Disclaimer: Todos os personagens desta história pertencem a J.K.Rowling, assim como parte do enredo. Portanto, eu não passo de uma escritora amadora que tenta se divertir e divertir os outros escrevendo histórias usando os personagens de outra autora, que por sinal são magníficos.

Gostaria de, novamente, me desculpar pela demora, eu só consegui terminar esse cap uma semana depois do planejado. Fiquei um pouco sem inspiração, e para ajudar, gastei dois dias escrevendo cinco páginas que viriam a ser completamente deletadas no dia seguinte porque, segundo minha mana, estavam uma porcaria.
Queria agradecer a todos que estão acompanhando esta fic e estão enviando reviews e pedir que tenham paciência pois estou tentando escrever o mais rápido possível.
Agora vão umas palavrinhas aos meus reviewers do terceiro cap: - Anaisa: Fiquei muito feliz em saber que está gostando da fic. Espero que goste desse cap tb. Admito que demoro bastante para dar update e sei o quanto é ruim ter que esperar tanto, mas estou indo o mais rápido que posso, juro! Continue reviewsando, please. Bjks. - Aline Potter: Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito obrigada!!!!! Nossa! Eu nunca havia recebido tantos elogios juntos. heheheheh. É muito bom saber q vc está gostando da fic, espero q este cap faça juz a todos os elogios. Não deixe de reviewsar, please. Bjks. - Dani Lupin: Sua review, assim como a anterior, foi magnífica! Adorei seus comentários. Quanto aquilo que vc falou sobre a Lily ser mais cordial com o Lupin eu concordo, mas é que ela acredita que ele seja um cúmplice, que está ali para conseguir safar os marotos, por isso é tão grossa com ele. Quanto a comparação entre Karen e Susa e Lilá e Parvatil, elas realmente são muito parecidas, acho que vc vai achar isso mais ainda depois de ler esse cap. Gostei muito do que vc escreveu sobre o fato de Tiago, na minha fic, não ficar beijando o chão que Lily pisa, eu não conseguia imaginar ele dessa forma, pois apesar de gostar da Lily, ele é muuuuuito orgulhoso, convencido e mulherengo... Isso não combinaria. Mas as coisas vão mudar e aquele episódio do quinto livro vai se encaixar. Fiquei muito feliz em saber que minha fic te inspirou a escrever também. Assim q eu tiver um tempinho prometo q vou ler sua short fic e te mandar uma review. Espero muito q vc goste desse cap e continue mandando essas reviews q eu leio com tanto gosto. Bjks. - Ruby-Chan4: Como vai a minha primeira reviewer? É muito bom receber suas reviews e saber q apesar de toda essa demora vc continua acompanhando a fic, e ainda melhor é saber q está gostando. Eu confesso q tb não vejo a hora q chegue a parte interessante, mas ainda falta um pouquinho... Espero q goste desse cap! Não deixe de reviewsar, please. Bjks.

Antes de começar a fic, gostaria de agradecer, novamente, às minhas duas beta readers. Minha mana, Metleir, que teve toda paciência para ler e discutir a fic sempre q necessário, e todo senso crítico para advertir-me mesmo qnd não era tão necessário assim. Ela tb me deu umas boas idéias para esse cap. Minha outra beta reader, Moony Black2, como sempre com seus olhos atentos, capazes de detectar erros e dar opiniões e críticas o mais construtivas possíveis. Graças a ela pude acrescentar algo muito importante no final desse cap q havia até então me passado despercebido. Valeu mesmo!!!!
Agora vamos à fic...

CAPÍTULO 4 – O Banquete de Abertura do Ano Letivo

Lílian Evans, exercendo pela primeira vez o papel destinado somente aos monitores-chefes de Hogwarts de conduzir os alunos do primeiro ano até Hagrid, se posicionou na porta do trem, de onde pôde gritar e ser ouvida por todos os passageiros:

- "Acabamos de chegar na Estação de trem de Hogsmeade! Todos os que não estiverem cursando o primeiro ano serão conduzidos a Hogwarts, como de costume, através das carruagens que estarão esperando fora da Estação. Alunos do primeiro ano! Por favor me sigam!" Sua voz era repleta de autoridade e apesar de não passar de um pedido, soava bastante como uma ordem, lembrando um general se dirigindo à sua tropa.

Rapidamente, foi se formando em frente à ela uma pequena fila formada por alunos de baixa estatura, quase todos com uma expressão amedrontada no rosto, temerosos em saber o que o destino lhes aguardava dentro daquele castelo.

Um novo apito, mais agudo e prolongado que o primeiro, anunciava a abertura das portas. Lily foi a primeira a descer, seguida pelos alunos novos. Seus olhos permaneceram por alguns segundos percorrendo toda a extensão da Estação como se procurasse algo. Pouco depois, uma alta figura, cuja cabeça estava envolta por uma densa nuvem de pêlos, em que era difícil definir o que era cabelo e o que era barba, veio andando em direção à fila de alunos liderados por Lily. Seu andar era um tanto lento, o que se devia à quantidade de massa corporal que tinha de movimentar. Quando ele chegou perto o bastante para conseguir distinguir o rosto de cada aluno, seus olhos naturalmente se fixaram na jovem monitora-chefe e seu rosto se contorceu num amistoso sorriso, o que pareceu acalmar grande parte dos pequeninos que acompanhavam Lily, muitos dos quais haviam, involuntariamente, prendido a respiração.

-"Lily!!! Há quanto tempo!!! Passou bem o verão?" Sua voz, apesar de ser extremamente grave, era cheia de ternura e carinho.

Sem dar chance de Lily responder a pergunta, o bondoso homem se lançou sobre ela em um abraço bem apertado. Alguns alunos pensaram ter visto passar pelo rosto da monitora, uma onda de dor enquanto o estranho a abraçava. Essa expressão porém, foi logo substituída por outra que demonstrava felicidade, e ela logo retribuiu o abraço. Quando eles se separaram, ambos ainda sorrindo, Lily disse:

-"É muito bom ver você, Hagrid! Estava morrendo de saudades! O verão foi muito bom..." A resposta da jovem foi sincera até um certo ponto, mas o fato de ela ter mentido quanto à qualidade de seu último verão passou despercebido por todos ali.

-"Vejo que se tornou monitora-chefe... Dumbledore não poderia ter feito uma escolha melhor. Parabéns!" Hagrid disse, após notar o distintivo preso nas vestes da jovem.

-"Obrigado..." Nesse momento Lily ficou meio desconcertada e corou, mas continuou sorrindo, orgulhosa.

Para o seu alívio, a atenção de Hagrid foi, logo depois, desviada para os alunos que seguiam-na. Ele os olhou sorrindo e finalmente disse:

-"E quem são esses pequenos? Precisamos ser apresentados."

Como se tivesse acordado de um sonho ou algo parecido, Lily disse esbaforida.

-"Ah sim! Como pude me esquecer?!" 'Sua idiota!' Em seguida Lily fez um barulho com a garganta, pigarreando, e disse:

-"Alunos do primeiro ano, este é Hagrid. Ele irá acompanhá-los em sua travessia pelo lago até Hogwarts."

Hagrid cumprimentou-os sorrindo largamente, sorriso este, que foi retribuído por quase todos os alunos. Alguns é claro o olharam com desprezo. 'Sonserinos, com certeza.'

Enfileirados, os novos alunos seguiram Hagrid e, após se dividirem em grupos, ocuparam todos os botes. Pouco depois seus rostos já haviam desaparecido na escuridão que tomava conta do lago, eventualmente visíveis pela luz que emanava do candelabro pendurado em cada bote.

Lily permaneceu ali, na borda do lago, por alguns minutos, admirando a beleza e tranqüilidade daquele espelho d'água, vendo refletido nele o castelo, com suas altas torres, que apontavam para o céu, com todas aquelas janelas, pelas quais era possível ver a luz liberada pelas lareiras que ardiam dentro de cada cômodo. Aquela visão aquecia o coração da jovem. Durante seis anos Hogwarts havia sido muito mais do que uma simples escola, muito mais do que um simples internato, muito mais do que um simples castelo cheio de coisas diferentes e inusitadas, muito mais que somente magia. Hogwarts fora sempre uma segunda casa para ela, e, em muitos aspectos, melhor que a primeira. Nela ela havia descoberto a amizade, havia finalmente encontrado pessoas iguais a ela, e havia compreendido que não pertencia ao mesmo mundo de seus pais ou de sua irmã, e isso explicava muita coisa... Como o fato de ela nunca se sentir completa no mundo dos trouxas, pois por maior que fossem os motivos de sua alegria, Lily sempre sentia que faltava algo. A jovem sentia-se uma estranha entre pessoas conhecidas e amadas. Hogwarts era como um remédio, o único capaz de fazer cessar toda aquela angústia e dúvida que assolava aquele jovem coração.

Pensar que aquela seria praticamente a última vez que veria Hogwarts daquela forma, sob aquelas estrelas, com o expresso de Hogwarts a soltar fumaça ainda parado na Estação, atrás dela... Era insuportável.

