"O primeiro combate de uma guerreira"
by Ayan Ithildin
- Perfeito. – aprovou Shaka olhando em torno do campo idílico que se propagava além do que os seus olhos podiam ver, as flores polvilhando o verde puro da erva e das árvores, as pétalas de todas as cores circulando nos pequenos túneis de vento quente e perfumado, o azul brilhante e o alegre sussurrar dos ribeiros, as borboletas, as aves, pequenos esquilos e outros inofensivos mamíferos. Os seus sentidos eram todos satisfeitos. Olhou Dâmaris que estava sentada numa coluna grega deitada no meio da erva, pertencente ás ruínas claras de um templo. A jovem tinha um vestido branco pelos joelhos, de mangas abertas desde os ombros, que ondulava suavemente como os caracóis imperfeitos e rebeldes do seu cabelo, e observava distraidamente um casal de borboletas. Shaka começou a andar na direcção dela, olhou para si próprio e viu-se, espantado, vestido com vestes do tempo áureo dos gregos. Aproximou-se de Dâmaris e sentou-se de lado, atrás dela. A rapariga encostou as costas ao braço dele e inclinou a cabeça para trás deixando-a tombar no seu ombro. – Não me lembro te ter pedido roupas especiais.
- Eu sei.
- Nem colunas gregas…
- Eu sei…
- Nem enfeites. – disse tocando no fio que ela tinha ao pescoço.
- Eu sei.
- Estou a ver que sabes tudo. – gracejou Shaka de bom humor.
- Oh, não. Não, não sei tudo. – a rapariga suspirou e fechou os olhos. – Há muitas coisas que eu não sei.
- Ninguém sabe de tudo. – observou ele olhando o céu impecável com umas réstias de nuvens que lembravam algodão doce. – Sabedoria total exige a morte da pessoa.
- Porquê? – Dâmaris puxou um joelho para junto do peito e deixou a outra perna a baloiçar no ar.
- É a lei do Cosmos.
- Qual é a essência do Cosmos, Shaka? O que lhe dá tanto poder?
- Não te posso responder a isso. Teria que atingir a última das verdades, sabedoria total. Morreria, entraria no Nirvana e transformar-me-ia num Buda. E não te podia responder à pergunta. – Dâmaris ficou em silêncio e ele nada mais falou. Dâmaris começou a cantar qualquer coisa que ele não percebia totalmente, mas era bonito, bonito e triste.
- Que música é essa? – perguntou curioso quando ela se calou.
- Nem eu sei o nome. É grego antigo, a minha mãe costumava cantá-la. Mas nunca consegui traduzi-la completamente. – respondeu sonhadoramente. – Nem me lembro de toda. Era acerca de uma rapariga, aquilo que se poderia chamar um anjo da morte, que se apaixonou por um guerreiro mortal e foi punida pelos deuses, pois não lhe era permitido amar.
- Porquê?
- Não sei, não me lembro. Mas é uma música triste, se bem que fala de esperança. As pessoas só têm esperança quando estão tristes, não é?
- Estás triste, Dâmaris? – perguntou, abraçando-a por trás.
- Não, estou pensativa. – A rapariga encostou-se ao seu peito e suspirou. – Há tanta coisa que não compreendo, que vejo, que sinto, que oiço e que não sei o que é, porque é, de onde vem…
- Posso-te ajudar nessas ocasiões.
- Duvido. Tu próprio dizes que há coisas que nem tu sabes… - Shaka apoiava o queixo no ombro dela.
- Não é para me gabar, mas sei mais coisas que o resto das pessoas.
- Oh sim. O homem mais próximo de Deus. – disse ela distraída.
- Sim? – perguntou com um sorriso.
- Bem, eu penso que Deus não sabe nada do coração nem dos trabalhos nem dos problemas dos homens.
- Achas isso?
