"O brilho do quarto crescente"

by Ayan Ithildin

O tempo passa depressa para quem aprende, e assim se passaram dois meses de iniciação. E como o ser humano, quando aprende, é incapaz de aprender uma coisa apenas, Dâmaris começou a absorver conhecimentos como uma esponja seca colocada numa poça de água. Com o tempo vem a paciência, e ambos cumpriram a promessa de paciência de um para com o outro. Não que Shaka deixasse de ser irritantemente sarcástico e irritantemente conhecedor de tudo ao mesmo tempo que misterioso e silencioso. Não que Dâmaris deixasse de ser arisca, inquiridora, e irritantemente sarcástica. Aliás, nesse ponto combinavam completamente um com o outro. A língua do mestre e a língua da aluna eram afiadas como punhais que nunca ficam rombos, e quando as desembainhavam eram uma discussão sem gritos, sem impropérios ou palavrões, pois Dâmaris aprendera a controlar-se e a entender que, se alguma vez conseguisse derrotar o mestre num combate verbal, seria porque derrotara a sua calma. Eram discussões de palavras irónicas, cuidadosamente escolhidas a dedo para serem incisivas mascaradas de educação, da mais alta agressividade mascarada de alta educação, uma discussão erudita.

Nem uma palavra foi mais referida acerca do passado de Dâmaris. Nem o mestre quis saber, nem Dâmaris quis contar. Ensiná-la era uma tarefa não muito difícil, muitas vezes bastante fácil e outras um verdadeiro prazer para Shaka, pois Dâmaris, podia ser o que fosse, mas era perspicaz, erudita e aprendia com gosto e facilmente, apesar da idade.

A erudição de Dâmaris era outro ponto que, precisando de explicação, não foi aprofundado por Shaka. Ela contara que andara num colégio interno severo, tipicamente inglês, no norte da Grécia. Isso explicaria a sua fluência no inglês, os seus hábitos madrugadores. Mas os gostos literários, o latim e o grego, o italiano, o espanhol, o francês, o alemão e até japonês, o profundo conhecimento de história, teologia, filosofia, geografia, astronomia, música e a inapetência para as matemáticas vergadas pelo estudo eram algo que era visivelmente aprendido noutro sítio, pois colégio algum incutia aquele nível de conhecimentos, principalmente em alguém tão jovem como ela.

No entanto, Virgem não parecia interessado em saber a proveniência dos seus estudos. Sendo o cavaleiro, ao lado de Saga, Kanon e Mu, que mais se interessava e conhecia aquelas matérias (sem ignorar o gosto esperado de Aquário pela filosofia e poesia), apreciava verdadeiramente ter uma discípula assim, habituando-se a ensinar-lhe o que sabia das matérias a par do treino.  

            O treinamento propriamente dito, o estudo naquela sala iluminada pelo sol desde que nascia até morrer, com duas pessoas de pele muito branca, vestidas de branco, num silêncio sepulcral, desde manhã cedo até a noite ir alta, manteve-se. Shaka, a partir do momento em que a discípula aprendera a controlar o corpo e a mente na entrada em transe e, consequentemente, no estranho mundo do cosmos e aprendera igualmente a tolerar a presença de outro cosmos além do dela, passara a ensiná-la através da mente. Era um método mais difícil para Dâmaris, mas ensinava-a já que a habituava a comunicar por telepatia, antes de saber entrar por completo na mente de outras pessoas. A voz de Shaka só se fazia ouvir quando Dâmaris pura e simplesmente não entendia o que ele lhe explicava ou, por vezes, ela distraía-se com um pensamento ou outra coisa qualquer. Shaka zangava-se a sério, mas aí ainda a aula poderia ser salva. Se por acaso o cavaleiro estava num dos seus momentos de reflexão sobre um qualquer tema e, por isso, tinha menos paciência, era certo e sabido que a repreendia com um sarcasmo intenso e aí estava o caldo entornado porque já não havia aula nenhuma, apenas uma luta para a qual nenhum dos dois tinha verdadeira paciência, mas que nenhum dos dois queria também perder, Shaka pelo seu método de que só admitiria a derrota se alguém lhe provasse que ele não tinha razão ou, no mínimo, o mantivesse calado (algo impossível), Dâmaris porque tinha um feitio igual ao de Shaka.

