Capítulo três: Descobertas

Depois do inesperado encontro com Clark no corredor, e de alguns segundos de silêncio onde tentava conciliar parte de si que não entendia por que de ter feito aquilo sem nem mesmo perguntar sobre a cena da tesoura e definitivamente não concordava com o que acabara de fazer, e outra parte que também não sabia porquê mas o desculpara a pouca por algum tipo de intuição. A garota prossegui em direção ao quarto de Lex "Afinal foi para isso que em vim aqui. Depois me preocupo com o resto" era seu pensamento.

Ao entrar no quarto, viu que Lex se esforçava para pegar um copo ao lado da cama.

— Espera ai! Deixa que eu pego para você. - disse ela enquanto pegava o copo - Você machucou um bocado de coisas tem que ficar quieto

— Obrigado

— Você está sozinho aqui?

— Sim.

— Eu não vim antes porque achei que alguém da sua família estaria aqui, e não quis atrapalhar, mas não vem ninguém ficar aqui com você?

— Família. - disse lex com um ar irônico - Minha mãe morreu há muito tempo, e meu pai...meu pai, é um dos meus maiores inimigos eu diria.

— Me desculpe...
Mas você não é o único com problemas assim - continuou ela - Eu nem conheci minha mãe.

— O que aconteceu?

— Meu pai diz que ela morreu quando eu era muito pequena, mas eu sei que não foi isso que aconteceu...

— Mas isso é que é normal, ter problemas... - brincou Lex.

Lex ainda não conseguia entender porquê, mas sentia-se diferente perto de Lissa. Tão diferente que passou a tarde inteira conversando com ela. No fim da Tarde já poderiam se considerar amigos de longa data.

Isso só fez aumentar o sentimento de Lex que, quando a garota foi se despedir, aproveitou a deixa para se aproximar mais fixando seus olhos nos dela. Então seus olhares se cruzaram hipnotizando magicamente um ao outro; a mão dele tocou suavemente os delicados fios cabelos dela. Lentamente se inclinou aproximando-se enquanto seu olhar intercalava-se em admirar o azul profundo dos olhos dela e desejar aqueles lábios grossos, porém delicados, nos quais se notava o mesmo interesse. Ela por sua vez, não opôs resistência, deixando-se levar. As bocas se aproximaram, um pouco receosas no começo, mas quanto mais elas se aproximavam mais a timidez era esquecida. Finalmente os lábios se entrelaçaram. E embora não fosse pela primeira vez para nem um dos dois, esta sensação era inédita para ambos. Naquele momento cada segundo se igualava a uma eternidade...

Clark não viu o que se passava no quarto, e nem bateu na porta antes de entrar, criando assim uma situação um tanto quanto embaraçosa, pois quando viu que Lex não estava sozinho, deu meia volta, mas antes que saísse foi percebido. Não encontrando outra saída ele tentou dizer algo, balbuciou um "Desculpa", procurando algum lugar onde poderia esconder as mãos ou o rosto, e rezando para que alguma catástrofe natural ocorresse, ou que alguma uma nave extraterrestre o abduzisse.

Depois de alguns segundos, em que ficou apreciando a reação de Clark, Lex resolveu ajudar o amigo e disse:

— Oi Clark.

— Oi.......é.........eu não queria ter....atrapalhado.........mas eu não sabia que..........eu só vim buscar um livro que esqueci quando vim falar com você........a algumas horas atrás.....

— Aquele ali em cima...- disse Lex se divertindo ainda mais com o constrangimento do amigo.

— É, esse mesmo. - disse Clark enquanto pegava o livro que esquecera em cima de uma cadeira - Então tchau. - continuou Clark enquanto virava-se para sair da sala dando graças a Deus por aquilo ter acabado.

Tinha quase conseguido quando Lex disse:

— Para que a pressa Clark!? Já que você veio até aqui fique mais um pouco.
Essa é Lissa, foi ela que me salvou daqueles homens.

— Oi - disse Clark agora muito mais constrangido do que antes.

— Oi. - respondeu Lissa, também envergonhada.
Nossa como o tempo passou, faz horas que eu estou aqui - disfarçou Lissa - Bom, eu preciso ir agora... Tchau. - e saiu, antes mesmo que respondessem.

Depois de acompanharem, com os olhos, a saída da garota. E ainda olhando para a porta Lex disse:

— Você não foi o único que ficou envergonhado Clark...

— O que foi isso Lex?

