Cena II : A Batalha Suprema da Vida de Rafaga : O Meu Inimigo, Aquele que Eu Jurei Destruir

Levemente baseado em "Cavalo de Fogo"

Rayearth 3 – The Movie

by Lexas

Joaotjr@hotmail.com

Comentários a parte ... vamos ao que interessa !

Gostaria de dedicar esse capítulo a Fabi Li, pela excelente série Street Fighter J. É um ótimo de exemplo de como pode se pegar pouquíssimo material e fazer algo realmente interessante ( e a propósito, se estiver lendo isto, quando sai o próximo capítulo ? Eu já recebi uns sete e-mails de pessoas que vinha até a Central Nacional de fanfics e encontravam seu fanfic, mas como não conseguiam entrar em contato contigo, me contactavam esperando que eu pudesse falar com você . Se liga, cara ! O pessoal tá esperando !) .

Último detalhe ( e esse é muito importante para a compreensão de várias partes do fanfic) : A série de OAV Rayearth re-conta a série original, trata-se de um recomeço, onde tudo apresentado anteriormente é desconsiderado para dar lugar a algo novo, portanto ....

Continuemos, então .

Luz ... camera ... ação !

Não era algo costumeiro . Não era mesmo . Podia ser visto de longe, mesmo nas florestas mais distantes .

Os poucos que conseguiam manter uma linha de raciocínio, perdiam-se em suas memórias, tentando, em vão, lembrar do que seria aquilo .

O fato era que algo estava acontecendo no castelo .

Algo de muito ruim, para conseguir chamar a atenção de tantas pessoas .

Já havia anoitecido há algum tempo, mas não era esse o fator principal . Era como se algo estivesse prestes a explodir .

Todo o povo de Cefiro já estava acostumado com demonstração de magias, sendo comuns magias mal-realizadas . Porem, havia algo errada daquela vez .

Qualquer um que olhasse para o céu acima do castelo onde se encontrava o conselheiro espiritual de Cefiro, Guru Cléf, teria uma surpresa : estava batendo . Estava pulsando, como se fosse um coração . Por mais que as pessoas já tenham visto coisas fabulosas, ficaria perplexo diante daquilo . Era como se o próprio céu estivesse vivo . E ele continuava pulsando, com uma violência cada vez maior . Fora o fato de que, claro, o "pulsar" dos céus estar gerando um barulho de uma intensidade tremendamente forte . Somando-se tudo isso, alguém realmente poderia dizer que havia um coração batendo no peito do céu !

O barulho ecoava e era ouvido por quilômetros e quilômetros . Como o pulsar do coração de um enorme mostro, o barulho atingia casas, vilarejos, estradas, animais ... tudo . Todos estava ouvindo aquilo . Todos .

Em sua casa, uma garotinha tinha pesadelos . Mesmo dormindo, o barulho vindo dos céus interrompia de forma violenta e impiedosa seu doce sonho . Porem, ela se encontrava em situação melhor do que muitos outros .

Nas enormes florestas que haviam em Cefiro, o barulho não deixava de ser ouvido . Pelo contrário, o barulho ecoava com maior intensidade entre as arvores, repercutindo entre as criaturas que ali habitavam . A agonia sentida por eles era terrível, só de ouvir aquele estrondo . Aquilo não era um barulho comum . Muitos dos que tinham hábitos noturnos acordavam e, tomados por um frenesi incontrolável, corriam desesperadamente pela noite afora, atacando tudo e todos os que se encontrassem em seu caminho . Fêmeas grávidas, animais feridos, viajantes ... todos eram vitimas que nunca mais seriam encontradas .

Entre as pessoas, a situação não parecia estar muito melhor . Da mesma forma que os animais, muitos deles caiam no chão, contorcendo-se de uma agonia incontrolável . Muitos tentavam bloquear o barulho, inutilmente . Aquele som estava invadindo seus tímpanos, atravessando seu cérebro e se espalhando por toda a sua alma . Tamanho era o medo, dor, agonia e desespero sentidos pelas pessoas, que muitos estavam praticamente enlouquecendo com aquilo, ao ponto de muitos cortarem as orelhas e/ou perfurarem seus tímpanos, tentando procurar um alivio para sua agonia .

Ele não veio .

* * * * * * * * * * * *

Não estava entendendo o que se passava, e nem se importava . Para ele, a única coisa importante era acabar com aquilo . Definitivamente .

Saltando de arvore em arvore, abrindo caminho entre as arvores, Fério se apressava . Ele tinha que ser rápido . Sabia que o pior aconteceria . Estava tendo aquela sensação novamente, a mesma de muito tempo atrás . Algo que ele não achava apropriado para aquele momento .

Não havia demorado muito para ele chegar ao castelo . Poucos instantes depois de decidir seu destino, ele já o havia alcançado . Estava de frente para o grande castelo . Mas havia algo errado . Não haviam pessoas . Guardas, comerciantes, crianças ... ninguém . Para onde teriam ido ?

Tamanha era a sua preocupação, que ignorava o fato daquele barulho irritante ter se tornado mais forte, a medida que se aproximava para o castelo . Ao olhar para cima, vê, espantado, algo que não havia notado ao chegar : o céu ... estava batendo ... pulsando ...

- É o coração da besta !

Um tanto quanto surreal, mas era a única coisa que lhe vinha a cabeça . Era uma cena tremendamente horripilante, capaz de assustar o mais corajoso dos guerreiros . Imagina o céus "batendo", como se algo estivesse atrás dele, como seu um coração estivesse ali . Não, aquilo não era algo que a mente humana podia suportar . Ninguém estava preparado para aquilo . Ninguém .

Foi então que aconteceu .

Um pequeno rasgo se fez no centro de onde a escuridão pulsava . Muito estranho, ele pensava .

Ele não acreditava que estava vendo aquilo . Algo, vindo de dentro, parecia estar aumentando aquela fenda . Observando melhor, pode perceber que era algo de cor escura, que se confundia facilmente com a noite . Parecia ser ... uma mão .

- Não ... isso não ...

Com um gesto feito pelas mãos, gafanhotos surgem . E continuam surgindo . Centenas . Milhares . Uma nuvem enorme de gafanhotos havia se formado, e se dirigia na direção daquela mão . Todos aqueles insetos a atacavam com uma selvageria sem igual . Em poucos instantes, a única coisa que era vista era uma nuvem gigante de gafanhotos ... famintos .

Selvagens, ele cravavam seus ferrões, ao mesmo tempo que devoravam-na . A mão debatia-se, inutilmente .Mais um pouco, e os gafanhotos atravessariam a venda e terminariam o trabalho do outro lado . Mais um pouco .

Infelizmente, a vida pode se tornar muito negra .

Um grito . Um rugido . Um estrondo . O que for , mas de uma coisa se tinha certeza : não era humano . Era como se fosse um animal em agonia . A onda sonora não era apenas incomoda, mas também dolorosa, visto que Fério caíra no chão, de joelhos . Não estava agüentando ouvir aquilo . Não suportaria por muito tempo . Tinha que fazer algo, antes que fosse tarde demais . Tinha que deter, não, matar aquilo .

