Cap. 10 – A Paixão de Buda
A cerimónia formal de entrega da armadura a Lan ficou marcada para o solstício de Inverno. Ela andava exultante de felicidade. E Shaka, embora não gostasse de revelar os seus sentimentos, estava muito alegre e orgulhoso. A sua pupila era a melhor aluna do santuário. De facto, entre as várias qualidades de Lan destacava-se a inteligência. Aprendera o difícil grego arcaico que se falava no santuário em apenas seis meses. Era a primeira em astronomia, astrologia e mitologia. Mas se Lan tinha defeitos, Shaka só encontrava um: a timidez. Corava toda se um cavaleiro a olhava com mais atenção, e ficava capaz de se enterrar chão abaixo se Shina, com a sua vivacidade natural, brincava com ela.
Finalmente, na manhã da cerimónia, Shina entrou pela Casa de Virgem, trazendo na mão um belo embrulho para Lan, que a partir de agora, não seria já uma aprendiza, mas uma amazona. Abriu-o: era um belíssimo Sari, do tipo dos que a jovem costumava usar, mas muito mais rico, em tons de verde esmeralda e bordado a ouro. Na verdade, fora presente de Shaka, mas ele não queria que isso fosse revelado.
- Vem, Lan, vou pôr-te muito bonita para receberes a tua armadura das mãos de Athena.
A menina corou um pouco, mas obedeceu, e Shina penteeou-a e maquilhou- lhe o bonito rosto.
- Já está. És uma rapariga tão bonita que não precisas de muita coisa. – disse num tom que, através da máscara, revelava ser muito bondoso.
E facto, Athena, por pressão de Ishtar – que considerava que Athena, sendo uma Deusa guerreira, devia banir todos os princípios machistas – libertara há muito as amazonas da obrigação de usarem máscara. Mas Shina, como muitas ali dentro, por tradição, hábito ou reserva, usava-a muitas vezes, principalmente em ocasiões importantes como aquela.
Para finalizar, a amazona colocou uma orquídea raríssima e perfumada nos cabelos de Lan, e abriu mais duas caixinhas. Continham um alfinete de sari com duas esmeraldas , representando uma Fénix, que no Oriente é o símbolo da mulher, prenda de Saori, que adorava a pequena pupila de Shaka , e um belo colar de ouro martelado com uma grande safira e vários lápis lazúli encrustados, oferta de Ishtar, que além de amável, a considerava extremamente bonita.
Lan suspirou de espanto. Como todas as mulheres era vaidosa, mas muito recatada, e não costumava enfeitar-se.
A entrega da armadura foi seguida de uma grande festa, e Shaka só voltou para casa com Lan muitas horas depois.
- Lan... -sim, Sensei? -estás muito bonita. - Obrigada – respondeu baixinho, ficando novamente corada. -Ouve, e esta é uma das minhas últimas lições. Não tens de ficar embaraçada. Reconheceres as tuas qualidades não vai fazer de ti uma petulante insuportável! Os dois riram, e o ambiente ficou mais leve.
Quando Shaka se deitou, não podia acreditar que tinha dito aquilo. Onde tinha a cabeça? Ela era sua aluna, e Shaka não gostava de elogiar os discípulos. Mas a voz interior dele dizia: é verdade. Ela é bonita. Muito bela. Poderia estar... apaixonado? Shaka já dera por si muitas vezes a observá-la mais do que seria comum. Não podia ser, romances de professores e alunas é errado, é asneira, não resulta. Também se sentia arrepiado quando ela, por acaso, lhe tocava. Lan, quando viera para o santuário, gostava de tratar do cabelo do Mestre, que ela dizia ser «uma linda seara loira». Enquanto olhara para ela como irmã mais nova e não como mulher, adorava que ela fizesse isso enquanto ele relaxava, quase adormecia. Mas ultimamente arranjava sempre desculpas para evitar esse contacto. Também já tinha notado que se sentia tremer quando a ouvia aproximar-se.
- Raios, assim não dá! Virou-se e virou-se na cama, nessa noite não pregou olho.
Lan também sentia o mesmo, mas o sentimento não era novo; amara Shaka desde que ele a salvara, ele nunca a tinha julgado, ensinara-a com carinho, tinha fé nela. E sentia-se triste por Shaka a ver apenas como uma discípula. Soltou um longo suspiro, vestiu a sua longa camisa de noite, em cetim lavanda, e deitou-se para não dormir. Farta de dar voltas na cama, decidiu ir à cozinha para beber um copo de leite. Mas no corredor bateu contra Shaka, que também não pudera adormecer. Ele segurou-a com os seus braços fortes. -Cuidado! –disse com um sorriso- também não tens sono? -É verdade. -vem, um pouco. Lan não deixou que ele a largasse. -Sensei.... – disse em voz baixa, e beijou-lhe o rosto. Shaka acariciou as faces dela com a mão direita e beijou-lhe os lábios muitas vezes e cada vez com mais intensidade, até que os beijinhos carinhosos deram lugar a um beijo profundo, apaixonado, penetrante. Os dois abraçaram-se com força, beijando-se por todo o lado, as mãos percorreram toda a extensão do corpo um do outro. -Lan...eu...não quero desrespeitar-te...sou teu Mestre. -Então ensine-me a amar, Mestre, eu quero tanto. Shaka pegou-lhe ao colo, como tinha feito no dia da batalha, e levou-a para o quarto, e durante três dias não saíram de lá, amando-se, completamente entregues aos caprichos de Eros.
