Cena III : Surge Uma Nova Esperança : Blacksmith, o Arauto da Guerra
Levemente baseado em "Cavalo de Fogo"
Rayearth 3 – The Movie
by Lexas
Joaotjr@hotmail.com
*Nota do Autor : Esse fanfic é baseado na série de OAV de guerreiras mágicas de Rayearth, o qual é conhecido como Rayearth, mas muitos o apelidaram de Rayearth 3 . Podem haver partes aqui que estraguem sua surpresa, portanto pense bem antes de ler, pois eu não o avisarei mais . Sem querer fazer propaganda, mas já fazendo, se por acaso você se interessar, você pode conseguir a série de vídeo legendada em português através do fansubber conhecido como Shin-Seiki () São duas fitas, e eles cobram um preço em torno de sete a nove reais por fita de excelente qualidade, demorando cerca de quinze a vinte dias para entregar seu pedido em qualquer lugar do Brasil . Pois é, abra seu olho quando aquele "colega" tentar te "passar" alguma fita "amigavelmente" por quinze reais ... é chato um grupo ter todo o trabalho enquanto outros lucram. Desde já gostaria de me desculpar ao webmaster pela propaganda que acabei fazendo sem querer . Infelizmente, é o que costuma acontecer no Brasil : alguns tem boas idéias e se esforçam para as coisas darem certo, e muitos se aproveitam para lucrar com isso .
Mas, comentários a parte ... vamos ao que interessa !
Gostaria de dedicar esse capítulo a todos os que estiveram me apoiando na Animecon 2001 . Para quem não se lembra, eu estava de cosplay de Pikachu, e me apresentei junto com o Shaolan, autor da cérebre frase "deus do trovão, vinde a mim !" Foi muito divertido o evento, especialmente por que eu pude encontrar diversas pessoas lá, como Haruka e Michiru, do grupo de discussão dos Moonies, Martin e Alex, Algumas pessoas do Card Captor Web clan, entre muitos outros . Um abraço para todos vocês que estiveram lá, torcendo por mim . Apesar de eu não ter ganho, o apoio de vocês foi muito importante na hora em que eu estava me apresentando, e durante todo o evento . Valeu, pessoal ! Vejo vocês no Animecon 2002 ! Espero poder encontrar todos vocês, e os outros que não foram ! Isso é um aviso para vocês, Ana-chan, Wlad, Luana(que ficou muito decepcionada pela minha demora em escrever esse terceiro capítulo), Roberto, Carol , Kenohki, a turma do Card Captor Web clan que não pode ir ...
Último detalhe ( e esse é muito importante para a compreensão de várias partes do fanfic) : A série de OAV Rayearth reconta a série original, trata-se de um recomeço, onde tudo apresentado anteriormente é desconsiderado para dar lugar a algo novo, portanto ....
Continuemos, então .
Luz ... camera ... ação !
O céu resplandecia diante de seu olhar .
De onde estava, podia ver quase toda a Cefiro . Era um lugar lindo . Um lugar pelo qual valia a pena dar a vida .
No entanto, não podia parar para admirar a vista . Não aonde ele estava .
Estava escalando uma colina . Ou melhor, uma montanha . Enorme . A maior de toda a Cefiro . Mas não era uma qualquer . Era uma montanha extremamente alta, de forma que sumiu entre as nuvens . Era quase que totalmente lisa, o que dificultava o uso de equipamento adequado . Escalá-la só era possível com as próprias forças . Qualquer candidato a isso deveria ter em mente que, na maior parte do trajeto, estaria usando as próprias mãos para se segurar nas pequenas frestas das rochas, o que era um verdadeiro sacrifício . Qualquer desvio de atenção, e tudo estaria perdido ...
De repente, uma pequena rocha na qual ele segurava se parte, soltando sua mão . Por pouco ele não cai, ficando dependura pela sua outra mão . Nesse instante, ele quebra uma das regras principais dos alpinistas : não olhar para baixo .
Era uma queda enorme . O chão já não podia mais ser visto daquela altura há muito tempo . Algumas pedras se soltam, e ele as vê caindo, caindo, caindo ... até desaparecerem por completo .