- Um Deus é superior, não é? Sabe muito, sabe, mas não disto. – disse, apontando para o peito. – Até mesmo para se atingir o Nirvana temos que renegar aos sentimentos, ao pensamento. É a maneira de atingir a liberdade e o conhecimento absoluto, concordo, mas esse conhecimento não te explica a ti próprio, mas tudo o resto. De que te serve conheceres tudo se não te conheces a ti próprio, se não sabes porque o teu coração bate tão depressa em certas situações, ou porque os pensamentos mais estranhos te invadem a mente nas situações mais absurdas, ou porque o teu coração dói e as lágrimas escorrem sem parar quando alguém se afasta se nada sentes por essa pessoa? Como pode alguém negar os sentimentos se não conhece a sua génese? É negar o próprio conhecimento…
Tão, tão verdade… pensou Shaka, olhando-a com ternura. – Então achas que as pessoas deviam agir consoante os seus sentimentos…
- Não, as pessoas devem conhecer os seus sentimentos, mas não se devem subjugar a eles. As pessoas fazem as leis, julgam, criam regras, fazem justiça de olhos abertos, seguindo os seus sentimentos. A justiça devia ser cega, a igualdade devia ser cega, cega como o Cosmos é no seu equilíbrio. Mas não o é, por isso o mundo é injusto. As pessoas nunca fazem as coisas pensando no bem universal, mas pensando no seu próprio bem. A justiça não é feita para todos, é feita para uma pessoa, ou uma família, ou um país, ou uma ideologia, ou uma religião, nunca abrange o mundo todo. Os sentimentos cegam-nos.
- Estás a entrar em contradição.
- Não estou. As pessoas devem conhecer os seus sentimentos e segui-los nos assuntos do coração. A justiça e a igualdade nada têm a ver com o coração, porque nem todos têm sentimentos iguais. Uma pessoa deve-se casar com quem ama, tudo bem. Mas é justo um cristão julgar um muçulmano seguindo o coração? Ou povos que se odeiam julgarem-se com o coração?
- Pedes duas veias de pensamento nas pessoas.
- Peço separação de situações, somente método e justiça.
- Sabes, eu duvido que isso aconteça.
- Sabes, eu tenho a certeza que isso não vai acontecer. – ele olhou-a espantado. – Utopias não acontecem.
- Então para que serviu esta conversa se não tens esperança? – perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Para que serve uma bonita ilusão?
- Regalar os olhos e o coração.
- Então pronto, esta conversa serviu para regalar os ouvidos e o coração. – disse com um sorriso.
- Sim, mas a falta de esperança põe as pessoas tristes.
- Eu já te disse que só quando as pessoas ficam tristes é que pensam em ter esperança…
- Ai sim? Quem te disse que tens razão?
- Experiência.
- Ah, sou mais velho que tu, não sei se sabes.
- É difícil perceber isso… - provocou a rapariga.
- Logo tenho mais experiência…
- Ahahaha, o grande Shaka de Virgem com experiências em assuntos sentimentais. – riu-se ela, rolando para a erva.
- Ei, quem disse que não? – protestou, levantando uma sobrancelha.
- Oh, Shaka, vá lá… - disse ela com um sorriso enorme, os olhos enigmáticos brilhando misteriosamente. - Tu és capaz de estar apaixonado por uma pessoa a vida inteira e não perceberes isso….
- Lá por não ligar a sentimentos isso não significa que não os conheça. – defendeu-se com um sorriso vitorioso. Ela deitou-se de costas na erva.
- Shaka, está bem, vou fingir que acredito.
- Eu estou a falar a sério. – Estarei mesmo? Ela tem razão, não percebo metade das coisas que se passam comigo ultimamente. Deitou-se ao lado dela, os olhos azuis reflectindo o azul do céu. Ela ergueu-se nos cotovelos.
- Estás? Então diz-me lá uma coisa… - ele olhou-a e viu o desafio nos seus olhos. A jovem sacudiu os cabelos. – O que estás a sentir agora? – Shaka olhou-a erguendo as sobrancelhas e ela deixou-se cair de novo para trás.
- Bem… Neste momento estou sentir o vento, o perfume das flores, o quente do sol…
- Shaka…
- Hmmm? – disse ele, fazendo um sorriso inocente.