Ele invocara mais gafanhotos . Centenas deles . Milhares . Tinham que destruir aquilo . Tinham .

Outro grito . Na verdade, não era bem um grito . Parecia mais com um coro . Um coro de milhares de vozes . Eram os gafanhotos . Pequenos, minúsculos, mas perigosos em grupo, o pequeno ruído produzido por cada um deles, somado aos milhões, produzia algo similar à um grito, pois era isso que Fério ouvia . Um grito . De alguma forma, a mão havia parado de se contorcer, e continuava a abrir a fenda . Quanto aos gafanhotos ... estavam sendo ora queimados pelo simples contato com aquela coisa, ora estavam sendo... consumidos . centenas de pequenos tentáculos saiam daquela mão gigante, absorvendo-os . Não era uma visão muito agradável .

De certa forma, os gafanhotos logo perceberam seu cruel destino, visto que começaram a se afastar da mão gigante, deixando-a sozinha .

Paralisado, Fério não conseguia observar o que estava acontecendo . Enquanto os gafanhotos se afastavam do local, a mão abria a fenda cada vez mais . Logo, um braço enorme a atravessara . Em seguida, outras coisas, de cor escura, atravessavam a fenda . Fério, no entanto, não via nada . Pois estava ali, paralisado .

Ele morreria sem ver o que o afligia, pensava . Seria assim, depois de tudo ? Morreria ali, daquele jeito ?

Fério finalmente consegue levantar sua cabeça, apenas para ter a maior surpresa de sua vida : diante dele, estava a coisa mais horrenda que ele já viu .

Não sabia como chamar aquilo, senão de monstro . A coisa era totalmente diferente de tudo o que ele havia visto : Se a mão serviu de dica, o corpo da criatura tinha mais de vinte metros de altura ! E não parava por ai ! O corpo dela ... não parecia ser humano, tampouco de um animal . Era totalmente escuro, como a noite . A cabeça parecia ser uma continuação do pescoço, que demonstrava algo medonho : não possuía olhos, mas um brilho negro no lugar dele . Boca, nariz e orelhas eram inexistentes . Resumidamente, parecia uma sombra . Uma sombra ? Sim, a escuridão que cobria seu corpo não deixava outra visão .

A criatura curvava seu corpo, tocando o chão . Era a visão mais grotesca que Fério vira . Ela se levanta, de forma ereta, e grita . Novamente .

Naquele momento, Fério sofreu . Como nunca . O grito da besta era mais que suficiente para matá-lo . O som se estendia por quilômetros, atingindo mais e mais pessoas . Animais entravam em pânico, crianças despertavam em meio a pesadelos, adultos se descontrolavam ... seria o fim de tudo ?

Antes de desmaiar devido ao grito, Fério percebeu, rapidamente, que a criatura se aproximava rapidamente ...

* * * * * * * * * * * *

Muito tempo . Foi há muito tempo .

Lá estava ele, brincando, saltando entre as arvores . Gostava disso . Era sua brincadeira favorita . Nenhuma das outras crianças sabia se mover entre as arvores como ele .

Infelizmente, naquele dia, ao voltar para casa, havia tido uma surpresa : estava em chamas .

Não era ... não era justo .

Não era justo com ele . Não era uma visão para um garotinho que tinha menos de sete anos .

O fogo consumindo tudo, queimando, devorando as casas ... sua vila ... sua família ... seu povo ... tudo ... tudo por causa daquele homem ....

E lá estava ele, não sua frente, continuando com seu rastro de destruição .

E ele não podia fazer nada .

* * * * * * * * * * * *

- D-droga ! E-eu n-não posso f-faz-zer n-n-nada !!!! DROGA !!!!

A criatura estava próxima . Próxima demais para tentar algo . Próxima demais para escapar .

Momentos antes de ser atacado, Fério ouve algo . Como se fosse um bater de asas muito rápido ...

Sua única reação é se abaixar . O ar passa sobre ele de forma bem forte, arremessando a criatura para trás .

Ao se levantar, ele olha para trás, observando com mais calma o que havia acontecido . Atrás dele, estava um gafanhoto ... gigante . Seu mashin se preocupava tanto com ele que se reagrupou mesmo sem receber ordens . Todos aquele gafanhotos que haviam fugido, haviam se unido com outros que haviam chegado, e tomado a forma de um único e poderoso gafanhoto gigante . O bater de suas asas, de tão rápidas que eram, produziam um estrondo sônico, que acabaram por derrubar a criatura .

Fério estava pasmo quando seu mashin voou, indo em direção a criatura que havia acabado de se levantar .

Nesse instante, ele parou . Ainda estava meio abalado pelo ataque do monstro . Estava sem forças . Sua cabeça doía . Seu corpo também .

Então, ele observou com mais atenção enquanto seu mashin lutava com o monstro . Era uma luta fantástica . Seu mashin golpeava a criatura seguidas vezes, ferindo-a cada vem mais, no entanto, ela continuava atacando, golpeando o mashin com mais e mais força .

- Droga ! Ele não vai agüentar ! Que tipo de monstro era esse ?

Monstro . A palavra chegou forte e ecoou . Ela havia caído como uma luva . Em toda a existência, nenhum outro título se adequaria melhor àquilo . Ele observava, e começava a entender . Começa a se lembrar . Lembrar por que o grito da besta não o enlouqueceu por completo . Por que seu mashin havia se reagrupado . Por que ele estava ali . Por que ....

Nisso, quase caiu no chão, devido a um estrondo provocado pelo corpo de seu mashin, o qual havia atingido o chão com extrema violência . Além de muito ferido, seu corpo apresentava uma das garras quebrada .

Suas lembranças estavam prontas para despertar . Prontas para serem ativadas . Prontas para fazerem o que deveria ter sido feito há muito tempo .

Tentando se recompor, Fério olha para seu mashin, e o mesmo devolve o gesto . Fério percebia em seu olhar algo ... estranho . Quase como se fosse uma pergunta . Algo ... profundo . Era um olhar, ao mesmo tempo triste e inquisitor .

Aquele olhar ... ele conhecia aquele olhar . Não era por menos : O mashin estava imitando ele mesmo !

Fério estava confuso, desnorteado .

Mas não tinha tempo para isso . Não com algo para fazer . O mashin se levanta, recuperando sua postura de antes . Fério salta, caindo encima da cabeça dele . Realmente, tinha algo para fazer .

Servo a mim ligado pelo pacto

Mostre a mim tua verdadeira forma

E tornando a tua verdadeira forma,

Convide aquele que te comanda

Quando termina de pronunciar aquelas palavras, seu Ovum brilha numa intensidade mais e mais forte . Rapidamente, seu corpo começa a afundar na cabeça de seu mashin, até que ele some por completo . Então, acontece .