Tentando priorizar seus assuntos, ele finca as mas em outras frestas, e continua subindo . Daquele ponto em que estava, não haviam muitas rochas e/ou pontos para fincar um apoio, o que o obrigava a depender totalmente de suas habilidades .
Tentando aliviar seu peso, ele puxa uma faca e corta a corda que prendia seu material de escalagem . Ele vai caindo, caindo ... até que desaparece em meio àquela queda .
Se seus cálculos estivessem certos, ele ainda estava na metade da subida, e o equipamento na possuía mais utilidade, logo, era um peso inútil . E, se estivesse certo, não precisaria mais dele ... quando chegasse ao topo da montanha ... conhecida como ... "Ninho dos Imperadores".
Já estava há horas naquilo . Não era nada fácil, ou melhor dizendo, era um dos, senão, o maior desafio do mundo . Quando chegasse em casa, teria o que contar . Teria uma bela de uma história para contar aos seus filhos . Algo que inspiraria eles por gerações ... ou apenas os assustaria, se seus filhos nascessem meninas ! Realmente, ele nem queria pensar naquilo . Não que odiasse a idéia, mas a idéia de ter um menino, um sucessor, um macho, era realmente agradável . Já podia se ver lá, no campo, ensinando-a andar e, em seguida, ensinando-o a lutar . Os treinos incessantes, os primeiros erros dele com o manejo da espada ...
Sua mente estava na lua, de modo que não estava prestando atenção na subida .
Não que fosse fazer muita diferença, uma vez que ainda faltava muito para atingir o topo . Tamanha era a montanha, que ele levara um dia e uma noite inteira para chegar até a metade . Felizmente, era um guerreiro, e conseguia ficar dias, às vezes semanas sem dormir . Mas unir isso com o cansaço não era bom . Mas ele não podia fraquejar . Tinha que chegar até o topo . Não iria desistir . Preferia largas as frestas que segurava para escalar e despencar para a morte .
Morte ... estranho ele pensar nisso justamente agora . Seu melhor amigo, Fério, havia seguido em direção à morte certa . Ele havia ido em direção de uma cadeia de montanhas, não tão altas quanto esta, mas igualmente perigosa . Rezava por ele, esperando que voltasse vivo .
Por outro lado, morte foi o que ele sentiu nos primeiros momentos depois de sua derrota ...
Como poderia esquecer ? Lá estava ele, depois de ter treinado a vida toda na Espíritos de Aço, pronto para o seu maior desafio . Havia se graduado com louvor, se tornado um dos melhores guerreiros .
É sabido que os fundadores da Espirito de Aço possuíam seus próprios mashins, conseguidos com muito sacrifício . E, para os melhores guerreiros de cada geração, são entregues esses mashins, fantásticas criaturas mágicas . Ele sabia de cor a história de cada um deles . Sabia quem foi o guerreiro que o trouxe para a Espíritos de Aço, e como o conseguiu . Sabia quem foram os valorosos guerreiros que tiveram a honra de herdá-los depois . Mashins honrados e poderosos, que não eram apenas servos, mas simpatizantes da causa da defesa de Cefiro . Mashins entregues ao melhores guerreiros, aqueles que se destacaram, que se esforçaram além dos seus limites . Todos, menos um .
Havia um mashin especial ... e bota especial nisso ! Era conhecido por ser um mashin poderosíssimo .Tão poderoso, que era dito que ele era tão forte quanto Lexas, um dos mashins de Rayearth, senão mais .
Um mashin que surgiu em uma época diferente, uma época em que um povo de Cefiro se desenvolveu mais do que os outros . Nesse povo, surgiu Blacksmith . Um mashin . O mashin . No entanto, como era de se esperar, o alto desenvolvimento daquele povo resultou numa guerra, e o mesmo desapareceu por completo da face de Cefiro . Mas Blacksmith sobreviveu . O último legado de um povo que havia combinado magia e tecnologia de maneiras nunca antes imaginadas .
Isso havia ocorrido há eras atrás .
E, desde então, somente uma pessoa havia se unido ao Blacksmith . Somente uma pessoa se mostrou digna .
Oláf, seu avô .
O maior herói de toda a Cefiro . O homem que inspirou seguidores a construir uma escola que tivesse como objetivo treinar guerreiros para serem capazes de proteger Cefiro de todo o mal .
