~ * ~ Caminho errado ~ * ~
Siegfried estava decidido a se demitir naquele dia. Chegou à faculdade e encontrou Hagen, que tinha acabado de chegar.
- Hei, Siegfried – disse Hagen cumprimentando-o com um sorriso, mas sua expressão se tornou preocupada quando percebeu o semblante carregado do amigo – O que aconteceu? – perguntou se aproximando. Siegfried olhou para ele e o que Hagen viu em seus olhos o deixou triste e preocupado. Siegfried voltara a ter aquele olhar frio e sem emoção – Siegfried?
- Eu... – antes que pudesse responder, Freya se aproximou e cumprimentou Hagen.
- Olá, Hagen. Há quanto tempo não nos vemos – ela olhou para Siegfried. Os olhos dele se estreitaram e soltavam chispas de raiva – Oi, Siegfried. Vai ser mais educado hoje e me cumprimentar direito? – Siegfried desviou olhar e encarou Hagen.
- Com licença Hagen, eu preciso ir – disse se afastando. Hagen estava tão surpreso em rever aquela víbora que nem prestou atenção ao que Siegfried havia dito.
- O que faz aqui?! – perguntou furioso. Agora compreendera a atitude do amigo.
- Nossa! Vocês desaprenderam a serem educados, foi? – disse ela zombando de Hagen.
- Veio estragar a vida dele outra vez?! – disse indignado.
- Eu nem sabia que ele estava trabalhando aqui – disse indiferente.
- Ele está reconstruindo sua vida. Está feliz com o trabalho, por isso deixe-o em paz! Está me ouvindo?! Ele não precisa que você venha estragar-lhe a vida novamente – Flear viu que Hagen parecia exaltado e se aproximou dos dois.
- Boa noite, Hagen – ele olhou para Flear e se calou, respirando fundo para se controlar – Você deve ser a nova professora de Física... – disse Flear se dirigindo à moça a sua frente – Muito prazer, eu sou Flear Njörd.
- Prazer, senhorita. Meu nome é Freya Loki. Agora, se me dão licença... eu vou dar minha aula – disse afastando-se.
- Víbora! – disse Hagen entre dentes, sem conseguir se conter.
-Hagen! O que aconteceu? – disse ela estranhando a reação do rapaz – Você a conhece?
- Sim, infelizmente... eu a conheço.
- Por quê tanta agressividade?
- Eu não vou entrar em detalhes sobre isso... só vou dizer que aquelazinha destruiu a vida de Siegfried anos atrás – disse ele – Desculpe-me por minha atitude, mas é impossível... – ele se calou e olhou para ela – Eu sinto muito. Não me vejo no direito de entrar em detalhes sobre o que aconteceu.
- Tudo bem, eu entendo... Mas pela sua reação... Deve ter sido algo horrível.
- E foi – disse ele, as lembranças daquele dia passando por sua mente: seu amigo chocado, magoado, sentindo-se derrotado. Ele e Fenrir presenciaram a difícil reação de Siegfried e logo agora aquela mulher tinha que aparecer e estragar tudo novamente? Flear olhou para ele e viu a raiva desaparecer de seu rosto e seu semblante tornar-se preocupado.
- Vamos – disse enganchando o braço ao dele – Está na hora de irmos trabalhar – ele olhou para ela e sorriu.
- Tem razão – disse.
Siegfried dirigiu-se ao gabinete de Hilda, tinha tomado uma decisão muito importante. Parou em frente à porta, respirou fundo e bateu.
- Pode entrar – disse Hilda. Sua voz soou triste. Siegfried abriu a porta e entrou.
- Hilda, eu preciso falar com você – ela olhou para ele. Ele parecia triste, abatido.
- Siegfried... – ela se lembrou de com ele a tratara no dia anterior e hesitou em fazer aquela pergunta, mas a tristeza que via nos olhos dele era tão grande que não conseguiu evitar – O que houve? Você está bem?
- Hilda... eu preciso dizer uma coisa e espero que me entenda... – disse ele.
- Está me assustando Siegfried... – disse ela levantando-se.
- Eu... vim pedir demissão – disse ele baixando a cabeça.
_ O que?! Mas por quê?! Você estava gostando tanto de seu trabalho aqui! – disse ela dando a volta na mesa e se aproximando dele.
- Por favor, Hilda... – disse ele, baixando a cabeça e evitando olhar para ela. Sentiu quando ela tocou seu rosto, forçando-o a olhá-la. Seus olhos se encontraram e Siegfried cerrou os punhos.
- Siegfried... – disse ela acariciando os cabelos dele – Não vá embora. Não desista.
- Hilda... Não torne as coisas mais difíceis pra mim - disse ele se afastando dela. Ele apoiou as mãos contra a porta, ficando de costas para ela.
- Do que está fugindo, Siegfried? – ela se aproximou dele. Siegfried baixou a cabeça - É aquela professora, não é? O que aconteceu? Você já a conhecia? – perguntou ela, tentando a todo custo compreender a atitude de Siegfried.
- Hilda...
- Me diga, por favor – disse tocando o ombro dele.
- Sim, eu a conheço – ele olhou para ela.
- O que aconteceu? Por que tanta raiva? – perguntou ela olhando diretamente para os olhos dele.
– Ela destruiu a minha vida uma vez – disse ele desviando olhar do dela – Não vou permitir que aconteça novamente.
- Você não pode passar a sua vida fugindo – disse ela.
- Eu não estou fugindo...
- Está sim. Você tem que enfrentar isso, Siegfried – ele olhou para ela, com um sorriso amargo no rosto.
- É muito fácil falar, não é? – disse se afastando dela novamente.
- Siegfried...
- VOCÊ NÃO SABE O QUE EU SENTI NAQUELA ÉPOCA, NEM O QUE EU PASSEI NOS ÚLTIMOS OITO ANOS!!!! – disse perdendo o controle. Hilda se espantou ao vê-lo tão transtornado. Siegfried deu as costas a ela e passou a mãos pelos canelos enquanto se esforçava para recobrar o autocontrole Ele se voltou para ela que o olhava surpresa e falou mais calmamente: - Eu não vou mudar de idéia, Hilda. Eu já me decidi.
- Siegfried... – Hilda chegou perto dele.
- Eu só vim avisá-la e deixar o minha carta de demissão – ele colocou a folha sobre a mesa, passou por ela e abriu a porta – Adeus. Foi muito bom trabalhar aqui – disse saindo e fechando a porta. Hilda ficou em pé, olhando para a porta. Pensando em tudo o que ele havia lhe dito. Lágrimas se formaram em seus olhos. Sentia-se mal por ele. A dor que viu em seus olhos. Ele sempre lhe pareceu triste, mas naqueles minutos em que esteve em seu gabinete, ela viu uma tristeza ainda maior. Ele estava fugindo do mundo novamente.
Continua...
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Espero que tenham gostado. Comentários são bem-vindos e necessários. Beijão.