Mais e mais gafanhotos começam a surgir, vindos dos mais diferentes lugares . Eles vai se unindo ao corpo do gafanhoto gigante, cobrindo-o por completo . Aos poucos, o mashin começa a tomar forma, devido a absorção . Finalmente, a nuvem de gafanhotos se dispersa, revelando uma nova criatura .

Ainda era um gafanhoto gigante, só que, diferente de sua forma anterior, tinha aspecto humanóide . Sua face ainda possuía antenas, mas agora haviam duas presas enormes à frente de sua "boca" .

Seu tronco parecia quase humano, com exceção das placas que possuíam, lembrando uma armadura .

Seus pés terminavam em garras, muito afiadas, visto que estavam encravadas no chão ;

Seus braços também possuíam garras nos dedos, mas não era só isso . Nos antebraços, laminas haviam surgido, as quais apontavam na mesma direção dos braços, e eram maiores do que eles !

Por último, um volume em suas costas chamava bastante atenção . Seja o que fosse, parecia algo fechado, guardado . Eram suas asas, que estava encolhidas .

- Sim ... é a hora . É o momento que eu sempre esperei . Dessa vez, eu vou me encarregar de te destruir, desgraçado !

As asas se abriam, revelando várias asas, que se moviam numa velocidade impressionante, produzindo um barulho assustado . As garras se esticavam, apontadas na direção do monstro .

Fério, no comando de seu mashin, voa em direção a criatura, preparando seu ataque . Seria o fim . Iria matá-la .

Matar . Matar . Era uma palavra tão ... traumatizante . Era uma palavra que queria ter esquecido . Mas não conseguira . Não com aquilo em seu coração .

Aquela coisa com a qual ele estava prestes a lutar . Aquilo que ele estava destinado a destruir ... assassino !!!

O mashin se esquiva de um ataque que o atordoaria, aproveitando a chance para chutar o estômago da criatura . Ela, no entanto, se recupera rapidamente, e acerta a face dele, arremessando-o para longe . Enquanto se levanta, Fério percebe por que seu mashin havia sido derrotado anteriormente tão facilmente : sentia uma leve queimadura no rosto . Não tinha mais dúvidas : era ele ! Aquele miserável havia voltado para terminar o serviço !

Fério sentia seu coração pulsar mais forte . Estava com raiva . Estava com ódio . Em toda a sua vida, nunca sentira algo assim, ou melhor, havia sentido sim . Uma vez . Somente uma vez . Foi há muito tempo atrás, quando era um garoto . Tanta dor, destruição ... tudo causado por apenas um ser . Adultos, crianças, aldeias, cidades ... tudo destruído . E ele, apenas uma criança inocente, havia presenciado tudo . Muita dor . Muito ódio . Muita ira . Não podia suportar aquilo . E não suportou .

Havia dedicado sua vida a isso . Queria ser forte . Tinha que ser forte .

Depois de treinar tanto, partiu em direção ao seu teste definitivo : seguir para as montanhas da morte . Um lugar de onde ninguém retornou, e todos sabiam porque . Era uma região assolada por gafanhotos . Nuvens gigantescas de gafanhotos que, em grupo, devoravam tudo o que viam . Tão vorazes, que em seu ataque eram capazes de penetrar até na mais forte das armaduras .Mas ele era diferente . Havia se tornado diferente . Depois de vencer sua raiva, seu ódio interior, depois de ter entrado em plena harmonia interna e externa, passou a influenciar na natureza de forma surpreendente . Havia atravessado as montanhas, em meio aos gafanhotos, sem sofrer um único arranhão . Ao adentrar numa gruta, lá estava ele, aquele que viria a ser seu mashin . Havia lhe perguntado seu nome, mas não soube responder, uma vez que não possui, pois ninguém tinha lhe dado um . O próprio nunca havia lutado antes, tendo passado toda a sua existência naquele lugar, visto que os poucos que reuniam coragem para se aproximar eram vitimas dos gafanhotos . Tanto que havia adotado como nome o primeiro nome que havia ouvido vindo daquele humano, "Mashin". Para muitos, seria bastante estranho para um mashin ser chamado apenas de Mashin, uma vez que muitos, senão todos, mantinha um pacto com aqueles que o comandava, um pacto que misturava uma lealdade enorme com um amizade inquebrável . Muitos achavam uma falta de entendimento entre um mashin e quem o comando o fato de um mashin não ter um nome, mesmo que tenha sido dado pela pessoa que o comanda .

Mashin o havia encarado de forma diferente naquele instante . Queria entender o que faria tal criatura se arriscar tanto, para encontrá-lo . O que era tão importante para fazê-lo arriscar a própria vida ? Ele não era um dos mais fortes . Por que ? Por que ? Aquilo ficava na cabeça do mashin .

Nesse dia, quando ambos encontraram esse monstro de trevas, Mashin começou a entender o que era importante . Durante todo esse tempo em que esteve servindo Fério, nunca havia conseguido uma resposta . Sabia que havia uma, embora não a tivesse . Hoje, ele descobriu . Descobriu o que fazia alguém se arriscar tanto . Não era por nada . Era por tudo .

Fério sentia isso . Sentia o espirito do mashin entrando em perfeita sincronia com o dele . Isso era bom . Ambos finalmente eram um . Ambos tinha só um objetivo, queriam apenas um objetivo . E, dessa vez, juntos, unidos por um único ideal, iriam conseguir :

Salvar Cefiro, impedir uma nova carnificina .

Fério e Mashin partiam par atacar a criatura . Era difícil atacar algo cujo toque queimava, mas tinha que tentar . Nos primeiros segundos, Mashin limitava-se apenas a esquivar-se . Não parecia dar muito certo pois, apesar do tamanho, a criatura era rápida, apesar da forma que possuía .

Aproveitando uma brecha, Mashin e abaixa, escapando de um golpe que acabaria afundando seu rosto . Ele não perdeu a oportunidade .

Rapidamente suas garras da mão esquerda estavam encravadas no peito da criatura . Antes que ela pudesse reagir, a lâminas que se encontrava no antebraço direito decepou o braço da criatura .Ela estava incapacitada .

Mashin se afastou um pouco, apenas para contemplar o serviço feito : o monstro estava com um rombo no peito e sem o braço esquerdo .

Ele cerra os punhos e ergue as lâminas dos antebraços . É uma retalhação total . Ele corta o outro braço, faz vários cortes no estômago, nas pernas, encrava uma das lâminas na barriga, levantando a criatura e, por fim, com ela erguida, decepa a cabeça dela, e atira o corpo no chão .

- Será ... será que eu consegui ? O que acha, Mashin ?

- Não posso te responder . Isso é novo para mim . Nunca enfrentei algo assim .

- Não ? Mas e aquela garota com quem lutamos, em Rayearth ?

- Não me refiro a um outro como eu, mas sim a algo desse tipo .

- Que quer dizer, Mashin ?

- Observe .