            Mas os treinos nãos se baseavam a isso. Shaka levava-a, de vez em quando, a treinar em outros sítios. O tempo esfriara num Novembro frio, mas de dias ensolarados e de céu limpo. Vestindo um casaco comprido, Dâmaris seguia o mestre até à praia. Estes dias eram uma festa, pois a rapariga parecia estar no seu elemento, a concentração era perfeita, os resultados espantosos, a evolução assumida. Outras vezes, levava-a até uma zona rochosa por cima da arena de treinos. Confundida pelos gritos, distraída pelas actividades, Dâmaris tinha uma dificuldade enorme em se concentrar, por mais que Shaka lhe dissesse para de abster. Era escusado. Se num período mais calmo ela iniciava o transe, imediatamente caía na realidade como uma pedra no charco, mal se reiniciavam as actividades. E daí resultavam enormes dores de cabeça. Shaka acabara por se convencer que era exigir demais obrigá-la a fazer isso sozinha, então, levando-a à mesma, cortava-lhe temporariamente a transmissão auditiva ( não a visual, por cabia-lhe a ela não ser curiosa e prestar atenção ao que ela estava a fazer e não ao que os outros faziam) e isso ajudava-a a concentrar. A pouco e pouco, o mestre ia desbloqueando a transmissão, ainda que Dâmaris estivesse longe de se concentrar, naquelas condições, completamente sozinha.

Os treinos à chuva fora algo que Shaka achara que ia ser outro martírio, mas, contrariamente, Dâmaris não parecia importar que estivesse sol ou chovesse a cântaros ou até mesmo que os raios de Zeus riscassem os céus e o eco da sua voz se espalhasse pelo ar. No meio natural, era ela e a sua mente, e isso, era uma surpresa para Shaka, pois, vinda de um colégio, do meio da sociedade, sempre pensara que ela fosse avessa ao meio natural.  

As refeições, isso sim, foram difíceis. Como havia Shaka (usando as suas palavras) meter na cabeça oca de uma miúda mimada e desregrada, três refeições diárias, em que os vegetais abundam, o leite é constante, adeus ás carnes terrestres, umas visitas ao peixe, muita fruta e nada de gaseificados, gorduras e carbonos em excesso? Trabalho, muito trabalho em vista, diriam alguns. Se conhecessem Dâmaris seria a grande maioria a gritar a uma só voz: missão impossível! Mas para Shaka parecia que o limite era o Nirvana, por isso uma rapariguinha arisca não era grande problema. Metia-lhe a comida à frente, se ela quisesse comer, comia, se não, deixava no prato. Aconteceu que Dâmaris deixava a comida no prato. Shaka não dizia nada; mandava-a levantar a mesa, ora um ora outro lavava a loiça, e tinha apenas cuidado em que nada de comida extra chegasse ás mãos da rapariga. Ninguém aguenta muito tempo sem comer, e, com a fome a apertar e o estômago colado às costas, Dâmaris ainda pensou em continuar a birra por orgulho. Mas orgulho era uma coisa e estupidez outra, na sua opinião, e Dâmaris resolveu que lhe era mais útil comer do que ficar doente. E, como diriam os gregos, «heúreka!», Dâmaris passou de omnívora convencida a vegetariana vencida.

            Em relação a "contactos extra", Dâmaris não se dava com mais ninguém. Nem Shaka deixava, vendo Mu de vez em quando, e uma vez Saga. Esta memória não era de todo agradável. Tinham vindo da praia, Dâmaris fora tomar um banho rápido à sua casinha, voltara a correr para casa do mestre e, ouvindo-o na sala de estar, onde ela normalmente estudava com ele, correu para lá, nem prestando atenção à porta encostada, entrando com espalhafato.

            A primeira coisa que sentiu foi o choque mental que Shaka lhe dava como castigo habitual, e, dorida, antes de entender porque fora castigada, ouvira uma voz forte:

- Antes de entrar, bate-se à porta. – assustou-se quando viu a forma maciça de um homem, grande e musculado levantar-se do sofá e olhar para ela, um olhar dominador, crítico, de quem não admitia réplicas. Não era enorme como o cavaleiro de Touro que Dâmaris conhecera no primeiro dia, mas emitia uma aura de poder, sabedoria, uma aura de comando. O cabelo escuro, volumoso e comprido, as espessas sobrancelhas escuras escureciam-lhe a pele clara já de si bronzeada, enquanto os olhos esverdeados, luminosos e poderosos, críticos e observadores destoavam sensualmente do conjunto. O corpo, alto, mais alto que o seu mestre, e musculado, na iluminação baixa era intimidador, como todo o seu porte, assim como a sua voz, bonita, mas grave e cheia de ressonâncias. Todo o conjunto fascinou-a, não tanto pela beleza, porque Saga era um homem belo e atraente como poucos, mas ela aprendera a analisar tudo primeiro que a beleza, mas por tudo o resto; mas, acima de tudo, sentiu-se pequena, diminuta, frágil e indefesa perante ele. – Não respondes?

