Shunrei abala o coração do Dragão

Hyoga chegou ao prédio de Shiryu e encontrou-o na recepção.

- Olá, Shiryu! – deu um tremendo tapa nas costas de Shiryu.

- AI... SEU IDIOTA! – urra Shiryu. Hyoga ficou constrangido com a reação de Shiryu que o olhava ferozmente. Todas as pessoas olharam para eles curiosamente.

- Ei, o que aconteceu? – pergunta Hyoga assustado com o grito de Shiryu. O amigo odiava quando ele fazia aquela brincadeira idiota, mas nunca tinha reagido daquela forma.

- Eu machuquei as costas ontem – explica Shiryu, respirando com um pouco de dificuldade.

- E como aconteceu? – pergunta Hyoga. Shiryu contou a Hyoga, com detalhes, o que houve na noite anterior - Quer dizer que tentaram matá-la? Você tem certeza, Shiryu? – pergunta incrédulo.

- Sim, eu já não falei que o cara acelerou o carro quando a viu? Eu disse que ela não estava em segurança, mas nem você nem ela me levaram a sério – disse acusadoramente.

- Você realmente se importa com ela, não é Shiryu? – pergunta Hyoga, apesar de já saber que Shiryu nunca admitiria isso.

- É nosso trabalho protegê-la, Hyoga – responde com o jargão de sempre.

- Sim... eu concordo com você. Mas até como guarda-costas você está servindo. Eu nunca tinha visto você proteger alguém com tanto afinco, assim – provoca Hyoga.

- Hyoga, você veio aqui só pra me irritar? – pergunta já perdendo a paciência.

- Ah, Shiryu você sabe como é... eu sou seu amigo. Tenho que lhe abrir os olhos... – diz Hyoga, ao perceber o olhar furioso de Shiryu.

- Chega, Hyoga. Eu vou sair e estou com pressa – disse Shiryu praticamente expulsando-o.

- Aonde você vai? – pergunta o xereta Hyoga.

- Eu vou até a delegacia, fazer o relatório sobre o que aconteceu ontem - explica Shiryu.

- Eu vou com você, então – diz Hyoga passando por Shiryu e saindo do prédio.

- Tudo bem, mas se falar alguma idiotice... eu te jogo pra fora do carro, ouviu bem?! – diz ele ameaçadoramente.

- Tá legal, eu não abro mais a minha boca – diz Hyoga condescendente.

- "timo – diz Shiryu duvidando de que o amigo conseguisse evitar falar alguma asneira no caminho. Depois de meia hora, eles chegam a delegacia e descem do carro. Shiryu vai até sua sala e faz o relatório, enquanto conta novamente com todos os detalhes dos quais podia se lembrar sobre o atentado para Hyoga. Acabaram e Shiryu ainda precisaria ir até o centro da cidade resolver alguns problemas, Hyoga o acompanhou. Depois de tudo acertado, resolveram dar uma volta e parar em uma lanchonete pra comerem alguma coisa. Quando Shiryu olha para uma loja do outro lado da rua e reconhece a única mulher que fora capaz de mexer com seu coração. Hyoga o vê parado e com olhar fixo em uma direção, ele olha acompanhando o olhar de Shiryu, seu coração dispara ao reconhecer aquela mulher tão linda que o conquistou ao primeiro olhar. Shunrei e Eire vinham conversando e olhando algumas vitrines. Shunrei sorrindo olha para o outro lado da rua e seus olhos encontram-se com os de Shiryu, seu coração começa a bater mais forte e ela pára, olhando para ele, não prestando atenção em mais nada a sua volta. Eire percebendo a reação da amiga, olha na mesma direção que ela e vê Hyoga, aquele homem maravilhoso que ultimamente dominava todos os seus pensamentos. Shiryu caminha em direção a elas, acompanhado por Hyoga. As duas jovens param e esperam a aproximação deles.

- Olá, senhoritas – diz Hyoga sorridente – estão fazendo compras? – pergunta olhando intensamente para Eire.

- Olá!! – diz Shunrei feliz por Shiryu. Não esperava vê-lo, já que ele não teria que acompanhá-la naquele dia.