Como ambos haviam percebido anteriormente, era uma criatura que parecia mais uma sombra do que um ser vivo . E, como tal ...

Fério se espantou ao ver diversas sombras se aproximando do corpo da criatura . Rapidamente olhou para o redor de onde estava, e percebeu outra coisa : as partes que ele haviam decepado ... sumiram .

Claro, ele pensa . Se ele é como uma sombra ... as partes se desfizeram e estão se reagrupando .

Mais rápido do que ele esperava, a criatura já estava de pé . E o pior, parecia bem nervosa . O ferimento que havia empalado-a cicatrizava lentamente . Isso era mau . Muito mau .

- Mashin ... o que faremos ?

- Embora tu já tenhas respondido a pergunta que eu fizera anteriormente, não posso suprir suas dúvidas .

- Respondido ? Mas ... do que está ... ahhh !

- Naquele dia em que atravessaste a barreira que impedia os outros de adentrarem em meus domínios ... naquele dia em que me encontraste ... nunca compreendi o porque daquilo . Não conseguia entender o real motivo de um humano arriscar-se tanto . Agora, entendo .

- Mashin, eu ... não sei o que dizer . Você ... você está certo .

- Acredito nisso, acredito na sinceridade que habita em teu coração . Acredito em teus desejos, acredito em tuas ambições . Jamais questionei tuas ordens, e agora mais do que nunca estou pronto para servi-lo . Prossigamos no extermínio deste grande mal !

- Muito bem ... obrigado , Mashin ... colega ... amigo ... parceiro ... irmão ... VAMOS !!!

Ambos estavam aprendendo com esse combate mais do que em anos de treinamento e muito mais do que em outras lutas .

Ele partira para cima do monstro, atacando-o com as garras das mãos, enquanto o monstro o atacava com seus punhos . Pareciam inofensivos, mas o simples toque deles causava queimadura .

Um lembrança lhe vinha a mente . Rayearth . A grande batalha . A grande luta . Lantis . Os mashins Ceres, Windon e Lexas . Aquela garota com quem ele havia lutado . Lembranças .

Incrível como alguém pode virar o jogo apenas com o poder de sua vontade . Aquela garota estava praticamente derrotada, quando virou o jogo e o derrotou . Aliás, embora parecesse delicada, aquela garota demonstrou que é mais forte e resistente do que parece . E bonita .

Um pensamento impróprio para o momento .

Mas ... por que ele tinha ido para Rayearth ?

Achava que era um teste a ser ultrapassado, uma provação . Claro, sabia dos planos de Águia, mas para ele, não passava de uma provação . Pra que ?

Embora não soubesse responder no momento, podia sentir a resposta surgindo em seu interior . Queria saber se era forte o suficiente ... para defender Cefiro . E, para isso, precisava testar sua força com um adversário extremamente poderoso : Rayearth . Ao que parece, falhou, pois foi derrotado por um daquele que foi gerado após sua divisão, Windon .

A garota havia vencido ... por que acreditava nisso ... por que queria ... por que precisava ... por que não podia perder .... por que tinha muito a arriscar ... !!!

Dando um grande salto para trás, ele escapa do braço da criatura, o qual havia se esticado para atingi-lo . Tinha que ficar esperto, pois aquilo estava ficando perigoso .

Para sua surpresa, os braços da criatura começaram a se moldar, tomando formas afiadas, parecidas com duas lâminas . Em seguida, o monstro se atirava ferozmente em direção a ele .

Mashin bloqueou as laminas do monstro com as lâminas do antebraço, apenas para ter uma surpresa : elas também causavam queimaduras, visto que começava a sentir uma dor em suas garras .

Se tentasse recuar, seria atingido . Se recolhesse as lâminas, seria fatiado pelo ataque . O que fazer ?

Ele não teve tempo de pensar : A lâmina do antebraço esquerdo é atravessado pela lâmina do monstro, atingindo também o braço dele . Num ato de puro reflexo de Fério, ele alça vôo . Do alto, com mais calma, ele presta mais atenção em seu braço, e começava a sentir os efeitos da dor . Só havia metade de sua lamina ali, e um corte bem profundo, o qual, surpreendentemente, havia conseguido atravessar o exoesqueleto de Mashin, por pouco não decepando seu braço, mas não deixando de faze-lo sentir uma enorme dor . Embora Mashin se controla-se, o mesmo não podia ser dito de Fério, que mal sentia seu braço .

Hora do tudo ou nada .

Mashin mergulha com tudo, com sua lamina do outro braço apontada para a criatura . Ao se aproximar, um ruído de metal sendo cortado é ouvido .

Voando para trás da criatura, Mashin se encontra bastante ferido, com um corte feio no peito, o qual havia atravessado seu exoesqueleto, sua armadura extra, ferindo-o gravemente . A dor não escapava de Fério . No entanto, o monstro não estava em situação melhor . Ambos os braços haviam sido arrancados novamente, durante aquele ataque suicida . Mashin não perdeu tempo, e correu não direção dele e, num rápido movimento, decepa sua cabeça, mais uma vez . Porem, antes da cabeça tocar o chão, Mashin já havia tomado uma considerável distância dele, e preparava seu próximo ataque :

Deixe seu espirito fluir

Transceda as dimensões

Una-se com o ambiente, aceite seu irmão de espirito

Tua força de vontade, tua determinação em vencer

Ambos tornam-me mais forte para alcançar teus objetivos !!!

As asas de gafanhoto de Mashin se esticam mais do que o normal, e começam a bater numa velocidade várias vezes maios do que o costume . O resultado não demorou .

-ESTRONDO SÔNICO !!!!!

As asas metálicas de Mashin batiam tão rápido que acabaram por causar um estrondo, um ruído muito forte, o qual a criatura não conseguia se manter de pé devido ao barulho insuportável . Mas não era tudo . Mashin aproveita esse instante em que a guarda dela está baixa, e redireciona a explosão sonora para a criatura, a qual sequer tem tempo de se esquivar do ataque sônico . Ao atingi-lá, o som começa a despedaçar aquele ser feito unicamente de trevas . Ela volta a gritar como fizera anteriormente, mas o som é abafado pelo som do ataque que estava sofrendo . Era seu fim . Seu corpo estava sendo desfeito, enquanto Mashin elevava-se aos céus e mergulhava em direção a ela . Parecia um míssil, enquanto uma aura prateada circundava seu corpo . Fério estava direcionando a energia de ambos para um único e devastador ataque, o qual culminaria com o extermínio do monstro por completo .

- Fim de jogo, assassino ! Prepare-se para morrer !

Não somente a aura prateada, mas uma nuvem gigantesca cobria o corpo de Mashin, enquanto ele se aproximava para o ataque definito .

- TEMPESTADE DE AÇO !!!!!!!

* * * * * * * * * * * *

Aquilo estava errado . Não era pra ser assim .

Ele deveria tê-lo destruído . Deveria ter vencido .

Havia se preparado ... havia treinado . Como isso poderia estar acontecendo ? Como poderia estar perdendo ?