            Parecia que finalmente o punhal corporal de Dâmaris ficara rombo. Olhou para o mestre em busca de auxílio, mas Shaka mostrava um completo desinteresse pela situação, dando a ideia de que aproveitara para entrar em transe. Engoliu em seco e olhou para Saga.

            - Esta é a tua famosa discípula, Shaka? Não me parece muito arrojada. – olhou-a atentamente – caladinha, pequenina, encolhida e tão abebezada… - o orgulho de Dâmaris subiu à tona e derrotou o medo. Os olhos dela brilharam e fixaram-se nos de Saga e ela empertigou-se. Este sorriu – Ah, finalmente uma reacção! Pensava que Mu me tinha dito que ela tinha 18 anos, afinal é uma miúda… assim, os problemas devem terminar.

            - Eu tenho 18 anos. – se ainda tinha medo não mostrava. Nestas situações Dâmaris sempre fora boa a disfarçar as emoções, e o treino ajudava nisso. Além disso, não lhe agradou em nada ser tratada por "miúda".

            - Tens? Bem, faltam-te muitas formas, se queres saber, e esses caracóis e essas sardas. E que bracinhos tão delicados. Uma princesinha, tão querida.– a voz de Saga era trocista e os olhos ainda mais. Os olhos de Dâmaris estreitaram-se à medida que a raiva a ia consumindo. – uma bebé não fica mal, para o cavaleiro de ouro júnior!  – Saga riu-se, apontando o queixo para Shaka, que nem pestanejou. Dâmaris começou a descontrolar-se. A vida com Shaka tinha criado um círculo de rotina fechado, restrito, uma simbiose perfeita, a que ela estava habituada. Saga representava um intruso, uma ameaça. Pensamento felino, talvez, mas o cosmos de Dâmaris começou a subir. Saga riu-se e disse qualquer coisa, mas Dâmaris já não ouviu. Entrara numa área semelhante ao transe e invadiu a mente de Saga com um grito de morte. Apanhado de surpresa, o cavaleiro de Gémeos levou alguns segundos a reagir, bloqueou a mente com facilidade e Dâmaris foi atirada contra a parede. Antes de desmaiar viu os olhos luminosos de Shaka, os mesmos olhos que a tinham assustado na cidade, abrirem-se na sua mente e a voz de Saga, já sem frieza ou troça: «- curioso, muito curioso… então… Shaka… -» O resto, já não ouviu; acometida de suores frios, a cabeça a querer explodir e o coração a bater desgovernadamente, Dâmaris desmaiou no chão frio, sem que nenhum dos cavaleiros demonstrasse interesse em ajudá-la.   

            Dâmaris acordou em sobressalto. Já era manhã. Passou a mão na testa suada pelo pesadelo que tivera. Não, não fora um pesadelo, fora a repetição da realidade. Passara duas semanas após o acontecimento com Saga, e os pesadelos repetiam-se noite após noite, sem que o mestre se preocupasse muito com isso.

            Levantou-se cansada, tomou banho e vestiu umas calças e camisa brancas. Olhou pela janela cheia de sono, para o dia cinzento e desanimado, certamente chuvoso, que se apresentava. Vestiu um casaco e saiu, movendo-se vagarosamente e tão em baixo, que até os seus caracóis pareciam desmotivados.

            Entrou em casa do mestre que se surpreendeu em «vê-la» tão cedo. Estava a começar a preparar o pequeno-almoço. Dâmaris sentou-se num dos bancos altos, apoiando o queixo nos braços cruzados em cima da mesa e suspirou. A expressão imperturbável de Shaka parecia ter as sombras da curiosidade. Serviu-lhe o leite quente e pôs as torradas em cima da mesa, sentando-se a seu lado. Estranhando o silêncio dela, resolveu falar.

            - Há alguma coisa que me queiras perguntar acerca daquela noite? Mas só uma pergunta.

            Dâmaris olhou-o com um brilho de espanto no olhar. Á parte de lhe dizer que os pesadelos iam passar, Shaka dera a entendera que não queria falar daquele acontecimento. A rapariga encolheu os ombros, quando se lembrou de um detalhe daquela noite.

