Provas

            O dia seguinte foi difícil. Siegfried foi até a faculdade para suas aulas. Entrou na primeira sala...

O ambiente estava bem carregado. Os alunos permaneciam em um silêncio nada natural. Siegfried colocou suas coisas sobre a mesa e encarou-os, um a um. Respirou fundo e começou a falar:

- Eu... Não sei o que dizer a vocês. Eu nunca pensei que teria que passar por isso... – ele fez uma pausa, passou a mão pelos cabelos e continuou: - Eu vou me afastar da faculdade até que tudo seja esclarecido. Não quero constranger ninguém com a minha presença...

- O senhor não fez isso... Fez? – perguntou um dos alunos. Siegfried o encarou.

- Não... Mas o dinheiro roubado foi encontrado nas minhas coisas. Por isso... Eu sou o principal suspeito... – aquele dia tinha sido só de explicações. Siegfried conversou e explicou sua situação em cada sala pela qual passara naquele dia e ficou feliz ao ver que a grande maioria de seus alunos acreditava em sua inocência. O dia estava chegando ao fim e ele estava satisfeito por ter conseguido evitar um encontro com Hilda. Não queria vê-la.

            Finalmente chegara a hora de ir embora. Siegfried caminhou até o estacionamento onde estava sua moto. Hilda o viu caminhando cabisbaixo. Foi até ele depressa. Chamou-o, mas ele aparentemente não a ouviu. Montou em sua moto e partiu rapidamente. Hilda viu-o desaparecer rua abaixo. Ela precisava falar com ele. Precisava dizer a ele que acreditava... Que sempre soube que ele era inocente.

            Siegfried ainda podia ouvir a voz dela lhe chamar... Mas não queria vê-la. Não queria falar com ela. Ainda estava muito chateado.

Chegou em casa e foi direto para seu escritório. Precisava ver como estavam as coisas com os negócios de sua família, que provavelmente estava bastante prejudicado por causa do escândalo envolvendo seu nome. Precisava provar logo sua inocência...

Três dias depois...

            Hilda já não agüentava mais. Precisava falar com ele... E desta vez não o deixaria fugir. Ela pegou sua bolsa e as chaves do carro e foi direto para a garagem. Chegou à garagem e entrou em seu carro e deu a partida. Dirigia rapidamente em direção a casa de Siegfried. Pensava no que iria dizer a ele. Como poderia se desculpar? Todos esses pensamentos lhe vinham à mente ininterruptamente.

Ela parou em frente à mansão. Nunca tinha estado na casa dele. Ficou impressionada. Era enorme. O jardim muito bem cuidado... Ela caminhou até a enorme porta... Detalhadamente trabalhada. Tocou a campainha. Depois de alguns minutos a porta se abriu.

- Hilda?! – Siegfried a encarou surpresa. Hilda o fitou intensamente. Ele estava diferente. Parecia cansado, desanimado. – O que você quer Hilda? – a frieza dele a perturbou, mas ela não voltaria atrás agora.

- Eu precisava falar com você... – disse ela. Siegfried encarou-a indeciso. – Por favor, Siegfried... – Ele cedeu e deixou-a entrar.

- Pode falar. – disse caminhando para a sala sendo seguido por Hilda.

- Siegfried... Eu sinto muito... – ela disse. Ele se voltou para olhá-la – Eu nunca desconfiei de você, mas...

- Mas...? – perguntou seriamente – Mas, o que Hilda? Nunca desconfiou? Não foi o que me pareceu... – disse ele.

- Eu fiquei confusa...

- Confusa?! – ele passa a mão pelos cabelos nervosamente caminhando até a enorme janela, não encarando Hilda. Sentindo-se muito frustrado com o que estava ouvindo.

- É Siegfried! Confusa, sim! Fiquei em choque quando vi aquele envelope ser retirado de dentro de sua pasta! – ela caminha até ele e toca-lhe o ombro. Siegfried a encara. Seus olhos se encontram e Hilda respira fundo. As palavras que estavam por vir seriam as mais difíceis que já dissera em toda a sua vida. – Meu lado racional me dizia que eu devia acreditar no que meus olhos viam... Na prova contundente que havia sido encontrada entre as suas coisas... – ela tocou o rosto dele e Siegfried não pôde conter o tremor que lhe tomou o corpo. A distância entre seus lábios era de meros centímetros... Ele podia sentir o calor da respiração dela lhe tocando o rosto. Seus olhos azuis desviaram-se para os lábios tentadores, antes de voltarem a fitar aquelas ametistas deslumbrantes. – Mas... – os olhos dela percorreram o rosto dele, enquanto ela suavemente lhe acariciava os cabelos – Mas... Meu coração me dizia que você era inocente... Eu acredito em você Siegfried... – ela disse fitando-o intensamente. Hilda e Siegfried se perderam no olhar um do outro, a respiração de ambos se acelerou... Estavam ligeiramente ofegantes. Siegfried se inclinou em direção a Hilda, seu braço esquerdo envolveu-lhe a cintura, trazendo-a para junto de seu corpo, os lábios quase se tocando...

            O som irritante da campainha os assustou. Siegfried se afastou de Hilda e respirou fundo. Hilda virou para a janela, a mão contra o peito como se tentasse acalmar seu coração que estava disparado. Ela só não sabia dizer se essa taquicardia fora provocada pelo susto ou pelo quase beijo entre ela e Siegfried. Um pequeno sorriso se formara em seus lábios. Siegfried caminhou até a porta e abriu-a. Esperava que fosse Hagen ou Fenrir, mais provavelmente... Ambos. Enganara-se. Ficou surpreso.

- Senhor Hildegurd! – ao ouvir o nome, Hilda olhou em direção à porta.

- Será que podemos conversar rapaz? – perguntou o delegado.

- Claro. – respondeu – Entre, por favor. – afastou-se da porta dando passagem ao delegado. Este deu uma bela olhada em todo aquele cômodo. Era de uma elegância impar. Quando chegaram à sala de estar, o delegado viu Hilda, parada próxima à janela e teve certeza de que sua intuição estava certa. Estava acontecendo algo entre os dois. A jovem parecia ruborizada e o rapaz um tanto nervoso.

- Eu espero não ter interrompido nada. – ele se voltou para Siegfried e olhou-o maliciosamente. Siegfried estreitou os olhos. O delegado sorriu levemente. Ficara óbvio naquele dia em que prendera Siegfried que a bela diretora e o jovem professor tinham sentimentos muito profundos um pelo outro.

- Eu já estava de saída. – disse Hilda. – Como vai senhor Hildegurd? – perguntou ela estendo a mão a ele. Este tomou a mão dela na sua e fez uma breve reverência.

- Eu vou muito bem, obrigado por perguntar senhorita Njörd.

- Eu vou indo...

- Com licença senhor Hildegurd. Vou acompanhar a senhorita Njörd até a porta.

- Claro, claro. Fique à vontade...

- Sente-se, por favor. Eu não demoro.

            Siegfried conduziu Hilda até a porta. Ele abriu a porta e antes de sair, Hilda se voltou pra ele e olhou-o nos olhos.

- Eu acredito em você. – disse ela e ficou na ponta dos pés. Siegfried sentiu seu corpo todo estremecer ao sentir os lábios dela tocarem seu rosto. Ela se afastou dele e acariciou seu rosto ternamente – Tchau.

- Tchau... – respondeu ele, vendo-a se afastar. Ele ficou à porta até ver o carro dela desaparecer. Siegfried fechou a porta e voltou para a sala. – Desculpe e demora.

- Não se preocupe com isso. – o policial o encarou com um sorriso malicioso. – Você gosta dela, não? – perguntou. Siegfried encarou-o primeiro surpreso e depois desafiadoramente.

- Acho que isso não tem nada a ver com a investigação... – disse vendo Hildegurd estreitar os olhos – e... Se não tem nada a ver com a investigação... Não é da sua conta. – policial sorriu.

- Você é um pouco arredio, não?

- E o senhor... Não acha que é um pouco intrometido, não?

- Hei... Rapaz, eu sou a autoridade por aqui... Eu só fiquei... – Siegfried do interrompeu.

- Afinal... O que veio fazer aqui? – perguntou sem um pingo de paciência.

- Vim lhe dizer que o caso foi esclarecido.

- O quê?!

Continua...

Olá, por hoje é só. A fic está quase acabando. Não se preocupem, eu não os deixarei curiosos por muito tempo. Beijão a todos.