Nenhum deles era experiente, Lan porque ganhara medo dos homens desde aquela terrível agressão, Shaka porque tinha decidido entregar-se apenas por amor. Mas os dois eram tão compatíveis que tudo correu de forma maravilhosa e intensa.
O corpo de Shaka era espantosamente belo, e ele surpreendia-se com a sensualidade e voracidade sexual daquela rapariga de aspecto tão inocente. Estava encantado, ela era linda. Ainda estavam estreitamente abraçados e meio adormecidos quando Shaka sentiu o cosmos do seu amigo Mu pelo corredor fora. O Ariano vinha ver o que se passava com o Santo de Virgem, que geralmente era tão atento, e agora faltara por duas vezes ao concelho de Athena. Shaka levantou-se a correr, mas não teve tempo de esconder a amante, porque Mu, que era como se fosse da casa, já entrava pelo quarto fora, mas ao ver a jovem adormecida e nua na cama de Shaka, tapou os olhos e deu meia volta, vermelhíssimo de vergonha.
O «Buda» fechou a porta rapidamente e foi atrás do amigo.
-desculpa, Mu, eu devia ter avisado... -Shaka, tu sabes que isto é errado! Onde tinhas a cabeça?
- não é o que pensas, irmão; amo a Lan e pretendo...casar-me com ela. O rosto de Áries iluminou-se. -A sério? Tu, casado?- e abraçou o amigo. – Fazes bem. Fazes muito bem. É uma esplêndida rapariga , eu diria mesmo que nunca vi ninguém tão parecido contigo, ela é um Shaka de saias! Parabéns! -Não me estrangules ainda, que não lhe perguntei se ela quer casar comigo! -Então...estás à espera de quê? Eu vou-me embora, mas exijo que lhe proponhas assim que ela acordar. -Está bem- exclamou o outro, muito feliz pela aprovação do mais generoso e sensato dos doze dourados.
Não é necessário dizer que Lan aceitou, e marcaram o casamento para o início da Primavera, em Abril. Mas a partir daí, a linda oriental passou a dormir sempre junto a Shaka, que não se podia separar mais dela. A notícia alegrou toda a gente no Domínio Sagrado, que nunca tinha sonhado ver Shaka vestido de noivo.
A cerimónia formal de entrega da armadura a Lan ficou marcada para o solstício de Inverno. Ela andava exultante de felicidade. E Shaka, embora não gostasse de revelar os seus sentimentos, estava muito alegre e orgulhoso. A sua pupila era a melhor aluna do santuário. De facto, entre as várias qualidades de Lan destacava-se a inteligência. Aprendera o difícil grego arcaico que se falava no santuário em apenas seis meses. Era a primeira em astronomia, astrologia e mitologia. Mas se Lan tinha defeitos, Shaka só encontrava um: a timidez. Corava toda se um cavaleiro a olhava com mais atenção, e ficava capaz de se enterrar chão abaixo se Shina, com a sua vivacidade natural, brincava com ela.
Finalmente, na manhã da cerimónia, Shina entrou pela Casa de Virgem, trazendo na mão um belo embrulho para Lan, que a partir de agora, não seria já uma aprendiza, mas uma amazona. Abriu-o: era um belíssimo Sari, do tipo dos que a jovem costumava usar, mas muito mais rico, em tons de verde esmeralda e bordado a ouro. Na verdade, fora presente de Shaka, mas ele não queria que isso fosse revelado.
- Vem, Lan, vou pôr-te muito bonita para receberes a tua armadura das mãos de Athena.
A menina corou um pouco, mas obedeceu, e Shina penteeou-a e maquilhou- lhe o bonito rosto.
- Já está. És uma rapariga tão bonita que não precisas de muita coisa. – disse num tom que, através da máscara, revelava ser muito bondoso.
E facto, Athena, por pressão de Ishtar – que considerava que Athena, sendo uma Deusa guerreira, devia banir todos os princípios machistas – libertara há muito as amazonas da obrigação de usarem máscara. Mas Shina, como muitas ali dentro, por tradição, hábito ou reserva, usava-a muitas vezes, principalmente em ocasiões importantes como aquela.
Para finalizar, a amazona colocou uma orquídea raríssima e perfumada nos cabelos de Lan, e abriu mais duas caixinhas. Continham um alfinete de sari com duas esmeraldas , representando uma Fénix, que no Oriente é o símbolo da mulher, prenda de Saori, que adorava a pequena pupila de Shaka , e um belo colar de ouro martelado com uma grande safira e vários lápis lazúli encrustados, oferta de Ishtar, que além de amável, a considerava extremamente bonita.
Lan suspirou de espanto. Como todas as mulheres era vaidosa, mas muito recatada, e não costumava enfeitar-se.