            - Há. – o mestre ergueu as sobrancelhas, dando sinal que estava a ouvir – a que problemas Saga se referiu?  - A expressão de Shaka manteve-se igual.

            - Problemas?...

            - Sim, o Saga disse que os problemas deviam acabar quando pensou que eu tinha menos de dezoito anos. O que se passa, mestre?

            - Absolutamente nada. – a expressão de Shaka voltou a ficar imperturbável e ele levantou-se começando a arrumar as coisas, dirigindo-se para a porta quando terminou. Dâmaris permaneceu sentada e baixou a cabeça. Shaka ergueu uma mão e apoiou-se na ombreira da porta. – o que foi?

            - Eu estou a dar problemas. Estou, não estou, Shaka? – dito assim, chamando-o pelo nome, deu bem a entender como estava preocupada com ele e com a possibilidade de se ir embora. Mas uma coisa ambos sabiam: Dâmaris preferia ir embora do que ficar e ser um problema. Shaka deu um suspiro e voltou-se.

            - São só alguns detalhes de burocracia. Nada de importante ou que a Senhora não possa resolver. Agora anda, vamos treinar. E, por Buda, vê se te animas que não há razão para estares assim e, pior, não te consegues concentrar.

            Dâmaris foi, mas o seu coração não ficou de todo aplacado.

            Três semanas depois, no primeiro dia de Dezembro, particularmente chuvoso e com o ar carregado de electricidade, Dâmaris encontrava-se na sala de estar, de lápis em punho, fazendo retroversões para latim. A seu lado, Shaka permanecia em meditação.

            «Cicero afirma que a amizade supera todas as coisas» - leu a jovem nas páginas amarelecidas de um velho livro pousado à sua frente. - «Cícero… ok, estamos perante uma oração…» - a jovem interrompeu o pensamento, suspirou e olhou o tempo tempestuoso pela janela. Eram quatro da tarde e estava de noite. Suspirou novamente - «Oração infinitiva… Cícero affirmat… passa tudo para acusativo…» - nova paragem, olhou para o mestre, novo suspiro, e continuou - «amicitiam omnia… verbo… superare.» - novo suspiro, nova olhadela ao imperturbável mestre, nova tentativa de concentração, nova olhadela para o livro - «O orador pensa ainda que, na vida humana, a verdadeira amizade mantém firmes as famílias e os povos. Mais infinitivas…» - a matéria era fácil ao extremo, mas o dia estava pesado e ela sentia-se sonolenta. Suspirou novamente e calculou que, por aquele andar, não tardaria a ficar sem ar - «Etiam orator putabat» - nem se riu com a forma latina do verbo pensar, tão mole que estava - «… in vita humana, veram amicitiam…» - ora aí estava uma coisa que ela nunca tivera, amizade verdadeira - « stabiles gentes et populos… sustinere». – Suspirando, pôs os cotovelos em cima da mesa e ficou a roer a ponta do lápis, sem coragem para passar à tradução. No entanto começou-a. O tempo ia passando devagar, a tempestade aumentava, o mestre permanecia mudo, o vento derrubava tudo lá fora, fazendo barulhos insuportáveis que a desconcentravam. – «… Catão… já velho… opinou que Cartago… devia ser… destruída…» - outro sobressalto - « e proclamou a … destruição da República… enquanto aquela…» - novo sobressalto - « se mantivesse… de… pé. Porém… face à oposição de… Nasico» - outro sobressalto - «… as suas palavras não… persuadiram o senado… e… a partir desse dia…» - o último sobressalto tirou-a do sério - «mais uma distracção e e eu tenho um ataque de histeria! … acrescentava sempre: … na minha… opinião… Cartago… devia….» - um barulho suficientemente perto para que Dâmaris desse um verdadeiro pulo da cadeira arruinou por completo o resto da tarde de estudo. Irada, levantou-se e, virando as costas ao mestre, embateu contra alguém: Mu.

            - Boa tarde, Áries. – a voz do mestre ecoou atrás dela; Shaka levantara-se e avançava na direcção de Mu.

            - Boas, Virgem. Olá Dâmaris – acrescentou com um sorriso afectuoso. Olhou para Shaka arqueando as sobrancelhas que franziu as suas. Dâmaris detestava que fizessem isto pois sabia que alguma conversa telepática se desenrolava entre eles.

