Saudades e Sentimentos aflorados
Já fazia um mês que Siegfried abandonara as aulas na faculdade. Nem tivera coragem para se despedir de seus alunos. Ele e Hagen já tinham discutido várias vezes, pois o amigo achava que ele tinha se precipitado. Apesar das discussões entre ele e Hagen serem bem pesadas às vezes, ele não conseguia ficar bravo com o amigo, pois sabia que ele estava apenas tentando ajudá-lo. Fenrir também viera conversar com ele, tentar persuadi-lo a voltar atrás, mas Siegfried estava irredutível. Passava o dia inteiro em seu escritório, trabalhando, resolvendo os problemas das empresas de seu pai e quando chegava em casa, ia para a frente de seu laptop e escrevia seu livro. Foi a forma que encontrou para evitar ficar pensando se o que tinha feito era certo ou errado. Mas, quando ia se deitar, na solidão de seu quarto, quando não podia fazer nada para que os pensamentos não viessem lhe atormentar, nesses momentos, ele não conseguia evitar pensar em Hilda. Sentia saudades dela. Estava começando a baixar suas defesas. Seu coração ela já havia conquistado, ele precisava apenas de coragem para admitir isso. Mas, seu medo de ser magoado novamente voltou junto com aquela mulher. Precisava esquecer todo o resto e se preocupar apenas com seu trabalho.
Na faculdade
Os alunos sentiam falta do professor. Queriam saber porque ele havia saído da. Estavam gostando tanto de tê-lo como professor.
- Senhorita Njörd, a senhorita o demitiu? – perguntou uma aluna. Os alunos tinham se reunido para irem falar com Hilda.
- Não. Ele pediu demissão. – ela respondeu tristemente. Também não conseguia esquecê-lo, por mais que tentasse, sempre se pegava pensando nele. Estava apaixonada por ele e sentia saudades.
- Mas por que, senhorita? – perguntou Freir.
- Isso é um problema particular. Eu não tenho o direito de falar qualquer coisa a vocês. – disse ela. A verdade é que nem ela mesma sabia dos motivos de Siegfried. Os alunos saíram da sala desanimados. Esperavam que ela soubesse alguma coisa sobre Siegfried. Sentiam falta dele, ele era bem-humorado, sabia explicar a matéria e se preocupava se os alunos estavam entendendo ou não. Ficaram conversando parados no corredor, quando Hagen chegou e os viu. Curioso, se aproximou do grupo.
- Ora, ora! Mas que bagunça é essa aqui no corredor? – disse ele sorrindo.
- Senhor Skändi! – disse uma aluna – Talvez ele saiba! – disse para os colegas, que se aproximaram dele.
- Talvez eu saiba sobre o que? – perguntou quando os alunos o cercaram.
- Por que o senhor Sigurd saiu? – perguntou Freir.
- Eu... ele teve um problema particular. Eu não tenho o direito de ficar espalhando isso. – disse ele.
- Mas, senhor Skändi... ele tem que voltar. Aquele cara que está dando aulas pra nós agora é um "mala", não entende nada e não se importa com o nosso aprendizado – disse Freir.
- Só queríamos falar com ele – disse Aino. Hagen olhou para eles e sorriu.
- Como Siegfried é tolo! - pensou ele - Está bem! Eu vou levá-los até a casa dele e vocês poderão falar com ele pessoalmente. Mas só vocês dois, senão vai virar uma farra e ele provavelmente estará ocupado. Preparem-se, amanhã nós iremos até a casa dele.
- Obrigado, senhor Skändi! – disseram os alunos foram embora. Freya passou pelo corredor e ouviu o que Hagen dissera.
- Vai tentar trazê-lo de volta?- perguntou – Não sabia que ele ainda era tão apaixonado por mim, assim. – disse com um sorriso malicioso. O comentário fez com que Hagen se enfurecesse.