- Eu falei sentir de sentimentos, não sentir de sentidos… - disse ela erguendo-se de novo nos cotovelos, olhando-o com cara de poucos amigos.
- Tenho culpa de não especificares?
- Ah, queres especificações? Então específica lá que sentimentos nutres quando os teus sentidos absorvem essas sensações. – desta vez era ela que tinha um sorriso vitorioso.
- Voltamos para a realidade e eu respondo-te, pode ser? - a ilusão desfez-se e eles voltaram a estar sentados nos colchões da sala de treino, um em frente ao outro. Dâmaris abriu suavemente os olhos. Shaka sorriu. – Foi a ilusão perfeita.
- A resposta… - Ele virou-se e deitou-se ao seu lado.
- Bem essas sensações não me fazem nutrir sentimentos nenhuns… No entanto… - ele baixou a voz e Dâmaris debruçou-se sobre ele curiosa. As mãos de Shaka puxaram-na repentinamente para cima dele e começou a fazer-lhe cócegas. – Isto faz-me sentir muito bem disposto.
- Isso é porque tu… és um… sacana… - ela contorcia-se em cima dele.
- Quem é o sacana? – perguntou ele, cerrando o ataque.
- Pára… pára… Shaka… estou-me a sentir mal… não… consigo… respirar…- Shaka parou mas manteve os braços à volta dela.
- Já me tinha esquecido que tinhas cócegas…
- E o que eu rezei para que te esquecesses…- resmungou ela. Ele riu-se e fez-lhe uma festa nos cabelos.
- Vou fazer o jantar.
- Espera. Eu dou uma ajuda…
- Bom dia, mestre! – Dâmaris entrou pela cozinha e pendurou-se às cavalitas de Shaka. Ele abriu os olhos de espanto e curiosidade. Ela debruçou-se nos seus ombros. – Hm, bolos de mel. Gosto muito.
- Ainda bem, agora será que o passarinho pode sair do poleiro? – perguntou, referindo-se ás suas costas. Dâmaris desceu e olhou-o com um sorriso de derreter as calotes polares. – Estás muito bem disposta…
- Eu disse-te que precisava de dormir. – Dâmaris começou a comer os bolos de mel alegremente enquanto Shaka lhe punha leite fresco à frente.
- Certo. Hoje vamos para a arena.
- Para a arena? – olhou-o desconfiada – Porquê?
- Quero ver se arranjo alguém para treinar contigo. – Dâmaris abriu a boca, já visualizando Saga com um sorriso trocista a dar-lhe uma enorme tareia. – Um dos de bronze. Essa roupa serve. – Calções eram calções, mas a blusa de hoje não era reveladora. Enfim, ele não podia fazer nada quanto aos relevos, certo?
- Shaka, mas ainda nem sequer levito quando medito!
- Claro que levitas! Olha o absurdo.
- Eu levito? – perguntou abismada.
- Levitas.
- Eu nunca dei por levitar. – disse, sem acreditar.
- Claro que não, teoricamente não estás aqui quando levitas, certo? – A rapariga pareceu pensar naquilo durante uns segundos. Depois preocupou-se de novo.
- Shaka, eu vou levar uma tareia de todo o tamanho. – disse baixando a cabeça. Ele cruzou os braços, sorrindo.
- E eu sou pessoa de te levar para uma derrota? – ela fez beicinho. Shaka abanou a cabeça. Ela realmente não sabe o que consegue fazer. Tenho de levá-la para longe tantas vezes porque já atinge o sétimo sentido com regularidade. Quem diria que um treino stressante não tem resultados? Mas não lhe posso retirar o mérito. – Consegues vencer qualquer um dos cavaleiros de bronze sem mexeres um dedo. Só tens que descobrir como. Já não confias em mim?