E, para poder se unir ao Blacksmith, havia uma necessidade : derrotar o conselho de anciões da Espíritos de Aço . Na verdade, não possuíam nada de anciões, pois, apesar da idade, eram um grupo de guerreiros extremamente poderosos ! Derrotando cada um deles, você provava, não somente pela sua força, mas pela sua determinação, que era digno e merecedor de controlar o Blacksmith ... se ele o aceitasse .
Deixando esse último comentário para depois, derrotar os anciões da escola também significava uma coisa : você se tornaria o líder dela . Por que será que ninguém havia conseguido até agora ?
Mas ele, não . Não foi uma idéia momentânea : sempre se preparou para isso.
Por incrível que pareça, ele conseguiu tal façanha . Havia conquistado a liderança da Espíritos de Aço e o direito de controlar o Blacksmith ... aquelas palavras tão preciosas ecoavam pelos seu tímpanos ...
"- Meus parabéns, Rafaga . Eu estou espantado com toda a sua dedicação . Falo em nome de todos os cinco anciões quando digo que você é o melhor guerreiro que já tivemos . Seu avô estaria orgulhoso se pudesse ver isso."
"- Não faço nada além de minha obrigação, mestre."
"- Esqueça o mestre . Não tenho mais nada a lhe ensinar . Agora, você provou sua vontade em defender este paraíso . Agora, meu caro Rafaga, você é o mest ..."
"- Espere."
"- O que foi, Stirg ? O que é tão importante ?"
"- Eu direi . Rafaga, você nos derrotou em diversos tipos de combate, de maneira honrada . Fico satisfeito em saber que alguém mais poderoso estará no comando ... mas há um problema . Você não é o único que deseja controlar o Blacksmith."
"- Stirg , tem noção do que está falando ?"
"-Tanta noção, que três anciões já foram derrotados."
Ele olhava para os outros, espantando Rafaga e Tleb, o homem que conversava com ele . Havia derrotado três anciões ? Quando ?
"- Eu entendo o que está pensando . Acontece que ele derrotou nossos outros companheiros em ocasiões diferentes das de Rafaga , portanto ... eu lutarei amanhã, e você, em seguida . Vá descansar, Rafaga . Depois de ver um jovem com tanta energia vital e força de vontade como você, não me espantaria mais se tivéssemos mais surpresas ...
Ele acordava de seus pensamentos, devido a um vento forte que quase o faz se soltar . Tinha que manter o equilíbrio .
Por mais duro que fosse, tinha que aceitar que havia perdido .
Sabia que seu adversário tinha valor . Isso foi comprovado quando ele venceu Stirg com extrema facilidade . Ao ver isso, Tleb já sabia o resultado de seu combate .
No entanto, quando lutou contra seu adversário, a luta foi diferente .
Não foi uma luta apenas pelo controle, tampouco para provar quem era o mais forte . Ambos estavam possuídos por um desejo imenso de proteger sua amada terra . Tanto, que a luta parecia não ter fim . Mesmo para os padrões da Espíritos de Aço, foi uma luta fantástica, tanto em combate físico, mágico quanto duração . Durou exatos três dias e três noites sem descanso, e sem nenhum dos dois aparentar cansaço . Uma luta fantástica . Mesmo quando perderam suas espadas momentaneamente, eles continuaram lutando .
No entanto, ele perdeu .
* * * * * * * * * * * *
Mais um dia e uma noite haviam passado, e ele continuava escalando . E, mesmo assim, ainda não via o topo, apenas nuvens . Quando olhava para cima ... e para baixo . Cefiro estava tão distantes, que florestas, lagos, montanhas ... tudo parecia apenas manchas em um mapa . Mesmo estando longe ... sabia que estava perto .
Horas depois, seus desejos foram atendidos . Havia chegado ao topo .
Não que houvessem outros meios . Por algum motivo inexplicável, magia não funcionava ali, o que invalidava utilizar uma magia de levitação até lá . E, mais do que isso, queria provar para si mesmo que conseguia .
Há dias sonhava com aquilo . Sentia algo lá encima, chamando-o . Um chamado cada vez mais forte . E, se tinha que ir até lá, iria nos termos de lá .