Lá estava ele, e Mashin, imobilizados . Seu corpo estava suspenso no ar, pela criatura . O monstro mostrou ser mais esperto do que aparentava . No começo, Fério estranhou por não estar sentindo queimaduras no corpo, mas logo entendeu .Ele havia planejado aquilo . Queria deixar Fério e Mashin bastante feridos, de forma que não pudessem escapar . Havia conseguido .

E mais, podia sentir sua energia se esvaindo . Isso era péssimo . Aquele monstro estava absorvendo a energia de Mashin . Os resultados disso só podem ser catastróficos !Um Mashin possui muita energia, muito mais do que os mais poderosos magos !

De qualquer forma, foi tudo inútil . Uma perda de tempo . Havia lutado, mas não adiantara nada . Havia se preparado à vida toda para isso, mas não fazia mais diferença . Nunca fez .

- Hmm ... Mashin ... um nome um tanto incomum para um "mashin". . .

Aquilo assustaria Fério, se ele não estivesse do jeito que estava . O monstro fala ?

Que pensamento inútil, ele pensava . Era claro que ele falava . Isso era óbvio . Algo que ele não poderia se esquecer era que aquele ser não era burro .

Mashin só emitia um chiado curto e silencioso (para alguém do seu tamanho) . Mal conseguia se mexer . Se pudesse, responderia o motivo de seu nome .

Mas não podia, por que estava tudo acabado .

Foi quando todos os presentes ouviram algo . Parecida um zunido . De repente, um facho de luz passa bem perto deles, para a sua surpresa . A criatura começa a descer o corpo de Mashin, com o intuito de absorve-lo o mais rápido possível . Grande erro .

Se olhasse para frente, ao invés de olhar para trás, a criatura veria algo que se assemelhava com uma ave, embora parecesse mais um facho de luz . Ela seguia em sua direção, numa velocidade incrível . Quando a criatura olha para frente, mal tem tempo de ver o pássaro atravessar seu estômago, ou o que ele tiver mais próximo disso . Quase inconsciente, Mashin e Fério percebem um enorme rombo em torno da criatura que, estranhamente, não queria cicatrizar . A criatura havia caído no chão, bem ao lado de Fério, para sua surpresa .

A ave, novamente à frente de Fério e do monstro, mergulhava novamente em direção dos dois . Ela dá um rasante, o que assusta a criatura e a faz se afastar de Fério .

- M-mas ... quem é que ... FALCON ???

Sim, era Falcon, as asas da justiça . Fazia tempo que não o via em sua real forma . E, se Falcon estava ali ...

Enquanto voa rapidamente, um facho de luz é disparado da barriga da ave, atingindo o chão . Tão logo atinge o chão, o facho começa a tomar forma, uma forma humana . Fério não tinha dúvida de quem era . E nem poderia cumprimentá-lo ou agradece-lo, pois desmaiara nesse instante .

- Ra ... fa ... g ...

A ave mergulha em direção a Rafaga, com um forte brilho que cobria todo o seu corpo . A luz começa a moldar o corpo da ave, que rapidamente toma o formato de uma espada, a qual se encaixa na bainha de Rafaga .

Finalmente havia chegado . Então, não fora apenas um pesadelo de sua esposa . Havia sido real . Havia sido um presságio . Só conseguiu chegar a tempo por causa disso . Lá estava ele, caído, mas sabia que iria se levantar em breve .

Por outro lado, Ele olhava para seu amigo desmaiado . Quando perdeu os sentidos, Mashin se desfez em milhares de gafanhotos, com o intuito de se recuperar . Aquilo era uma surpresa . Como Fério havia chegado aqui tão rápido ? E por que não havia pedido ajuda ? E o que houve com a guarda do palác ...

Aquilo havia se tornado bastante claro a partir daí . Era óbvio ! Fério se lembrava ! Ou melhor, não havia esquecido ! Da mesma forma que Rafaga, Fério não havia se esquecido daquele monstro chamado ...

- Giorvel ...

O monstro que estava caído e imóvel, pareceu ter prestado atenção ao que Rafaga disse . No mesmo instante ele se levantou e começou a encarar Rafaga, uma visão bastante assustadora levando-se em conta a diferença de tamanho dos dois .O monstro se dirigia em sua direção, enquanto o rombo em sue estômago se fechava .

- Você voltou, genocida . Nunca pensei que te veria novamente .

- Eu o conheço por acaso ? – disse ele, com uma voz bastante cavernosa ;

- Que diferença faz ... pra alguém da sua laia ?

Rafaga se esquiva do soco que afunda o chão, e começa a correr de Giorvel .

Irado, Giorvel corre atrás, o que não é muito difícil para alguém daquele tamanho .

Giorvel ataca novamente, mas Rafaga rola no chão, escapando . E mais uma vez . E mais uma vez . Aquilo já estava ficando irritante .

Giorvel para de correr e ergue a mão . Um globo negro como a noite surge, e ele o arremessa na direção de Rafaga . O mesmo se esquiva daquele globo gigante, mas ...

O globo atinge várias arvores atrás dele, causando um efeito surpreendente : elas não apenas são destruídas, mas a área pela qual o globo passou assume uma escuridão tão forte, que nada podia ser visto .

Rafaga se esquiva de outro disparo, e outro, e outro .

Infelizmente sua sorte não dura para sempre, e ele é atingido em cheio, levando-se em conta que o globo era pequeno para o monstro, mas tinha quase o tamanho de Rafaga .

O que aconteceu foi diferente do que ele esperava . Depois de ser atingido, sue corpo foi arremessado violentamente contra o chão, mas não era só isso . A energia negra ainda estava em seu corpo, e agindo ferozmente . Parecia querer devorá-lo, destruí-lo . E não era por menos .

Em questão de instantes, seu corpo caído não passava de um vulto negro , sem brilho .

A criatura olhava aquilo, inquieta . Como isso poderia ter acontecido ? Como ele havia sido derrotado tão facilmente ?

- É esse o nível dos guerreiros de Cefiro ? Esse é o melhor que essa geração pode me propor ? Pois eu deveria tê-la destruído antes, assim não teria que suportar a humilhação de uma destruição tão vergonhosa ! Rayearth ! Onde estás tu ? Apareça ! Eu derrotei teus protegidos, e o próximo a tombar serás tu ! Apareça, Rayearth ! Não podes se esconder para sempre ! Esteja onde estiver, eu o encontrarei ! Escapei de sua tola prisão ! Que farás agora para me deter ?

- Ele não virá, genocida .

Ao olhar para o dono da voz, ele só pode observar o corpo caído de Rafaga . Não durou muito . Um brilho surgiu em seu peito, aumentando cada vez mais . Em seguida, dezenas de fachos de luz brotavam do peito, da cabeça, de todo o corpo de Rafaga, extinguindo toda aquela escuridão .

