Capítulo 9 – Desabrochando
Sem mesmo consultar Athena, Shaka bateu à porta do quarto da jovem. Havia vários dias que ela já podia andar e conversar. Agora com o rosto limpo, sem marcas, podia ver-se como ela era realmente bela. Tinha um rosto perfeito, arredondado, de lábios como duas pétalas de rosa, de forma circular. Os olhos, rasgados, grandes e amarelos como topázios, contrastavam com a pele macia cor de canela. O cabelo era liso, negro e forte, comprido até à cintura.
Baixinha, esguia, frágil, os demais dourados não conseguiam entender a razão pela qual Shaka insistia em querer tomá-la como aprendiza. Mas era de facto surpreendente como se curara tão depressa, e andava sempre bem humorada, embora sentisse profundamente a perda do seu adorado pai adoptivo , ligeira, já ajudando o novo abade no funcionamento do templo: chegou mesmo a cozinhar um enorme banquete para os seus salvadores. Enérgica e ágil como um macaquinho, graciosa como uma gazela, e com um olhar de anjo. Não parecia ter passado por aquele trauma horrível.
Quando Shaka lhe falou no Santuário, quando ouviu dizer aos noviços que Shaka era a reencarnação do Buda, foi tomada por uma tal paixão por tudo o que dizia respeito ao longínquo Santuário na Grécia, que não haveria maneira de dissuadi-la, mesmo se fosse essa a intenção de Shaka.
Assim, o Santo de Virgem pediu aos amigos que fossem na dianteira para prevenir Athena do sucesso da missão e de que Shaka tomaria uma aprendiza.
Semanas depois, Lan chegava ao Domínio Sagrado, onde foi muito bem recebida. Sentiu-se em casa desde o início, e dedicou-se aos treinos com afinco, suportando de bom grado mesmo aqueles que pareciam mais esgotantes, aborrecidos ou perigosos. Alojara-se numa salinha, distante do quarto de Shaka por uma questão de respeito. E assim que chegava de mais um dia violento, tomava rapidamente um banho, meditava e recitava as suas sutras durante três horas, e corria para ajudar a empregada na arrumação da casa.
Era ela quem punha em ordem o quarto do seu adorado Mestre, deixando-o a brilhar, pondo uma pressão carinhosa na forma como esticava os lençóis, lavava o chão com um pouco de essência de lótus misturada à água, ou limpava insistentemente os móveis. Era Lan que cozinhava para Shaka os seus pratos vegetarianos preferidos, bolinhos de raiz de lótus cozidos ao vapor, rolinhos de soja perfumados com cebolinho, beringelas delicadamente recheadas, pastelinhos de sésamo, a pontos que mesmo os mais comilões e carnívoros dourados se converteram à culinária vegetariana.
- ela vai acabar por cansar-se, aposto – dizia Afrodite- onde já se viu uma pupila assim? -Enquanto ela não se cansa, aproveitemos, rapazes – respondeu Aioria provando pão ázimo com molho de manga e arroz com sementes e vegetais finamente cortados. - Se eu tivesse uma aprendiza como ela, deitava as mãos para o Céu – acrescentou Mu , sorvendo o seu chá. -Mestre! Eu não tenho obrigação de cozinhar!!! – exclamou Kiki, ofendido.
Mas Lan não se cansou. Trabalhava dia e noite, levando a cabo os mais difíceis treinos, as mais complexas provas, meditando juntamente com o mestre. A evolução era notável. Shaka, por seu turno, sentia-se cada vez mais apegado àquela doce criatura, tão discreta, tão obediente, e que cuidava dele com aquele carinho tocante.
- Lan, procura descansar...estás a estragar-me com os teus mimos. - Não, mestre. Só me sinto feliz sendo útil! Por favor!
E Shaka, com um brando sorriso, deixava-a viver do seu modo.
A dada altura, o cavaleiro de Virgem , que nunca estivera doente na sua vida, teve o azar de ficar nos jardins de Virgem até mais tarde, numa fria noite de Outono. Teve como resultado apanhar uma pneumonia feia. Dia e noite Lan não saiu de perto do doente, que, febril, murmurava coisas sem sentido.
Quando Shaka recuperou, muitos dias depois, reparou que tinham passado três anos desde que Lan viera consigo para o Santuário. Era já uma guerreira poderosa. Só lhe faltava a armadura. E também notou que a jovem era, no mínimo, uma das mais belas mulheres que já tinha visto. A sua beleza oriental era tão cativante, que ele sentiu ciúmes: em breve, começariam cavaleiros a subir à Casa de Virgem para pedi-la em casamento. Isto fê-lo sentir-se furioso. Lan era como se fosse sua irmã mais nova, e não ia deixar que ninguém se aproveitasse da sua ingenuidade! Isso nunca!
