~ * ~ Reencontro com o passado ~* ~

Hagen conseguira o emprego, e agora os dois amigos trabalhavam lado a lado. Alguns meses já haviam se passado e apesar do trabalho que dava escrever seu livro e ter que ministrar e preparar as aulas, Siegfried estava se sentindo muito feliz, profissionalmente pelo menos. Ele sentia que faltava algo em sua vida. Já não podia mais negar, pelo menos não para si próprio, que estava apaixonado por Hilda, e isso o estava deixando perdido. Sua promessa de nunca mais se envolver com alguém estava por um fio de ser quebrada. Mas não queria se render àquela emoção novamente, mesmo que fosse para sua vida ser para sempre incompleta. Usando de todo autocontrole que possuía, ele entrou naquela faculdade mais uma vez. Encontrou Hilda parada no corredor conversando com um grupo de alunos. Ficou alguns instantes parado, extasiado pela beleza da jovem diretora. Ela sorria e conversava com os alunos animadamente. Uma das alunas percebeu a presença do belo professor e o chamou:

- Professor Sigurd! – disse a moça. Ao ouvir o nome dele, Hilda virou o rosto em sua direção. Seus olhares se cruzaram e ela sorriu. Siegfried se aproximou do grupo de alunos – Estávamos falando com a senhorita Njörd sobre a formatura! O senhor vai, não é mesmo?

- Eu não sei se poderei ir – disse ele em tom de desculpas.

- Ah, mas o senhor tem que ir. É nosso professor favorito, o senhor e a senhorita Njörd. Não podem faltar – disse uma outra aluna.

- Eu vou ver o que posso fazer, tudo bem? – disse sorrindo.

- O senhor tem que ir – o som estridente do sinal soa – Precisamos ir pra sala agora. Tchau! – e se afastam rapidamente.

- Você realmente os conquistou, não? – disse Hilda olhando para ele com um sorriso.

- Eles são excelentes... – disse ele olhando-a intensamente. Hilda baixou a cabeça, levemente constrangida.

- Eu preciso ir para minha sala agora. A nova professora de Física virá para conversar comigo.

- Tudo bem, eu tenho que ir para sala de aula também – disse já se afastando dela – Tchau, a gente se vê depois.

- Tchau, Siegfried – disse ela vendo-o se afastar de si. Com um suspiro, Hilda entrou em seu gabinete. Dentro de alguns minutos a nova professora estaria chegando, não sabia explicar porque, mas não simpatizara com aquela moça. Mas como tinha um excelente currículo, achou melhor contratá-la.

*****

No intervalo, Siegfried caminhava distraído pelo pátio quando ouviu alguém o chamar:

- Siegfried! – ele olhou para o lado e viu Hilda com uma moça que estava de costas para ele – Venha cá! Quero que conheça a nova professora de Física! – Siegfried foi caminhando em direção a elas – senhorita Loki, este é o Siegfried Sigurd – a moça se virou e deparou com Siegfried – Siegfried, esta é Freya Loki – no primeiro instante, Siegfried não a reconheceu. Ela estava com os cabelos mais curtos e em tom avermelhado, usava uns óculos escuros.

- Como vai Siegfried – disse em tom desafiador. Ela retirou os óculos e estendeu a mão para ele.

- Você?!!! – os olhos de Siegfried pareciam que iam saltar das órbitas. Foi como se chão tivesse sumido de sob seus pés. O que aquela cobra fazia ali? O mundo parecia ter desabado sobre sua cabeça. Faltou-lhe o fôlego. O ódio tomou seu corpo. Hilda viu a expressão surpresa se transformar em raiva e se assustou. Siegfried cerrou os punhos e trincou os dentes. Freya continuava com o braço estendido. De repente ele olhou para Hilda e se obrigou a controlar-se – Com licença – disse com a voz rouca e gélida, virou-se e se afastou, ignorando aquela mulher. Surpresa com sua atitude, Hilda decidiu ir atrás dele.

- Eu já volto, senhorita Loki – disse indo atrás de Siegfried.

- Ora, ora... mas o que temos aqui? Siegfried Sigurd... quem diria que eu voltaria a encontrá-lo? Hum... e pelo jeito da senhorita Njörd... é... ela está apaixonada pelo belo historiador... - pensava Freya.

- Siegfried! – Hilda o chamava, mas Siegfried não lhe dava atenção. Ela correu um pouco e conseguiu alcançá-lo – Siegfried, espere! – disse segurando sua mão. Ao senti-la, ele parou e olhou para ela. A raiva ainda estava estampada em seu rosto – O que houve Siegfried?

- Nada, Hilda... Eu não estou me sentindo bem – disse ele tentando se afastar.

- Você está tremendo, Siegfried – disse Hilda ainda segurando o braço dele - Por favor... Diga-me o que houve. Talvez eu possa ajudar... - Siegfried se desvencilhou dela e perdendo o controle, explodiu sua raiva sobre a pessoa errada.

- QUER ME AJUDAR, HILDA?! ENTÃO ME DEIXE EM PAZ! NÃO VÊ QUE QUERO FICAR SOZINHO?!! – disse ele enraivecido, os olhos dele a assustaram. Hilda se afastou dele, sentiu seu peito se apertar ante aquela agressividade. A forma como ele falara com ela a tinha magoado. Ele saiu rapidamente, sem olhar pra trás. Caminhou até sua moto e montou, colocou o capacete e deu a partida e saindo do estacionamento da faculdade velozmente - Droga! As coisas estavam indo tão bem! Por que aquela...! Por que ela tinha que aparecer e estragar tudo?! - só nesse momento ele se tocou da forma como havia falado com Hilda. Lembrou-se de sua expressão magoada. Sentiu-se horrível. Ela tentara ajudá-lo, e o que ele fez? Descontara sua raiva em cima dela. Chegou em casa e se dirigindo ao banheiro. Precisava tomar um banho para que pudesse se acalmar. A mágoa que sentiu anos atrás voltara com toda força, explodindo em seu peito. Estava tudo indo tão bem... ele havia retomado sua vida. Estava trabalhando em seu livro e lecionando na faculdade. Estava quase se rendendo aos sentimentos que há meses estavam oprimidos em seu peito. Agora... tudo estava ruindo novamente.

Continua...

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Mais um capítulo saído do forno! Espero que tenham gostado. Não deixem de comentar... beijão.