Bem, depois de uma longa ausência, voltei com uma nova história. Desta vez, a "vítima" é o Shaka. Para quem já conheço a minha maneira de escrever, talvez se espante com este novo fic, porque é totalmente diferente de tudo o que escrevi até agora.

Vão dando reviews com o que acham, mesmo que sejam coisas negativas, porque, afinal, aprendemos com os nossos erros, não é? ;)

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O abrir da flor de lótus…

                                                                             by Ayan Ithildin

PR"LOGO

Always and forever, is forever young

Your shadow on the pavement, the dark side of the sun

Got a dream the dream all over and sleep it tight

You don't wanna sing the blues in black and white

            Ultrapassando as primeiras cinco casas zodiacais do Santuário da deusa Athena, chegamos à sexta, a casa de Virgem. Supostamente se achará estranho como uma casa que pertence ao santuário de uma deusa grega tem motivos da religião indiana na sua fachada, mas a dúvida dissipa-se para todo o inimigo que entra no seu corredor: esse apenas encontrará a morte nos mais inocentes olhos azuis jamais vistos. Isto é, se ele se der ao trabalho de abrir os olhos, o que nem sempre acontece…

            O ele é somente o homem dito ser o mais próximo de deus. O seu nome é Shaka. Neste momento o corredor da casa de Virgem que ele, como cavaleiro de ouro do mesmo signo, protege, não nos interessa pois ele não está de vigília. Na casa de Virgem, para quem está com os olhos virados na direcção da estátua de Athena, a ala esquerda esconde o enorme jardim da Sala das Árvores Gémeas, escondido de todos até ao fatídico dia em que Shaka combateu um dos seus melhores amigos, Saga e outros dois cavaleiros de ouro, e nunca antes ou depois visto por mais ninguém, pois Shaka nunca mais teve necessidade de morrer. Também nunca mais uma guerra implicou tal batalha. E há cinco anos que há paz.

And it's hope that springs eternal for everyone

If it ain't broken then break it

Oh the damage done

            Na ala direita, caminhando por entre a penumbra dos pilares, encontramos a porta que no introduz numa casa agradável e espaçosa. Percorrendo o corredor, ouvindo vozes de locutores de rádio alternadas com música vindas da sala, entramos num quarto mobilado com gosto e do quarto passamos há casa de banho, onde neste momento se encontra o cavaleiro de Virgem, apenas com uma toalha enrolada há cintura, o cabelo deixando escorrer fios de água por todo o corpo que seguem ordenadamente pelos desníveis dos músculos do corpo do cavaleiro, tudo isto enquanto ele faz calmamente a barba, obviamente, de olhos fechados.

            Quem olhar para o cavaleiro, que aos vinte e cinco anos passa pelos dezanove ou vinte e que, quando chegar aos trinta e cinco passará à mesma por essa tenra idade (mas isso é outra história), primeiro pensa que está a ver um deus. Não que isso seja, literalmente, mentira, mas falamos no aspecto físico. A seguir pensa que está à frente de um anjo, bonzinho, meiguinho, suave, apaixonado.

            Totalmente mentira.

            Apesar dos seu aspecto angelical, que faz com que, apesar de ter sempre os olhos fechados e há cinco anos não os abrir, as mulheres caiam aos seus pés, Shaka não é anjo nenhum. Não é bom, não é meigo, não é suave.

            E não ama ninguém. Nem precisa disso.

Try and love somebody

Just wanna love somebody right now

There's just no pleasing me

Try and love somebody

Just wanna love somebody right now

Lady lay your love on me

            Quem pensava que Shaka havia mudado de feitio durante e após a batalha contra Hades, ou seja, que ele havia deixado de ser um absoluto insensível e solitário (além de mal –humorado e impaciente) recebeu uma rotunda bofetada negativa.

            Shaka deveria significar num idioma qualquer: o homem mais desconcertante do mundo. Ia totalmente contra o signo a além de ir totalmente contra as teses de Athena. Mas, apesar de fazer a vida à parte, era leal e poderoso, tendo-se aperfeiçoado nos últimos cinco anos como ninguém, ninguém ligava muito importância mesmo quando a autoridade de Athena era absolutamente ultrapassada por Shaka ou pela de Shaka… Contudo Athena não parecia mais ser Athena e Shaka, sabendo a verdade, contava-a mas ninguém acreditava. Ou melhor alguns acreditavam, aqueles que conseguiam ultrapassar a barreira anti-social do cavaleiro e tornar-se seu amigo ou quase, escapando há dor quando perturbavam a sua meditação: Saga, Mu e Afrodite.

            Para além de tudo, há cinco anos que se negava a ter discípulos, negando-se a passar conhecimentos a quem não tinha as qualidades necessárias para os possuir.

            Para além de tudo, Shaka pura e simplesmente não tinha sentimentos: ele era somente mente, e não coração. Os sentimentos de Shaka estavam fechados no porão do seu coração e ele nunca os "utilizava".

Violet in the rainbow just melts away

There's not enough minutes in an hour or hours in the day

A song played in a circle than never skips a beat

A stranger in a country that I have yet to meet

            Shaka esfregou os cabelos despreocupadamente na toalha e passou-lhe o pente sem muito cuidado. A franja caiu-lhe para os olhos cerrados, mas ele não lhe deu muita importância, limitando-se a fazer um movimento com a cabeça para o lado, de modo a afastar alguns fios que lhe estavam a fazer cócegas nas pálpebras.

            Vestiu-se sem dar muita importância à roupa: umas calças e sapatos pretos, uma camisa branca, tão cuidadosamente passadinha a ferro que pareceu de propósito a maneira displicente com que ele dobrou as mangas até um pouco abaixo dos cotovelos. Pôs perfume e saiu do quarto sem ligar a mínima ao ritual do espelho. Estivesse como estivesse não lhe interessava porque: primeiro as mulheres achavam que ele estava sempre bem; segundo porque sinceramente isso não lhe interessava minimamente, tal como elas não lhe interessavam a não ser pelos jogos, que começavam a ser monótonos: começava a duvidar se havia mulher no mundo que realmente lhe desse prazer conquistar.

And let's hope that spring's eternal for everyone

Your lifetime in a second

All the damage done

Try and love somebody

Just wanna love somebody right now

Guess there's just no pleasing me

Try and love somebody

Just wanna love somebody right now

Lady lay your love on me

            Bateram à porta e Shaka não se apreçou em ir abrir.

            - Tanto tempo! - refilou Miro.

            - Mas já estou pronto, não é? Podemos ir?

            - Estás de bom humor como sempre… - Aioria riu-se e bateu nas costas de Shaka. – Precisas de uma namorada, rapaz. – Shaka expirou com força. – qualquer coisa realmente apaixonada.

            - Eu não perco tempo com essas coisas... – Shaka foi até à sala.

"It'll come in your sweet time Lord

I've just got to let you in

The blind leading the blind Lord

Getting underneath your skin

I can feel you in the silence

Saying let forever be

Love and only love will set you free

I wanna love somebo…"

- Já não aguento mais este gajo a cantar… - resmungou, desligando a aparelhagem.  Aioria riu-se.

- Um dia, Shaka, um dia tu vais-te apaixonar… - afirmou Miro com uma voz de oráculo. Shaka suspirou irritado.

- No dia em que morrer apaixono-me pela Dona Morte. – resmungou. – Agora, vamos?

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Próximo capítulo:  "Um buda escolhe a sua herdeira"