Todo aquele cenário lembrava Lily de seu primeiro ano naquela diferente escola, da primeira vez que havia visto Hagrid e como havia ficado amedrontada, da primeira e única vez que atravessara o lago e se sentira tão pequena frente à magnitude do castelo que tinha a sua frente. Fazia seis anos que aquilo acontecera, mas a memória permanecia viva na mente de Lily, como se tivesse ocorrido ontem. E doía... Doía pensar que tudo aquilo estava prestes a acabar.

Agora, mais do que nunca, o coração da jovem se enchia novamente de dúvidas. O que ela faria depois de se formar? Será que teria de voltar para a casa de seus pais? Teria que voltar a viver como trouxa de novo? Ela, apesar de ainda não estar certa, tinha uma idéia em mente e a estava considerando seriamente, mas ainda não havia compartilhado daquela opção com ninguém. Ela pretendia amadurecer a idéia antes de revelá-la, e ter certeza do que quer.

Absorta em seus pensamentos, a jovem não notou o barulho das rodas das carruagens que já atravessavam em alta velocidade ao portão que guardava a entrada para as terras de Hogwarts.

Ela permaneceu ali... Até que passos dados com dificuldade devido a lama, que envolvia o lago a sua frente, lhe avisaram que alguém vinha em sua direção. No segundo seguinte, a pessoa lhe dirigiu a palavra, numa voz um tanto hesitante:

-"Er... Evans? Lily? Está na hora de ir, a carruagem dos monitores já está partindo..." A voz pertencia a Remo Lupin, que estava atrás de Lily e a contemplava com um olhar apreensivo.

Percebendo a presença do companheiro, Lily tentou rapidamente disfarçar as lágrimas que lhe molhavam o rosto. Não era uma tarefa fácil, visto que, apesar das lágrimas terem sido controladas, a tristeza permanecia estampada em seus olhos e em sua expressão. Por mais que ela tentasse sorrir, ainda era possível ver que na verdade chorava. Mesmo assim, a jovem não mediu esforços para disfarçar seus sentimentos. Depois de alguns segundos, em que Lily tentou rapidamente extinguir qualquer vestígio de que chorara, ela se virou, sorriu para Lupin, e disse:

-"Ah sim... Eu estava só... Er... Me certificando de que nenhum aluno caísse no lago. Imagine o que aconteceria se um deles fosse pego pela lula- gigante!" Ela disse isso fingindo-se preocupada.

Apesar de não acreditar na desculpa esfarrapada de Lily, Remo sabia melhor do que contestá-la. Seis anos de convivência com a jovem foram mais do que suficientes para ensiná-lo que não é sensato iniciar uma discussão com ela.

Seguida por Lupin, Lily se dirigiu ao coche e tomou o assento mais próximo à janela, pois dessa forma ela podia fingir estar admirando a paisagem e desviar seu rosto, evitando os olhares curiosos lançados pelos outros monitores.

A viagem seguiu em silêncio.

Um movimento brusco, que sacolejou toda carruagem, indicou que haviam chegado ao Castelo. A enorme porta de carvalho, certamente a principal porta de acesso ao castelo, podia ser vista pela janela da carruagem.

Lily estava prestes a abrir a porta do transporte para descer, quando alguém a abriu por fora, usando um pouco mais de força que o necessário, o que fez com que ela batesse em um dos lados da carruagem e voltasse. Antes, porém que a porta fechasse outra vez, uma mulher com uma expressão muito séria no rosto a segurou. A mulher vestia uma veste comprida, feita de um tecido verde-musgo aveludado, com um chapéu-côco combinando. Seus cabelos eram extremamente negros e brilhantes, estavam presos em um perfeito coque atrás de sua cabeça e haviam sido cobertos por uma redinha preta. Aquela era uma das mais jovens professoras de Hogwarts, não que isso significasse muito, já que um de seus colegas era um fantasma. Mas mesmo com menor experiência de trabalho, McGonagall era considerada uma das melhores professoras do castelo. Lily a tinha em grande estima e respeito. As aulas de transfiguração, lecionadas por Minerva, eram suas preferidas. A jovem monitora-chefe havia ficado muito feliz quando McGonagall havia sido escolhida diretora da Grifinória por Dumbledore em seu quarto ano, após a saída do professor de feitiços August Levingn, o antigo diretor da casa, que fora prontamente substituído pelo professor Flitwik.

A professora permaneceu fitando os alunos que estavam dentro da carruagem com a mesma expressão séria de sempre, porém era possível notar em seus olhos vestígios de irritação e desapontamento. Ela então disse:

-"E então? Por que demoraram tanto? Estou lhes aguardando há tempo. Vocês deveriam ser os primeiros a chegar, já que são monitores." Sua voz estava um pouco mais aguda e enérgica que o normal, o que demostrava sua impaciência.

Todos os monitores que estavam dentro do coche permaneceram calados, certamente aguardando para os monitores-chefes se pronunciarem. Lily, vendo que Lupin já abria a boca para dar uma desculpa à professora, foi mais rápida, afinal, o atraso ocorrera por sua causa, e logo disse:

-"Foi tudo minha culpa professora. (Nesse momento ela abaixou a cabeça como se reconhecesse sua culpa.) Eu quis me certificar de que todos os alunos estavam seguros dentro dos barcos e haviam atravessado a cortina de hera em segurança antes de deixá-los." Sua voz era baixa e suave, capaz de convencer qualquer um que a ouvisse. Lily certamente era uma excelente atriz.

Depois de ouvi-la, a expressão da professora relaxou e houve quem achasse que ela quase sorrira. Ela se deslocou de modo a permitir a saída dos alunos do coche e, fitando os dois monitores-chefes, disse:

-"Vocês dois se dirijam à minha sala, lá dentro, sobre a minha mesa haverá dois pergaminhos onde escrevi o que eu antes pretendia falar-lhes caso não tivessem se atrasado. Agora terei que receber os novos alunos que já estão chegando. E vocês," Ela disse para os outros monitores. "podem ir para o Salão principal, a cerimônia de seleção começará logo." Seu tom, apesar menos áspero, continuava autoritário.

Sem outra palavra, a professora deu-lhes as costas, subiu as escadas e permaneceu próximo à grande porta de carvalho, de onde podia avistar os primeiros alunos saindo do lago.

Um a um, os monitores foram entrando no castelo e virando à direita, onde havia uma outra grande porta dupla, porém menor e menos suntuosa que a anterior. No momento que eles a abriam, o hall era tomado por um alto som que denunciava a algazarra que ocorria dentro daquele cômodo. Naquele som era possível distinguir animadas conversas, risos histéricos, gritos ousados de alegria e brincadeiras. Faltava muito pouco para o salão ficar cheio.

Lily e Remo foram os últimos a entrarem no castelo, passando ao lado da professora, que permanecia em sua postura perfeitamente ereta habitual, com os olhos fixos na margem mais próxima do lago, quase sem piscar. Os dois recém-nomeados monitores chefes de Hogwarts atravessaram o hall e subiram as escadas até o segundo andar em silêncio. Quando estavam longe o bastante para não serem ouvidos, Remo virou para Lily e fez uma pergunta aparentemente ingênua, mas que guardava muita malícia:

-"Você já fez algum curso de teatro?" Seu tom parecia tão ingênuo quanto a pergunta.

-"Ãh?" Lily não havia entendido a razão da pergunta, a aparente ingenuidade na voz de Lupin parecia ter funcionado bem. Ela virou de modo a encarar Lupin nos olhos, como a buscar uma explicação para aquela pergunta tão fora do contexto. Ambos continuaram andando, ao chegarem ao segundo andar se depararam com um longo corredor, no final dele ficava uma porta de madeira grossa em que estava pregada uma plaquinha de metal com a seguinte inscrição: Professora Minerva McGonagall – Aulas de Transfiguração. Aquela seria a sala da diretora da Grifinória. Enquanto se dirigiam à ela, os dois alunos continuaram conversando.

-"Aqueles cursos que os trouxas fazem para serem atores... Você já fez algum?" Ele perguntou novamente, fingindo uma expressão interessada:

-"Não... Porque?" Ela continuou a estranhar a pergunta. Dessa vez, porém, a expressão interessada pertencia à Lily.

-"É que você é uma excelente atriz."

Nesse momento os olhos da jovem ao seu lado diminuíram e ela adotou uma expressão muito séria.

-"O que você quer dizer com isso Lupin?" Sua voz havia adquirido um tom de desconfiança e ela parecia desafiar o companheiro a responder.

-"Nada, nada..." Lupin se limitou a dizer, fazendo um movimento com as mãos tentando mostrar que o que iria falar era de pouca importância. Aquilo certamente não significava que faltava coragem àquele jovem, o fato era que eles haviam acabado de chegar ao fim do corredor e encaravam a porta da sala da professora.

