Capítulo 4 - Homens são todos iguais

Todos já estavam jantando. Gina olhou de ponta a ponta e deu um sorriso. Não sabia explicar exatamente porque, mas havia alguma coisa que tornava a hora da janta tão especial para ela. Talvez porque a mesa da Grifinória ficava mais cheia e animada, mas mesmo não estando na mesa da sua casa a sensação não era diferente.

Em todo o caso, ela já estava começando a ficar animada e empolgada, como em todos os jantares, mas dessa vez havia algo que tornava este muito mais excitante: a idéia de voltar ao seu corpo muito em breve.

Dava rápidas olhadas para mesa da Grifinória e quando via Draco lá, sentado, com seu corpo, tinha vontade de gritar de felicidade. Aquela seria a última vez que se veria naquela situação de corpos trocados com o Draco! Novamente olhou para o seu prato e voltou a comer, embora a ansiedade tivesse lhe roubado toda a fome.

* * *

Draco observava a conversa dos grifinórios em silêncio, tentando absorver cada palavra que pudesse ajudá-lo até que voltasse pro seu corpo.

"O que eu estou fazendo? Eu já estou praticamente com a resposta dos meus problemas na minha mão! Um Malfoy querendo analisar a vida de uma Weasley, vê se tem cabimento!"

- Você tem andando meio quieta Gina... aconteceu alguma coisa? - perguntou Missy, uma amiga de Gina com cabelos cacheados ao seu lado.

- Só estava pensando... - respondeu Draco baixinho.

- Imagino no que! - respondeu Lara maliciosa dando uma piscadinha.

Eu mereço, pensou Draco entediado. Se elas realmente soubesse quem é que está aqui, me poupariam esses comentários patéticos, ironizou.

- Ele está tramando alguma coisa... espero que ele tenha certeza do que está fazendo. Não estou com paciência para as dele - comentou Rony com Harry e as garotas.

- Não liga, Rony! Ele está querendo que você pense coisas a respeito dele só pra arrumar alguma encrenca com a gente.

- Quem? - perguntou Draco curioso.

- Draco Malfoy, e quem mais seria? Aquele ser repulsivo, não para de olhar para nossa mesa. Um cretino.

Acalme-se. Faça como os budas e respire fundo, murmurava para si mesmo. Queria fazer Rony engolir aquelas palavras.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou Rony ao ver a cara emburrada de Gina.

- Não. Só fico pensado... porque será que Malfoy precisa ser tão agressivo conosco? Quer dizer, nós nunca sequer o tratamos mal e não vejo motivo para isso... - "Ah, sim, existe um, vocês são pobres!" respondeu Draco para si como se tivesse contracenando com um espelho.

- É bem simples, Gina. Ele tem inveja de nós. Ele pode ter dinheiro mas será que os pais dele o amam tanto quanto os de vocês? - disse Hermione.

Aquilo foi como um soco no estômago de Draco. Quase pôs tudo a perder se não tivesse se controlado. Que teoria ridícula dessa trouxa, sangue-ruim! Ele teve vontade de desmentir na hora, mas ao mesmo tempo algo dentro dele parecia concordar com aquilo.

É mais do que lógico que concorda. É efeito do corpo da Weasley, com certeza!, concluiu, mas a sensação ainda não o tinha abandonado completamente.

Draco deu uma olhada em volta para se acalmar, e pôde notar que várias pessoas já haviam deixado o salão. Era hora de arrumar uma desculpa para sair dali.

* * *

Os corredores estavam vazios. Ás vezes, ouvia-se alguns chochichos no ar, em direção a torre da Lufa-Lufa, mas pelo caminho que Gina seguia, havia um agoniante silêncio.

Um breu caia em forma de véu na direção em que estava caminhando, mas mesmo assim não se intimidou e seguiu em frente, até chegar num pilar e encostar-se nele. Demorou algum tempo até que ela finalmente ouviu uma voz vinda da parte clara do corredor.

- Weasley?

- Nossa! Grande moral você tem para falar de horário!

- Teria chegado antes se aqueles seus amiguinhos não tivessem me segurado - ele falou, sarcástico.

- Isso porque eles não sabem quem você é - ela retrucou com firmeza.

- É incrível como você tem cada dedução inteligente, Weasley, mas não estou afim de discutir isso agora. Estou com o nome de um livro que talvez possa nos ajudar, e você?

- Snape me deu um... Ele nem desconfiou. Você pediu para Hermione?

- Sim, aqui está o papel - disse Draco levantando um pedaço de pergaminho, uma expressão de desgosto na face. - Amanhã eu vou na biblioteca procurar. Mando uma coruja, Ok?

- Certo.

Então Draco virou as costas, deixando Gina sozinha e ela pôde admirá-lo em silêncio. E desde então o tempo passou rapidamente.

Eu mando uma coruja, ele tinha dito.

"Já fazem mais de dois dias... Tá certo, um dia e meio, e NADA! Eu quero o meu corpo de volta, a minha vida de volta! E nada desse garoto mandar a tal coruja!" Gina resmunga, chutando uma pedra. "Isso que dá acreditar em promessas de um Malfoy."