Rafaga elevou sua mão até sua bainha, tomando sua espada . Ele a ergueu, de forma que sua lâmina apontasse para o céu . Naquele instante, um raio caindo foi ouvido, ao longe .

A espada brilhava mais e mais . E gerava uma aura de luz em torno de Rafaga, tão forte que incomodava Giorvel, uma vez que seu corpo era feito puramente de trevas .

- Isso te incomoda ? Prepara-te para morrer, genocida !

Ele partiu em disparada na direção do monstro . Giorvel não acreditava naquilo . Aquele humano ... aquele ser insignificante ousava enfrentá-lo ? Ele o chamara de genocida ... se tinha tanta convicção de quem ele era, por que o atacava ?

O brilho havia aumentado, e muito, de forma que Giorvel evitava olhar diretamente para Rafaga . Ele não hesitou, e disparou um de seus globos negros contra ele . Rafaga não se esquivou . O globo voou em sua direção, mas se desfez ao tocar na aura de luz que rodeava seu corpo .

Giorvel não acreditava naquilo, ainda mais quando Rafaga deu um sorriso para ele .

Não obstante, Rafaga jogou sua arma para o alto, e seu brilho some no mesmo instante . Giorvel não entendeu seu ato, mas não perdeu a oportunidade . Diversos globos negros surgiram ao seu redor, todos "brilhando" numa escuridão incrivelmente densa .

- Acha mesmo que minhas capacidades estão somente em meu servo ? Quando ouvi histórias sobre você, me pareceu ser bem mais esperto !

- Ora, ora, mas o que temos aqui ? Venha até mim, filhote . Vejamos quanto tempo as crianças resistem aos jogos dos adultos !

- Não seja estúpido ! Não sou qualquer um ! Sou Rafaga, Chefe da guarda do palácio sagrado ! Eu te derrotarei ! Vou te mostrar todo o poder do sangue de Oláf e da Espirito de Aço !!!

- Oláf ? Espirito de Aço ?

Os globos seguiam numa velocidade impressionante, mas Rafaga continuava se esquivando . Quando um deles parecia que iria atingi-lo, ela apontou sua mão para ele, e lançou uma rajada de luz no globo, desfazendo-o por completo . Aquilo havia deixado Giorvel mais irado ainda .

- Grrrrr ... inseto miserável !!!

Ele disparou os demais globos, e Rafaga tornou a se esquivar . A cada globo que se aproximava demais, ele os destruía . Giorvel estava atingindo o ponto máximo de sua tolerância .

- Chega !!!

Ao seu comando, os vários globos restantes se separaram, cada um indo em uma direção diferente . O que ele queria fazer, pensava Rafaga ?

A resposta veio em seguida . Um globo negro quase o atingiu pelas costas, devido a velocidade que vinha . E outro, pela direita . E outro, pela esquerda . E outro, por cima . Puramente pelo treinamento que teve ele conseguia se esquivar, mas alguns quase o atingiam . Quase .

Foi quando ele sentiu aquela energia negra se aproximando . Vinha pela esquerda, não, pela direita, não, por cima, não ... vinha de todos os lados ! Por cima, pela esquerda, pela direita ...e havia um pouco daquela energia, no lugar onde seus pés tocavam, impedindo-o de se mover . Maldição !

Era uma chuva de disparos vindo de todas as direções . Sua decisão não demorou : ele fechou os olhos e uniu as mão, enquanto se concentrava . Em seguida, ele deu um grito, um berro, o qual foi seguido de uma espécie de explosão luminosa ao redor dele, a qual expandia incrivelmente a aura branca que havia ao seu redor . Todos os disparos, todos os ataques de escuridão de Giorvel , o sombra que prendia seu pé ... toda aquela escuridão havia sido exterminada .

- Interessante . E o que mais sabe fazer ?

Ele não conseguia responder . Estava ofegante pelo esforço que havia acabado de realizar . Criar um escudo de trevas, ainda mais vindo de um ser com aquelas proporções ... não era algo muito fácil . Não era uma técnica que era ensinada a "calouros" .

- Oláf . . . Espirito de Aço . . . sim, lembro-me . Mas ambos nunca passaram de lixo ! Oláf sempre foi um tolo sentimental, e a Espíritos de Aço sempre produziu inúteis, cópias perfeitas de Oláf . . .

- Cale a boca ! Quem você pensa que é para falar assim do meu avô ? Você não sabe de nada, seu desgraçado ! Um genocida como você não pode entender o que é ser uma pessoa honrada ! Prepara-te, pois este será o teu túmulo !!!

Rafaga corre desesperadamente em direção à forma monstruosa e gigantesca de Giorvel, o que o surpreendeu . Ou não . Ele disse avô ? Hunf ! Pelo visto, certas características são passadas de pai para filho, e ele teria que corrigir esse problemas, eliminando aquela linhagem que insistia em atrapalhá-lo ...

Para a surpresa de Giorvel, quando este ia acertar um soco em Rafaga, que culminaria no total esmagamento dele, Rafaga se joga no chão, rolando entre as pernas de Giorvel, pegando-o totalmente desprevenido .

- Está morto !

Giorvel não teve tempo para analisar o que acabara de ouvir . Só pode ouvir o barulho de uma energia muito forte se aproximando, e o som de uma lamina cortando o ar ...

... pouco antes de ter seu corpo praticamente dividido ao meio pela espada de Rafaga . Nesse instante, ele amaldiçoou a si mesmo pela sua falta de atenção, pois havia se esquecido totalmente da espada . O garoto a havia arremessado, e ela havia sumido . Aquilo tinha sido planejado, ele pensava .

Executando mais um golpe, Ragafa separa a cabeça do corpo, deixando-o em três partes . Com um sorriso, ele dá um passo pra trás, e fala :

- Sei que isso não vai te matar . Como uma sombra, imagino que você vai se reconstituir em breve . Mas não será por muito tempo ...

Ele lança a espada para o alto, a qual brilha, até tomar a forma de um falcão um pouco mais alto e robusto que os outros . Rafaga salta em direção a ele, enquanto o falcão mergulha em direção a Rafaga .

Servo a mim ligado pelo pacto

Mostre a mim tua verdadeira forma

E tornando a tua verdadeira forma,

Convide aquele que te comanda

O corpo de ambos brilha num intensidade bem mais forte, até que ambos se chocam em pleno ar . Um clarão é liberado, surgindo então um globo de luz mais forte ainda . O globo começa a se esticar, começa a crescer . Mãos, tronco, pés ... ele começa a tomar feições humanóides, pouco antes de tocar o chão . No fim, havia surgido uma imensa criatura, cujo corpo lembrava o de um homem, com algumas diferenças : Possuía a cabeça de um pássaro, mais exatamente , um falcão . Possuía as unhas das mãos e dos pés bastante afiadas, e uma pelugem pelo corpo todo, branca no peito e no rosto, e marrom no resto do corpo. O rosto terminava num bico bastante afiado, ressaltado pelos olhos, que brilhavam num tom branco-prateado .