Lily, que não estava olhando para a frente e por isso não viu que haviam alcançado seu destino, não ficou nem um pouco satisfeita com a resposta de Remo e estava pronta para fazê-lo se explicar. O jovem porém, em uma tentativa bem sucedida de fazê-la esquecer o assunto, apontou para a porta que ficava à frente deles. No mesmo instante, Lily parou de falar.

A porta era alta e pesada, sendo de carvalho maciço, a plaquinha, que identificava a função do cômodo escondido pela aquela porta, brilhava. No lado direito da porta, estava pregada uma linda maçaneta, com motivos e formatos medievais. Os jovens, porém, por já terem tido seis anos inteiros para admirar aquela beleza rústica de porta que mais parecia uma obra de arte, não lhe deram a atenção merecida.

Lupin logo se adiantou e abriu a porta, se sentindo um tanto atrevido por não ter batido nem pedido licença ao entrar, mas, afinal, nada daquilo era necessário já que a sala estava vazia. Lily foi a segunda a entrar e, apesar de Remo ter feito a gentileza de lhe segurar a porta para que entrasse, ela nem percebeu, seus olhos estavam fixos na grande mesa que ficava no final da sala.

O cômodo estava repleto de carteiras de alunos, todas elas brilhantes e sem nenhuma poeira 'Os elfos domésticos daqui devem trabalhar muito', o chão também brilhava como se tivesse acabado de ser encerado. A sala de McGonagall, apesar de muito organizada, era uma das menos enfeitadas do castelo, enquanto a sala do professor Binns era repleta de quadros que mostravam grandes batalhas e momentos da história da magia, e a sala do professor de poções, que apesar de ser nas masmorras tinha uma decoração útil e relacionada com a matéria, isto é, frascos contendo todos os tipos de seres embalsamados boiando em formol, a sala da professora era bem simples. As paredes eram vazias exceto pelas tochas que iluminavam a sala e algumas prateleiras, localizadas no lado direito da mesa da professora. Tais prateleiras eram forradas de livros, a que os alunos tinham total acesso durante as aulas. Do outro lado da mesa, porém, ficava uma grande estante, cujas portas eram feitas de vidro inquebrável, dentro dela, na parte de cima, eram guardados todos os materiais usados durante as aulas, as caixas de fósforo, os botões, os palitos de dente, enfim, todos os objetos que deveriam se transformados em outros durante as aulas. A parte de baixo da estante parecia ser vazia, mas todos suspeitavam que aquilo não passasse de um feitiço ilusório para que os alunos não vissem o que era guardado ali. Por isso, ninguém tinha certeza do que havia ali dentro, a maioria das pessoas suspeitava que fossem os livros preferidos da professora, mas isso nunca havia sido confirmado. Nenhum aluno tinha acesso àquela estante, nem mesmo os monitores. Ela era guardada por muitos feitiços e por mais que um aluno tentasse arrombá-la, ele veria que aquilo era impossível. Os Marotos, durante o seu quinto ano, haviam tentado arrombar a parte debaixo daquela estante durante a noite, enquanto a professora estivesse dormindo. Eles, porém, amanheceram na ala hospitalar, até hoje o que aconteceu naquela noite é um mistério para toda a escola, mas uma coisa é certa, depois daquele dia, os Marotos vêm se comportando muito melhor nas aulas de McGonagall.

A única coisa naquela sala que realmente chamava a atenção era a mesa da professora. Ela tinha dois metros e meio de comprimento e um metro de largura, de modo que Minerva ficava muito pequena em relação a ela. Era inteirinha feita em carvalho envelhecido, com detalhes em mogno e marfim, além de ter aproximadamente umas trinta gavetas. O mais incrível, era que todas elas estava cheias, e a professora aparentava saber a utilidade de cada uma de cor.

A superfície da mesa estava vazia a não ser por dois envelopes brancos que haviam sido colocados com muito apreço sobre seu exato centro. Lily foi primeira a notar aquilo e correu até a mesa para pegá-los. Os envelopes eram brancos e em uma das faces apresentavam, escrito com tinta dourada, o destinatário de cada carta. Em um deles estava escrito: Senhorita Evans, Monitora-chefe da Escola de Magia e Bruxaria de Hogawarts. E no outro: Senhor Lupin, Monitor-chefe da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Lily não perdeu tempo, largou sua bolsa sobre uma das carteiras e correu para recolher as cartas. Após entregar a de Lupin, ela, com muito cuidado, abriu o seu envelope, fazendo de tudo para não estragar a cera que o lacrava e em que havia sido cunhado o emblema de Hogwarts. Ela certamente iria querer guardar aquela carta tão importante. Como se estivesse tocando algo extremamente frágil, Lily abriu a carta e começou a ler.

!!!!!!!!!!!

"Senhorita Evans,

É com imenso prazer que lhe informo seus deveres e suas responsabilidades como monitora-chefe de Hogwarts.

- Estará sobre sua responsabilidade informar aos alunos de sua casa as mudanças de senhas para entrar no Salão Comunal, assim como procurar o guardador da porta, no caso a Mulher Gorda, para se informar sobre a data das mudanças e as novas senhas.

- Você será encarregada de transmitir as informações dadas pelo diretor(a) de sua casa aos seus companheiros.

- Será sua obrigação transmitir ao seu superior qualquer acontecimento relevante que tenha ocorrido durante a ausência do mesmo.

- O auxílio aos alunos do primeiro será também sua tarefa, você deverá informá-los a localização das salas de aula, de seus dormitórios, e dos banheiros do castelo, assim como avisar seus superior sobre qualquer problema de adaptação entre eles.

- As casas que não tiveram nenhum de seus monitores escolhidos como monitores-chefe, terão os deveres acima distribuídos entre os seus monitores, mas isso não anula a possibilidade que você venha a ter que dar alguma informação a companheiros de outras casas.

- Caso note alguma ação que desrespeite as normas de Hogwarts, estará em seu poder tomar atitudes para punir o aluno culpado. Como punição você poderá descontar pontos da casa do determinado aluno ou aplicar uma detenção. Se o caso for mais grave, você deverá encaminhá-lo ao seu superior. É de suma importância que os monitores-chefes se utilizem de seus poderes de maneira JUSTA, já que a punição para qualquer desrespeito à essa regra é a perda do cargo.

- Durante as visitas a Hogsmeade, os monitores-chefes deverão auxiliar os professores no controle e supervisão dos alunos sempre que requisitados.

- Como já é de conhecimento de todos, os monitores-chefes são os coordenadores dos monitores, devendo supervisioná-los e instruí-los, lembrando-se de que um deles será o próximo a ocupar o cargo que hoje te pertence.

- É importante que o monitor-chefe tenha em mente que o cargo que ocupa exige muita dedicação e pode vir a exigir sacrifícios. Caso a escola se encontre em situações especiais, o que já ocorreu anteriormente, os monitores-chefes serão requisitados para fazer rondas no castelo durante a noite, exercer suas funções durante seu período de folga ou qualquer outro tipo de atividade que se mostre necessária.

- Os monitores-chefes devem manter uma conduta rígida e notas elevadas, além de evitar se envolver em confusões ou coisas do gênero, já que são vistos como modelos pelos outros alunos.

Teoricamente, durante o ano letivo, vocês monitores chefes, terão duas semanas em que estarão liberados de suas funções. Esse período ocorre durante as semanas de natal e ano-novo. Nos outros dias do ano, a não ser nos domingos, suas funções se mantêm.

É novamente com imenso prazer que lhe damos as boas-vindas como monitora- chefe e esperamos que faça um bom trabalho enquanto ocupar o cargo.

Sinceramente,

Professora Minerva McGonagall

!!!!!!!!!!!

'Típico da McGonagall, curto e direto ao ponto'

Lily havia lido a carta com tanta ansiedade que terminara-a antes de Remo, por isso ficou esperando o companheiro. A jovem não pôde não notar, porém, que a expressão de Lupin ao ler aparentemente o último trecho da carta mudara bruscamente, ele antes a lia de forma atenta, com uma expressão séria, como se tentasse decorar seus afazeres, mas de repente seu rosto adquiriu um ar meio incrédulo se contorceu numa careta, mostrando um sorriso amarelo. Quando Remo tirou os olhos de sua carta e percebeu que estava sendo observado, rapidamente guardou-a dentro das vestes, como se temesse que Lily a lesse. 'Não sei porque todo esse mistério, as cartas não são iguais? Só muda o nome, né?' Lupin tratou também de logo esconder aquele sorriso amarelo. Sem olhar Lily nos olhos, temendo que eles o denunciassem, Remo atravessou silenciosamente toda a sala se dirigindo à porta, a qual manteve aberta fazendo um discreto movimento convidativo com uma das mãos até que Lily passasse. Dessa vez, porém, a jovem agradeceu.

Eles percorreram todo o corredor do segundo andar e desceram as escadas, porém, quando faltava um degrau para Lily chegar ao hall, ela sentiu falta de alguma coisa e acabou percebendo que havia esquecido sua bolsa na sala da professora.