- Ele sente raiva de você. Ele sabe o tipo de pessoa que você é. Acha que você é capaz de fazer algo para prejudicá-lo. E quer saber de uma coisa? Eu acho que ele tem toda a razão. Você é uma cobra e ele sabe muito bem disso. Aliás, todos nós sabemos. – Flear os viu discutindo e se aproximou. Sabia que Hagen detestava aquela mulher e ela adorava provocá-lo. Às vezes, ele ficava no seu limite. Era só mais uma palavra e ele seria capaz de voar no pescoço dela.
- ESCUTA AQUI, SEU... – ela ia respondê-lo quando Flear apareceu.
- Hagen... – Flear o chamou e Freya se deteve irritada. Afastou-se do casal furiosamente. Hagen olhou para Flear e sorriu.
- Oi! – disse com um sorriso maroto.
- Você estava discutindo com ela de novo?! – perguntou ela.
- Ela é quem provoca. Eu não dirijo a palavra a ela, desde de que ela também não fale comigo. – disse ele ficando sério. Ele se aproximou de Flear.
- É engraçado ver você discutir com ela. – disse ela rindo – Eu vi você conversando com um grupo de alunos. Está tendo algum problema? – perguntou.
- Não. Eles estão querendo saber sobre Siegfried.
- Eles tinham me perguntado sobre ele também... Foi por causa dela, não é?
- Eu já conversei tanto com ele sobre isso. Não concordo com sua atitude. – disse ele exasperado.
- E o que você pretende fazer? – perguntou ela.
- Eu? Nada. Apenas vou levar uns alunos a casa dele amanhã... – ele deu um sorriso malicioso – Quero ver ele resistir ao pedido de seus alunos...
- Hagen, Você vai fazer chantagem sentimental com ele?
- É... mais ou menos.
- Eu aprovo! – Flear olhou para os lados e se aproximou um pouco mais de Hagen e sussurrou – Acho que... acho não... tenho certeza de que Hilda está apaixonada por ele, ela está sofrendo por estar longe dele. - Ela me mata se souber que eu contei isso - pensou.
- Se não fosse aquela víbora ter voltado! Eu tenho certeza de que Siegfried estava começando a se render, a baixar suas defesas... tenho certeza de que ele também está apaixonado por Hilda, mas a presença dessa mulherzinha o fez sentir-se inseguro novamente. O fez lembrar-se do que sofreu no passado. E acredite... Acho que ele não suportaria passar por tudo aquilo novamente.
- Se precisar de alguma ajuda, pode falar. Minha irmã nunca tinha se apaixonado antes. Ela sempre viveu para os estudos e agora... Para o trabalho. Quero vê-la feliz. – ela sorriu. Ele a olhou nos olhos e também sorriu. Seus olhos azuis passearam pelo rosto dela, e pararam sobre uma mancha de giz perto de sua boca.
- Seu rosto está sujo de giz... – disse ele erguendo a mão instintivamente para retirar a mancha. Ela se arrepiou ao sentir o toque da mão dele em seu rosto. Ele percebeu a reação dela e seus olhos se voltaram para os olhos verdes. Hagen voltou o olhar para sua boca e ela entreabriu os lábios, não conseguindo conter um suspiro. Ele acariciou o lábio inferior com o polegar e ela fechou os olhos sentindo um delicioso tremor percorrer seu corpo. Vendo que ela não se afastava de seu toque, Hagen se inclinou... seus lábios estavam quase se tocando...
- Flear! – chamou Hilda aparecendo de repente no corredor e pegando-os em flagrante. Flear a Hagen se assustaram e se afastaram. Ambos olharam pra ela, que os olhava maliciosamente.
- Tchau, Hilda! – disse Hagen tentando disfarçar o melhor que pôde. Ele olhou para Flear. – Tchau, Flear... - disse ele – Desculpe... - sussurrou, olhando para ela. Tentando ver se ela estava chateada com ele.
- Tchau, Hagen... – disse ela dando um tímido sorriso. O coração de Hagen acelerou e ele também sorriu – Até amanhã. – disse ela se inclinando para ele e beijando-o no rosto. Flear passou por ele e saiu com Hilda. Hagen tocou o local onde ela o tinha beijado e sorriu. Estava perdidamente apaixonado.
Continua...
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