Cap.2 - Uma triste notícia

Mas no meio da calmaria também havia quem estivesse feliz. Shaka não podia sentir-se melhor. Finalmente, sossego – perturbado apenas pelas muitas festas memoráveis que se faziam no santuário – harmonia e um bom ambiente para meditar... Levantou-se da sua flor de Lótus para reacender o incenso, alisando as pregas impecáveis do seu sari branco. Tudo na Casa De Virgem respirava ordem e asseio. Nem uma grãozinho de pó, e Shaka tinha apenas uma serva , para se manter na mais perfeita paz. Detestava o barulho das criadas andando e conversando pela casa. Os poucos objectos decorativos que ali se encontravam eram rigorosamente simétricos e simples. Mas havia uma maravilhosa elegância na simplicidade de Shaka, que ao luxo preferia o minimalismo confortável.

Subitamente, viu Mu correndo, muito aflito, quase tropeçando no caminho. Atrás dele vinha um jovem monge de túnica açafrão e cabeça rapada , correndo em pulinhos.

-Que foi? Que se passa? – Shaka percebeu imediatamente que algo grave se passava. Algo muito sério... Mu baixou o rosto. - Shaka...lamento dizer-te que.... O Monge começou a falar. Uma pequena vila no Cambodja, simples lugarejo de lavradores e pescadores humildes, andava há tempos sendo massacrada por um grupo terrível de oito guerreiros desconhecidos, que por onde passavam não deixavam pedra sobre pedra. O seu último ataque fora horrendo. Tinham ousado destruir a única riqueza da terra, o belíssimo Templo da Eterna Beatitude, local para onde Shaka gostava de se retirar em peregrinação...tinham assassinado a maioria dos monges... raptado as mulheres..morto velhos, crianças e jovens...a maioria dos poucos homens válidos perecera tentando salvar a família e os seus poucos haveres, ou fugido para pelo menos conservar a família e a vida! Casas incendiadas, barcos queimados, campos arrasados... e pior! –soluçou o jovem monge – o Abade do Templo, Deeer Shan, homem de idade avançada, amigo pessoal de Shaka , um exemplo vivo de caridade e compaixão, ao tentar salvar a população e o templo, fora barbaramente torturado e morto! Pelo rosto habitualmente sereno de Shaka passou um lampejo de raiva. Cerrou ainda mais os olhos, de onde correram grossas lágrimas. Fez-se vermelho, e apoiou-se numa mesinha para não desfalecer. -Deer Shan! Mas eu... - gritou, abrindo os olhos azuis – eu mato os desgraçados! Santo Buda! Eu quero espetar a cabeça deles numa estaca!!! – e rompeu a chorar, para grande espanto de Mu. - Shaka... - volveu Mu simplesmente- eu vou chamar Athena.

E deixou o amigo lamentando-se juntamente com o jovem mensageiro.