-"Droga! Esqueci minha bolsa na sala..." Sua voz soava como de uma pessoa que estava extremamente ansiosa por algo, mas havia sido impedida de fazê- lo por um imprevisto.

-"Corre lá... Eu te espero aqui..." Lily não pôde deixar de admirar a calma com que Lupin dissera aquilo, ele não parecia estar nem um pouco ansioso. 'Ou ele sabe disfarçar e controlar sua ansiedade melhor... Eu preciso trabalhar nisso..."

-"Não precisa não... É melhor você ir indo, a Cerimônia de seleção já deve estar começando, a McGonagall vai ficar furiosa se nenhum de nós estiver lá quando ela disser a primeira palavra. Além do mais, é rapidinho, eu vou correndo." Sem dar chance para Remo responder, Lily virou-lhe as costas e começou a subir as escadas correndo, pulando dois degraus de cada vez, seus ruivos cabelos esvoaçando.

Em pouco tempo ela já havia chegado ao corredor do segundo andar, de onde a porta da sala de Minerva já podia ser vista. A jovem correu bastante, até demais, abriu a porta rapidamente, sem a menor cerimônia, praticamente escancarando-a, e correu até a carteira sobre a qual havia deixado sua bolsa. Catou-a com a mesma brutalidade e deselegância, e começou a correr novamente, bateu a porta da sala atrás de si, o que fez um barulho um tanto mais alto do que Lily previra, e se dirigiu com rapidez à escadaria.

Quando pisava sobre o primeiro degrau, porém, Lily foi pega de surpresa:

-"Evans? O que você está fazendo aqui?" A voz que pronunciara tais palavras era tão rouca, grossa, cheia de desconfiança e anseios por punição, que Lily não precisou nem mesmo virar as costas para encarar quem lhe dirigira a palavra para saber que fora Argus Filch, o zelador de Hogwarts. 'A minha sorte é tão boa que as vezes me assusta.' Lily pensou sarcasticamente.

-"Er... A professora Minerva me pediu para buscar uma carta em sua mesa e eu acabei esquecendo minha bolsa lá dentro, acabei de buscá-la." Como se tentasse provar que falava a verdade, Lily mostrou a Filch sua bolsa.

Apesar de não parecer de todo satisfeito com a explicação de Lily, Filch mudou de assunto bruscamente, o que assustou a jovem.

-"Então é verdade que Dumbledore te escolheu como a nova monitora- chefe?" Sua voz continha tanto desprezo e raiva que Lily sentiu seu sangue começar a esquentar dentro de suas veias. 'Eu estudei e me dediquei muito para chegar onde estou, e não vai ser esse... esse... rabugento que vai desmerecer o que eu fiz.'

-"É sim senhor!" Lily respondeu de forma enérgica e com a cabeça levantada, de modo a encarar o zelador nos olhos.

Ao ouvir a resposta da jovem, o rosto de Filch se contorceu numa expressão de desgosto tão grande, que ele parecia ter acabado de chupar limão azedo. Ele murmurou algumas palavras para si mesmo, entre as quais Lily só conseguiu distinguir "Dumbledore" e "louco". Filch estava extremamente contrariado, ele absolutamente não gostara da seleção dos monitores-chefes daquele ano.

-"Então você vai ter que ouvir as normas da escola..." Antes que Filch prosseguisse, porém, Lily o interrompeu:

-"Ah sim... Mas eu já li todas elas durante as férias, a Professora McGonagall me mandou uma cópia do livrinho de regras, aqueles que os professores recebem sabe? Você deve ter um..." Naquele momento, as sobrancelhas de Filch se levantaram e ele assumiu um ar que lembrava incredulidade, mas também parecia estar se divertindo com a situação, o que intrigou Lily. A jovem então abriu sua bolsa e retirou de dentro dela um pequeno livro de bolso que devia ter umas dez páginas no máximo e cuja capa possuía o emblema de Hogwarts e levantou-o no ar para que Filch pudesse vê- lo melhor.

-"Esse aqui ó." Ela lhe disse.

Ao analisar o livro suspenso nas mãos da jovem à sua frente, o rosto de Filch se contorceu em um sorriso literalmente amarelo, já que os dentes que ele revelara estavam tão podres que haviam adquirido essa coloração. Vendo aquele sorriso estampado no rosto do zelador, Lily sentiu um arrepio lhe subir a espinha. Filch então disse.

-"Ah sim. Estas são as regras do Dumbledore... Agora estas..." Nesse momento, em um gesto completamente imprevisível e inusitado, Filch tirou de dentro de um dos bolsos um pergaminho enrolado, e mostrou-o a Lily. "são as minhas!" Em perfeita sincronia com sua fala, o pergaminho foi desenrolado no exato momento em que o zelador pronunciara a última palavra.

Para a surpresa de Lily, o pergaminho era tão grande que bateu no chão e foi se dobrando. A jovem não conseguiu esconder seu arrebatamento, e permaneceu por um tempo de boca aberta admirando o tamanho do pergaminho.

Depois de alguns segundos Lily foi acordada de seu momento de transe por um pigarreio, que ela concluiu pertencer a Filch. Rapidamente, a jovem se recompôs e permaneceu olhando para Filch esperando que ele lhe entregasse o pergaminho e a liberassse. Porém, ela ficou ainda mais surpresa quando Filch começou a ler em voz alta as "suas" regras.

-"Regras de conduta dos alunos da escola de Hogwarts:

É expressamente proibido o uso de magia nos corredores do castelo.

É proibido a liberação de bombas de bosta ou qualquer tipo de jogos, vendidos a delinqüentes juvenis, dentro do castelo. Essa ação poderá ser punida com detenção ou tortura. (Nesse momento ele lançou a Lily um sorriso maníaco que fez a jovem ter vontade de vomitar)

É expressamente proibido sair do castelo e depois retornar sujando o chão do castelo de lama. Caso isso ocorra o culpado será obrigado a limpar o chão com sua língua.

É proibido levar comida do café da manhã, do almoço ou da ceia para fora do salão principal. Se isso acontecer, as migalhas serão recolhidas e jogadas na cama do culpado.

É proibido correr nos corredores.

..."

Filch, porém, foi interrompido por uma impaciente Lily que, já havendo tentado diversas formas de chamar sua atenção, permanecia abanando a mão na frente do rosto do zelador. Filch, percebendo que não conseguiria continuar a leitura com aquela mão o atrapalhando, levantou o rosto do pergaminho e fitou Lily. A jovem, parecendo muito ansiosa, falou rapidamente:

-"Er...Senhor Filch? Será que o senhor poderia me entregar o pergaminho? Eu o lerei assim que terminar o banquete. Além do mais, McGonagall já deve estar brava por causa do meu atraso."

A jovem, em seguida, tentou fazer a cara mais "pidona" possível, olhando esperançosa para o zelador. Ele, porém, somente olhou para ela por alguns segundos e, depois, retornou seu olhar para o pergaminho, recomeçando a leitura de onde havia sido interrompido, ignorando completamente o pedido de Lily.

-"É proibido circular nos corredores à noite ou em período de aulas.

É proibido conversar nos corredores.

É proibido rir ou sorrir excessivamente nos corredores.

É proibido alimentar as corujas no Salão Principal. Caso esta regra seja desobedecida, os dejetos da mesma serão misturados no dia seguinte ao mingau do café-da-manhã do culpado.(Filch sorriu ainda mais nesse momento)

É proibido deixar qualquer animal de estimação solto no castelo. Todos, a não ser as corujas, devem ficar presos no dormitório ou na Sala Comunal da casa a que o dono pertence.

Não é permitida a entrada de alunos que tenham saído do castelo em dias de chuva. Os mesmos deverão permanecer do lado de fora até que a chuva pare e a lama de seus pés seque. Caso algum aluno tenha conseguido burlar esta regra, a punição será de acordo com o item 3.

..."

A jovem não havia gostado nem um pouco de ser ignorada, mas, conhecendo o Filch por seis anos, ela sabia que se quisesse ao menos participar do banquete de abertura, deveria ficar calada e aguardar o fim da lista de regras. Dessa forma, tentando ao máximo conter as ondas de fúria e a imensa vontade de contrariar Filch quando ouvia alguma regra realmente ridícula, Lily conseguiu manter a calma.

Durante mais de meia hora, em que Filch permaneceu enumerando as suas 276 regras, sem tirar os olhos do pergaminho sequer uma vez, Lily permanceu no corredor. Mas, ao final de quinze minutos de uma leitura monótona, de regras absurdas, em uma voz horrenda, Lily não agüentou e sentou no chão, encostou na parede e ficou olhado para o zelador. Apesar de não parecer ter gostado muito, Filch não obrigou Lily a se levantar, a jovem teve a ligeira impressão de que ele estava muito empolgado com a leitura para interrompê- la. Sentada, então, no corredor do segundo andar, durante os próximos quinze minutos ou mais, esperando que alguém fosse socorrê-la, Lily ignorou completamente as palavras de Filch, apesar de seus olhos estarem fixos neles, sua mente estava em outro lugar, flutuando entre sonhos e aquela realidade horrível.