A entrega da armadura foi seguida de uma grande festa, e Shaka só voltou para casa com Lan muitas horas depois.
- Lan... -sim, Sensei? -estás muito bonita. - Obrigada – respondeu baixinho, ficando novamente corada. -Ouve, e esta é uma das minhas últimas lições. Não tens de ficar embaraçada. Reconheceres as tuas qualidades não vai fazer de ti uma petulante insuportável! Os dois riram, e o ambiente ficou mais leve.
Quando Shaka se deitou, não podia acreditar que tinha dito aquilo. Onde tinha a cabeça? Ela era sua aluna, e Shaka não gostava de elogiar os discípulos. Mas a voz interior dele dizia: é verdade. Ela é bonita. Muito bela. Poderia estar... apaixonado? Shaka já dera por si muitas vezes a observá-la mais do que seria comum. Não podia ser, romances de professores e alunas é errado, é asneira, não resulta. Também se sentia arrepiado quando ela, por acaso, lhe tocava. Lan, quando viera para o santuário, gostava de tratar do cabelo do Mestre, que ela dizia ser «uma linda seara loira». Enquanto olhara para ela como irmã mais nova e não como mulher, adorava que ela fizesse isso enquanto ele relaxava, quase adormecia. Mas ultimamente arranjava sempre desculpas para evitar esse contacto. Também já tinha notado que se sentia tremer quando a ouvia aproximar-se.
- Raios, assim não dá! Virou-se e virou-se na cama, nessa noite não pregou olho.
Lan também sentia o mesmo, mas o sentimento não era novo; amara Shaka desde que ele a salvara, ele nunca a tinha julgado, ensinara-a com carinho, tinha fé nela. E sentia-se triste por Shaka a ver apenas como uma discípula. Soltou um longo suspiro, vestiu a sua longa camisa de noite, em cetim lavanda, e deitou-se para não dormir. Farta de dar voltas na cama, decidiu ir à cozinha para beber um copo de leite. Mas no corredor bateu contra Shaka, que também não pudera adormecer. Ele segurou-a com os seus braços fortes. -Cuidado! –disse com um sorriso- também não tens sono? -É verdade. -vem, um pouco. Lan não deixou que ele a largasse. -Sensei.... – disse em voz baixa, e beijou-lhe o rosto. Shaka acariciou as faces dela com a mão direita e beijou-lhe os lábios muitas vezes e cada vez com mais intensidade, até que os beijinhos carinhosos deram lugar a um beijo profundo, apaixonado, penetrante. Os dois abraçaram-se com força, beijando-se por todo o lado, as mãos percorreram toda a extensão do corpo um do outro. -Lan...eu...não quero desrespeitar-te...sou teu Mestre. -Então ensine-me a amar, Mestre, eu quero tanto. Shaka pegou-lhe ao colo, como tinha feito no dia da batalha, e levou-a para o quarto, e durante três dias não saíram de lá, amando-se, completamente entregues aos caprichos de Eros.
Nenhum deles era experiente, Lan porque ganhara medo dos homens desde aquela terrível agressão, Shaka porque tinha decidido entregar-se apenas por amor. Mas os dois eram tão compatíveis que tudo correu de forma maravilhosa e intensa.
O corpo de Shaka era espantosamente belo, e ele surpreendia-se com a sensualidade e voracidade sexual daquela rapariga de aspecto tão inocente. Estava encantado, ela era linda. Ainda estavam estreitamente abraçados e meio adormecidos quando Shaka sentiu o cosmos do seu amigo Mu pelo corredor fora. O Ariano vinha ver o que se passava com o Santo de Virgem, que geralmente era tão atento, e agora faltara por duas vezes ao concelho de Athena. Shaka levantou-se a correr, mas não teve tempo de esconder a amante, porque Mu, que era como se fosse da casa, já entrava pelo quarto fora, mas ao ver a jovem adormecida e nua na cama de Shaka, tapou os olhos e deu meia volta, vermelhíssimo de vergonha.
O «Buda» fechou a porta rapidamente e foi atrás do amigo.
-desculpa, Mu, eu devia ter avisado... -Shaka, tu sabes que isto é errado! Onde tinhas a cabeça?
- não é o que pensas, irmão; amo a Lan e pretendo...casar-me com ela. O rosto de Áries iluminou-se. -A sério? Tu, casado?- e abraçou o amigo. – Fazes bem. Fazes muito bem. É uma esplêndida rapariga , eu diria mesmo que nunca vi ninguém tão parecido contigo, ela é um Shaka de saias! Parabéns! -Não me estrangules ainda, que não lhe perguntei se ela quer casar comigo! -Então...estás à espera de quê? Eu vou-me embora, mas exijo que lhe proponhas assim que ela acordar. -Está bem- exclamou o outro, muito feliz pela aprovação do mais generoso e sensato dos doze dourados.
Não é necessário dizer que Lan aceitou, e marcaram o casamento para o início da Primavera, em Abril. Mas a partir daí, a linda oriental passou a dormir sempre junto a Shaka, que não se podia separar mais dela. A notícia alegrou toda a gente no Domínio Sagrado, que nunca tinha sonhado ver Shaka vestido de noivo.
