Capítulo 5- Um casal mais que perfeito
Harry subia lentamente as escadas, em direção ao dormitório. Depois da pequena conversa que tivera com Ginny, sua cabeça estava dando voltas e mais voltas, as palavras de Ginny ainda ecoando em sua cabeça.
- O que será que ela estava pra me contar? Será que Cho...- Harry estava tão aprofundado em seus pensamentos que nem percebeu que Rony chegara, largando-se na cama ao lado.
- Não sabia que ser monitor cansava tanto.- disse Rony, vendo que o amigo não percebera a sua presença.
- Ah, você está aí, Ron...- disse Harry, ainda pensativo.
- É, estou. Aconteceu alguma coisa, Harry? - Não, nada, estou bem, ainda cansado. Vou me deitar.- e deitou em sua cama, mirando o teto.
Rony estranhou a atitude de Harry, mas seu cansaço o dominava também, fazendo-o deitar-se, adormecendo logo depois.
O dia seguinte amanheceu claro e frio, e quando Harry acordou, viu Rony já vestido, pronto para descer ao Salão Principal para o café da manhã. Porém, o garoto percebeu que nem todos estavam prontos; Dino ainda estava dormindo, três camas depois da sua; Neville estava resmungando, e Simas parecia estar conturbado, movendo-se de um lado para o outro. Harry não conseguiu dormir de novo, então levantou-se de repente, e foi se trocar, voltando alguns minutos depois. Rony estava sentado ao pé de sua cama.
- Harry, preciso descer. Se você quiser vir comigo... – ia dizendo Rony.
- ... é melhor me apressar, eu sei, Ron.- respondeu Harry, embora sua voz não demonstrasse rancor, mas sim sarcasmo.
- Ok então.
Os dois desceram juntos para o Salão Principal, que se encontrava vazio, com dois ou três alunos em cada mesa. Sentaram-se, Harry pegou uma torrada e Rony olhava ansioso para o relógio quando Hermione juntou-se a eles, com cara de quem não havia dormido direito.
- Bom dia.- disse Mione.
- 'Dia!- responderam os dois.
- Mione, precisamos... ah... fazer...- dizia Rony, sem saber se estava usando as palavras corretas.
- O quê, Rony... ah! Sim, claro...- respondeu Mione, dando uma estranha piscadela.
Harry não percebeu nada, tampouco percebeu que os dois haviam saído da mesa, deixando-o sozinho com sua torrada. Quando se deu conta, os dois já estavam voltando.
- O que vocês têm?- perguntou Harry.
- Ah?- disfarçou Mione em resposta.
- Não me venha com respostas bobas, Mione, eu sei que está acontecendo alguma coisa.- disse Harry.
- Contem-me logo, ou terei que tirar minhas próprias conclusões.- acrescentou.
- Não estamos fazendo nada, Harry.- respondeu Ron, num tom literalmente calmo demais.
- Sei...- disse Harry, com ironia – ah, Mione, acabei de lembrar que Vitor Krum lhe mandou uma coruja... esqueci de te avisar, isso foi ontem, quando voltei do jantar.
- O quê??!- disse Mione, surpresa, e Rony a olhava com indignação.
- Foi isso o que aconteceu. E se querem me dar licença, preciso arrumar meus materiais para a primeira aula do ano.
Dessa vez foi Harry quem saíra e deixara os amigos, surpresos, um olhando para a cara do outro.
- Mione, acho que precisamos ter uma conversa.- começou Rony.
- Ah, Rony, pelo amor de Deus, não comece com suas crises de ciúmes!
- Ficarei bastante satisfeito se você me der uma explicação. Não acredito que esse Vitinho ainda tem a cara de pau de ficar enchendo o saco.
- Rony! Não diga bobagens, essa história de "encher o saco", foi você mesmo quem começou!
- Eu? Há, mas com certeza não fui eu quem ficou jogando charminho para ele nessas férias, quando nos encontramos com ele.
- Ahh, você só pode estar tirando sarro da minha cara. Eu? Charminho? Eu nem sei fazer isso!
- Certo! Desculpa, mas é você a piadista daqui, tá legal?
- Não seja bobo! Você não sabe o que eu faço ou deixo de fazer!
- Ah é assim? Ok, eu não gosto de você mesmo, não me importo.
- Não seja criança, por favor.
- Criança é você, que não confia em mim!
Essa discussão não acabou tão rápido, e, no almoço, Rony e Mione ainda não se falavam. Harry não agüentava aquele silêncio todo.
- E depois dizem que não têm nada... vocês são malucos, isso sim.- disse.
- Pergunte à Penélope Charmosa!- retrucou Rony, ainda zangado.
Harry percebeu que falar com eles não seria a solução, uma vez que já presenciara tantas brigas entre os dois, ele sabia que tudo se ajeitaria com o tempo. Harry vira Ginny se aproximar, deixando um pedaço pequeno de pergaminho perto dele, e fazendo um sinal para que ele lesse. O bilhete dizia:
Harry,
Desculpa não ter te contado sobre ela... e por ter saído depressa naquele dia. Não tenho tido tempo para mais nada! Mas, se você quiser, podemos falar sobre isso no intervalo entre a próxima aula depois do almoço, o que acha? Claro, aceite se quiser, mas acredito que o assunto interesse à você, já que agora é namorado dela. Até,
Ginny
Harry enrolou o pergaminho, olhou de volta ao lugar onde Ginny estava e fez um sinal de OK. Incrível como essa coisa tem o dom de aparecer nos piores momentos, pensou Harry, vendo que Draco tentava ler o pergaminho de longe, usando um feitiço de leitura longínqua, aprendida na primeira aula do professor Flitwick.