            - Pronto, pronto, eu vou lá! – alguma coisa na voz de Shaka lhe deu a entender que o mestre não parecia particularmente feliz em ir onde quer que fosse. – Dâmaris, faz uns exercícios ou lê qualquer coisa, eu não me demoro…

            - Eu fico com ela. – ofereceu-se Mu – Kiki está a treinar.

            Dâmaris estava curiosa em relação à saída do mestre mas não perguntou nada. Fez mais alguns exercícios, falou telepaticamente com Mu (a pedido deste), para mostrar os seus avanços, teve uma longa conversa agradável dobre as teorias de Sócrates e, sem dar por isso, adormeceu enroscada no sofá.

            - … Shaka, por Buda, tu não disseste isso!

            - Obviamente que disse.

            - Mas Shaka…

            - É suficiente, Mu.

            - Mas ela precisa…

            - A falta de competência dela não me diz respeito.

            - Diz-me que vais. Shaka! Vai ser a vergonha do Santuário se não apareceres!

            - Eu vou, claro, já que a borrada foi feita, agora é preciso alguém competente para arranjar o mal.

            Dâmaris despertou sonolenta e sentou-se no sofá. Alguém a cobrira com uma manta. De faces rosadas e olhos sonolentos, olhou para os dois cavaleiros. Mu olhou na sua direcção.

            - E Dâmaris?

            «O que foi? O que tenho eu a ver com isto?» - raciocinou lentamente o cérebro da jovem. Shaka virou o rosto na sua direcção. Os seus olhos pareciam estudá-la por debaixo das pálpebras.

            - Vai comigo.

            «Vou onde?» - num gesto acriançado, esfregou o olho direito com a mão fechada. O olhar de Mu era de dúvida. A expressão de Shaka era indecifrável.

            - Eu sei o que faço.

            - Faz como achares melhor. – Mu começou a andar na direcção da saída. Parou à porta da sala - Mas se te enganares depois não…

            - Eu nunca me engano. – proferiu Shaka. Mu encolheu os ombros e saiu para a sua casa. Dâmaris parou de esfregar os olhos e olhou para Shaka. Este aproximou-se e começou a arrumar os livros em cima da mesa.

            - Já é tarde para jantar. Queres comer alguma coisa? – Dâmaris abanou vagarosamente a cabeça. - Então? – Dâmaris raciocinou e, quando abriu a boca para falar, a voz saiu-lhe abebezada.

            - Tenho sono… - Shaka não conseguiu evitar sorrir docemente, surpreendendo-se a si próprio. Dâmaris perdeu a força no braço e caiu novamente deitada. Antes de adormecer sentiu o mestre aconchegá-la com a manta, apagar a luz do candeeiro mais próximo e fazer-lhe uma festa na cabeça. Um sorriso doce iluminou-lhe a face. Estava em casa.

N.A.: Bem, voltei!!! :D Caramba, o Shaka sorriu docemente! A minha alma está parva… (mentira, nhééé :P basicamente o loirinho matou-me depois de o ter feito sorrir docemente :P)

            Mari Marin e Paula Marques: ai minha gente, isto é muito fácil de explicar :P Eu até que gosto muito do Ikki, imagina se não, ele é o irmão do meu anjo de olhos verdes (ahhhh… Shun ). Alguém me explica porque caio sempre de cara com os rapazes de Virgem? Tem que ser tara, só pode! Então, de acordo que o Ikki é mais poderoso que o Carlo (aliás, isso vai ser um pouco visível na irreverência de Ikki), mas eu acho-os um pouco parecidos fisicamente e, pensando no caranguejozinho bem bonzinho, até que são parecidos psicologicamente, sempre com a mania da insensibilidade e depois têm um coração de manteiga (eu prefiro acreditar no sangue italiano que corre nas veias de Carlo do que nas cabeças que ele tinha em casa :P). Mas pronto, foi uma questão de conveniência. No offense, tá? O Ikki continua a ser poderoso, apenas tem alguém que lhe guie (não que ensine) o treino. Mas essa dupla ainda vai dar show, muito show…

Muito obrigada pelas reviews!!!!!!!!!!! Bjokas ;)

Angel Vv: adorei a review!!!! Ai o Shaka… é mesmo para amar, né? . este loiro não deixa chance…  Bjokas ;)

O próximo capítulo vai ser importante porque algumas luzes vão ser dadas… pistas… a todos os níveis, quer em relação ao Santuário, quer em relação a eles os dois…

Vou tentar postar mais cedo, I promess!

Bjokas a todos os que acompanham a fic!!!!!!!!!!!