- Ilusões…
- Certo. – As ilusões de Dâmaris, assim como as suas, eram totalmente diferentes das de Fénix. O golpe de Fénix acertava os nervos, fazendo-os visualizar o maior medo das pessoas, destruindo o seu sistema nervoso. Fénix não controlava a ilusão, nem a criava, apenas a provocava. E tinha um enorme erro: qualquer um que conseguisse controlar o medo sairia facilmente ileso dos seus golpes. As ilusões de Dâmaris e as suas eram criadas e controladas por eles próprios, não através dos nervos, mas através da própria essência. Não havia hipótese de fuga, a ilusão terminava quando eles queriam ou quando a pessoa morria, pois ninguém tirando Dâmaris e Shaka tinha poder mental suficiente para controlar o próprio inconsciente e até, em parte, a própria essência.
- Shaka!
- Bom dia, Mu. – os olhos de Shaka estavam novamente fechados e o rosto duramente impassível. – Eu estava à procura dos cavaleiros de bronze. Preciso de um que possa combater com Dâmaris.
- Shaka, tu vais pô-la a lutar contra um cavaleiro de bronze? Estás maluco? – Shaka deu a Aioria o seu sorriso mais sarcástico e frio. – Bem, se tens tanta a certeza que ela aguenta… - Aioria chamou os cinco cavaleiros de bronze que treinavam na arena.
- Ela vai lutar connosco? – Seiya escangalhou-se a rir. Hyoga olhou-a friamente ainda ferido da noite de Natal, os olhos de Shun mostravam carinho e preocupação, os de Fénix arrogância, Shiriyo com curiosidade.
- Qual deles, Shaka? – perguntou Carlo com um sorriso irónico.
- Não acreditas nela…
- Não me entendas mal. Eu acredito que ela seja muito dotada, va biene? Mas estes cinco já passaram por muito não são adversários fáceis. E têm anos de treino, coisa que ela não tem.
- Vamos deixá-la escolher. Dâmaris? – A jovem olhou-os um a um. Olhou o jovem de olhos e cabelos azuis. Queria fazê-lo pagar por aquele dia na piscina.
Derroto qualquer um mesmo, mestre?
Qualquer um.
- Ikki. – eles começaram a rir-se.
- Sem hipóteses. – declarou Carlo rindo-se mordazmente.
- Bem, se é o Ikki que escolheste, podem ir para a arena. – Dâmaris pulou o muro e Ikki seguiu-a rindo-se.
- Já derrotei o teu mestre, tu não serás tarefa difícil.
- Ikki, não te armes, tu nunca derrotaste o Shaka. – avisou Mu do outro lado.
- Ai não?
- Não. - afirmou Aioria sorrindo.
- Com a educação dele, já me ter agradecido o facto de lhe ter salvo a vida foi um milagre. – comentou Shaka sentando-se na posição de lótus em cima do muro.
- Eu nunca te derrotei, Virgem? – perguntou Ikki, lesado. Shaka fez um sorriso de "o que é que achas, frango?". Aioria riu-se e despediu-se, pois tinha que ir ter com Marin. – Então porque agiste daquela maneira?
- E desde quando eu tenho que justificar as minhas acções? Pula lá para dentro e luta, se fazes o favor, não tenho tempo para isto. – cortou Shaka com a sua habitual frieza.
- Como é que tu o aguentas? – perguntou Ikki a Dâmaris, plantando-se à sua frente.
- Sou igualzinha a ele… - disse ela com um sorriso irónico.
- Falas de mais. – disse ele lançando-se no ataque.
- Aliás, sou igualzinha a um monte de gente… Ikki! – exclamou a jovem. Ikki parou aturdido. Pestanejou e olhou Dâmaris que sorria suavemente à sua frente. Atacou-a de novo. – Ikki! – baixou o braço novamente, abanando a cabeça confuso. Todos os outros ataques terminavam no mesmo.
- Ikki, que merda é essa? – berrou Carlo da bancada. Shaka sorria mordazmente. Ikki olhou para a bancada e viu o irmão. Olhou de novo Dâmaris. O seu irmão estava na bancada, e quem estava à sua frente era Dâmaris. Atacou de novo, desviou os olhos de Dâmaris e olhou a bancada. Dâmaris estava na bancada. Olhou para a frente e viu o irmão. Ikki!!! Ikki tentou parar o ataque, mas acabou por cair no chão poeirento da arena. Olhou para cima e viu Dâmaris impassível.