- Olá, Hyoga – diz Eire. Ao ouvir seu nome sendo pronunciado por aquela voz tão doce, Hyoga sentiu arrepios percorrerem seu corpo todo – não, estamos apenas olhando algumas vitrines. Olá senhor Suiyama, com vai? – pergunta se dirigindo a Shiryu.

- Vou bem, e a senhorita? – responde Shiryu, tendo sua atenção desviada de Shunrei por apenas um instante.

- Muito bem! – responde Eire, olhando de relance para Hyoga.

- Olá Shunrei – Shiryu a cumprimenta ainda sentindo seu coração bater aceleradamente.

- Olá Shiryu – responde Shunrei, timidamente. Hyoga e Eire estranharam a forma íntima como Shunrei se dirigiu a Shiryu.

- Onde vocês estavam indo? – perguntou Shiryu.

- Estávamos indo embora – responde Shunrei.

- Não querem tomar um lanche conosco? – Hyoga as convida

- Não iremos atrapalhar – perguntam as duas ao mesmo tempo.

- Não, claro que não! Vamos! – diz Shiryu

- Está bem, então. – Shunrei aceita

- Tudo bem.  – Eire também. Eire e Hyoga conversaram o tempo todo, estavam se conhecendo melhor. Enquanto Shiryu e Shunrei apenas trocavam olhares tímidos. De vez em quando os amigos os traziam pra conversa, mas eles imediatamente se fechavam de novo. Já estava escurecendo, quando resolveram ir embora. Shiryu se ofereceu para levá-las para casa, elas aceitaram. A primeira a descer foi Eire, se despedindo de Shunrei, de Shiryu e com uma atenção especial para Hyoga.

- Tchau, Hyoga – diz ruborizando-se.

- Tchau, Eire. Espero vê-la em breve – diz ele carinhosamente. O próximo a descer é Hyoga, despede-se dos dois rapidamente e vai para casa. Shunrei e Shiryu estavam sozinhos. Ela morava longe, demorariam um pouco para chegar e nenhum dos dois diziam uma única palavra. Aquele silêncio era insuportável.

- Pelo amor de Deus, Shiryu! Fale alguma coisa! – diz ela exasperada.

- Não tenho nada a dizer – diz ele mantendo os olhos na rua a sua frente, tentando se concentrar.

- Não sabia que minha companhia era tão desagradável, assim – diz ela aborrecida.

- Sua companhia não é desagradável – ela olha para ele, e o vê fitando-a intensamente. Seu coração dispara. Ela sorri e ele, perturbado, volta seus olhos para estrada - que sorriso lindo ela tem! - eles chegam à frente da casa dela. Ele pára o carro - Chegamos - a voz dele tem uma pontinha de decepção.

- É... chegamos – a decepção na voz dela era mais perceptível. Ela baixou a cabeça e então olhou para ele – Obrigada, Shiryu – ela se inclinou para beijá-lo no rosto, mas ele virou-se para olhar para ela. Seus lábios se tocaram ocasionalmente. Eles se olharam intensamente, não conseguiam se afastar daquele toque. Ambos estremeceram. Ele não pôde mais resistir, abraçou-a e a beijou. Ele sentiu o corpo dela amolecer em seus braços e a abraçou com mais força. Ela entreabriu os lábios e ele passou sua língua por entre eles tocando a dela. Ela o enlaçou pelo pescoço, aprofundando ainda mais o beijo. Cessaram o beijo, pois estavam sem fôlego. Ainda abraçados, se olharam intensamente e então... afastaram-se. Ele olhava para frente, inquieto. Nunca se sentira assim antes, nunca em toda sua vida perdera o controle. Shunrei tremia. Como pudera se apaixonar por alguém tão rápido? Sempre sonhou encontrar alguém para amar, mas que também a amasse e provavelmente, esse não era o caso de Shiryu, ele apenas se deixou levar pelo momento, concluiu com tristeza. Não conseguiam olhar um para o outro. Shunrei achou que ele tinha se arrependido - Desculpe-me, Shiryu... eu... eu... isso não devia ter acontecido... perdoe-me – disse saindo apressadamente do carro. Shiryu viu-a correndo para casa

- O que foi que eu fiz? Shunrei... Perdoe-me... por favor... Shunrei... perdoe-me - ele deu a partida e saiu cantando os pneus. Estava confuso e perdido, mas de uma coisa tinha certeza... amava-a e não tinha mais como negar. Ela ouviu o carro dele indo embora, encostada a porta, deixou se corpo escorregar até se sentar no chão. Abraçando os joelhos, ela chorou.