Um outro pigarreio acordou a jovem que estava até então sonhando acordada com os lindos pudins de carne e as costeletas de porco que a aguardavam dois andares abaixo, no salão principal. Lily deu um pulo e permaneceu de pé em frente a Filch, ansiosamente esperando o final daquela leitura, mas por mais ansiosa que estivesse, a jovem não pôde deixar de notar que seu traseiro havia ficado quadrado, depois de tanto tempo sentada no duro chão de pedra que recobria todo o castelo, e suas costas doíam. Filch, então, lendo aparentemente as últimas linhas do pergaminho, falou ainda mais alto com uma voz muito pomposa, orgulhosamente:

-"Estas foram as regras da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Formuladas pelo coordenador e cooperador Argus Filch." 'Coordenador e cooperador!? Faça-me rir!'

Dizendo isso Filch entregou à jovem monitora-chefe o longo pergaminho e, sem lhe dirigir uma palavra, passou por ela e desceu as escadarias, aparentemente se dirigindo ao Salão Principal.

Lily não acreditava no que havia acabado de acontecer, finalmente, após ter ficado quarenta minutos ouvindo os 276 absurdos de um velho maluco, cujo passatempo preferido é atrapalhar ao máximo a vida dos alunos, visando até mesmo, em seu mais almejado sonho, torturá-los, ela poderia ir para a festa que estava acontecendo dois andares abaixo dela.

A jovem rapidamente recolheu sua bolsa do chão, guardou nela o pergaminho que Filch lhe dera, tendo que lutar contra a vontade de jogá-lo no próximo lixo que encontrasse, e saiu correndo, parando somente para dar um pulo de alegria no primeiro patamar da escada. Mas ao fazer isso, Lily lembrou-se que havia acabado de desrespeitar os itens 5 e 8 das regras idiotas de Filch e, por isso, pulou novamente. Apesar da alegria de não ter mais de ouvir aquela voz horrível pronunciando coisas maníacas, Lily sentia raiva. Raiva por ter perdido a Cerimônia de Seleção, raiva porque a professora Minerva estaria certamente desapontada com ela, raiva porque não havia podido estar lá para receber e aplaudir os novos alunos da Grifinória, raiva porque havia se atrasado para a única vez que poderia ir ao banquete de abertura como monitora-chefe, raiva porque perdera quarenta minutos de sua vida ouvindo aquele paspalho.

No instante seguinte, a jovem desejou com todas as forças que Filch não tivesse se demorado na escada, que ele estivesse seguro, sentado próximo aos professores, ou ela seria capaz de lançar-lhe uma bomba de bosta certeiramente em suas costas. 'Ai! Que horror! O que estou pensando?! A convivência com aqueles marotos está fazendo efeito...'

A jovem então desceu as escadas, pulando dois degraus de cada vez, novamente.

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A portas dupla do Salão Principal, apesar de estar fechada, não conseguia conter o barulho causado pela festa que ocorria dentro do cômodo. A jovem monitora-chefe, que pulou os últimos quatro degraus da escada e "aterrissou" com um forte baque no chão, fazendo mais barulho do que o esperado, se dirigiu rapidamente à ela, parou um instante, respirou fundo, tentando se recompor, e a abriu de modo devagar.

A primeira visão do Salão Principal fez o coração e Lily bater mais forte, apesar de ser a sexta vez que a jovem via a mesma cena, ela não deixava de ser incrivelmente bela, continuava capaz de trazer um sorriso aos lábios da jovem, que até há pouco estava cheia de raiva. O som que antes parecia tão fraco do lado de fora do Salão, havia envolvido Lily completamente, e a jovem teve que conter o impulso de levar as mãos às orelhas.

O Salão continuava imenso como sempre, ainda dividido por quatro mesas extremamente compridas que acompanhavam toda a sua extensão. Em uma de suas extremidades ficava uma outra mesa não tão comprida quanto as outras e posicionada de uma maneira diferente, de forma a ficar de frente para as quatro outras mesas no Salão. Aquela era a mesa dos professores.

Lily notou com desânimo que o banquete já havia começado, pois apesar de estar morrendo de fome, a jovem certamente gostaria de estar presente quando a comida aparecesse daquela forma tão pouco convencional. O pratos, copos e talheres dourados, portanto, já estavam cheios de comida. O ar já estava impregnado do cheiro dos rosbifes, das galinhas assadas, das tão sonhadas costeletas de porco e dos tão almejados pudins de carne. Além de outros pratos como carneiro assado no alho, bifes à parmegiana, milho cozido com manteiga e arroz à piamontese.

As velas que flutuavam acima das cabeças dos alunos, trepidavam, e hora ou outra, algum aluno era surpreendido por uma gota de cera caindo sobre seu braço ou nariz. A iluminação daquelas velas era perfeita, pois ao mesmo tempo que garantia um ambiente claro, também lhe proporcionava um clima de conforto.

Lily, após percorrer de forma rápida seus olhos por todo o Salão, se dirigiu até a mesa da Grifinória. Quando foi se aproximando da mesa, a jovem não conseguiu avistar um lugar vago para que ela pudesse se sentar, pois o Salão estava realmente cheio, aparentemente só faltava ela. Ao olhar novamente a mesa de sua casa, dessa vez de forma mais atenta, Lily notou dois pares de braços que acenavam em sua direção. Em seguida, ela reconheceu os braços como sendo os de suas amigas, Karen e Susan. Com gesto consecutivos com as mãos, as duas amigas conseguiram fazer Lily entender que haviam lhe guardado um lugar. A jovem sorriu largamente e correu em direção as amigas, sua bolsa e seus cabelos balançando loucamente sobre as suas costas.

Entretanto, quando Lily chegou próximo ao lugar que lhe fora guardado, seu sorriso se desmanchou e foi substituído por uma expressão de raiva e impaciência. Sua boca estava extremamente comprimida e uma de suas sobrancelhas estavam levantadas. Tiago Potter ocupava o assento à frente daquele que ela deveria sentar. A expressão no rosto de Lily mudou tão radicalmente em tão pouco tempo que assustou suas amigas:

-"Que foi Lily?" Perguntou Susan, estranhando o comportamento da amiga.

A jovem monitora foi então obrigada a interromper sua tentativa de intimidar Potter e fazê-lo mudar de lugar. No entanto o jovem à sua frente não parecia estar nem um pouco inclinado a fazer o que ela queria. Potter havia ficado encarando-a, fixando seus olhos nos dela, com uma expressão ilegível no rosto.

-"Nada... Nada..." A jovem disse isso sem olhar para sua amiga, pois seus olhos estavam ocupados percorrendo novamente toda a extensão da mesa da Grifinória em busca de um lugar vazio. Mas não havia mais nenhum. Lily, então, teve que, muito relutantemente, sentar-se no lugar que suas amigas haviam, tão bondosamente, reservado para ela, coisa que não fora fácil, já que não eram poucas as garotas que queriam sentar-se em frente a Tiago Potter, pois poderiam comer apreciando uma bela paisagem. Lily, porém, não gostava nem um pouco daquelas "paisagem". 'Se eu tiver que comer olhando para esse traste eu acho que vou ficar enjoada...'

Foi somente quando a jovem se sentou que ela foi perceber que a distribuição dos lugares havia sido astutamente preparada. Lily sentava-se em frente à Potter, Susan, por sua vez, que estava sentada à direita de Lily, tinha à sua frente Sirius, e Karen, sentada à direita de Susan, tinha Remo sentado à sua frente. Ao lado de Remo, estava sentado Pedro, que no momento estava extremamente ocupado comendo uma espiga de milho. Ao vê-lo comer, Lily se espantou ainda mais com a sua semelhança com uma ratinho, já que ele parecia estar roendo a espiga, seus dois dentes da frente salientes ficando à mostra.

No instante seguinte, o estômago de Lily tremeu ligeiramente, e a jovem lembro-se que não havia comido nada desde a hora do almoço. Se adiantando, ela levantou ligeiramente do banco, e tratou de encher o prato com um pouco de tudo que havia em sua frente, principalmente pudim de carne e costeletas de porco. A jovem não notou, mas todos pareciam observá-la atentamente, como se esperasse que ela falasse algo. Somente depois de alguns segundos, em que Lily não pareceu nem um pouco propensa a se pronunciar, Tiago Potter, que estava particularmente impaciente, lhe dirigiu a palavra:

-"E então? Não Vai dizer porque se atrasou tanto?" Sua voz estava ligeiramente mais aguda.

