"Jogos…"

by Ayan Ithildin

            Dâmaris abriu a porta de casa, entrou, atirou com um monte de sacos para cima do sofá grande e deixou-se cair num dos sofás, suspirando cansada. Shaka entrou atrás, carregando um enorme conjunto de sacos. Deixou-os alinhados e de pé ao lado do sofá grande e sentou-se também, inclinando a cabeça para trás.

            - Estou cansada… - suspirou a jovem.

            - Também eu…. – Shaka suspirou e depois riu-se. Dâmaris olhou-o curiosa. – Agora sei porque Aioria se queixa quando vai às compras com Marin.

            - Nunca fostes às compras com uma mulher? – perguntou a rapariga espantada. Shaka abanou a cabeça.

            - Não, nunca fui às compras com uma mulher. – disse brincalhão. Dâmaris não teve energia para lhe atirar uma almofada.

            - Tu és impossível.

            - Faz parte do meu charme… - disse com um sorriso provocante.

            - Não me fales em charme, tu hoje estavas demais! Caramba, parecias meu marido! – protestou a jovem, tirando as sandálias novas, de tiras largas pretas de cetim e de tacão, e sentando-se na posição de lótus.

            Dâmaris mudara de roupa na última loja de roupa em que haviam entrado. Shaka ficara levemente irritado com o palmo de pernas que se viam por cima do joelho. Não, na verdade ficara irritado com os olhares e sentimentos dos grupos de rapazes porque passavam.

            Muda-me de roupa ou ainda tiro os cinco sentidos a alguém… ameaçara à jovem que se limitara a fazer um sorriso encantador antes de se enfiar no vestiário. Mudara para umas calças de tecido leve pretas de corte direito e uma camisa de algodão parecida às dos exploradores, de um verde-claro e seco de tropa, mais um lenço de uma tonalidade mais viva justo ao pescoço, e prendera o cabelo num grosso rabo-de-cavalo, deixando cair dos lados da cara dois cachos finos de cabelos sedosos.

            Mas mesmo assim, Shaka não ficara contente. As calças revelavam-lhe as pernas perfeitas e esguias, a camisa mostrava o umbigo cada vez que Dâmaris se mexia e, já que os botões não acompanhavam a camisa até à gola, o corte era feito a modo de se ver o início do vale dos seios. E os bolsos da camisa realçavam-nos. E os olhares e sentimentos não diminuíram, aliás aumentaram.

            E o orgulhoso cavaleiro teve que admitir que mesmo que Dâmaris vestisse uma gabardina, os rapazes continuariam a olhar para ela. Pelo que via, Dâmaris junto a um grupo de rapazes tinha o efeito de um pequeno fósforo junto a um grupo de barris de pólvora. Dâmaris era bonita, talvez demasiado, mas Shaka continuava a achar as reacções exageradas. Apesar de tudo, a discípula parecia não se aperceber disso. Não, Dâmaris não sabia que era bonita. E não se mostrava inclinada em saber. E nisso Shaka tivera uma vitória.

            - Não é que eu saiba porque é que eles olham tanto para mim, Shaka, mas só faltou quereres que eu usasse uma burca! – continuou ela a barafustar.

            - Eles olham para ti por causa das hormonas em excesso que os rapazes actualmente produzem. Como não têm produção mental, têm que produzir outra coisa. Excelentes espécimes para reprodução da raça humana e nada mais. – disse Shaka espreguiçando-se e levantou-se. Dâmaris riu-se, seguindo-o com os olhos. – Vou-me deitar, miúda. Estou todo partido. Não patinava no gelo há anos.

            - Mas patinas bem. – disse a jovem, levantando-se.

            - Vantagens de ser colega de Camus e Afrodite. – Dâmaris acompanhou-o até à porta. Shaka passou a soleira e voltou-se para ela rindo-se. – Diz lá, devíamos ter aceite a prenda ou não?

