Um sentimento novo começa a florescer

Terça-feira, Shunrei enfrenta mais um dia de trabalho na loja.

- Tchau, meninas. Até amanhã. – Shunrei despede-se das amigas e vai para casa. Já era uma e meia da manhã. Ela voltava sozinha, passando por aquele mesmo beco, era o caminho mais curto que conhecia para sua casa. Sentia calafrios por todo o corpo ao se lembrar do que tinha presenciado ali quatro dias atrás. Caminhava apreensiva, olhando tudo ao seu redor. De repente, ela teve a nítida sensação de que estava sendo observada. Ela se voltou e não viu ninguém, mas aquela sensação não a deixava. Ela continuou caminhando, só que agora mais depressa. Nesse instante, sentiu alguém segurar o seu braço...

- AAAAAHHHHHH!!!!!!!!!!!!! – gritou apavorada tentando se libertar daquele que a segurou – ME SOLTA! SOCORRO!!!

- Hei, calma! Pare de gritar, Shunrei! Sou eu! – diz Shiryu tentando acalmá-la. Ela pára e o olha se certificando de que era ele mesmo.

- DESGRAÇADO! QUER ME MATAR DE SUSTO?!! FILHO DA MÃE!!! – diz ela furiosa, dando murros no peito dele.

- PARE COM ISSO, SHUNREI!! – diz ele segurando-a pelos pulsos. O gesto fez com que ela chegasse bem perto dele. Puderam sentir o calor do corpo um do outro. A aproximidade mexeu com ambos. Olhavam-se intensamente. Não conseguiam desviar o olhar. Shiryu sentiu um calor tomar todo seu corpo e seu coração disparou. O coração de Shunrei batia tão acelerado quanto o dele, e seu corpo inteiro tremeu. Shunrei se afasta dele e tenta se recompor.

- O que faz aqui? – perguntou enquanto tentava se controlar.

- Eu é que pergunto! Já não te disse que pode ser perigoso?!! Aquele assassino pode vir atrás de você!! – diz ele ainda perturbado com o que tinha acontecido há pouco. Tê-la tão perto de si o perturbou como nunca acontecera antes. Não podia negar que ela mexia, e muito, com ele.

- Estou indo para minha casa. E esse é o caminho mais curto que eu conheço.

- Mas... você tem que ir embora sozinha?!!

- E quem iria comigo?!! Sou a única que mora pra esse lado!!

- Então eu a acompanharei! Não pode ficar andando sozinha por aí!

- Não é preciso! Eu sei me cuidar muito bem!

- É... eu pude ver, mesmo! Quase "morreu do coração" só porque eu encostei em você! – disse sarcasticamente.

- Você me assustou! – disse irritada.

- Tá, tá! Você querendo ou não eu vou acompanhá-la. Meu carro está na oficina, por isso teremos que ir a pé - Shunrei pára e o olha terna e apaixonadamente, mas com algumas dúvidas.

- Por que você está tão preocupado? – pergunta com um lampejo de esperança. Pego de surpresa e completamente perdido por causa da pergunta tão direta, e com a forma com que ela o olhava, Shiryu hesitou em responder e quando respondeu deixou-a desapontada.

- Eu... eu... é meu trabalho. É minha obrigação protegê-la.

- Ah, sei. – diz chateada. Os dois começaram a caminhar lado a lado. Passaram um bom tempo em silêncio. Este foi rompido por Shiryu.

- Você trabalha em quê? – pergunta puxando assunto.

- Eu trabalho em uma loja...

- Ah, é mesmo. Você já tinha me dito. E... você gosta do seu trabalho?

- Sim, eu gosto sim. Eu sonho em um dia ter a minha própria loja. E você? Gosta do que faz?

- Gostava, mas depois do... – ele pára, como se tivesse se lembrado de algo.

- Depois do quê? – pergunta Shunrei curiosa.

- Nada, esquece. – Shiryu lembrara-se de algo que desejava a todo custo esquecer. Ficam algum tempo em silêncio, quando Shiryu pergunta: - Você não ficou com medo de o assassino vir atrás de você depois do que saiu no jornal?

- Eu não acho que ele vá fazer algo contra mim. Eu nem sequer o vi.

- É, mas ele não sabe disso. Segundo aquele jornal, você até o identificou. Ele pode vir atrás de você.

- Tá bem, tá bem... eu vou tomar cuidado. Satisfeito?!! – Shunrei estava ficando irritada com toda aquela super proteção.

- Você não está levando isso a sério. Será que não percebe o perigo que pode estar correndo?! – Shiryu também se irritava ao ver que ela não acreditava em seus instintos de policial.

- Eu já disse que vou tomar cuidado! – disse ela acabando com a discussão. Eles caminham mais alguns metros e chegaram, finalmente, a casa de Shunrei - Chegamos.

- Amanhã eu passo na loja. Espere-me, que enquanto esse caso não for resolvido, eu voltarei com você todos os dias – diz ele seriamente.

- Vai bancar o cão de guarda, é? – pergunta, provocando-o.

- Bom, se você não se importa com sua segurança... Bem, eu vou indo agora. Se cuida. Até amanhã – diz ele.

- Até amanhã, e muito obrigada – ela vai até a porta e volta-se para olhar para Shiryu que já havia dado às costas e ia embora. Então ela o chama: - Shiryu!!! - ele sentiu seu coração falhar uma batida, era a primeira vez que o tratava apenas por seu primeiro nome. E este adorou ouvir seu nome sendo pronunciado por aquela voz doce e melodiosa. Virou-se para atendê-la e quando se deu conta ela o estava beijando no rosto. Ele não esperava por aquilo, era bom demais pra ser verdade. Precisava se controlar ou a abraçaria e beijaria ali mesmo, e não podia fazer isso. Jurou que nunca iria se envolver com alguém e de repente conhece uma garota que o conquista em apenas quatro dias. Ela afastou-se dele, olhando-o diretamente nos olhos, ele também a olhava intensamente - Obrigada, muito obrigada por tudo! – ela se afastou dele e entrou em casa fechando a porta atrás de si e encostando-se nela, pensando no que acabara de fazer. Como tive coragem de fazer aquilo? O que ele estará pensando de mim agora? Eu não devia ter feito aquilo, não devia - enquanto que, do lado de fora, Shiryu ainda estava parado em frente à casa dela, com o olhar perdido tocando suavemente o local onde ela o havia beijado. Deu as costas à porta e seguiu seu caminho. Não pode conter o sorriso que se formou em sua face nesse momento. Não via a hora de vê-la novamente, no dia seguinte.

Continua...

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Oi gente! Resolvi adiantar a postagem desta vez... talvez poste outro capítulo amanhã. Espero que tenham gostado e por favor, mandem comentários. Obrigada, beijos.