Desde a última vez que vira Malfoy começara a procurar o livro que Snape havia escrito no papel. Não foi difícil encontrá-lo, mas assim que abriu as páginas pôde perceber que não seria fácil lê-lo, pois o livro estava em escrito em latim - Grande, eu mereço. - Mas após um lida viu que não era bem aquilo. Não poderia ser aquilo... Nenhuma poção foi bebida, nem nada!

Agora estava lá chutando pedras e nervosa esperando uma notícia de Draco. Realmente, homens são todos iguais, até mesmo os Malfoy! A não ser que Draco esteja realmente gostando de ser ela... mas era uma idéia ridícula, Gina disse para si mesma tentando se convencer daquilo, mas quanto mais o tempo passava ela não sabia se acreditava tanto nisso. Foi até o salão comunial da Sonserina e começou a fazer o dever que prof. Binns tinha passado para a próxima aula. Estava indecisa se fazia ou não por ser o dever de Draco e não dela, mas decidiu fazê-lo, afim de se distrair um pouco.

Elias Topson era um bruxo como qualquer outro. Sua paixão era animais, sendo assim ele possuiu uma enorme fazenda na qual dedicava sua vida a cada um deles. Ele acreditava que os animais, assim como nós, têm grandes poderes ocultos, e realizava uma pesquisa sobre isso.

Na mesma época, ocorria a tenebrosa 2ª guerra mundial, muitos bruxos tiveram seus poderes trancados por um mago chamado Jack, e era preciso dar um jeito naquela situação. Muitos lutaram contra esse "lacre", até mesmo grandes bruxos, que morreram por conta disso, mais Elias pouco se importava em fazer feitiços contra o lacre e continuava a estudar os animais, pois acreditava que atráves deles conseguiria as respostas para tudo aquilo.

Certo dia fez uma poção com vários ingredientes, dentre eles, o nanquim. Só que seu pássaro caiu nessa poção, e a chegada de Jack em sua fazenda, fez com que ele não tivesse tempo de pegar o pássaro que voava pela sala.

Ao recolhê-la e também ao seu passarinho, Jack se aproximou de Elias, e esse encostou sua mão sem perceber no líquido derramado. A poção penetrou na pele de ambos e fez com que acontecesse uma troca de corpos.

Com isso, Elias conseguiu reverter o lacre que Jack havia feito, mas para voltar para seu corpo foi *letras borradas*

Segundo estudos, não pode ser considerada uma poção pois não é ingerida, mais ainda é uma polêmica. Então, depois...


Gina ficou atônita. Aquilo tudo lhe parecia familhar. Tirando o lacre e o pássaro e acrecentando um certo sapo e um loiro implicante, era mais do que familiar. De repente tudo clareou em sua mente, e parecia tão óbvio... aquela não era uma poção qualquer. Não era poção, para falar a verdade, porque penetrava na pele das pessoas. Como pudera ter sido tão burra de não ter percebido isso? Agora era só seguir a troca de corpos que indicava no livro.

"Diaxo! Por que esse livro tem que estar apagado bem na parte que fala como eles voltaram ao normal?"

Não demorou muito e Gina resolveu procurar Draco. Agora que já sabia do que se tratava poderia finalmente voltar a ser o que era, ou o que foi. Enquanto caminhava pelas masmorras de Hogwarts a procura de Draco, milhares de imagens dos acontecimentos dos últimos dias passaram em sua mente como em slides. Ela não sabia dizer se estava feliz, mas saberia contar detalhe por detalhe.

Todos os vultos de cabelo vermelho pareciam ser Draco e ela se sentiu perdida por algum tempo, até que viu olhos muito familhares perto da sala de troféus. Correu em direção a eles antes que os perdessem de vista e empurrou a pessoa para sala. Gina fechou a porta que fez um barulho que devia ter chamado a atenção do castelo inteiro.

- Nossa, que delicadeza da sua parte! - zombou Draco.

- Obrigada. Achei que você ia gostar mesmo.

- A que me devo esse rapto, posso saber?

- Leia isso.

Ela passou a Draco o pedaço de papel, que correu os olhos pelas palavras com uma expressão de surpresa.

- O que eles fizeram para quebrar o feitiço?

- Bem... eu... eu não sei, essa parte está apagada - respondeu Gina nervosa.

- E você viu se tinha outro livro parecido com esse?

- Não, mas eu vou lá ver agora. É só você esperar aqui - disse, indo até a porta.

Gina virou a maçaneta, mas ela não acompanhou o movimento. Isso só podia significar que...

- Estamos presos!

* * *

N/A : Finalmente a etapa 1 acaba aqui. Sim, vocês que estavam esperando pelo 'action D/G' poderão vê-lo no capítulo 5, sendo assim não temos cenas do próximo capítulo pois seria muita maldade por só um detalhezinho no meio de tantos... ;)

Obrigada pelas reviews! Até o próximo capítulo!


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