Momentos difíceis
Ikki parou em frente ao hospital e desceu para abrir a porta para Shiryu, ele entrou no hospital e pediu ajuda a alguns enfermeiros que vieram imediatamente com uma maca. Shiryu descia do carro com Shunrei desacordada em seus braços quando os enfermeiros chegaram. Ele a colocou deitada sobre a maca enquanto uma enfermeira tomava o pulso dela, entrando rapidamente no hospital, com Ikki e Shiryu vindo logo atrás. Shunrei foi encaminhada à emergência.
- Não pode entrar aqui, senhor – diz o enfermeiro colocando a mão contra o peito de Shiryu para impedi-lo de passar por aquela porta. Shiryu o olhou para ele. O medo que sentia estava expresso em seus olhos. Ele parou olhando para porta que acabara de se fechar. Ikki se aproximou e o segurou pelo braço. Shiryu olhou para ele, e uma lágrima escorreu por seu rosto.
- Calma, Shiryu. Não há mais nada a fazer... agora só nos resta esperar... – disse Ikki que tentava acalmá-lo. Shiryu baixou a cabeça e acompanhou Ikki até um banco que ficava no imenso corredor no hospital. Sentou-se no banco, ao lado de Ikki. Shiryu não se incomodava com a presença dele, estava tão abalado que não conseguia prestar atenção a mais nada.
Imagens vieram a sua cabeça. Era como se o filme de sua vida estivesse passando rapidamente diante de seus olhos. Lembrou-se da primeira vez em que esteve num hospital, tinha doze anos.
Fora internado juntamente com seus pais. Tinham sofrido um acidente de carro. Ele e sua irmã, na época com oito anos escaparam, mas seus pais não resistiram aos ferimentos e morreram. A dor que sentira naquela época fora imensa. Sentiu-se perdido e demorou a se recuperar daquela perda. A segunda vez foi quando tinha vinte e um anos, seu mestre e grande amigo tinha sido internado. Tivera um enfarte. Quando seus pais morreram, Roshi, seu mestre, ficou responsável por ele e por sua irmã, ajudou-os a superarem a morte de seus pais. Aos cento e quinze anos tinha um enfarte e mais uma vez, o chão sumiu de sob os pés de Shiryu. Por ser maior de idade, ficou responsável por todos os bens da família e também por sua irmã, na época com dezessete anos. Só por causa dela conseguiu se recuperar e tocar sua vida em frente. A última vez foi a que mais lhe marcou. Já estava na polícia, tinha então vinte e três anos. Recebeu a notícia de que sua irmã tinha desaparecido. Na mesma semana a polícia encontrou o cativeiro onde Harumi tinha sido presa. Conseguiram libertá-la, mas quando estavam para sair de lá com ela, foram surpreendidos pelos bandidos que passaram atirando e atingiram Harumi. Levaram-na para o hospital, mas ela já chegara morta. No cativeiro, encontraram uma foto dela recortada de um jornal. Shiryu temia que esse tipo de coisa acontecesse, por isso a mantinha afastada de repórteres e da própria polícia. Mas, ela tinha ganhado um concurso da escola e sua conquista foi publicada no jornal. A nota sobre ela falava de seu parentesco com Shiryu. Ele nunca perdoou Ikki por revelar isso. Entrou em desespero, pensou em se matar. Mas não teve coragem. Sempre se considerou um covarde por isso. Em todos esses momentos ele contou com o apoio de Hyoga, que sempre esteve a seu lado lhe dando forças para seguir em frente. Depois do que houve com Harumi, Shiryu jurou que nunca mais passaria por aquilo de novo. Nunca tornaria a sofrer por quem quer que fosse. Mas o destino lhe ensinara uma lição, colocando em seu caminho aquela linda garota, que a princípio o irritou, mas que rapidamente o cativou com sua doçura. Entregara seu coração a ela, como nunca fizera antes. E ali estava ele, mais uma vez naquele hospital. Temendo pelo que podia acontecer, e com a certeza de que não agüentaria passar por aquele sofrimento de novo.
Hyoga entrou no hospital acompanhado por Eire que estava muito nervosa. Viu Shiryu sentado naquele banco com a cabeça baixa.
- Shiryu – chamou. Shiryu o olhou e Hyoga avançou mais um passo, se aproximando do amigo. Shiryu abraçou Hyoga e tornou a chorar. Mais uma vez seu melhor amigo estava ao seu lado pra lhe dar apoio.
- Eu não posso perdê-la também, Hyoga – Shiryu repetia desesperado.
- Ela ficará bem, Shiryu. Você não irá perdê-la – Ikki achou melhor avisar Shun do que estava acontecendo, afinal ele era amigo de Shunrei. Shiryu afastou-se de Hyoga e encostou-se contra a parede. Hyoga abraçava Eire, que chorava desesperadamente. Meia-hora depois Shun e June chegaram muito nervosos.
- Com ela está, Ikki? – perguntou Shun para o irmão.
- Nós ainda não sabemos, Shun. Os médicos a estão operando, ainda não nos deram nenhuma notícia.
- Precisamos ligar para a irmã dela, Shun... – diz June abraçada a Shun. Ele entrega o celular a ela.
- Você sabe o número dela? – pergunta enquanto June pega o celular da mão dele.