- Cabra… - o cosmos dele aumentou, a rapariga sentiu-se ficar com medo e descontrolou-se, quebrando a ilusão. Ikki acertou-lhe com um murro no estômago. Dâmaris ficou de joelhos a cuspir bocadinhos de sangue e saliva, agradecendo o facto de ter enrijecido os músculos da barriga no momento do impacto.
- Isso, Ikki. – aprovou Carlo orgulhoso. Ikki lançou-lhe um olhar de " o que é que foi, velhadas? Já matava homens quando ainda não era teu aluno. Deves pensar que me ensinas muita coisa, deves…".
- Levanta-te, Dâmaris. Não quiseste lutar com um homem? – perguntou Ikki mordaz. Dâmaris olhou para Shaka. Se perdesse, o mestre iria ser o objecto de troça de todo o Santuário. «Consegues vencer qualquer um dos cavaleiros de bronze sem mexeres um dedo.» Porra, eu sou a aprendiza do homem mais próximo de Deus. Tenho que confiar em mim… e nele. Dâmaris fechou os olhos. Eu estou, eu sou a calma. Paz. Serenidade…Ikki lançou-se na direcção dela e deu um grito de surpresa. Dâmaris sorriu. Ikki estava preso dentro da sua própria mente, numa ilusão. Inconscientemente, as pernas da jovem levantaram-se e ela sentou-se na posição de lótus em levitação.
- Shaka? – perguntou Mu abismado. Shaka sorriu friamente. Ela vai conseguir. Se souber ser insensível, ela vai conseguir. Veremos se és capaz de ignorar os sentimentos, Dâmaris…
Ikki olhou o corredor escuro, um corredor de um castelo medieval, fracamente iluminado. Andou cuidadosamente, decidido a não cair nos truques mentais de Dâmaris, mas aquilo era totalmente diferente das ilusões de Shaka. Andou até um pequeno pátio. A construção não era medieval, era muito anterior, dentro da própria rocha de uma falésia. Dâmaris estava debruçada num buraco que servia de janela. Lá fora ouvia-se o mar, tambores e gritos.
- Que merda é esta?
- Porque não olhas por ti próprio? – Ikki olhou para fora. Imensas pessoas estavam nas falésias, contudo, separado por uma entrada de água, num plataforma mesmo em frente, estavam três homem que prendiam alguém. Agrilhoavam alguém… Alguém soprou uma corneta. Os homens fugiram dali e deixaram ver uma jovem de cabelos castanhos-claros presa por correntes à rocha. O Sacrifício de Andrómeda…
- Perseus… - gritava a jovem, as lágrimas correndo em desespero. O chão começou a tremer. Ikki olhou os pulsos da jovem. De um lado a corrente terminava num círculo, no outro num triângulo. Ikki encarou o rosto, mas Andrómeda desaparecera.
- Ikki!!!
- Shun! – Ikki preparou-se para pular pela janela, mas Dâmaris, tornando-se imensas vezes maior gradativamente, mergulhou antes dele e quando emergiu foi uma forma grotesca maciça cinzento-esverdeada que se ergueu das águas. – Shun! – Dâmaris, não, Kraken, o último titã dos mares, o último titã dominado pelos deuses, chamado para devorar a princesa Andrómeda, quebrou as correntes de Shun, arrancando-o das rochas. Ikki viu o monstro abrir a boca. – Shun! – mas o movimento das águas tornara-se imenso com os movimentos do enorme monstro mitológico. E as ondas invadiram o esconderijo do jovem. Ikki sentiu os pulmões invadirem-se com água. Isto é uma ilusão, tentou desesperadamente pensar. Uma a uma, imagens do irmão a sofrer nas garras do Titã e gritando por si invadiram a sua mente. O peso da água foi insuportável, Ikki ficou sem conseguir respirar… Isto não é uma ilusão!, pensou o seu cérebro alarmado antes de perder a consciência.
- Ikki! Ikki! – Seiya abanou Ikki desesperado.