Ao ouvir aquilo, as sobrancelhas da monitora-chefe se levantaram naturalmente, como por instinto, e ela já estava preparando uma resposta bem desagradável para Potter. Entretanto, ao ver a expressão de curiosidade e impaciência no rosto de suas amigas e os outros garotos, Lily pensou duas vezes e achou melhor responder, mas sem se dirigir à Potter. Dessa forma, como se tivesse ignorado a pergunta do maroto, Lily se virou no banco e, encarando suas amigas, disse:

-"Eu tava quase descendo a escada para vir para cá, quando aquele... Aquele..." Quando ia pronunciar o adjetivo que acreditava servir perfeitamente para Filch depois do que ele fizera, Lily percebeu que Sirius arregalara os olhos e ambos Tiago e Remo tinham uma expressão de incredulidade no rosto, todos muito ansiosos pela próxima palavra. Pedro, por sua vez, ainda estava absorto em sua espiga de milho e parecia estar oblívio a tudo que ocorria a sua volta. Lily, então, pensou melhor, afinal, ela tinha que manter sua fama de certinha. "Er... Zelador Rabugento..." Nesse momento, a jovem quase pensou ter ouvido um "Ahhhhhh" dos garotos que a observavam, era tanta a decepção e desapontamento expressos em seu rosto. "... Me obrigou a escutar todas as normas malucas que ele inventou para Hogwarts." Quando terminou de falar, Lily fez um expressão de raiva com o rosto para mostrar o quanto havia sido maçante aquele episódio.

-"Não sabia que o Filch agora podia escrever suas próprias regras. Dumbledore sabe disso?" Lupin perguntou em seguida, quebrando o gelo que havia se instaurado após o relato de Lily.

- "Acho que não... Na verdade, acho que fazer aquelas regras não passa de um passatempo para Filch, ele com certeza sabe que nunca poderá aplicá-las. Aquela lista não é de regras para manter a ordem na escola, é de regras de boa conduta dos alunos para o bem-estar dele, para não irritá- lo. É ridículo!" Lily falou exasperadamente.

Apesar de ter na boca um grande pedaço de pudim de carne, a jovem não pôde deixar denotar o efeito que sua última fala havia tido sobre Sirius e Tiago. Os dois marotos, após ouvirem Liy falar sobre as regras de Filch, se entreolharam e, parecendo chegar rapidamente à um acordo, sorriram, seus olhos faiscando. Lily ficou meio desconfiada 'Eles já estão tramando algo. E a gente mal chegou na escola!!'. Em seguida, Sirius, tentando disfarçar ao máximo sua ansiedade, disse:

-"E você tem essas regras aí?" Sua voz soava de uma forma muito casual, como se ele não tivesse feito nada mais do que comentar o tempo, e ele não se importasse nem um pouco com a resposta.

No momento que as palavras saíram da boca do maroto, Lily compreendeu o que eles planejavam, e, apesar de não confessar, ela certamente havia ficado tentada a entregar o pergaminho a eles e assistir o que eles fariam com o velho zelador, já que, segundo ela, ele merecia uma certa lição. Mas a jovem achou melhor não, afinal ela era uma monitora-chefe, e a única pessoa a quem Filch, aparentemente, haviam entregue uma cópia de suas regras, portanto, caso alguma coisa desse errado no plano dos marotos, a culpa recairia certamente sobre ela. Pensando dessa forma, Lily disse:

-"Não, ele só leu as regras para mim e depois guardou o pergaminho no bolso." Lily disse tentando parecer o mais convincente possível, mas ela sabia que sua atuação não havia sido das melhores. Os dois marotos depois de ouvirem sua resposta ficaram olhando-a de modo suspeito, duvidando da veracidade de suas palavras. Temendo que seus olhos a denunciassem, a jovem desviou seu olhar para seu prato, e continuou a comer.

Após alguns segundos, porém, aconteceu algo que fez o sangue de Lily começar a ferver novamente. Algumas garotas de outras casas, inclusive Cathlene Luther da Lufa-Lufa, aquela com quem Tiago havia ido ao Baile de Inverno do ano passado, passaram próximo ao lugar onde ela estava sentada, e acenaram para Tiago, Sirius e Remo, algumas até lançaram-lhes indiscretas piscadelas. 'Parecem urubu em cima de carniça!! Será que elas não têm a mínima decência?' Potter e Black retribuíram muitas piscadelas e acenos, seus rostos mostrando sorrisos realmente marotos. Lupin, por sua vez, ficou um tanto desconcertado, corou e tentou ao máximo ignorar aquelas meninas, desviando sua atenção para uma particularmente interessante mosca.

Aquelas jovens não sabiam, mas fizeram muito bem em sair rapidamente do Salão Principal, pois era bem provável que se permanecessem por mais alguns segundos admirando os Marotos e fazendo sombra sobre o prato de Lily, a jovem monitora-chefe não iria conseguir se conter mais e falaria algumas palavrinhas extremamente desagradáveis à elas.

Depois que as meninas foram embora, Tiago e Sirius se entreolharam e sorriram largamente, como se dissessem um ao outro: "Esse ano vai ser ótimo!!". Entretanto, depois de alguns segundos, eles perceberam que ambas Susan e Karen tinham uma expressão um tanto séria no rosto e permaneciam em silêncio, usando mais força nos talheres do que necessário. Lily, por sua vez, continuava tentando parecer a inabalável, seu rosto estava pacífico e ela parecia estar muito entretida saboreando a comida. Apesar dos Marotos não notarem, Lily estava evitando ao máximo olhar para eles, temendo que pudessem enxergar a raiva e irritação que ela sentia.

Tentando levantar o astral de todos e quebrar o gelo e o clima pesado que se instaurara, Sirius fez o seguinte comentário:

-"Vocês, meninas, passaram as férias num Salão de beleza por um acaso?" Como um mestre em cantadas, Sirius soube fazer sua voz parecer ingênua e curiosa.

Quando Lily ouviu aquilo teve vontade de rir, mas achou melhor se controlar. 'Que cantada ridícula... Acho que o Sirius tá perdendo o jeito... Só idiotas iriam cair nessa cantada fajuta...' A jovem percebeu também que, ao ouvir a cantada do amigo, Remo virou os olhos e riu discretamente. Lily, porém, não estava conseguindo se controlar, estava prestes a fazer um comentário satírico sobre as cantadas do maroto, quando ouviu um som:

-"Hihihihihihihihihi"

Aquele riso pertencia a suas amigas, que, após ouvirem a cantada completamente indiscreta de Sirius, haviam ficado vermelhas e diziam:

-"Ora... Deixe de ser bobo Sirius..." Ambas Karen e Susan faziam um movimento com uma das mãos, como se estivessem estendendo-as para serem beijadas e depois as recolhessem rapidamente, na altura do pescoço.

O queixo de Lily, depois de ouvir suas amigas, despencou e ela ficou de boca aberta, fitando as amigas como se não acreditasse no que elas haviam dito. 'Eu NÃO acredito nisso!!!!! Será que eu sou a única que tem cérebro por aqui?! ' Antes, porém, que a jovem pudesse dizer alguma coisa, Potter se pronunciou:

-"Eu concordo com o Sirius, meninas, afinal, o que vocês fizeram este verão?" Sua voz se assemelhava muito à de Sirius, pois tinha uma ar de quem estava muito intrigado e interessado.

O rosto da jovem monitora-chefe se contorceu numa expressão de fúria e ela teve que respirar fundo para não fazer algo de que fosse se arrepender depois. Mas Lily estava decidida a não participar daquela conversa, ela certamente não iria se rebaixar a tal ponto de aceitar uma cantada ridícula vinda de dois, segundo ela, também ridículos. A jovem, apesar de querer se retirar no mesmo instante, pensou melhor, analisou todas as opções de sobremesa e preferiu permanecer sentada na mesa. Mas ela certamente não ficaria ouvindo aquela conversa fútil que estava se desenrolando.

Olhando ao seu redor, procurando algo que pudesse entretê-la e servir de desculpa para escapar da conversa até terminar sua sobremesa, um pedaço de torta de abóbora com recheio de chocolate outro de bolo de caldeirão e uma varinha de alcaçuz, Lily se lembrou de algo que havia guardado na bolsa. A jovem recolheu sua bolsa do chão, onde até então jazia depois de ter sido jogada de qualquer jeito pela dona, e começou a procurar por entre os livros, que lia como divertimento, o que queria. Depois de alguns segundos, Lily encontrou o que queria: um jornal aparentemente velho, todo dobrado e um tanto rabiscado, que mostrava em sua capa uma reportagem grande, que possuía somente uma figura, esta era de uma casa completamente destruída.

A verdade era que aquele pedaço de jornal fora o maior companheiro de Lily durante suas últimas férias, já que a jovem o lia pelo menos cinco vezes a cada dia. O jornal datava dia 2 de Julho de 1981 e tinha em sua capa a reportagem sobre o primeiro ataque de Voldemort, o mais poderoso e temido bruxo das trevas depois de Grindelwald, na Inglaterra. Ler aquela reportagem havia sido um choque para Lily, já que a jovem sabia que o bruxo tinha preferência por famílias de trouxas e temia pela segurança de sua própria. Mas até então, Lily havia ficado tranqüila, pois os ataques do maligno bruxo estavam restritos à outras partes da Europa, a Inglaterra, não se sabe porque, havia sido poupada por um bom tempo. Por isso, as notícias sobre o ataque tiveram grande repercussão, já que muitos ingleses se sentiam, até então, protegidos em relação ao restante da Europa, mas aquela imaginária proteção, apoiada pelo Ministério da Magia da Inglaterra, havia sido completamente derrubada e o país, naquele momento, estava em alerta máximo, pois era do conhecimento de todos os estragos causados por Voldemort em outros países.

Lily havia refletido muito, durante o verão todo, sobre se deveria ou não voltar para Hogwarts para mais um ano letivo, já que sabia que sua família não estaria completamente segura. A jovem sabia que eles seriam certamente um alvo fácil para o bruxo, já que nenhum deles podia usar magia. Caberia a ela, então, como única bruxa na família proteger seus parentes. Este foi um dos aspectos que fizeram com que Lily quase desistisse de voltar à Hogwarts naquele ano, e, por isso, ela só havia entregue sua carta de confirmação no último dia do prazo, isto é, dia 31 de Julho. Mas, ao refletir melhor, Lily percebeu que não poderia fazer muita coisa caso sua família fosse atacada, ela nem ao menos tinha se formado, além do mais, o ataque acontecera no norte da Inglaterra, há muitos quilômetros de Londres. Era muito pouco provável que num país de mais de 46 milhões de habitantes sua família fosse escolhida. Outro fato que estimulou Lily a continuar a estudar, foi a ausência de novos ataques depois daquele primeiro, havia se passado mais de um mês sem que houvesse nenhum ataque de autoria de Voldemort e, apesar de todos estranharem muito aquela paz ela lhes era extremamente bem-vinda. Londres também, por ser a capital, estava sendo particularmente protegida e vigiada, Lily ao sair na rua, conseguia muitas vezes reconhecer alguns aurores que faziam rondas em determinadas horas do dia. É claro, porém, que todas as insistências de sua irmã para que ela fosse embora, assim como o horrível verão que havia passado, mesmo em companhia com seus carinhosos pais, colaboraram um pouco para a decisão da jovem.

Lily, porém, apesar de ter-se decidido por estudar, estava também decidida a acompanhar todos os acontecimentos que envolvessem o temido bruxo das trevas e, a qualquer sinal de que sua família corria perigo, ela sairia do castelo no mesmo momento, custasse o que custasse, e iria em seu socorro. Ela certamente não estava disposta a abandonar sua família.

Recolhendo o jornal e fechando sua bolsa, que foi novamente largada no chão, próximo aos pés da jovem, Lily o desdobrou e começou a ler, pela centésima vez a mesma reportagem. Lily buscava uma pista oculta que revelasse alguma informação sobre o próximo ataque, o qual Lily estava certa que aconteceria. A jovem parava somente para dar mais uma mordida em sua tão farta sobremesa.

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"Inglaterra finalmente conhece Voldemort. O mais temido bruxo das trevas da atualidade ataca pela primeira vez, e sem piedade,
família na cidade de Blyth, no norte da até então ilesa Inglaterra.

Na madrugada deste dia 2 de Julho, a população da pequena cidade litorânea de Blyth, banhada pelas águas do Mar do Norte e localizada no extremo norte da Inglaterra, conheceu os horrores de um ataque do bruxo Voldemort, já temido em toda Europa.

Era por volta de 2:30 da manhã, quando a família Priuet, composta pelo senhor Charles Priuet e por sua esposa trouxa Anne Casting, no momento grávida de três meses, estava dormindo e foi acordada por um alto som de um alarme. Aquele som fora emitido por um feitiço que o senhor Charles, homem muito precavido e um excepcional bruxo, que trabalhava no Ministério da Magia e estava, naquele mês, coordenando uma das frentes de busca e investigação sobre o paradeiro e as ações de Voldemort, havia instalado logo que soube de um ataque que ocorrera no sul da Escócia. O feitiço havia sido instalado com a intenção de que emitisse um alto som caso alguém desconhecido e suspeito se aproximasse muito da casa. Ao ouvir o som, Charles se levantou rapidamente e olhou pela janela, por onde viu vários homens vestidos de preto e completamente encapuzados invadindo seu quintal e se dirigindo à porta da frente e dos fundos. Conhecendo os ataques de Voldemort muito bem, Charles sabia que se tratava de Comensais da Morte e que seu mestre devia estar bem próximo. Em pânico e temendo pela vida de sua esposa e de seu filho, Charles murmurou alguns feitiços nas portas, para que ganhassem tempo, e levou Anne até a lareira por onde poderia escapar. Antes porém, que a jovem mulher entrasse na lareira, uma forte explosão, que derrubou uma das paredes da sala e destruiu completamente a lareira, aconteceu. O casal foi jogado para trás pela força da explosão, e pouco depois puderam ver um homem todo coberto entrando a passos lentos dentro da sala onde se encontravam, usando o buraco, aberto pela parede derrubada, como porta. Em poucos segundos o casal se viu circundado por dezenas de Comensais da Morte e por Voldemort, completamente encurralados e sem chance de escapar. Dizem as testemunhas, que o bruxo disse à Charles umas poucas palavras, às quais o morador de Blyth reagiu muito mal. Voldemort, a princípio se impressionou com a coragem de Charles, mas esse momento de misericórdia não durou muito, logo depois Priuet foi atingido pelo feitiço Cruciatus, aplicado por Voldemort. Não se sabe ao certo, mas acreditasse que Charles foi mantido sob tortura por mais de quinze minutos antes de ser executado com o outro feitiço imperdoável. A jovem Anne, grávida, teve de assistir os últimos momentos de vida de seu marido antes de ser também executada. A casa foi, em seguida, completamente destruída, e os culpados deixaram o local poucos segundos antes dos Aurores chegarem.

"Tudo aconteceu muito rápido... O alarme soou e logo depois aconteceu a explosão... E depois os gritos...'' Disse a testemunha Victory Dhroun, moradora da casa em frente à onde aconteceu o ataque. "Todos tentamos socorrê-los, mas quatro comensais ficaram vigiando a propriedade, de varinhas na mão, para impedir que qualquer um entrasse. Os aurores demoraram muito para vir... Chegaram tarde demais... Não havia nada que pudéssemos fazer... Foi horrível..." Contou William Camrit, melhor amigo de Charles, que ficou desesperado durante o ataque e precisou ser segurado pelos outros, que também assistiam aflitos à cena, para que não tentasse invadir a casa do amigo e se deparasse com mais de vinte comensais e Voldemort.

A cidade amanheceu em estado de alerta máximo, todos os seus habitantes bruxos tinham suas varinhas em mãos e estavam prontas para utilizá-la. Voldemort, porém, não foi visto em nenhuma parte da cidade depois do ataque e não há pistas para onde ele possa ter ido. "Este foi o dia mais negro que Blyth já viveu em toda a sua história. A cidade está de luto." Disse o representante do Ministro da Magia da cidade, durante uma entrevista coletiva que ocorreu no mesmo dia às 6:00 da manhã.

O corpo do casal será velado hoje à tarde em cerimônia pública no cemitério Além da morte, no centro da cidade, em que será prestada uma homenagem a Charles e Anne Priuet. O Ministro da Magia estará presente, assim como os ocupantes dos mais altos cargos no Ministério.

Este triste acontecimento chocou todo o país e obrigou o Ministério a tomar medidas imediatas. Durante uma coletiva que ocorreu em seu gabinete, às 7:30 do mesmo dia, o Ministro enumerou várias medidas de segurança que serão tomadas a partir de agora, dentre elas o toque de recolher, isto é, a partir das 7 horas da noite todos devem estar trancados em casa, e o recrutamento de bruxos e bruxas que estiverem dispostos a lutar contra Voldemort e seus Comensais da Morte. Esta última medida foi muito apoiada, já que é de conhecimento dos funcionários do Ministério, por experiências anteriores em outros países, que os aurores não serão suficientes para conter um bruxo tão poderoso.

Caso você, leitor, queira se recrutar para lutar pela Inglaterra contra Voldemort, autor das atrocidades sofridas pela família Priuet ainda hoje, deverá se dirigir ao quinto andar do prédio do Ministério, em Londres, e se inscrever no departamento de Aurores, ou então mandar uma coruja com seu nome, foto e endereço para o seguinte CLC(Código de Localização para Corujas): 2156-835-980. (O CLC escrito no jornal de Lily havia sido envolto por uma caneta vermelha várias vezes)
O repórter do Profeta diário, Robert Ethurn, procurou o chefe do departamento dos aurores, Alastor Moody, para saber sua opinião sobre tudo o que aconteceu. "É tudo uma questão de vigilância. Todos estamos passando por tempos terríveis e, acima de tudo, o que devemos fazer é nos precaver. Lembrem-se: VIGILÂNCIA CONSTANTE!"

As medidas tomadas pelo Ministério após o triste acontecimento serão divulgadas amanhã às 10 horas da manhã em rede nacional. Todos os cidadãos ingleses deverão sentar-se em frente às suas lareiras e assistir o pronunciamento do Ministro.

Pouco depois da coletiva dada pelo nosso Ministro, o Ministro francês, François Miaihle, mandou-lhe uma coruja prestando-lhe condolências e propondo..."

!!!!!!!!!!

Antes, porém, que Lily pudesse terminar de ler a reportagem, surpreendentemente, o jornal saíra voando de suas mãos e pousara nas mãos de Tiago Potter. O jovem jogador de Quadribol havia certamente utilizado o feitiço convocatório para tirar o jornal das mãos de Lily.

-"O que você está lendo com tanto interesse assim, hein, Evans? Quadrinhos?" Zombou Potter, com o jornal em uma das mãos, mantendo-o no alto de forma a colocá-lo fora do alcance da jovem à sua frente. Tiago não havia gostado nem um pouco da forma com que Lily conseguiu escapar da conversa, e, agora, tentava dar o troco ridicularizando o que ela lia.

-"Me dê isso A-GO-RA, Potter!" A jovem estava fazendo um esforço imenso para manter a calma, mas seus lábios tremiam de raiva.

-"Não antes de eu saber o que você estava lendo..." Respondeu Potter, no mesmo momento em que baixou o jornal, e percorreu os olhos sobre a primeira página até visualizar uma reportagem que, de tanto ser lida, já estava um tanto gasta e amassada, sobre a qual seus olhos se demoraram algum tempo. Lily o fitava com verdadeiro ódio, seu rosto estava sombrio e seus olhos pareciam duas fendas. Até que Tiago voltou a falar:

-"Ah... Você gosta de ler sobre o Grindelwald2? Não sabia..." Ele disse, desmerecendo o poder do bruxo autor do ataque sobre o qual a reportagem fala.

Aquele comentário pareceu irritar Lily ainda mais do que quando lhe foi arrancado o jornal de sua mão. Fitando Tiago de maneira ameaçadora, a jovem disse.

-"Bem se vê que você não dá a mínima para o que está acontecendo com os outros... Só pensa em si mesmo... Gosta de viver naquele mundinho protegido que papai e mamãe construíram, né? Cheio de brincadeiras, praias, quadribol, jogos, descanso, amigos, paz... (Antes de continuar, Lily apreciou por um instante a forma com que a expressão de Potter mudou após suas palavras) Mas, caso você queira pelo menos uma vez na sua vida, Potter, saber o que acontece no resto do mundo, que não gira em torno de você, seria legal que você soubesse que Voldemort, em menos de um ano, matou mais bruxos e trouxas do que Grindelwald conseguiu em seis anos. Portanto, o que você falou sobre Voldemort ser um Grindelwald2, não passa de uma mentira vinda de alguém que não sabe o mínimo suficiente para falar sobre o assunto ou dar sua opinião." Quando Lily terminou de falar, o clima se tornou negro, os dois jovens se olhavam com tanto ódio, que pareciam estar prontos para puxar suas varinhas e iniciar um duelo ali mesmo no Salão Principal. Temendo que os dois colgas brigassem e visando aliviar o clima de tensão e o silêncio que se instaurara, Karen fez um comentário que depois foi descobrir que não fora muito apropriado.

-"É tão grave assim Lily? Eu achei que fosse só no resto da Europa... Quer dizer que a gente está em perigo também? Ai Meu Deus! Ainda bem que a gente está seguro em Hogwarts..." Sua voz era um tanto aguda e denunciava o medo que ela começava a sentir agora que descobria o que estava acontecendo.

Lily pareceu se irritar ainda mais com o comentário ingênuo e um tanto egoísta de sua amiga, que só pareceu se importar a partir do momento que soube que tudo aquilo também a afetava.

-"Não precisa ficar com medo, Karen, Voldemort tem preferência por famílias de trouxas... Além do mais, você está realmente segura em Hogwarts! Há bilhões de pessoas lá fora para Voldemort matar... Tenho certeza que ele não vai vir atrás de você." Lily havia acabado de fuzilar sua amiga com suas duras palavras. Karen se sentiu um tanto envergonhada e olhou para seu prato. O silêncio que se instaurou naquele momento foi ainda pior que o anterior, até Pedro parara de roer seu milho e estava assistindo à cena. Todos ali estavam se sentindo desconfortados, pois sabiam que Lily tinha razão em se preocupar daquela forma, afinal, sua família era inteirinha de trouxas, ela era a única bruxa.

Depois daquela discussão, Lily havia perdido completamente a fome, não conseguia mais nem olhar para o seu prato de sobremesa. Decidida a ir para a Sala Comunal e dormir, a jovem se levantou para pegar sua bolsa, mas se lembrou que seu jornal ainda estava com Tiago e virou para pegá-lo. Antes, porém, que seus dedos tocassem o papel, Potter o tirou do seu alcance novamente. Lily estava exausta, finalmente, todo o cansaço da viagem inteira havia pesado sobre ela. Tudo que ela queria era ir para sua cama e dormir, amanhã seria um novo dia e ela iria ter esquecido tudo aquilo, pelo menos era o que ela queria.

-"Me dê isso, Potter, por favor." Sua voz era baixa e não possuía nenhum vestígio de sua natural autoridade e raiva. O jovem pareceu por um instante estranhar a voz de Lily, mas logo se recuperou e disse.

-"Não antes de você explicar porque envolveu o CLC do Departamento dos Aurores." Sua voz também era baixa mas cheia de convicção.

Lily, aparentemente não esperava aquela pergunta, por isso fitou Potter por um instante, estranhando que fora ele, dentre tantos outros, a perguntar- lhe. A jovem, não querendo entrar numa nova discussão, preferiu ficar calada e não responder a pergunta de Potter. Ele porém insistiu:

-"Você não está querendo se recrutar contra esse bruxo, está?" Tiago insistiu. Lily porém, ignorou novamente sua pergunta e tentou pegar o jornal de sua mão. Potter se esquivou novamente e disse:

-"Responda Evans! Você está ou não pensando em se recrutar no Ministério contra esse bruxo?" Sua voz continha autoridade e ele exigia uma resposta.

Lily, apesar da exaustão, não estava gostando nem um pouco das perguntas de Tiago. Tentando pôr um fim na conversa ela respondeu:

-"E se estiver?" Sua voz era baixa, de forma que poucos conseguiram ouvi- la. Mas apesar do baixo volume, ela continha um certo desafio, como se Lily desafiasse Tiago a responder sobre algo que não lhe dizia respeito. O jovem, porém, não se intimidou pelo tom de Lily, levantou-se, de modo a encará-la da mesma forma, e respondeu:

-"Você não pode... Nem se formou ainda... Eles não vão aceitar alguém menor de idade..." Foi nesse momento que Potter começou a temer que Lily fosse realmente cometer aquela besteira, por isso sua voz falhou um pouco.

-"Não tem nada escrito aí sobre restrições... Além do mais, não é da sua conta." Lily foi curta e seca. Sem perder mais tempo, ela usou sua varinha e, da mesma forma que Tiago fizera, ela convocou o jornal para dentro de sua bolsa e, sem dizer mais uma palavra, se retirou da mesa.

A jovem havia por um instante esquecido que deveria guiar os alunos do primeiro ano até a torre da Grifinória e, lembrando disso, se dirigiu até eles, que haviam se sentado no extremo norte da mesa, o mais próximo possível à mesa dos professores. Chegando lá ela lhes disse:

-"Todos já acabaram de comer?" Ela fazia um grande esforço para que sua voz parecesse contente, mas certamente não conseguiu enganar os baixinhos, que apesar de dizerem sim com um movimento da cabeça, olharam-na de forma apreensiva. Logo depois, Lupin estava ao seu lado ajudando-a, exercendo também seu papel como monitor-chefe.

-"Então, por favor, nos sigam. Nos levaremos vocês até a Torre da Grifinória." Remo, Lily notou, levava bastante jeito com crianças.

Sem demora, foi se formando atrás dos dois um pequena fila de alunos, que foram, eficientemente, conduzidos para fora do Salão Principal.

Tiago estava frustrado e se preparava para seguir Lily, quando Sirius o segurou e lhe lançou um olhar significativo, como se dissesse: "É melhor não... Deixe ela ficar sozinha". No mesmo momento, Tiago voltou a se sentar, com uma expressão séria no rosto. Ele permaneceu ali, seguindo Lily com os olhos até ela desaparecer atrás da porta, rodeada por pequenos alunos.

O clima entre os que haviam permanecido na mesa continuou grave e silencioso, até que, um por um, eles foram deixando o Salão Principal.

Ninguém notou o par de olhos azuis, sobre óculos meia-lua, que os observava gravemente da mesa dos professores.

E aí, gostaram? R/R please!

Estou tb com uma tremenda dúvida e gostaria de pedir a vocês que, se souberem, me mandem um mail ou uma review respondendo. É o seguinte: A posição em que o Tiago joga no time de quadribol da escola é artilheiro ou apanhadora? Pois muita gente já me disse que é apanhador, mas eu tenho lido algumas entrevistas com a J.K.Rowling, em que ela diz que o Tiago é artilheiro. Tô na maior dúvida!!!