O atentado
Hyoga chega à delegacia e se dirige à sala de Shiryu para saber a quantas estava o caso Mitsumasa Kido. Já tinham se passado alguns dias desde o assassinato.
- Como vão as investigações, Shiryu – perguntou Hyoga.
- As investigações não estão indo nada bem, todos os suspeitos tinham álibis para o dia do assassinato – responde com uma ponta de irritação.
- Mas, deve ter alguém com quem ainda não conversamos... – comenta Hyoga.
- É... e precisamos descobrir logo esse alguém e desvendar esse caso - antes que eu não consiga mais resistir. Tenho que me afastar dela - pensa ele, exasperado.
- Vai buscá-la hoje? – com um sorriso malicioso nos lábios.
- Como venho fazendo todos os dias. Ela não está em segurança – responde Shiryu, ignorando o tom usado por Hyoga ao fazer aquela pergunta.
- Sei... na minha opinião essa sua "preocupação" não tem nada a ver com o assassinato... – provoca Hyoga.
- Eu já estou ficando cansado dessas suas insinuações, Hyoga. Por que não vai cuidar da sua vida e me deixa em paz?!! – irrita-se Shiryu.
- Você ainda vai se arrepender do que está fazendo, Shiryu – avisa Hyoga, agora falando seriamente.
- Não enche, Hyoga – Shiryu olha irritado.
Já passava da meia-noite quando Shunrei saiu do trabalho. Shiryu a esperava como vinha fazendo a semana toda. Ela se aproximou dele e começaram a caminhar lado a lado. Conversavam de vez em quando. Andavam devagar, secretamente queriam passar o máximo de tempo na presença um do outro. Já estavam perto da casa dela. Eles começaram a atravessar a rua, mas Shunrei derrubou sua bolsa no meio do trajeto e voltou-se para pegá-la. Ela viu que Shiryu já estava do outro lado da rua esperando por ela. Foi atravessar quando um carro em alta velocidade veio em sua direção. Shiryu olhou para o carro e depois para Shunrei, percebeu que o motorista não diminuía a velocidade. Pelo contrário, pisava fundo. Shunrei olhou para o lado e viu o carro vindo em sua direção. O medo a deixou paralisada. Shiryu sentiu seu corpo todo tremer e correu o mais rápido que pode, temendo não chegar a tempo. Jogou-se na frente do carro. Ele alcançou-a e enlaçou-a pela cintura puxando-a consigo e posicionando o corpo para que ele pousasse com suas costas no chão evitando que ela se ferisse. Caiu sobre o asfalto e sentiu sua camisa se rasgar e a dor de ter a pele de suas costas também dolorosamente "rasgada". O carro passou velozmente, cantando os pneus ao fazer a curva, Shiryu não teve tempo de anotar a placa, a única coisa que sabia eram o modelo e a cor do carro. Shiryu apertava Shunrei firmemente em seus braços. Ela mantinha a cabeça apoiada em seu peito, estava tremendo. Ergueu a cabeça e deparou-se com os olhos de Shiryu a fitando, pareciam assustados. Os braços dele a apertavam com mais força.
- Quase aconteceu de novo. Quase a perdi - pensava apavorado com a idéia, que traziam lembranças do passado - Vo... você está bem? – sua voz estava rouca e trêmula.
- Si... sim... e você? – ela perguntou preocupada.
- Eu estou bem – ela se afasta dele, pondo-se de pé. Shiryu começa a se levantar e não consegue evitar o gemido. Aquilo chamou a atenção de Shunrei e olhou para ele preocupada. Ele se virou para continuarem a andar e Shunrei viu o ferimento nas costas dele.
- Você se machucou! – disse ela preocupada.
- Não foi nada, eu estou bem – respondeu, Shiryu.
- Tem que cuidar desse ferimento ou poderá infeccionar – disse Shunrei.
- Está tudo bem, Shunrei – insiste ele.
- Você se machucou assim por minha causa. Vamos até minha casa. Eu cuidarei de você – diz Shunrei, sentindo-se mal por ele ter se machucado por sua causa.
- Não é preciso... – argumenta Shiryu.