Rafaga, no interior de Falcon, observava Giorvel se reconstituindo, como havia previsto . A verdadeira batalha estava prestes a começar ....

- Então, será você que irá me destruir, eu suponho . Vejamos quanto tempo resiste com o blac . . . como ? Está comandando o Falcon ?

- Você teve azar em me encontrar . Prepara-te !

- Hunf! E eu que achei que havia encontrado uma distração ! Estás comandando Falcon !

Rafaga não parecia estar prestando atenção no que ele dizia, uma vez que seguia em frente, à todo o vapor . Estava determinado a dar um fim ao reinado de terror de Giorvel de uma vez por todas .

Naquele instante, Fério acordara . Bastante desnorteado, e ferido, ele tentava organizar suas idéias . De cara, percebeu que estava no chão, ao ar livre . Mashin deve ter se desagrupado para se recuperar .

Ao olhar para o lado, entende o que aconteceu . Entende o que impediu sua morte : Falcon . A luz que brilha soberana nos céus . Falcon . Um dos mais poderoso, senão o mais poderoso mashin em atividade em Cefiro . Falcon .

- Rafaga !!! – e sua voz escapou bastante fraca, quase sumindo .

Mal podia acreditar no que via . Aquela criatura, que aliás não tinha uma forma muito bem definida, apenas algo que lembrava um corpo com braços e pernas, partia em direção de Falcon, e este fazia o mesmo . Ele estava surpreso : Falcon havia tocado nas mãos da criatura, e ambos estavam fazendo uma espécie de "Cabo-de-força" ! Mas como era possível, se o simples toque do monstro provocava queimaduras ?

Rafaga estava passando por diversas surpresas e revelações . Não conseguia entender como aquela coisa havia escapado de sua prisão, mas estava determinado a detê-la . Ambos ficaram nessa posição por um longo tempo, medindo forças . Um vacilo de qualquer uma das partes acarretaria numa enorme desvantagem .

- Você . . . é um lixo, Falcon ! Acha que seu poderzinho pode me derrotar ? Só porque leva vantagem, não quer dizer que já venceu !!!

Teria ouvido isso ? Ele disse que Falcon levava vantagem ? Fério não compreendia . Ainda não .

Foi quando um estalo veio a sua mente . Os mashins, além de uma força devastadora, possuíam uma afinidade com algum aspecto da natureza . E a afinidade de Falcon era com a ... luz .... claro, como não havia pensado nisso antes ? O poder de Falcon é contrário ao do monstro, por isso ele consegue tocá-lo sem se machucar. Muito provavelmente a criatura estava se machucando com o toque !

Claramente em vantagem, Falcon segura as mãos da criatura e começa a girá-la. Mais e mais , até que para e a lança para o alto .

Sem ação, a criatura apenas tentava controlar seu corpo para a provável queda . Mal teve tempo de reagir quando Falcon saltou e, utilizando de sua afiadissimas garras, decepou, novamente, a cabeça de Giorvel . Enquanto a cabeça se afastava do corpo, Rafaga continuava seu "trabalho". Sua garras penetravam profundamente em diversas partes do corpo da criatura, fazendo fluir um liquido escuro das feridas . Ele também cortava diversas partes daquele corpo, só que, desta vez, as partes não se regeneravam .

Pousando no chão e causando um estrondo imenso, seu peito começa a brilhar .

- RAIO DE LUZ !!!!

Um pequena explosão ocorre no peito de Falcon, terminando por gerar um quantidade de luz que se redireciona para as "fatias" do corpo de Giorvel .

Fério não estava acreditando, ainda mais quando o ataque de Rafaga atingiu seu alvo, desintegrando-o por completo . Foi perfeito, ele dizia ...

- Fraco .

Ao se virar, Rafaga se assustou . Não esperava ver ali a cabeça da criatura . Ela o encarava . Rafaga havia baixado a guarda, pensativo . Como aquilo era possível ?

- Rafaga !!! – dizia ele num esforço hercúleo para ser ouvido – ele pode recompor todo o corpo se ainda houver apenas uma parte !!!

Ao ouvir isso, ele partiu para cima do monstro, mas já era tarde . Antes que pudesse atingi-lo, a criatura já estava praticamente recomposta . Droga . Mas, como era possível, se ele havia desintegrado o corpo dele ...

Era isso que Fério também não entendia . Não havia sobrado nada do corpo anterior . Como ele se recompôs ? Sombras, obviamente . Mas não era só isso . Havia algo mais . Muito mais .

Antes que percebesse, havia uma sombra enorme sobre os pés de Falcon, a qual não permitia seu movimento . Aquilo não era bom . Ela o estava cobrindo, percorrendo todo o seu corpo . Novamente, aquilo não era bom .

Se Falcon pudesse falar, diria algo . Como não podia, só restava uma coisa a fazer : gritar .

Pouco antes da sobra cobrir seu corpo por completo, ele gritou . Era um ruído muito forte, como o de uma ave de verdade . Foi a última coisa que fez antes de se transformar em uma estátua negra ....

- Estamos perdidos ... acabou ... se ... se ao menos ele estivesse aqui ... não ... o que estou dizendo ? Não acabou !

* * * * * * * * * * * *

Frio . Muito frio .

Era a única coisa que sentia lá dentro, superado apenas pelo sentimento de derrota . Ele havia sido ... derrotado . Não podia acreditar naquilo . E tão facilmente ... não . Não podia estar acontecendo . Ele não podia ter fracassado . Tanto trabalho, tanto treino, tantas lutas, tantas alegrias ... tudo perdido ? Mesmo que acreditasse que Fério fosse capaz, tinha que admitir que o mesmo não estava em condições de lutar . Era o fim . As esperanças havia cessado . Que vergonha para um guerreiro, nem sequer havia sido capaz de defender sua terra .

Aquela escuridão não apenas cobria seu corpo, mas abria fendas nele, invadindo-a a proteção de Falcon . Estava acabado . Ele havia sido derrotado . E tão facilmente . A Espíritos de Aço teria vergonha se visse isso .

Espíritos de Aço . Onde ele aprendeu a ser o que era . Um grupo ... uma família de guerreiras que defendia Cefiro . Mais do que isso, pois não eram subordinados a ninguém, embora diversos membros, como Rafaga, trabalhassem para junto ao governo de Cefiro para preservar a ordem no local .

Era um grupo reservado, para não dizer secreto, pois encontrá-lo era praticamente um milagre .

Depois do genocídio causado por Giorvel, anos atrás, ele, da mesma forma que outras pessoas, procuraram se tornar fortes, muito fortes, com o intuito de não permitir que algo assim acontecesse novamente com Cefiro .

Um estalo veio a sua mente, e ele entendeu o motivo de Fério ter ido até aquele lugar para se tornar mais forte . Era algo que o fazia lutar, seguir em frente .

