-se na cama. Abriu um livro e fingiu ler.
Harry... Você estava aqui? – Rony perguntou desconfiado.
Onde você estava, Weasley? – Ele habilmente virou o jogo. Rony corou.
Eu... – Rony não se deixou persuadir com tanta facilidade. Conhecia bem demais o amigo. – Porque está vestido?
Eu fui tomar água. – A desculpa saiu aleijada, até para ele mesmo.
De calça e tênis?
Onde você foi? Estava preocupado. Se Filch te pega...
Fui encontrar Cho! – Ele continuou a olhar desconfiado. – Você não andou me seguindo, andou?
Só nos seus sonhos! Vou dormir. Esperei você voltar para ter certeza que não teve problemas.
Rony continuou a olhar para o amigo enquanto trocava suas roupas. A história estava muito mal contada... Harry estava aprontando alguma. Ele saiu da torre, tinha certeza, assim como tinha de que ele não lhe falaria nada. Sabia ser teimoso quando queria.
Harry não conseguiu dormir direito. Seu corpo latejava nos lugares mais improváveis. Ele queria tê-la beijado! Rony disse que ela gostava de um garoto, não sabia de quem, mas... agora, tinha certeza que ela não lhe era indiferente! O corpo dela aliás, que corpo, tremeu em seus braços, suas mãos acariciaram o corpo dele. Ela o desejava, disso tinha certeza! Não era suficiente, mas por ora estava ótimo. Já era uma grande vantagem, afinal ninguém fica tremula por abraçar um amigo. Com certeza ela não tremia ao abraçar Rony. Nem tudo estava perdido, afinal! Sabia, também, que ela iria querer conversar sobre o que havia acontecido, e tudo o ele queria era terminar o que haviam começado! Ela era racional demais, iria querer descobrir para onde estavam caminhando em seu relacionamento. Ele era passional, pelo menos em relação a ela, queria beijá-la! Quando adormeceu sonhou com ela, e em seus sonhos ele alcançava seu objetivo, e muito mais.
Hermione rolou na cama a noite inteira. Seus sonhos foram audaciosos e revelavam seu desejo insatisfeito. Sabia agora que ele a via como mulher. Isto ficou óbvio pela reação do corpo dele. Não era suficiente, mas já era um bom começo. Teria que conversar com ele. Sua razão insistia neste ponto: não poderia se lançar no abismo sem se segurar em algo, não era sua maneira de agir. Tentar entender tudo aquilo se fazia necessário, mas uma vozinha lhe dizia que o que queria, realmente, era o beijo que não acontecera. Queria, até precisava, daquele beijo. Quase pôde senti-lo! Como agir? Nenhuma aula a preparou para aquele desafio, nenhum livro lhe ensinou sobre como sobreviver ao amor...
Rony olhava de Harry para Mione. A noite dos dois não devia ter sido muito boa. Estavam com cara de quem não tinha dormido. Aonde for que Harry fora, Mione estava junto! Havia mais alguma coisa, uma tensão que não havia antes. Ele não sabia explicar, era quase uma sensação. Eles evitavam se encarar e quando seus olhares se encontravam, coravam violentamente. Ele sorriu para si mesmo: definitivamente algo acontecera.
Hermione, você não dormiu bem? – Resolveu azucrinar os amigos.
Por que está perguntando isto? – Ela olhou desconfiada para Harry pelo canto dos olhos. "Será que ele contou?"
É que você está com uma aparência horrível! Dá pena olhar para você, não acha Harry? – Harry queria matar o amigo. Como ele poderia concordar com aquilo?
Não me metam nisto. Só quero tomar café! – Nunca que ele diria algo assim de Hermione. Ela estava abatida, mas ele não estava melhor. Rony virou-se para pegar um biscoito e ele sorriu para Hermione. Seus olhos diziam que ela estava linda. Era só o que ela precisava saber.
Aliás, olhando bem para você, Harry...Você está péssimo! Algo aconteceu?
Sim, fiquei metade da noite acordado, preocupado com você! – Ele apontou o dedo para o amigo.