Sem mesmo consultar Athena, Shaka bateu à porta do quarto da jovem. Havia vários dias que ela já podia andar e conversar. Agora com o rosto limpo, sem marcas, podia ver-se como ela era realmente bela. Tinha um rosto perfeito, arredondado, de lábios como duas pétalas de rosa, de forma circular. Os olhos, rasgados, grandes e amarelos como topázios, contrastavam com a pele macia cor de canela. O cabelo era liso, negro e forte, comprido até à cintura.
Baixinha, esguia, frágil, os demais dourados não conseguiam entender a razão pela qual Shaka insistia em querer tomá-la como aprendiza. Mas era de facto surpreendente como se curara tão depressa, e andava sempre bem humorada, embora sentisse profundamente a perda do seu adorado pai adoptivo , ligeira, já ajudando o novo abade no funcionamento do templo: chegou mesmo a cozinhar um enorme banquete para os seus salvadores. Enérgica e ágil como um macaquinho, graciosa como uma gazela, e com um olhar de anjo. Não parecia ter passado por aquele trauma horrível.
Quando Shaka lhe falou no Santuário, quando ouviu dizer aos noviços que Shaka era a reencarnação do Buda, foi tomada por uma tal paixão por tudo o que dizia respeito ao longínquo Santuário na Grécia, que não haveria maneira de dissuadi-la, mesmo se fosse essa a intenção de Shaka.
Assim, o Santo de Virgem pediu aos amigos que fossem na dianteira para prevenir Athena do sucesso da missão e de que Shaka tomaria uma aprendiza.
Semanas depois, Lan chegava ao Domínio Sagrado, onde foi muito bem recebida. Sentiu-se em casa desde o início, e dedicou-se aos treinos com afinco, suportando de bom grado mesmo aqueles que pareciam mais esgotantes, aborrecidos ou perigosos. Alojara-se numa salinha, distante do quarto de Shaka por uma questão de respeito. E assim que chegava de mais um dia violento, tomava rapidamente um banho, meditava e recitava as suas sutras durante três horas, e corria para ajudar a empregada na arrumação da casa.
Era ela quem punha em ordem o quarto do seu adorado Mestre, deixando-o a brilhar, pondo uma pressão carinhosa na forma como esticava os lençóis, lavava o chão com um pouco de essência de lótus misturada à água, ou limpava insistentemente os móveis. Era Lan que cozinhava para Shaka os seus pratos vegetarianos preferidos, bolinhos de raiz de lótus cozidos ao vapor, rolinhos de soja perfumados com cebolinho, beringelas delicadamente recheadas, pastelinhos de sésamo, a pontos que mesmo os mais comilões e carnívoros dourados se converteram à culinária vegetariana.
- ela vai acabar por cansar-se, aposto – dizia Afrodite- onde já se viu uma pupila assim? -Enquanto ela não se cansa, aproveitemos, rapazes – respondeu Aioria provando pão ázimo com molho de manga e arroz com sementes e vegetais finamente cortados. - Se eu tivesse uma aprendiza como ela, deitava as mãos para o Céu – acrescentou Mu , sorvendo o seu chá. -Mestre! Eu não tenho obrigação de cozinhar!!! – exclamou Kiki, ofendido.
Mas Lan não se cansou. Trabalhava dia e noite, levando a cabo os mais difíceis treinos, as mais complexas provas, meditando juntamente com o mestre. A evolução era notável. Shaka, por seu turno, sentia-se cada vez mais apegado àquela doce criatura, tão discreta, tão obediente, e que cuidava dele com aquele carinho tocante.
- Lan, procura descansar...estás a estragar-me com os teus mimos. - Não, mestre. Só me sinto feliz sendo útil! Por favor!
E Shaka, com um brando sorriso, deixava-a viver do seu modo.
A dada altura, o cavaleiro de Virgem , que nunca estivera doente na sua vida, teve o azar de ficar nos jardins de Virgem até mais tarde, numa fria noite de Outono. Teve como resultado apanhar uma pneumonia feia. Dia e noite Lan não saiu de perto do doente, que, febril, murmurava coisas sem sentido.
Quando Shaka recuperou, muitos dias depois, reparou que tinham passado três anos desde que Lan viera consigo para o Santuário. Era já uma guerreira poderosa. Só lhe faltava a armadura. E também notou que a jovem era, no mínimo, uma das mais belas mulheres que já tinha visto. A sua beleza oriental era tão cativante, que ele sentiu ciúmes: em breve, começariam cavaleiros a subir à Casa de Virgem para pedi-la em casamento. Isto fê-lo sentir-se furioso. Lan era como se fosse sua irmã mais nova, e não ia deixar que ninguém se aproveitasse da sua ingenuidade! Isso nunca!