Tamanha havia sido a atrocidade de Giorvel, que , num ato supremo de medo e terror, fruto de não conseguir aceitar que um ato tão hediondo pudesse ser cometido, o povo de Cefiro havia criado um bloqueio mental em suas mentes . Um bloqueio que não os permitia e se lembrar de Giorvel, ou de qualquer coisa relacionada a ele . No entanto, nem todos conseguiram criar essa ilusão . Alguns, por terem sofrido tanto com aquilo, e não terem conseguido se esquecer, enlouqueceram . Outros, se suicidaram . E alguns, e somente alguns, conseguiram seguir com suas vidas, tentando esquecer o ocorrido, mas ainda com aquilo encravado no fundo de sua memórias .

Nesse instante, ele sorria . Os poderes de Caldina haviam anulado parte do bloqueio que ela tinha, mas não por completo, do contrário, ela teria entrado em estado de choque naquele instante . Mas havia sido o suficiente par alertá-lo .

Mas ... pra que ? De que adiantaria ? De que adiantou treinar, de que adiantou procurar desesperadamente pela Espíritos de Aço, um grupo de guerreiros poderosíssimos, cujos fundadores eram antigos amigos e seguidores do grande Oláf, seu avô . O maior herói de toda Cefiro . Ele havia lutado durante toda a sua vida combatendo lixo como esse aí . Criaturas desse tipo não o assustavam, pelo contrário, lhe davam mais e mais motivação para lutar .

- Droga ! Eu não posso fazer nada ! Se ao menos o líder da Espíritos de Aço estivesse aqui ...

Ele não conseguia acreditar no que acabara de dizer . A situação estava tão terrível assim ? Todos os ensinamentos que havia aprendido na Espíritos de Aço ... terminaria assim ?

Envolto em trevas, sem poder se mexer, ele apenas consegue visualizar Fério que, caído, tentava se levantar . Pela sua expressão, estava disposto a atacar Giorvel mais uma vez . LOUCURA !!!

Ele não venceria nunca ! Seria morto ...!

Algo lhe veio a memória . Algo de anos atrás ....

* * * * * * * * * * * *

- Então, Fério , o que vai fazer ?

- Me preparar, Rafaga . Minha luta ainda não terminou . Há algo a fazer ainda .

- Imagino que estás indo ao encontro daquele que virá a ser seu servo ?

- Da mesma forma que você . Não posso dizer nada quanto a isso, mas acredito que está orgulhoso de fazer parte do grupo criado por pessoas que seguem os mesmos passos que seu avô, não é ?

- Leia meus olhos .

- Sim, mas eu ainda acho uma pena você ter sido derrotado naquele ....

- Foi justo ... e sinceramente, eu gostei . Prefiro que o melhor seja o líder da Espíritos de Aço, nada menos do que isso . Dessa forma, os futuros guerreiros serão mais e mais fortes .

- E ... como o atual líder está se ... ?

- Percebi um pouco de insegurança no inicio, mas conseguiu demonstrar que não possui apenas grande capacidade combativa . Agora, caro amigo, devo partir .

- E para onde vai ?

Para lá – dizia ele, apontando para o leste, mais exatamente para uma montanha enorme, tão grande que fazia as outras ao redor parecerem formigas !

- Vai ... vai para o Ninho dos Imperadores ? Está louco ? Será devorado vivo !

- Não, não estou louco, e não serei devorado vivo, caro amigo . Escuta o que tenho a te dizer . Durante a minha vida todo, eu treinei, eu me preparei para ser o melhor, para ser o líder da Espíritos de Aço, e fracassei . Mas, ao contrário do que muitos pensam, meu orgulho não está ferido . Pelo contrário, estou muito feliz por que alguém digno carrega o manto de meu avô .

- Então, para que isso ?

- Eu havia treinado muito . Eu estava pronto para dirigir a Espíritos de Aço e comandar o Blacksmith ... mas o destino me pregou uma peça ... e me presenteou com outra . Há dias tenho sonhado com ... com aquilo ali . Tenho sonhado com essa montanha constantemente . As vezes, tenho visões durante o dia com ela . Seja o que for, meu amigo, sinto que meu destino está lá encima, e não poderei continuar vivendo sem saber qual é .

- Compreendo . Então, caro amigo, permita-me dar-lhe um aperto de mão e um abraço de irmão, pois, daqui para frente, não sei dizer o que nos reserva . Talvez seja a ultima vez que nos vejamos, pois ... assim como você ... eu estou partindo em uma jornada ... para as Montanhas da Morte .

- ?!?!?!?!?!?!?

- Não me olhe dessa forma, Rafaga . Pense no que você acabou de dizer . Pense em cada palavra que acabou de pronunciar, e me diga, finalmente, se eu estou louco ....

* * * * * * * * * * * *

Ele não estava louco . Fazia aquilo por que valia a pena . Havia atravessado a muralha de gafanhotos por que acreditava no que fazia . Assim com Eu .

Não iria perder . Não iria decepcionar ninguém . Caldina, Oláf, Fério, o povo de Cefiro ....

- NINGUÉM !!!!!

Aquele grito, dado por Rafaga e Falcon, havia ultrapassado as barreiras impostas pelas trevas que o encobriam .

Do lugar onde estava, Fério observava aquilo . Era fantástico que um mashin daqueles pudesse ter tanto poder ... que a determinação de Rafaga pudesse fazer tantas coisas .

Praticamente ignorando o que o prendia, Falcon levantava os braços e depois os esticava em direções diferentes .

Logo em seguida, um ponto branco surgiu em seu peito . E outro . E outro . Não demorou para aqueles pontos brancos e luminosos se unirem, disparando em todas as direções, inclusive na de Giorvel, que havia sido pego de surpresa .

Ele não conseguia acreditar naquilo . Como um simples mashin podia ter tanto poder ? E nem sequer era o Blacksmith !

Ao se levantar do ataque surpresa, ele se surpreendeu com o que viu : Falcon, livre das trevas que imobilizavam seu corpo, e brilhando numa intensidade extremamente irritante .

O brilho não cessa, mas diminui de intensidade . O suficiente para Giorvel observar Falcon com mais cuidado . Havia um aura branca em torno dele, a qual brilhava de uma maneira tão ... tão ... viva ...

De onde estava, Fério permitia um sorriso surgir em seu rosto . Sim, era possível . Sim havia esperança . Rafaga finalmente havia dominado todo o poder de Falcon ... aquela batalha ainda estava longe de terminar ....

Continua ...

Não percam !!!

É uma luta difícil, mas Rafaga não desiste . Conseguirá derrotá-lo ?

O choque de poderes de ambos é enorme, e a própria Cefiro pode sentir isso .

Eis que, no calor da batalhar, um sentimento brilha mais forte, fazendo surgir um aliado poderoso !

Não percam no próximo capítulo de RAYEARTH 3 - THE MOVIE :

"Surge uma nova esperança : Blacksmith, o Arauto da Guerra"

- Obrigado por tudo que fizeram, rapazes ! Agora, é a minha vez de ajudar a salvar Cefiro !