Pistas em um sonho

Shiryu mais uma vez acompanhava Shunrei, depois dos últimos acontecimentos ele estava mais apreensivo sobre a segurança dela.

- Como está a senhorita Kido, Shiryu? – diz ela quebrando um silêncio que havia se estabelecido entre eles.

- Ela terá alta depois de amanhã – responde evitando olhar para ela.

- Eu estava pensando em visitá-la no hospital... – Shunrei também evitava olhar para ele.

- Eu não acho uma boa idéia, Shunrei. O hospital está cercado de repórteres e eles poderiam reconhecê-la... e jornalista é que nem praga – diz irritado.

- Por que você tem tanta raiva de jornalistas, Shiryu? – pergunta shunrei.

- Eu... eu não confio neles, se metem onde não devem e atrapalham nosso trabalho.

- Mas... esse não um motivo para a raiva que você demonstra, principalmente quando o jornalista é o Ikki...

- Vamos mudar de assunto, Shunrei? Eu não gosto de ouvir falar o nome desse sujeito...

- Tudo bem, desculpe. Como eu estava dizendo, sobre a senhorita Kido, você mesmo disse que ela queria me conhecer....

- Quanto a isso não tem problema, eu vou até a casa dela logo que ela tiver alta... se quiser ir comigo... eu a levo até lá – disse olhando para ela.

- Sério?! – ela o encarou, e sentiu seu coração disparar ao vê-lo olhando-a. Ela baixa a cabeça constrangida – você me leva?

- Claro, eu venho te buscar na sua hora de almoço – eles chegam até a porta da casa de Shunrei. Mais uma vez, a frustração os abate. Teriam que se separar de novo.

- Tchau, Shiryu – ela dá um beijo no rosto dele e se afasta rapidamente.

- Tchau, Shunrei. Até amanhã – diz ele se controlando ao máximo para não ceder a seus impulsos. Shunrei entra e espia pela janela seu grande amor ir embora. Ela vai até seu quarto e pega algumas roupas, depois se encaminha até o banheiro e toma um bom banho, a água morna que caia sobre seus ombros aliviava a tensão. Quinze minutos depois ela já estava deitada em sua cama, pensando em tudo que tinha passado com Shiryu. Como e em que circunstâncias se conheceram; o dia em que foi a sua casa para alertá-la do perigo; todas as noites na qual a tinha acompanhado; o atentado e os momentos que passara nos braços dele e é claro, aquele beijo maravilhoso que haviam trocado e que ela ansiava para que fosse repetido. Com esses pensamentos, adormeceu. Seu sono estava agitado. 

Shunrei olhava para os lados, mas não conseguia ver nada. Por causa da escuridão, não conseguia reconhecer o lugar onde estava. Andava apressadamente. Sentia-se perdida e apavorada. Ouviu barulhos de passos, mas não conseguia ver ninguém. Caminhava cada vez mais rápido, mas aqueles passos pareciam mais altos, alcançando-a. Começou a correr desesperadamente. O lugar em que estava ficava mais claro e ela finalmente pôde reconhecê-lo. Era o beco. Aquele mesmo beco pelo qual passava todas as noites, e onde havia presenciado a cena que mudou sua vida para sempre. Mas onde estava Shiryu? Ele a vinha acompanhando diariamente. Procurava-o desesperadamente, chamava por ele, mas não obtinha resposta. Seu coração estava acelerado, seu corpo todo tremia, estava em pânico. De repente ela viu um vulto vindo em sua direção, mas não conseguiu ver-lhe o rosto, sabia que se tratava de um homem, e que pelo físico não era Shiryu. Quem seria? Ela estava assustada, queria gritar, mas sua voz não saia. Parecia que se formara um bolo em sua garganta, impedindo-a de emitir qualquer som. Queria correr, mas seus pés pareciam que estar colados ao chão. O vulto se aproximava cada vez mais, então de repente, ela vê algo reluzir. Não conseguia ainda definir o que era. Poderia ser uma arma, uma faca, ou até mesmo um botão. O vulto sumiu de sua frente e um rosto apareceu para ela, era Shiryu. Pedia sua ajuda, enquanto aproximava-se cada vez mais dela. Ela podia sentir a respiração dele em seu rosto. Ele a olhava intensamente encostando seus lábios aos dela. Ela sentiu o leve roçar dos lábios dele sobre os seus enquanto ele murmurava de forma desesperada: - me ajude!!!

Ela acordou suando, o sonho fora tão conturbado e algo nele chamara-lhe a atenção, por que Shiryu estaria lhe pedindo ajuda? E aquele brilho, o que seria? Parecia já ter visto aquela mesma cena antes... mas onde? Por que em seu sonho aquele reluzir pareceu tão importante? Levantou-se, tomou um copo d'água e ficou pensando sobre aquele sonho. Será que deveria falar sobre ele para Shiryu? Não, era só um sonho. Provavelmente ele riria dela se o comentasse. Seu coração disparava ao se lembrar dele tão perto de si. Era melhor esquecer esse sonho. Decidiu trocar de roupa, afinal já era de manhã e não daria tempo para voltar a dormir. Logo teria que estar no trabalho, mais um dia exaustivo. Finalmente o natal estava chegando e teria um dia de folga.

Continua...

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