- Ele já acorda. – disse Dâmaris suavemente, saindo do transe e pondo-se de pé.
- O que é que tu lhe fizeste? – berrou Hyoga enfurecido. – Isto é um treino!
- Hyoga, calma, tenho a certeza que Dâmaris não lhe fez nada. – disse Shiriyo segurando o amigo pelos braços. Shun olhava o irmão em aflição. Ajoelhou-se à sua frente e abanou-o também.
- Ikki!
- O que lhe fizeste, maledetta? – perguntou Carlo furioso. A arena tinha-se transformado num pandemónio, gente correra de todos os cantos a assistir ao que estava a acontecer.
- Chega. – a voz fria de Shaka impôs silêncio na arena. Ele parou ao pé de Ikki. Dâmaris olhou para Shaka em busca de auxílio. Ela não fizera nada a Ikki que não tivesse treinado com o mestre. E se Ikki não aguenta a mesma coisa? Será que exagerei?, pensou aflita.
Compõe-te.
Sim, mestre. Dâmaris endireitou mais as costas e deixou o rosto fluir numa expressão de fria impassibilidade, que era bem pior que a impassibilidade pura que tivera no momento anterior. Ikki acordou e começou a tossir, como se tentasse expelir água.
- Ikki! – disse o irmão aliviado. Ikki olhou-o.
- Shun? – claro. Foi uma ilusão. Sentiu-se estúpido por ter caído naquilo. Mas a falta de ar era real, tão real…Sentiu uma vergonha enorme. Dâmaris apanhara o seu veio mais fraco, o mais fraco de todos e derrotara-o com uma simplicidade extrema. Levantou-se com a ajuda do irmão e de Seiya.
- O que foi que ela te fez, companheiro? – perguntou Hyoga zangado. Ikki hesitou e depois fez uma grande criancice.
- Ela mostrou-me o sacrifício de Andrómeda. Com o Shun.E afogou-me. – Sentia uma raiva enorme da rapariga. Nem Shaka descera tão baixo. Ele não estava a lutar a sério, lembras-te das palavras Aioria? E parecia uma criança, de tão abalado que estava, ele, Fénix, ansiando pela defesa dos amigos.
- Calma, Ikki. Perseus salvou Andrómeda, não foi? Logo, Shun não morreu. – observou Shaka seca e friamente. Ikki enervou-se.
- Eu tinha que salvar o meu irmão e não consegui. Ela mostrou-me Kraken sendo ela própria a devorá-lo e a seguir afogou-me! – a assistência ficou em silêncio. Deveria ter sido violento, fora violento, para até Ikki ficar naquele estado. Olharam Dâmaris com espanto e, alguns, com raiva. A rapariga suportou aquilo com uma indiferença muito bem fingida. Até Shaka havia franzido as sobrancelhas e Mu estava chocado…
E a jovem percebeu que a vida tinha dado uma volta gigantesca. Ela só não sabia que era uma volta tão desmesuradamente grande.
N.A.: (Ayan encontra-se deitada à beira de uma piscina rodeada por um imenso relvado por onde despontam frescos arbustos e flores e lindas luzes brancas que iluminam o paraíso idílico da piscina durante a noite, estrelinhas brilhando no céu com uma linda lua de quarto crescente.)
Hum… ai, Lestat, essas tuas mãos vampiricamente geladas são óptimas para massagens de verão... Ups…
Ok… Sem troça, Shaka….
OIE!!!!!!! Não há queixas, né? Bem, eu vou já avisando que não vou postar de terça a sexta à noite. Não vai dar mesmo, então, Pandora, não vale apenas reviews de quinta-feira, menina, porque não vai dar mesmo, Vão ser dois exames de que preciso muito para entrar na Universidade tá?
Paula Marques = Ok, eu acho o Shaka bastante exótico e original com ou sem sari vermelho, mas uma vez que eu me inclino mais para a psicologia acho que isso deve ser um defeito meu. MAS eu vi um fanart lindo dele vestido mais ou menos assim e também ficou meio exótico. Exótico do que ele é.