- Sei, Sim – ela liga e espera que atendam ao telefone. A ligação cai na secretária eletrônica. Ela estava viajando, mas voltaria para passar o fim de ano com Shunrei – Esmeralda? Aqui é a June. Eu estou ligando para avisar que Shunrei está no Hospital de Tókio. Venha o mais rápido que puder. Tchau – June desligou.
- E então? – perguntou Shun, quando June lhe entregou o celular.
- Ela ainda não chegou de viagem, por isso eu deixei um recado na secretária eletrônica. Espero que ela cheque logo seus recados – nesse instante o médico sai da sala. Shiryu se aproxima dele, enquanto os outros ficam alerta a tudo o que está acontecendo.
- Com ela está, doutor? – pergunta Shiryu com medo da resposta que poderia receber.
- O caso dela é muito grave. Ela perdeu muito sangue, será preciso uma transfusão, mas infelizmente o estoque de sangue do hospital não será o suficiente. Por isso eu vim aqui saber se entre vocês não há alguém que tenha o sangue compatível com o dela.
- Que tipo de sangue é o dela, doutor? – pergunta Eire com a voz embargada.
- É um tipo muito raro... O negativo.
- O meu é O negativo – afirma Shiryu. Estava extremamente nervoso, ainda mais depois do que ouviu. O medo de perdê-la aumentava a cada minuto.
- O meu também – Ikki revela, sentia necessidade de fazer algo por Shunrei. Shiryu olha para ele.
- "timo! Venham! Nenhum de vocês tem ou teve qualquer doença que os impeçam de doar sangue, não é? Meningite, Aids...
- Não – respondem os dois em uníssono.
- "timo, então venham comigo – Shiryu e Ikki acompanham o médico até uma sala. Ele manda os dois se sentarem em nas cadeiras. Uma enfermeira chega para prepará-los para retirar o sangue deles. Os dois ficam em silêncio. Depois de algum tempo, as bolsas já estavam quase cheias.
- Tomem isso e esperem um pouco para se levantarem, ou poderão sentir tontura – Depois de alguns minutos, Shiryu e Ikki levantam-se e saem da sala. Antes de chegarem à sala de espera, Ikki pára Shiryu.
- Shiryu... eu quero lhe dizer que sinto muito pelo que aconteceu a sua irmã. – antes de tudo aquilo acontecer com Harumi, Ikki era amigo de Shiryu, não tanto quanto Hyoga – Você sabe que eu a amava... eu não queria que nada ruim acontecesse a ela. Sei que você me culpa pela morte dela, Shiryu. Mas, eu sofri tanto quanto você quando ela morreu. E agora, Shunrei... eu não esperava que isso acontecesse...
- Não é hora, nem lugar para falarmos sobre isso, Ikki. Depois conversamos – Shiryu se afasta, não estava com cabeça para conversar com Ikki naquele momento. Pensava unicamente em Shunrei. Estava impaciente com tudo o que estava acontecendo. Tentou a todo custo não se apaixonar por ela, mas não conseguiu evitar. E agora estava ali, naquele hospital, temendo por ela.
Meia-hora depois, o médico vem à sala de espera. Todos estão apreensivos e preocupados. O médico se dirige a Shiryu.
- Doutor, como ela está? – pergunta não conseguindo esconder o nervosismo.
- A cirurgia foi realizada com sucesso. A bala foi retirada e ela já recebeu a transfusão de sangue.
- Quer dizer que ela está bem? – pergunta Eire.
- As próximas vinte e quatro horas serão decisivas. Só depende dela. Mas, eu acredito que ela ficará bem.
- E quando poderemos vê-la? – pergunta Shun.
- Ela está descansando agora...
- Será que eu poderia ficar com ela? – pergunta Shiryu.
- Eu acho melhor n...
- Por favor, doutor – pede Shiryu.
- Está bem, rapaz. Mas só você. Ela precisa descansar – dizendo isso o médico se afasta e avisa a enfermeira de que poderia permitir a entrada de Shiryu no quarto.
Shiryu entra no quarto de Shunrei e a vê deitada, com todos aqueles aparelhos conectados a ela. Vê-la daquele jeito era desesperador. Shiryu puxa uma cadeira para perto da cama dela e se senta. Fica olhando para ela e se lembrando das palavras que ela disse a ele antes de desmaiar "Eu... te... eu te... amo... Shiryu" Ele segurou a mão dela, acariciando-a delicadamente. Não pôde evitar que uma lágrima lhe escorresse pelo seu rosto. Tinha feito o máximo que podia para protegê-la, e foi em vão. Ali estava ela, entre a vida e a morte e ele não podia fazer absolutamente nada. Apenas esperar... Shiryu beijou suavemente a mão dela. Passou a noite inteira a seu lado, velando por ela.
Continua...
Os últimos segredos foram revelados. Os motivos e medos de Shiryu foram esclarecidos. Agora só falta saber o que vai acontecer a Shunrei e de ela e Shiryu ficarão juntos no final. Espero que tenham gostado deste capítulo. Eu não sei se consegui passar a carga dramática necessária. Ficou um pouquinho grande, né? Estou um tantinho decepcionada esta semana. Não recebi um comentário sequer... Tchau e até o próximo capítulo... se houver comentários. Lembrem-se: estamos na reta final... vocês não vão querer ficar sem saber o final da fic, né? Beijos a todos.
Ps: desculpem o "colossal" comentário.