— Eu tenho quase certeza de que foi um beijo. - Ironizou Lex.

— Isso é alguma espécie de stress pós-traumático?

— Acho que não. Está mais par síndrome de menino rico que nunca tem certeza se as pessoas se aproximam dele pelo dinheiro ou não. Então ele conhece alguém que não sabe quem ele é, e o trata como uma pessoa normal. Esse alguém é muito bonita e doce, eles se apaixonam...

— Se apaixonam? - disse Clark, não acreditando que aquelas palavras haviam saído da boca de Lex.

— É meu amigo, existe uma grande possibilidade.

— Você não perdeu tempo...

— Clark nem todo mundo têm vocação para amor platônico como você e a Lana, às vezes um pouco de coragem faz muita diferença. Por que você não tenta?

— Nem tudo é tão simples...

— Havia me esquecido do "Mistério Clark Kent".

— Mas Lex, nem todo mundo que você conhece se aproximou por interesse...

— É verdade, mas os que não são, eu conheci por que quase morri.
E nisso, eu sou bom...

— Bom, agora eu preciso ir...
Você vai embora amanhã?

— Sim.

— Então eu apareço na mansão, pra ver se está tudo bem...

Os dois se despediram, Clark foi embora e Lex ficou pensando no que havia dito a ele. Será mesmo que ele estava realmente se apaixonando por ela? Independente de ser paixão ou não ele sabia que era algo forte.

Depois de sair do hospital, enquanto caminhava pela rua Clark ainda tentava digerir tudo o que acabara de ver naquele quarto e também o que aconteceu da primeira vez que foi ao hospital naquela tarde. Achava muito estranho que Lissa o tivesse desculpado tão facilmente, nem mesmo havia perguntado sobre a tesoura que ela viu se quebrando em seu braço quando ela tentava se defender. Isso somando-se com o que aconteceu entra ela e Lex só aumentava a sua dificuldade em entender tudo aquilo.

Ele estava totalmente perdido em pensamentos tentando decifrar tudo isso. Tão longe que nem ouviu as milhares de vezes que Pete o chamou.

— Ei Clark! Planeta terra chamando!

— Pete!

— Tem alguma coisa errada?

— Não consegui descobrir ainda!

— Deve ser bem séria pelo jeito que você esta.

— Essa é a única coisa nisso tudo de que eu tenho certeza.

— Quer falar sobre isso? - Perguntou Pete.

— Quero sim, mas eu preciso ir pra casa agora. Você pode ir lá hoje?

— Claro que sim só tenho um assunto para resolver com a Chloe e vou para lá.

— Tudo bem, então te vejo daqui a pouco...

— Até Clark. - disse Pete se distanciando.

Alguns segundos depois, já em casa, Clark ainda tentava entender algumas coisa. Só que agora pensava sobre aquela pedra e todo o mistério que a cercava. Fazia um grande esforço para tentar lembrar de alguma coisa mas era inútil tudo estava embaralhado em sua mente... Tudo era tão confuso. Perseu-se novamente em pensamentos que nem percebeu tempo passar e logo Pete estava lá.

— E ai Clark o que é que te preocupa tanto?

— Ontem antes da aula eu ataquei uma garota.

— O que? - assustou-se Pete.

— Calma. Não era eu. Não me lembro direito como, mas uma pedra vermelha foi parar no meu bolso...

— Nossa. Dessa vez os efeitos do meteoro foram mais forte hein?

— É por isso eu desconfio que não seja exatamente um fragmento do meteoro vermelho...

— Como assim?

Depois de explicar tudo o que aconteceu no dia anterior na redação do Tocha antes de Chloe chegar, também de contar que a mesma garota naquela noite salvou Lex. E a cena que vira a pouco no hospital quando foi buscar seu livro que tinha esquecido no quarto do amigo. Pete propôs-se ajudar que investigar sobre a pedra misteriosa. Mas antes de ir disse:

— Clark eu não queria estar no seu lugar dessa vez.
O que seus pais disseram sobre isso?

— Eu só contei o que aconteceu ontem.
Não disse sobre as desculpas porque eles foram para Metrópoles hoje. Iria contar quando chegassem mas não sei mais. Depois do que vi entre ela e Lex, acho que vou tentar falar com ela para ver se descubro algo antes de contar a eles...

— Você acha que tem dedo do Lionel Luthor nisso?

— Quase certeza. Só não sei direito se só em qual ou quais...

Continua...