Campanha em processamento… veremos o que posso fazer.
Em relação ao estado de predador do Shaka, bem… como diz Mari ou ele tem sido casto ou ele disfarça muito bem… descubram, as respostas estão todas aí!
Em relação às tuas preocupações:
1 – o meu computador geralmente não pifa, só ameaça. Se pifar não tem problema, como tenho tudo gravado em disquete e cd's, ou uso o computador do meu pai, do meu "irmão", de um amigo, das minhas primas, da escola, da biblioteca, etc….
2 – Se o FF.net armar uma dessas, eu destruo a Internet permanentemente e peço antes as vossas moradas para vos enviar por correio ou então envio-vos os capítulos por e-mail (mas dêem-mos, né?)
3 – Duvido que fiques cega… de qualquer modo o stock de água da vida é ilimitado, o sétimo sentido é fácil de atingir e tenho alguns conhecimentos de medicina divina do deus Apolo e com o meu tiozinho Apolo para prevenir casos desses.
4 – Tu não podes morrer, quer dizer, não podes morrer antes de eu acabar a fic. Nenhuma de vocês pode. Contrato com o meu tio Hades com a minha promessa de também não pôr os pés no inferno antes de acabar a história. E a continuação da história. E a continuação da continuação. Então mantenham-se minhas fãs se querem vida segura e quase imortalidade :-P
5 – Eu também não posso morrer. Tenho mil anos de vida garantida para o meu tio do coração arranjar paciência para me aturar o resto da eternidade. Como há mil anos atrás ele me disse o mesmo e não a arranjou, calculo que daqui a mil anos fique novamente a andar por aqui… Eu sou assim TÃO chata e má? Quer dizer, já fui posta fora do mundo dos mortos e regressada à vida montes de vezes… o meu tio não me ama…
(Voz cavernosa…) Claro que não, sua fedelha chata! Miúda embirrante, irónica e sarcástica! Chata, chata, chata! Oh, porque é que o perverso o meu irmão olímpico teve que ter logo uma filha como tu com aquela galinha da Hera… Vive mil, dois mil anso, vive o resto da eternidade mas NÃO ponhas os pés no meu amado submundo! Pelo raio de Olimpo, até as Fúrias se encolhem quando ouvem o teu nome! Além disso…
Já entendi…
Já?
Já?
De certeza?
Sim, tio.
"ptimo, aproveita a imortalidade! Bye bye! UH, o inferno é o paraíso!!!!!!!!!
Excelente… duh, agora sou imortal…
Sempre podemos conquistar o mundo…
Geminiano errado, Dorian, isso é com o meu irmão Saga, ele é o poderoso… Ups, brincadeira, volta aqui, Dorian! Volta aqui!
Sério… ele é assim tão facilmente corrompido?
Lestat de Lioncourt, não te atrevas a morder o meu irmão… Lestat, volta aqui! Ah, voltem aqui, seus imortais noctívagos e megalomaníacos! Sha! (abraça Shaka) Trá-los de volta!
Sempre eu, né? Tá, tá, tá, coisa doce, que farias tu sem mim… Ei, imortais de meia tigela, a princesa está a chorar… nem quero ver os irmãos quando descobrirem QUEM a fez chorar… não há poder sedutor que os pare…
Brigado, Sha! (olha os dois a regressarem) Que coisa feia…
Bem, uma vez que nada nos vai acontecer, deixai-me lembrar-vos que vamos um pouco depois da metade da história e que em breve estaremos a comemorar com champagne o final…
Entretanto muita água vai rolar, mas eu vou publicar mais depressa logo que os exames acabem, tá?
BJOKASSSSS!!!!!!!!!!
Kourin-sama = O Saga é muito implicante né? Tinha que ser de gémeos para reparar logo na "pista"… Oh signo desgraçado que eu fui apanhar…
Ah, gemini é o signo perfeito para ti.
É, né? Fazer o quê?
Vá lá, pensemos que a natação é o desporto perfeito para todos os músculos e sincronização… além disso é verão, eles têm que se refrescar, não? (Olha lá o sentido da frase, hein?)