Vamos? Temos aula agora! – Hermione levantou-se e pegou seus livros. Era melhor parar com aquela conversa. Caminhou entre os dois amigos, sentindo fortemente a presença de Harry a seu lado.
O resto do dia transcorreu como sempre, a única diferença eram os inúmeros toques "acidentais" entre Harry e Mione. Mão se encontravam por acaso, pernas que se encostavam, abraços brincalhões, carinhos... Harry estava decidido a resolver aquilo naquela noite. A beijaria, podia pegar detenção, o que fosse, mas a beijaria. Era a única certeza que tinha!
Precisava de um plano. Teriam de ficar a sós, só que, agora, era Rony que não saía de perto. Não queria falar com o amigo sobre o que estava acontecendo. Precisava definir sua situação com Mione, saber o que ela sentia por ele, depois contaria. Teria o maior prazer em contar ao mundo todo, desde que ela o amasse...é claro!
Hermione olhava para Harry e via o quão pensativo ele estava. Será que ele se arrependera do que aconteceu? Ou melhor, do que quase aconteceu. Fora tão espontâneo, tão natural... Então, ele a olhou. Ela viu o desespero naqueles olhos... Só que era um desespero por ela! Os olhos dele lhe diziam que queria falar com ela. Entendeu a mensagem.
Harry, vamos comigo até a biblioteca? – ela pediu com tom indiferente.
Vou, sim. O que vai fazer lá? – Ela o olhou fulminante. Ora, ele podia colaborar!
Vou pegar alguns livros! – Viu a ansiedade de ficar sozinho com ela nos olhos dele, resolveu, então, castiga-lo pela pergunta impertinente. – Quer ir também Rony?
Na biblioteca? Carregar livros? – Ele fez uma careta cômica. – Tô fora!
Harry e Hermione saíram da torre. Os corredores ainda estavam movimentados. O jantar acabara a poucos minutos. Harry olhou para a amiga, um tanto zangado.
Porque convidou o Rony? – Perguntou de sopetão.
Porque perguntou o que eu ia fazer na biblioteca? – Os dois sorriram cúmplices. – Precisamos conversar, Harry. Aonde teremos privacidade?
Estou pensando! Também quero muito lhe falar. – Pensou em diversas opções, descartando todas imediatamente. Lembrou de um local.- Que tal a sala de Lupin? Ele não a tranca, e com certeza não deve estar lá!
Tem certeza que é segura? Ele não irá aparecer?
Claro! É quase lua cheia, Mione! Você sabe...– Trocaram um olhar de entendimento. Ele a puxou pela mão e correram para lá. Nas proximidades diminuíram os passos. Harry espiou pelo corredor e viu que estava vazio. Correu até a porta e abriu-a, chamando Hermione com um gesto. Os dois entraram rindo. Hermione se encostou na porta ainda rindo, sem fôlego pela corrida. Harry a olhou e sabia o que tinha de fazer.
Harry, precisamos conversar! – Ela notou o olhar dele e se apressou a falar.
Depois...- A voz dele estava grave e sensual. Ele caminhou em sua direção decidido. – Agora, tudo que eu realmente preciso...- Ele tocou seus cabelos, deslizou a mão pelo seu rosto...Ela mal os lábios dela com os dedos... – Realmente, eu preciso...- o rosto dele se aproximou lentamente –... Beija-la....
Os lábios se tocaram e a realidade sumiu. O beijo começou indeciso, provocante. Era um beijo de descoberta, de exploração. Hermione o abraçou. Tinha a impressão de que cairia se não fizesse isto. O beijo mudou em algum momento. Passou a ser exigente. Harry tocou os lábios dela com sua língua e ela abriu-os para recebê-lo. As línguas se tocaram e os corpos se roçaram. Havia desespero agora.
Qualquer pensamento coerente fugiu de suas mentes. Eles se entregaram de corpo e alma aquele beijo. Hermione sentiu que suas pernas se liqüefaziam. Harry sentiu que fogo corria em suas veias. Ele a enlaçou com mais força, queria sentir seu corpo. Estavam completamente envolvidos pelo beijo, tão perdidos em outra realidade que não viram a porta abrir.
Sr. Potter! Srta. Granger! O que pensam que estão fazendo?
¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤
