Retorno

Siegfried estava mais nervoso do que o de costume. Voltou para casa mais cedo naquele dia. Dormira muito mal na noite anterior. Entrou em sua casa e subiu as escadas correndo em direção a sua suíte. Separou suas roupas e foi para o banheiro, tomou seu banho rapidamente e se vestiu. Desceu para preparar um lanche. Mil pensamentos passavam por sua mente, e o mais importante deles era que veria Hilda novamente. Estava com tantas saudades. Já fazia mais de um mês que não a via. Sentia-se apavorado com a idéia de ela não querer aceitá-lo de volta à Faculdade. Ela estava bastante chateada com ele quando se viram na última vez. Tomou seu lanche rapidamente e saiu de casa.

Menos de quinze minutos depois... Estava na Faculdade. Desceu do carro. Caminhava até a porta de entrada. A cada passo que dava, seu coração se acelerava. Entrou naquele lugar que lhe trazia tantas boas lembranças. Caminhava pelo enorme corredor. Suas mãos, apesar de frias, suavam muito. Estava extremamente nervoso. Pedia apenas que não encontrasse aquela mulher em sua frente. Continuava andando. Chegou em frente à porta do gabinete de Hilda. Respirou fundo. Esfregou as mãos uma a outra, tamanho nervosismo que estava sentindo. Ficou ainda alguns instantes parado, pensando se deveria ou não fazer aquilo. Estava criando coragem para bater à porta. Tinha ido até lá para isso, não é? Controlando-se ao máximo que pôde... Bateu na porta. Esperou alguns segundos... E então ouviu aquela voz doce e melodiosa:

- Pode entrar! – respondeu Hilda. Siegfried tocou a maçaneta da porta, respirou fundo mais uma vez e... Entrou. Hilda estava escrevendo alguma coisa e não levantou a cabeça imediatamente. Siegfried ficou parado, olhando-a extasiado. Sentira tantas saudades. Seu coração disparou ao revê-la – Aconteceu alguma coisa, Flear? – perguntou. Hilda e finalmente ergueu a cabeça...  Seus olhos se encontraram. Ambos perderam o fôlego. Dois pares de jóias se fitando intensamente. Safiras e ametistas brilhando com a felicidade do reencontro. Hilda estava visivelmente surpresa – Siegfried?! – exclamou levantando-se. Pensara tantas vezes em ligar pra ele e pedir que voltasse, mas quando se lembrava de como ele estava quando resolvera ir embora, achava que era melhor não se envolver. Vendo-o de volta a deixou surpresa e imensamente feliz.

- Olá, Hilda – disse ele, ainda apreensivo.

- Eu não acredito... Siegfried! – ela cobriu a boca com a mão. Hilda contornou a mesa, ficando de pé na frente dele, com a mão esquerda apoiada sobre a mesa.

- S... Será... Que eu poderia... v... Voltar a dar aulas aqui? – perguntou inseguro. Hilda nunca o tinha visto tão nervoso.

- ... – Hilda não conseguiu responder nada, apenas sorriu. Siegfried sentiu com se um enorme peso tivesse sido retirado de sobre seus ombros quando a viu sorrir, mas a reação seguinte dela o deixou atordoado. Hilda se jogou em seus braços, enlaçando-o pela cintura, encostando a cabeça em seu peito, podendo ouvir o coração dele batendo forte. Não conseguiu se conter ao vê-lo. Tinha sentido tantas saudades dele. Ele não conseguiu resistir e a envolveu em seus braços, estreitando-a de encontro ao peito. A emoção que Siegfried sentiu tendo-a tão perto de si fez seu coração bater tão violentamente que lhe faltava o ar. Ele encostou os lábios na testa dela, sentia o perfume de seus cabelos. Ela estremeceu ao sentir os lábios dele tocando sua testa, o cheiro maravilhoso de sua colônia a estava deixando zonza. Ela levantou o rosto para fitá-lo. Ele olhou para o rosto dela e sorriu. Hilda também sorria. Estavam perdidos no olhar um do outro. À distância entre seus lábios era de apenas alguns centímetros, e sem que se dessem conta... Foram se aproximando cada vez mais, alheios ao mundo a sua volta, mas voltaram à dura realidade ao ouvirem leves batidas na porta. Afastaram-se, sobressaltados e constrangidos, mas felizes. – En... Entre – disse Hilda tentando firmar a voz. Flear entrou.

- Hilda eu... Siegfried! – disse sorrindo, surpresa – Que bom revê-lo!

- Oi Flear... – disse ele, com um meio sorriso. Flear ficou ainda surpresa, nunca tinha visto ele sorrir.

- Está de volta? – perguntou ela. Siegfried olhou para Hilda.

- Mas é claro que está! – disse Hilda sorrindo para ele. Siegfried retribuiu o sorriso dela. Nunca se sentira tão feliz em toda a sua vida.

- "timo! Hagen cumpre mesmo sua palavra. – Siegfried olhou para ela curioso – Ele disse que faria você voltar.

- Bem... Acho que ele conseguiu... – ele tornou a olhar para Hilda – Quando eu posso recomeçar com as aulas? – perguntou.

- Segunda-feira está bem pra você? – perguntou, olhando-o timidamente. Flear olhava ora para Hilda, ora para Siegfried, captando todas as reações deles. Tinha certeza: estavam perdidamente apaixonados um pelo outro. Só precisariam de um empurrãozinho.

- Está ótimo! – disse ele sorrindo. Olhou-a intensamente. Engoliu em seco – Eu preciso ir agora. Tchau Hilda. – disse se afastando.

- Tchau Siegfried. – respondeu ela sonhadoramente.

- Tchau Flear. – disse ele.

- Tchau Siegfried e seja bem-vindo – disse ela.

- Obrigado. – saiu da sala. Respirou aliviado e se afastou da porta, sorrindo.

- Hilda! Ele voltou! – disse Flear se aproximando da irmã. Hilda olhou pra ela e lágrimas escorreram de seus olhos violetas. Ela abraçou Flear e acabou confessando seus sentimentos:

- Eu tive tanto medo de nunca mais voltar a vê-lo! – Flear afagou os cabelos da irmã e sorriu. – Eu nunca me senti tão feliz quanto estou me sentindo agora!

- Não sabe com eu fico feliz por você, minha irmã!

Siegfried andava distraidamente pelo corredor, quando encontrou com alguém. Assustou-se, pois estava tão distraído que nem se dera conta de que vinha alguém na direção oposta.

- Siegfried!

- Hagen! – sorriu ao ver o amigo.

-E então... Como é que foi? – perguntou, curioso.

- Eu estou de volta! – disse sorrindo como Hagen há muito tempo não o fazer. Mais de oito anos – Ela me aceitou de volta na Faculdade!

- Que bom! E você já disse a ela o que sente? – perguntou indiscreto. Siegfried olhou-o surpreso pela pergunta tão direta.

- Não sei do que está falando. – desconversou ficando sério novamente.

- Não sabe, é? – provocou.

- Pare de falar asneiras, Hagen! Vá trabalhar e não me amole! – disse ele irritado.

- Eu sei que você gosta dela, Siegfried... E sabe de uma coisa? – Siegfried o olhou intrigado – Ela também gosta de você... Ou melhor... Vocês se amam... – disse Hagen sorrindo. Siegfried baixou a cabeça e não pôde evitar o sorriso que lhe veio aos lábios. Estava de volta e sentiu, no momento em que a abraçou que talvez seus sentimentos fossem correspondidos.

Continua...

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