- Não podia ter acontecido... eu não podia me apaixonar por ele... eu te amo, Shiryu... eu te amo...

No dia seguinte, Shiryu levantou cedo. Ele estava decidido a abandonar o caso. Tomada essa decisão ele foi conversar com o inspetor:

- Eu... quero sair do caso Mitsumasa Kido, senhor – disse decidido.

- Posso saber o motivo, Suiyama? – perguntou o inspetor já levemente impaciente.

- É pessoal, senhor – respondeu Shiryu.

- Esse é o seu problema, rapaz!!! Tudo com você se torna pessoal!! Eu me lembro do que aconteceu a sua... – disse o inspetor, sua paciência já desaparecendo.

- Eu não vim até aqui para falar sobre isso, senhor. Quero sair desse caso... – disse Shiryu, determinado.

- Não irá sair! Cumprirá seu dever, e aprenderá a não se envolver pessoalmente com os casos que tem que resolver.  Agora saia, eu estou ocupado! – o inspetor disse irritado.

- Mas, senhor... – tentou argumentar Shiryu

- Nada de mais, Suiyama. Faça seu trabalho! – o inspetor estava irredutível.

- Sim, senhor – saiu da sala, contrariado. Sem poder fazer nada para que o inspetor mudasse de idéia. Shiryu estava irritado, não queria continuar, tinha que se afastar dela antes que fosse tarde.

- Shiryu, levando bronca do chefe tão cedo... – Hyoga chegou debochando.

- Eu vim conversar com ele. Vim pedir para que tire do caso Mitsumasa Kido, mas... – explicou Shiryu.

- Por que, Shiryu?!! Não quer descobrir quem o matou?!! – pergunta incrédulo, Shiryu nunca abrira mão de um caso antes. Então Hyoga tem um estalo – Não acredito!! É por causa de Shunrei, não é?!! Eu estava certo!!! Você se apaixonou por ela... – diz Hyoga não conseguindo segurar suas desconfianças.

- ISSO NÃO É DA SUA CONTA, HYOGA!! DEIXE-ME EM PAZ! - Shiryu o interrompe irritado - Será que meus sentimentos estão tão óbvios assim?

- Por que foge disso, Shiryu? Ela também gosta de você! Basta olhar pra ela pra perceber isso! Vocês se amam...

- EU NÃO QUERO ISSO, HYOGA! SERÁ QUE NÃO CONSEGUE ENTENDER?!! NÃO QUERO SOFRER DE NOVO, PERDER ALGUÉM QUE AMO, NÃO QUERO ISSO DE NOVO! – Shiryu revela seu medo.

- Você não pode se esconder da vida desse jeito, Shiryu! Tem que esquecer o passado e viver o presente! Você não quer sofrer pelo que pode acontecer a ela, mas está sofrendo por não se permitir viver o sentimento que descobriu ter por ela. Você nem sabe se algo irá acontecer. Eu nunca vi você assim antes, nunca se apaixonou antes. Agora é tarde, aceite esse sentimento e seja feliz...

- NÃO!!! – responde alterado - vou me afastar dela!! Nem que tenha que fazer com que ela me odeie!! - NÃO VOU PERMITIR QUE ISSO ACONTEÇA!!!

- Você foi vencido, Shiryu, só falta agora aceitar sua derrota. Mas não se preocupe, seu coração fará isso por você. Não resistirá a ela muito tempo – Hyoga saiu deixando Shiryu alterado e confuso. Hyoga também estava apaixonado, mas em hipótese alguma tentaria se afastar de seu amor como Shiryu estava fazendo, e sim faria de tudo para conquistar a mulher de sua vida e a faria feliz.

Continua...

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