Ao terminar de escalar, uma surpresa : era diferente do que ele esperava . Algo fantástico, fantasmagórico, assombroso, quem sabe ... mas nada . Estava vazia . Havia subido até o pico da montanha mais alta de Cefiro ... e não havia simplesmente nada lá encima !
Aquilo era um pesadelo, só podia ser . Tanto esforço .. por nada ?
Foi quando ele ouviu um barulho . Um barulho bastante agudo ...
Puramente por instinto, ele se joga para a esquerda e rola no chão . Havia sentido algo, mas não havia visto .
Novamente, ele se joga, só que para a esquerda . Algo passa rapidamente por ele, e por milagre ele desvia . Ao se levantar, percebe que não havia escapado por completo : a ombreira direita de sua armadura apresentava rachaduras bem profundas .
Como haviam lhe ensinado, ele fica em total silêncio . Estava prestes a tentar algo fantástico : entrar em sintonia com a natureza . Queria descobrir o que se passava, o que estava acontecendo .
O que descobriu foi algo fantástico : diferente de todas as outras vezes, não conseguiu compreender o que sentiu . Isso porque, diferente dos lugares por andava, aquele lugar era totalmente inabitável por humanos . Uma terra sagrada, por assim dizer, isolada do resto do mundo . Não haviam notícias de pessoas que tivessem voltado dali . Pra falar a verdade, não se tinham notícias de pessoas que tivessem sequer chegado a um quarto do caminho que ele percorreu .
Havia uma sensação de paz enorme naquele lugar, totalmente indescritível, se comparada com toda a Cefiro .
Foi quando ele abriu os olhos, pois teve um lampejo . Antes não havia prestado atenção, mas aquele lugar era mais bonito do que parecia . Alguns pequenos picos naquele lugar, algumas arvores, o que era bastante incomum, levando-se em conta a altura, um lago ... muito estranho, levando-se em conta que na altura em que se encontrava, a chuva não deveria nem tocar aquele lugar .
Decidido a descobrir mais, ele senta-se no chão e fecha os olhos . Aquele lugar parecia esconder muito mais do que aparentava . E foi o que ele fez .
Outro lampejo . Não acreditava naquilo . De certa forma, sentia algo bater forte em seu peito . Não sabia descrever o que era, mas era forte, muito forte .
Havia sentido aquilo . Era diferente de tudo o que havia sentido desde que chegara naquele lugar . Vida . Estava sentindo vida naquele lugar, e não era a natureza . Era outra coisa, e ele já tinha uma certa idéia do que era .
Rapidamente ele se coloca de pé, sacando sua espada tão rápido que dá-se a impressão de que era sempre estivera ali o tempo todo . Ele abre os olhos, prestando atenção no ambiente, e comprova suas suspeitas : perigo . Eles estavam ali .
Os Imperadores .
No lago, nas arvores, nos pequenos picos ... em todo o lugar . Naquele instante, ele tremeu . Lá estavam eles, os Imperadores, frente-a-frente com ele, encarando-o ;
Os Imperadores não possuíam esse nome à toa . Eram conhecidas como as criaturas mais perigosas de toda a Cefiro . Imagine um falcão . Agora, imagine um falcão com o tamanho e a força de um leão . Acrescente a agilidade de um lince, a visão de uma coruja e a capacidade de manobras de um beija-flor . Sim, exatamente isso : monstros . São uma das criaturas mais perigosas de toda a Cefiro, e Ragafa estava ali, rodeado de várias delas . Estava no ninho deles . Não os havia visto porque, devido a sua variedade de cores, eles se camuflavam com o ambiente . Alguns possuíam as penas azuis como o mais límpido lago do mundo, outros eram marrons, com penas verdes na cabeça, imitando uma arvore, outras tinham tonalidades, cinzas, escuras ...