            Referia-se ao extremoso dono do Palácio do Gelo, ex-patinador famoso, que se emocionara ao vê-los dançar-patinar. Ambos sabiam patinar (Shaka pelas razões apresentadas, Dâmaris por a mãe ser nórdica e apaixonada por desportos no gelo e neve), Dâmaris era bonita como uma princesa dos tempos antigos, Shaka, bem, Shaka gostava de fazer jogos de charme apenas porque achava divertido. Além disso, o esguio homem convencera-se que eles eram um casal.

            Culpa de Shaka, óbvio, que além de se portar como um marido ciumento cada vez que um rapaz olhava na direcção de Dâmaris, estava a adorar a brincadeira, e no final da última dança no gelo, inclinara a rapariga para trás, segurando-a pela cintura e parara com a boca a escassos centímetros da dela.

            O pavilhão rebentara em aplausos e assobios, Shaka com o seu sorrisinho irritante, Dâmaris com as faces coradas e os olhos a perguntarem o que se estava a passar. Depois o homem viera cumprimentá-los, emocionado com a dança, extasiado com a sedução que ambos haviam transpirado. O cavaleiro passara o braço por cima dos ombros de Dâmaris, claramente divertido com o espectáculo que ele próprio armara. E sorrira-lhe provocante quando a pergunta nos olhos de Dâmaris deu lugar a uma séria promessa de uma morte lenta e dolorosa. O ex-patinador ainda lhes quisera oferecer uma pequena estatueta que lhe pertencia, mas ambos haviam declinado educadamente a oferta. E mesmo os bilhetes de entradas gratuitas que ele lhes deu foram distribuídos por Dâmaris pelos grupos de crianças que passavam. E Shaka precisara de toda a sua persuasão e de um enorme gelado para convencer a jovem a falar com ele outra vez.

            - Tu és tão irritantemente provocador. – suspirou Dâmaris, encostando-se à soleira da porta, olhando para o céu estrelado como quem pede paciência.

Shaka apoiou a mão esquerda na soleira da porta, por cima da sua cabeça e ergueu-lhe o queixo com a outra, sempre a sorrir.

            - Eu sei que sou. Mas tens que admitir que foi divertido.

            - Divertido o quê? Passar por tua namorada? Poupa-me… - Dâmaris desviou os olhos do seu rosto. Shaka aproximou-se mais dela. Ficou confusa. O que se passava com ele? Será que Shaka gostava assim tanto de brincar? Para brincar com ela?

            - Admite, Dâmaris, foi divertido… - Dâmaris espremeu-se contra a pedra quando o rosto dele ficou de novo demasiado próximo do seu.

            - Um dia… um dia vais-te dar mal nestas brincadeiras, Shaka. – disse ela num frio tom de aviso. Sinceramente detestava esta espécie de joguinhos idiotas. Ele riu-se num tom baixo.

            - Eu nunca me dou mal, Dâmaris.

            - Tu és tão miseravelmente convencido. – protestou de novo em voz baixa enquanto ele lhe colocava os caracóis atrás da orelha.

            - Só quando me dão razões para isso. – e afastou-se suavemente dela. O ar ficou frio.

            - Boa noite… - disse a voz de alguém que subia as escadas. Dâmaris fez-se de todas as cores. Shaka continuava a sorrir-lhe. Mas o sorriso tornou-se frio.

            - Boa noite, Miro. – respondeu o cavaleiro casualmente. Escorpião aproximou-se e procurou Dâmaris com os vivos olhos, mas encontrou Shaka entre eles e ela. – Vais para casa?

            - Sim, bem, para alguém poder passar o dia a divertir-se, alguém tem que fazer a guarda, não é? – disse o outro de maneira provocante.

            - Então eu aconselho-te a que sigas o exemplo de alguém e te vás deitar, porque amanhã alguém estará de guarda e tu não queres desperdiçar a tua folga na cama, certo. Ou pelo menos­ - Shaka passou a língua pelos lábios, fazendo uma pequena pausa, antes de sorrir mordazmente – desperdiçar a tua folga na cama, sozinho. – os olhos de Miro semicerraram-se.

            - Claro. Boa noite, Dâmaris. – atirou para trás dos ombros do cavaleiro de Virgem. – Boa noite, Shaka.

            - Boa noite… - disse Dâmaris numa voz que não reconheceu como sendo sua.

            - Boa noite, Escorpião. – disse Shaka num sorriso cinicamente caloroso. Depois voltou-se para a jovem. – Bem…

            - O quê? – perguntou ela na defensiva. Depois viu Shaka sorrir irritantemente. – Não sabia que amanhã estavas de guarda.

            - Não estou. Alguém está, mas não sou eu. O que quer dizer…

            - Que amanhã vamos ter a nossa luta. – Dâmaris levantou a cabeça provocantemente. – Amanhã acaba o prazo das duas semanas.

            - Seja. Embora eu acho que te queres vingar do dia de hoje…

            - Shaka…

            - O quê? – perguntou inocentemente, parando de novo junto a ela.

            - Vai dormir… - disse, tentado que ele não voltasse à brincadeira anterior.

            - Tudo bem. – Dâmaris baixou a cabeça num suspiro de alívio e por isso não viu Shaka curvar-se para beijá-la na bochecha. – Boa noite, Dâmaris. – disse num sorriso provocante. Dâmaris ficou na dúvida se ria se o matava.

            - Shaka! – o cavaleiro virou-se de novo para ela erguendo as sobrancelhas. Dâmaris pôs-se em bicos de pés e deu-lhe um beijo igualmente na bochecha. – Boa noite, Shaka. – sorriu também provocantemente e fechou-lhe a porta na cara, sentindo o coração bater descompassadamente de… obviamente… irritação. Se ele não fosse tão forte, de certeza que no dia seguinte não se escaparia de uma descarga tripla nos Países Baixos…

            Do lado de fora, Shaka sorriu divertido e virou as costas para se ir embora. Não era lá muito ético, admitia, mas Dâmaris ficava tão engraçada quando se irritava. Sim, irritada… meteu as mãos nos bolsos e olhou para o céu… Já tivera discípulas, anteriormente, muitas delas quase com a sua idade e duas delas mais velhas do que ele. E nenhuma delas se sentira irritada. Ele percebia perfeitamente o que se passava nas suas mentes e isso divertia-o, mas não era o suicida o suficiente para se envolver com uma aluna… a menos, é claro, no próprio dia em que lhes passava aquilo que no santuário era conhecido por "certificado de ignorância".

            Quanto a Dâmaris, tudo o que sentia era irritação, desconfiança e zanga… Se bem que ainda não percebera o que lhe dera para abraçá-la na noite de natal… Mas vira a cara de Afrodite e conhecia bem o cavaleiro para saber o que ele tanto falara com Dâmaris… e conhecia bem o espírito de equilíbrio e justiça da jovem para saber a raiva que ela sentia de tudo aquilo. Mesmo que, diferente de todas as outras, não estivesse apaixonada por si.

            Aliás, era excelente o facto de Dâmaris não estar apaixonada por ninguém. Ele saberia perfeitamente se assim fosse. Só não sabia se ela fosse tão ou mais forte do que ele e isso, pelo menos actualmente, não o era. Embora fosse mais difícil controlar o crescimento dos mecanismos de defesa da essência dela que, por si só, já eram bastante desenvolvidos. Parou.

            Disparate. Dâmaris era forte e muito, mas não a ponto de se lhe escapar entre os dedos. Muito menos em coisas como aquelas, pensava o cavaleiro completamente ciente das suas capacidades.   

            Dâmaris levantou-se da posição de lótus, cortando a meditação em que entrara para expulsar todos os sentimentos de ansiedade, nervosismo e dúvida. Agora estava calma e em paz, como um mar de Primavera. Tal como o mestre que se encontrava à sua frente. A jovem sentiu o contacto frio dos colchões de ginásio por debaixo dos seus pés desnudos, e as pernas nuas até acima de meio das coxas, onde começavam os calções brancos, pareceram aquecer em contacto com a luz do sol que entrava pela janela.

            Deixou o corpo colocar-se numa posição de defesa e ataque, simultaneamente. Shaka colocou-se numa posição de defesa, os músculos do tronco nu parecendo ficar mais definidos ainda com a expectativa do combate. Estava-lhe a dar espaço para atacar. E foi o que Dâmaris fez. A jovem era rápida, mas Shaka bloqueava todos os seus golpes com imensa facilidade.

            - Mais rápido, Dâmaris… - disse ele, enquanto Dâmaris aumentava a velocidade dos golpes. – Mais rápido, vamos, mais rápido. – a velocidade começava a cansá-la. Shaka apanhou uma falha flagrante na defesa e deu-lhe uma joelhada com força na barriga. Dâmaris caiu de joelhos agarrada à barriga, gemendo baixinho.

            - Levanta-te. – ordenou Shaka num tom de voz inflexível. Dâmaris apertou mais os braços em torno da barriga, Shaka não controlara a força com que lhe batera, ou batera-lhe com força de propósito. – Levanta-te, Dâmaris, isso não é nada.

            A jovem levantou-se e regressou à posição inicial. Shaka secundou-a. Dâmaris voltou a atacá-lo mas regressou rapidamente ao tapete, quando Shaka lhe deu um murro de lado, na barriga.

            - Estás demasiado lenta. Consigo ver todos os teus ataques. – a rapariga apertou as mãos daquele lado da cintura. Shaka batera-lhe ainda com mais força, custava-lhe respirar. – Vamos, levanta-te.

            Dâmaris voltou a atacá-lo, tentando ser o mais rápida possível. Começava a sentir uns laivos de raiva e vergonha, e talvez tenha sido isso que a fez mover-se mais rápido. Mas não o suficientemente rápido. Shaka acabou por lhe pregar um murro brutal no estômago. Dâmaris caiu de novo no tapete, agarrada ao estômago.

            - Mais rápido. E concentra-te na defesa. – Dâmaris levou as mãos à boca sentindo algo quente e molhado escorrendo pelos cantos dos lábios. Vermelho. E sentiu o gosto férreo do sangue na boca. – Isso não é nada. Levanta-te e ataca-me outra vez.

            Dâmaris olhou para o mestre estupefacta e dolorida. Como podia ele dizer que não era nada? Estava cheia de dores e a sangrar. Não era nada? Ele estava a lutar a sério.

            - Não me digas que és assim tão fraca que não aguentas três pancadas. – disse ele secamente. – Afinal não estás assim tão preparada.

            Eu estou preparada. E não sou fraca. Pensou com raiva, levantando-se, e voltando à posição inicial, atacou de novo o mestre. Mais rápido, com mais força, mais violência. Shaka pareceu apreciar a velocidade, mas Dâmaris começou a cansar-se e Shaka acabou por lhe mandar um murro no centro do peito. Os pulmões da jovem chiaram quando ela tentou desesperadamente meter ar dentro deles, novamente de joelhos à frente do mestre.

            - Mais rápido ainda. Dâmaris. – Ela olhou-o. – Concentra-te no Cosmos. E levanta-te. – Dâmaris só teve tempo de se colocar de novo na posição de defesa quando Shaka a atacou. Dâmaris bem que tentava bloquear os golpes, mas ele era muito rápido. – Concentra-te no Cosmos, Dâmaris. – disse exasperado quando ela caiu de novo.

            - Como queres que me concentre no Cosmos contigo a atacar-me? Tenho que te ver, não? – protestou ela, limpando os cantos da boca.

            - Fecha os olhos. Fecha os olhos, Dâmaris. – a rapariga obedeceu. – Vê-me no Cosmos. Mantém-te nos dois mundos. Isso. Agora, tu vais ver-me no Cosmos e vais-te defender aqui, apelando ao teu cosmos. Vamos, não é difícil, já consegues estar à vontade nos dois à muito tempo.

            - Não numa luta.

            - Defenderes-te de um golpe numa luta ou apanhar uma flor específica no meio de muitas iguais é a mesma coisa. – Disse ele pondo-se numa posição de ataque. Dâmaris colocou-se na de defesa. Shaka atacou-a. Dâmaris ainda começou por levar com os golpes. Era difícil combater a vontade de abrir os olhos. Mas esforçou-se. E conseguiu ver os golpes do mestre no Cosmos. Como pequenos raios de luz que antecipavam o movimento físico, permitindo-lhe saber de onde vinha cada golpe. Dâmaris apelou ao seu cosmos e conseguiu aumentar a velocidade, aparando os golpes de Shaka, que começou a aumentar a velocidade. Dâmaris seguiu-o. Era tão mais fácil fazer uso do cosmos com os olhos fechados. Então conseguiu ver uma falha no ataque de Shaka. Uma falha que, por milésimos de segundo, lhe deixava o rosto do lado esquerdo desprotegido. Hesitou, mas a oportunidade repetiu-se. O tempo era muito pouco para realizar o ataque.

            Ela estava cansada, talvez se atingisse o mestre, este terminasse o combate… Mas como seria rápida o suficiente? Apela ao teu cosmos. A oportunidade começou a repetir-se de novo. Dâmaris não hesitou. Subiu o Cosmos e lançou-se na direcção de Shaka, sentindo o punho fechado tocar-lhe na face no último momento.

            Abriu os olhos e deixou-se cair, respirando com dificuldade. Procurou o mestre com os orbes vermelhos irrigados de sangue. Shaka estava sentado à sua frente, com a mão no queixo, e um ar simultaneamente abalado e feliz. Ela atingiu a velocidade da luz. Por segundos, mas atingiu. Já estará ao nível dos cavaleiros de bronze? Se assim for, foi muito mais rápida do que eu estava à espera. Sorriu-lhe, mas tudo o que Dâmaris conseguiu responder foi um esgar de dor.

            - Anda, vamos cuidar de ti. – ajudou-a a levantar-se e levou-a até ao quarto, trazendo uma caixinha de médico da casa de banho. Molhou uma compressa em soro, fê-la deitar-se na cama, e começou a limpar-lhe os lábios, o queixo e o pescoço, sujos de sangue. Franziu as sobrancelhas e passou-lhe os dedos pelos cantos dos lábios. Sentiu cicatrizes microscópicas. Dâmaris percebeu e começou a corar. Shaka não insistiu. Só achava pena que uns lábios tão bonitos tivessem sido tão magoados, ainda que, a olho nu não se conseguisse ver. Nem se apercebeu do que estava a pensar.

            Levantou-lhe a blusa e tocou-lhe na barriga. Dâmaris protestou com dores.

            - Não sejas maricas. – Shaka sorriu e colocou-lhe a mão suavemente na barriga, deixando o cosmos fluir por ela. Dâmaris arregalou os olhos ao sentir as dores começarem a passar. – Pronto. Deixa-te ficar mais um bocadinho deitada a descansar. Vou buscar qualquer coisa para comer.

            Quando voltou trazia uma taça com morangos, grandes e vermelhos, nas mãos. Sentou-se ao lado dela e sentiu-a encolher-se com dores quando se começou a levantar. Franziu as sobrancelhas.

            - Ainda te dói? Onde?

            - Não, é só uma dor fraca, já passa. – Mas Shaka pôs-lhe as mãos nos ombros e forçou-a a deitar-se. – Não é nada, Shaka.

            - Eu dei-te um murro no peito. – lembrou-se ele num repente. – Os teus pulmões, é isso que te dói não é?

            - Não, deixa, já não dói… - Shaka ergueu as sobrancelhas.

            - Isto dói-te mais que a barriga. Queixaste-te dela e dizes que isto não te dói? – Dâmaris corou um pouco. Shaka resolveu ignorá-la e começou a pôr a mão no centro do peito dela. Dâmaris segurou-a.

            - Deixa estar.

            - Mas tu estás parva? Claro que não deixo estar. Está quieta, Dâmaris, juro-te que há dias em que não te percebo. – segurou-lhe os pulsos com uma mão e pousou a outra no centro do peito da rapariga. O cosmos começou a passar, quente, tal como se encontravam as faces de Dâmaris, cheio de vida, como batia o coração da jovem, pronto a pular do seu peito. Ele não podia por só um ou dois dedos na área em que lhe doía? As mãos dele eram tão grandes, que mesmo uma pousada no centro do seu peito ficava com os lados apoiados no início dos seus seios. A dor passou e Shaka tirou a mão. – Então, custou muito? – antes que Dâmaris pudesse responder, enfiou-lhe um morango na boca. – Deixa-te estar caladinha.

            Os morangos eram doces e sumarentos e eram uma das frutas favoritas de Dâmaris. Morangos, cerejas, amoras, framboesas, papaias, mangas, anonas, tudo colorido e muito doce. A rapariga fechou os olhos enquanto saboreava o morango. Sentiu um tocar-lhe nos lábios e entreabriu-os para o receber. O morango rodeou-lhe os lábios antes de ser colocado dentro da sua boca. Quando cerrou os lábios novamente sentiu ainda os dedos de Shaka. Dâmaris não falou, recebendo os morangos daquela maneira que a fazia sentir um calor invadir-lhe o corpo, queimar o coração e escaldar-lhe o rosto quando a pele macia dos dedos do cavaleiro lhe tocavam nos lábios. Estava confusa, sabia que não devia aceitar aquilo, mas não conseguia deixar de aceitar. E já agora, porque sabia ela que não devia aceitar aquilo? Não tinha mal nenhum. Ou tinha? A sua memória foi invadida com a lembrança de uma tarde na praia, em que um dos seus irmãos fazia exactamente a mesma coisa à namorada, mas com cerejas. Só que no final de cada cereja, beijava-lhe docemente os lábios. Imediatamente a seguir veio a lembrança do ringue de patinagem na tarde anterior. Dâmaris sentiu um morango aproximar-se da sua boca e sentou-se na cama, puxando os joelhos junto ao peito. Estudou o rosto do rapaz que estava à sua frente. Sempre tão juvenil, tão suave, tão angelical. Contudo, até Shaka parecia um autómato, sem se dar conta que estava ali, o que estava a fazer, completamente perdido nos seus pensamentos. Podia não conseguir ver-lhe os olhos, mas conhecia muito bem aquela face do mestre em que ele pura e simplesmente fazia as coisas automaticamente porque tinha "viajado" para outro sítio. Como ela.

  Shaka "acordou" de repente, tocou-lhe com o morango na ponta do nariz para acordá-la e depois meteu-o na sua boca.

            - Tens tido pesadelos? – Dâmaris negou.

            - Tenho dormido bem. Aquela técnica que me ensinaste ajuda muito. – baixou o rosto. Mesmo sem olhá-la com os olhos, Shaka parecia ar a impressão de estar a observar cada ponto do seu rosto.

            - O que tens? – perguntou suavemente.

            - Nada. É só que… – olhou-o longamente Mas ouviram-se uma batidas na porta. Shaka levantou-se e foi ver o que era. Dâmaris suspirou. – De que cor são os teus olhos…

N.A: Hi!!!!

            Dois dias! Eu estou a ficar boazinha! Claro que sim… (olha venenosamente para Shaka que há dois dias está em meditação)… existe alguém que há dois dias NÃO me perverte…  Enfim, I want a party!!!! :)

            Bem, eu vou responder em conjunto a esta questão… Vamos fingir que a Dâmaris é um computador e o Shaka está a aceder aos seus ficheiros… Mas há ficheiro que ele nem sabe que existem porque não tem a password… Segundo aqueles que dizem ler ou controlar mentes dizem, há pessoas que conseguem defender muito melhor a sua informação que outras, por isso há pessoas que são praticamente impossíveis de hipnotizar. Talvez o Shaka precise de fazer qualquer coisa para o sistema de defesa da Dâmaris deixar de lhe esconder informação, quem sabe…

            Paula Marques = É, ás vezes é melhor sermos um pouco duros com as pessoas para elas não se "afundarem". Há quatro anos, quando fiz as provas finais do básico, uma amiga entrou em histeria antes da prova de história e eu não lhe disse nada, dei-lhe duas bofetadas bem certeiras. Ela calou-se muito surpreendida e esteve calma como um carneiro durante a semana inteira. Andou tudo zangado comigo até ela na semana a seguir me oferecer um ursinho de pelúcia e agradecer-me o facto de a ter esbofeteado porque se não o tivesse feito ela tinha reprovado em tudo. Ás vezes sermos duros resulta melhor do que sermos condoídos.

            Ah, não existe nada mais engraçado do que o Shaka a descer do pedestal! É tão coool! E pára lá de tentar adivinhar o futuro… (Ayan amua) estou a ver que tenho que me defender psicologicamente…

            Eu espero que a fic em si tenha ajudado a entender os outros pontos, porque senão, o resto só vai ficar explicado lááááááááááá bem mais para a frente.

            Ah, ele é tão provocante que teve que dormir com ela só para irritá-la no dia a seguir. Além disso, eu ainda não conheci um durão que não tivesses lapsos momentâneos, apaixonado ou não… principalmente um que não sabe sequer o que são sentimentos.

             Bjokas!!!!!! :)

            Pandora-Amamiya = Quéquéissuh? Eu, hein… garotas eu tou com UMA semana de férias para estudar para DUAS semanas seguidas de EXAMES! Férias? Só se para os professores! Nós trabalhamos duro, hein? Quer dizer…

            Vá lá, doce, quando foi o memorável momento em que trabalhaste duro na tua vida…?

            Oh não, o terror voltou… Dá para parar de me provocar? Não sou eu que fica sentada o dia inteiro a meditar!

            Pronto pronto, eu não altero mais a "tabuleta" até ao dia em que escreverei: "DECIDIDAMENTE HENTAI", certo? ;) aí ninguém vai reclamar, vai?

            Ai, deuses, vocês são muito… muito… Liebes, acho… quer dizer… o meu melhor amigo farta-se de me fazer carinhos e ele é MEU IRMÃO praticamente! Quer dizer, não é como se fossemos namorados e não praticamos incesto… Sejam mais puras, meninas o.o""… que vida, hein????

            (momento de violência em casa de Ayan….)

            Estás a ver ao que eu me sujeito??  "Shaka está pixonadu"??????? Eu estou a perder totalmente a minha imagem!

            Ah, cala a boca, seu chato… sempre a reclamar… na próximo faço um Yaoi… contigo e com Cassius… (sorriso diabólico), é melhor?

             Está bem, está bem… antes hetero bonzinho que homo durão, mesmo… a minha vida acabou…

            Credo, que drama, Sha…

            Pandorinha, se é uma coisa bem feita, não pode andar depressa… né? Mas pronto, eu conto uma coisinha… está muito próximo, ok?

            Bjokinhas!!!!!

            Mari Marin = se gostas de o ver "mais libertino" tá aí. Gostaste deste capítulo? ;) Muito jogador, o Sha… vamos a ver se o "tiro não sai pela culatra"…

            Ele está MESMO super sexy, vai, eu tenho que admitir… (loiro continua amuado, Ayan suspira)… O que passou pela cabeça dele…? Bem, só há yuma hipótese: como fazê-la ficar abobalhada no dia seguinte, só pode! Mas, sendo dorminhoco como é, é mais provável eu tenha adormecido na hora… nem sei como ela não acordou com tanto ressonar AI!

            Eu não ressono! Que mentira é essa????

            Certo, tu não ressonas, ele não ressona, minha gente…

            QUI BOM, eu não perdi o tom! Ah, ele vai ser SEMPRE assim mesmo, tá na Natureza dele, né :) ?

            BJOKASSSSSSSSSS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

            Sem nada para contar a não ser resumos de toneladas de matéria…

            Bjokas para todos,

            Ayan Ithildin.

 Próximo capítulo: "O amadurecer de uma mulher"