- Quer deixar de ser teimoso?!! Eu não vou te morder, não! Venha! – disse segurando a mão dele e o puxando em direção a sua casa. Shiryu deixou-se levar, sentia a mão delicada dela apertando firmemente a sua. Ela abriu a porta – Entre! – disse dando passagem a ele. Levou-o até a cozinha – Eu vou buscar a caixa de primeiros socorros, me espere – ela saiu, deixando-o sozinho. Logo voltou trazendo a caixa consigo – Terá que tirar essa camisa para que eu possa limpar os ferimentos – disse ela ruborizando.
- Claro – ele também estava constrangido com a situação. Ela o ajudou a tirar a camisa com cuidado, pois esta havia grudado ao corpo por causa do sangue que já havia secado. Ela pegou um vidro de álcool e virou em um pano limpo e passou nas costas de Shiryu.
- AI – gritou ao sentir o álcool sendo passado em suas costas – VOCÊ QUER LIMPAR OS FERIMENTOS OU ME MATAR DE UMA VEZ?!! – perguntou virando-se para ela olhando-a furioso.
- QUER PARAR DE AGIR COMO UM GAROTINHO?!! – respondeu ela a grosseria dele com o mesmo tom irritado.
- GAROTINHO?!! ISSO D"I SABIA?!!! – ele falava ainda furiosamente.
- PÁRA DE FRESCURA E VIRA, AÍ – disse se colocando atrás dele e continuando o que estava fazendo. Ele se crispava de dor cada vez que ela o tocava, mas segurava os gemidos. Ela percebia sua reação, mas não podia fazer nada para aliviar a dor dele. Sem poder evitar, ela admirava as costas largas e fortes. Ele era maravilhoso. Ela agora fazia o curativo nas costas dele - Não foi um ferimento profundo, mas terá que trocar o curativo mais tarde – ela falou ficando de frente para ele. Ele a olhou nos olhos ainda sentado no banquinho que ela lhe ofereceu. Estava admirando-a, de repente os pensamentos do que poderia ter acontecido a ela aquela noite voltaram, deixando-o inquieto – Infelizmente não tenho nenhuma blusa ou camisa para emprestar a você. Sinto muito, se não fosse por mim... – ele a interrompeu.
- Não se preocupe com isso, está tudo bem – disse olhando diretamente nos olhos dela - É meu trabalho protegê-la – aquelas palavras a feriram - Eu... preciso ir agora. Eu te vejo amanhã.
- Amanhã é meu dia de folga, não precisará me acompanhar. Eu vou até a cidade com a Eire, não terá com o que se preocupar – disse ainda sentindo-se chateada de ser apenas o "trabalho" dele.
- Está bem, então. Nos vemos na segunda – ele começou a caminhar em direção a porta e Shunrei o acompanhou. Ela abriu a porta para ele, que se voltou para ela – Cuide-se, o que aconteceu hoje foi uma prova de que deve ter cuidado.
- Eu sei. Obrigada por ter salvado a minha vida – disse ela com a cabeça baixa.
- É meu trabalho protegê-la, Shunrei – será que ele tinha que ficar repetindo isso o tempo todo? As palavras dele a magoaram, não queria ser só o trabalho dele.
- É... é seu trabalho – disse tristemente.
- Tchau – inclinou-se para ela e a beijou na testa. Ela fechou os olhos, era a primeira vez que ele a beijava.
- Tchau – respondeu com a voz rouca. Ele deu as costas e se afastou. Shunrei entrou em sua casa, pensando no que tinha acontecido aquela noite e no que sentira quando esteve nos braços fortes de Shiryu. Sentia as pernas bambas só de lembrar daquele momento, em que esteve tão perto dele.
Durante o caminho de volta para sua casa, Shiryu só conseguia pensar no que havia acontecido. Ela podia ter morrido. A idéia de que ela estava em perigo já o deixava aflito, mas agora tinha tido uma prova concreta do perigo que ela estava correndo e isso o estava deixando apavorado. Tinha que descobrir quem era esse assassino antes que fosse tarde. Antes que algo acontecesse a ela.
Continua...
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