E qual era o motivo principal de serem tão temidos, se estavam tão distantes ? Não era apenas pelas suas proporções, mas os Imperadores eram uma das únicas criaturas que conseguia alcanças alturas tão grandes, e provavelmente uma das únicas capazes de suportar, ao mesmo tempo, baixa temperatura e alta pressão atmosférica . Fora o fato de que seus poderosos corpos lhe davam a capacidade de resistir as mudanças bruscas de ambiente, quando desciam até o "chão" de Cefiro . Foram poucos os incidentes registrados a respeito deles, mas estes foram marcados para sempre . É sabido que seu grito é tão devastador que é capaz de derrubar uma casa com a força de uma ventania . No entanto, foram realmente poucas as vezes em que um deles desceu, nunca sendo visto dois juntos nas "baixas altitudes" de Cefiro, e os mesmo foram derrotados ... com muito, mas muito esforço . Qualquer um que tenha tido a sorte(?) de encontrar com um não esquece o encontro pelo resto da vida ...
E, pelo visto, aquilo iria ficar marcado para sempre na vida de Rafaga .
Lá estava ele, desesperado com a situação . Eles eram rápidos e fortes, e com certeza seria destroçado . Tinha que pensar em algo, e rápido ! Infelizmente, qualquer que fosse seu plano, seria temporário ... pois não havia como fugir dali ...
Um deles foi em sua direção, voando numa velocidade assustadora . Quando Rafaga foi atingi-lo, o mesmo agarrou sua espada, e a levou para longe dali . Ótimo, faltava mais alguma coisa ?
Diante da eminente situação, qualquer um perderia o controle e fugiria desesperadamente . Foi o que ele fez, embora não houvesse escapatória .
Suas suspeitas foram comprovadas quando uma das criaturas deu um vôo rasante e o derrubou no chão, além de arrancar uma parte de sua armadura .
Ele se virou, tentando se levantar, mas sentiu a garra da criatura segurando suas mãos . Logo, outra criatura pousou, e colocou suas garras sobre as pernas dele . Seus desespero aumentou quando viu outros voarem de onde estavam para próximo dele . Aquelas criaturas se aproximando, encarando-o de maneira feroz e ... faminta ...
O que segurava seus braços começou a bicar de maneira bem forte seus braços, causando rachaduras na armadura . O que segurava as pernas fez a mesma coisa, destruindo a proteção do joelho .
Outros três imperadores se aproximaram, encarando-o . Era visível a selvageria e fome no olhar daquelas criaturas . Tanto, que ele se desesperou ainda mais quando um deles começou a usar seu bico para destruir a parte da armadura que cobria o torço .
Naquele instante, ele teve vontade de chorar . Onde estava com a cabeça para ir ali ? Por que fez aquilo ?
Não havia adiantado de nada . Todo o seu esforço havia sido em vão . Seria devorado pelos Imperadores .
Nessa hora ele lembrou-se de Fério . Provavelmente, deveria ter sido devorado por aqueles gafanhotos ...
Não, não podia desistir . Não tão facilmente !!!
Senão, de que adiantaria todo o seu esforço ? Toda a sua luta ? Havia treinado, havia lutado ... havia chegado tão longe ... não podia desistir .
Num ato de desespero, ele fecha os olhos . Estava tentando entrar em contato com a natureza mais uma vez . A mesmo que o permitiu ver coisas tão bonitas . A mesma que permitiu que ele visse a vida que habitava naquele lugar .
Ele sentiu mais uma vez ... aquilo .
Aquilo que o atraira até aquele lugar, que o fizera chegar tão longe . Aquilo que perturbava seus sonhos há semanas . Aquilo .
Ao abrir os olhos, uma surpresa : os Imperadores haviam parado de atacar . Sem entender o motivo, se levantou, e percebeu uma cena curiosa : deveriam haver mais de dez aves ali, e elas formavam duas filas, uma do lado direito, e outra do lado esquerdo, dando a impressão de que haviam criado um corredor para Rafaga passar . Teria sido impressão dele, ou ... ?
Ele vai seguindo pelo corredor, andando lentamente . Embora não possuísse ferimentos graves, o impacto sofrido pelos bicos em sua armadura haviam sido extremamente dolorosos . Aliás, podia notar que pouco restava de sua armadura .
Só nessa hora ele se deu conta de algo : o corredor formado pelos Imperadores apontavam ... para o lago . Aquilo era estranho . O que eles queriam que ele fizesse ?
Ele olha para dentro do lago, e a única coisa que vê é seu reflexo . Por alguns instantes, ele cogita a possibilidade de aproveitar esse súbito descanso dos Imperadores para fugir, mas a idéias morre tão rápido quanto nasce .
Eis que algo o assusta . Suas armadura estava semi-destruida, no entanto, o reflexo dela no lago não revelava a mesma coisa : mostrava ele com sua vestimenta perfeita, sem nenhuma marca .
Sua surpresa maior foi quando seu reflexo acenou para ele . Aquilo sim era realmente estranho . No entanto, o reflexo continuava acenando, como se estivesse chamando-o .
Ele ficou naquela posição, durante alguns segundos, se perguntando o que se passava . Num ato de pura curiosidade, ele estica o braço, tocando a ponta dos dedos no lago . Se arrependeria disso de todo o coração . Sem chance de reagir, seu reflexo estica o braço e segura o seu, puxando-o ; surpreso, ele mal tem tempo de reagir, entrando forçadamente no lago ...
* * * * * * * * * * * *
Lá estava ele, flutuando ...
Flutuando ?
Seja lá o que fosse, sentia como se seu corpo estivesse mais leve . Leve demais para seu gosto, uma vez que tinha dificuldade para se mexer . Era como se algo atrapalhasse ... algo ...
Não demorou muito para se lembrar : havia caído no lago ! Estava dentro dele! Num ato de desespero, ele tenta subir em direção a superfície . Ele nada, nada, nada ...e não chega a lugar algum . Olha para o que seria "embaixo", e percebe uma luz , e deduz que estava nadando na direção errada . Porém, ao seguir na direção dela, vê a luz novamente ... em diversas direções . Rafaga começa a se desesperar, se debater . Lentamente, ele vai perdendo os movimentos do corpo, até que ele se torna imóvel .
Um, dois, três ... sete minutos depois, lá estava ele, flutuando .
Eu ... não morri ?
Ele se move . De alguma forma, não estava morto . Sonho ?
Não, disso ele tinha certeza . Sabia que tudo havia sido real . Inclusive a água . Então ... ?
Outra luz . Dessa vinha, à sua frente, acertando-o em cheio . Não que ele pudesse se mover para escapar, claro . De certa forma, sentia que aquela luz era a resposta para tudo, que era ela que o guiara esse tempo todo, que o salvara dos Imperadores, que o puxara para dentro do lago ...
Ele abre os olhos, ainda flutuando, mas tudo estava diferente . Estava brilhando, numa tonalidade branca muito forte . Durante os primeiros segundos, ele fecha os olhos, mas aos poucos vai se acostumando . Fica naquela posição, aguardando . Um, dois, três ... tantos minutos, até que resolve arriscar .
- Quem é você ?
Silêncio .
- Quem é você ?
Sem resposta .
- Quem é você ?
Nada .
- Então, é assim ? Não vai me responder ? Tudo isso, para nada ?
Sem resposta .
Como das outras vezes, aquilo durara bastante tempo . Mais do que a paciência de Rafaga permitia .
Irritado, ele tentava se mover, em vão . Era como se estivesse no fundo do oceano, e a força da água não permitisse que ele se movia . No entanto, ele continuava tentado . Em vão, mas continuava .
Ele continua tentando, mas não consegue . Estava furioso com aquilo . Será que não era nem capaz de se mover ? Ele tentava, e tentava, e tentava ....
- Isso é inútil .
Silencio . Não havia enlouquecido . Ainda não . Não havia imaginado aquilo . Alguém havia falado com ele .
Mesmo assim, após esperar, e não receber sua resposta, ele resolve continuar tentando sair dali . E tentando, e tentando ...
- Ainda não é o suficiente .
- Quem é ? – perguntou, esperando receber uma resposta, cansado de ficar fazendo aquele jogo .
- Tu sabes, guerreiro .
- Não, eu não sei ! Diga logo quem és !
- Tu sabes, guerreiro .
- Se não vai me ajudar, então não me amole !
- Tu sabes, guerreiro ... do contrário, não teria vindo de tão longe ao meu encontro .
O sangue de Rafaga gelou .
- Você ! Então, era você quem me chamava nos sonhos ! Quem és ?