Mais Afrodite? BEM, vou ver o que posso fazer, tá?
Ai, o Shaka… loiro desgraçado que arranca os corações das mulheres…
Experiência própria? (Ayan olha para ele com os olhos a brilharem de tão magoados) Errr… Desculpa? Vá lá, desculpas? (Ayan começa a chorar) Chiu, pronto, desculpa, vês? Estou a pedir desculpas!
Maninho…
Não, não não… maninho não!
Kanon… Saga…
Ah, sim, agora quero ver o que vais fazer quando os irmãos descobrirem quem a fez chorar… não há irmandade que os faça parar…
Cala a boca, aprendiz de vampiro… Vá lá, docinho, eu gosto muito de ti, sim?
Gostas?
Gosto. (Ayan volto para o computador sem lágrimas)
Acho bem…
Ai, ninguém merece…
Bem, e aí tá o primeiro combate dela… tinha que sair problema, né? Tinha mesmo… Não me matem por causa do Ikki, please! EU tinha que arranjar alguém e, sendo de gémeos debaixo da educação de Shaka, ela tinha que se querer vingar de Fénix… No problem, eu vou arranjar isso, tá?
Sari transparente????? Oh, please! Vocês estão a ficar perigosas!
Tu não te atrevas! Tu não te Atrevas, Ayan! Se tu o fizeres, eu, eu, eu…
Calma, bebe o teu gin tónico e calma, respira, isso…
Sério, people, eu vou pensar.
Sem ameaças, hein? :P
Bjokas!!!!!!!!!
Megawinsone = Nunca é tarde para postares a tua review, Mega!!!! Ainda bem que gostaste! Quanto à paixão deles, ainda vai ser bastante conturbada… O abrir dos olhos do Shaka, modéstia à parte, também achei um bom momento desta fic. Ainda bem que gostaram! Era um ponto crucial!
Claro que gostaram, os meus olhos são lindos!
Shaka, um puco de modéstia não faz mal a ninguém, meu querido…
Modéstia sim, idiotice não! Diz lá se os meus olhos não são lindos?
São sim, cala-te…
BjokaS!!!!!!!!!!!!!!!!
Ia-Chan = Bem, eu acho que é o estigama da defesa por ciúme mesmo a funcionar…
Ah sim, eu tenho um belíssimo ataque de ciúmes preparado para ele…
Espera só… ;-)
Bjokas!!!!!!!!1
Palas Lis = tudo bem, eu deixo assim (Hentai) quando for a altura e ponho (/Hentai/) quando parar, tá?
Eu não faço muito pesado, mas pronto, a escolha é tua e, claro, eu respeito isso.
Quero ser juíza, sim :-)
Bjinhos!!!!!!!!!
Márcia Marques = BEM, eu sinto-me muito honada em ser a primeira "revisada"! E espero sinceramente que a minha fic seja merecedora dessa atenção!
Mais uma fã cardíaca??? Ai que eu morro… Merci bien, mon cher, Lestat, pour me secour …
Não roas as unhas, menina!!!! Unha é venenosa, não sabias???
AI, ainda vou presa, minha gente! Depois não acabo a fic, hein? :P
Bjokassssssssss!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mari Marin = Foi difícil, hien? YUPIIIIIIIIIIIIIIIIIIII; arrepiou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Procurem a resposta na fic para a castidade ou não do Shaka, ela tá lá, tá lá … :P
Tens razão, eu NÃO entendo este loiro!
Claro que não, eu sou demasiado inteligente para me entenderem… Brincadeira, meu anjo!
Ele já não precisa de pedalar! Linda a minha nova casa não? (abraça Shaka) ele foi tão querido! Tem até geradores de emergência!
Mil bjokas pa ti!!!!!!!!
Bem, nada a declarar, só que estou cheia de sono e… Lestat, pára a massagem, mon ange, estou aqui estou a dormir… e vou postar logo esse capítulo!
Bjokas para todos!!!!!
Próximo capítulo: " A inconsistência do Santuário: os elos de amizade reforçam-se"