A luz cessou, e passou a se concentrar em um ponto em particular, bem longe . Ela foi se aproximando, aproximando ... até que parou, há apenas alguns centímetros de sua face .
- Glup !
- O que temes, guerreiro ?
- Eu não tenho medo de nada !
- Então, por que se assustas em me ver ? Teme que eu te faça mal ?
- Eu nem sequer sei quem é você ...
- Mas, no entanto, veio ao meu encontro, desconhecendo meus objetivos, não é mesmo ?
- Eu tenho ... eu tenho sonhado ... tantas noites, e a única coisa que ouço é a sua voz !
- Então, tu és o escolhido, guerreiro !
Aquela luz, que estava parada diante de Rafaga, fez o que ele menos esperava : explodiu . Foi uma explosão luminosa, que se espalhava por todas as direções, atingindo-o, consequentemente .
Rafaga não podia acreditar naquilo . Aquela luz acertando-o, invadindo seu corpo .. ele tentara se proteger, em vão . Seu desespero tinha uma justificativa : aquela luz era forte, tão forte, que queimava .
* * * * * * * * * * * *
Lentamente, ele abria os olhos . Surpresa .
Seja onde for, não era o mesmo lugar . Não estava dentro do lado . Alguns segundos depois de se levantar, ele olha ao seu redor : ainda estava no Ninho dos Imperadores .
De repente, sente uma pequena coceira no braço, e o observa . Não demora muito para perceber que havia algo nas costas de sua mão, algo que parecia-se com uma ... jóia ...
- Pelo Grande Zagard ... o Ovum ...
No entanto, suas indagações não duraram muito tempo : começara a ouvir um barulho, extremamente forte, assustador ... e familiar !
Ele olha para trás, e confirma suas dúvidas : os Imperadores !
Mas ele não o haviam deixado em paz ?
Ao encará-los, aquela teoria havia morrido .
Mais uma vez, ele corria . Os Imperadores estavam parados, observando-o . Um, dois, três, quatro segundos ... fim . Todos eles alçam vôo, levantando uma violenta ventania devido a força de suas asas, seguindo em direção a Rafaga . Exatamente como pensava .
De alguma forma, o que quer que seja que ele tenha encontrado dentro do lago, estava controlando as aves . Estava .
Ele corre, corre, corre ... aquilo já estava se tornando familiar ... e assustador ...
Finalmente aconteceu o que ele esperava : estava se aproximando dos limites . Dali em diante permitido somente para os que possuíssem asas, e ele não se encaixava nas condições estabelecidas .
Ignorando todos os fatores lógicos, Rafaga salta .
Em momento algum, ele estava preparado para o que veio a seguir .
Simplesmente não podia acreditar . A velocidade da queda, o vento batendo em seu corpo, as nuvens, sendo cruzadas ... era incrível . Embora estivesse incrivelmente rápido, provavelmente ainda levaria algum tempo para atingir o chão, devido há altura em que se encontrava .
Finalmente, ele cruza as nuvens . Agora sim, ele conseguia enxergar Cefiro . Era linda . Maravilhosa . Esplendorosa .
Já havia atingido os limites do pico que inibiam qualquer magia . Mais um pouco, e poderia utilizar uma magia de vôo ...
Foi quando ele ouviu aquele barulho novamente, estridente .
Ele não conseguia acreditar .
Lá estavam eles, atravessando a barreira de nuvens, cortando o céu numa velocidade espantosa, em sua direção, emitindo seu barulho ensurdecedor . Era incrível como ele conseguia ouvi-las, apesar da altura e da velocidade na qual se encontrava .
E agora, o que faria ? Estava desarmado, ferido e cansado .
Mesmo que utilizasse uma magia de levitação, ainda assim não teria velocidade suficiente para escapar .
O que fazer ?
O que faria ?
Nada, não podia fazer nada . Apenas morrer . Ou não .
Enquanto cai, ele gira o corpo, virando-se para os Imperadores . Estavam cada vez mais perto . Excelente .
Eles se aproximam . Se aproximam . Se aproximam .
Rafaga estende sua mão para eles . Os Imperadores continuam se aproximando .
Eles não esperavam pelo que estava por vir .
A mão de Rafaga começa a brilhar, aumentando sua intensidade cada vez mais . Ele cerra o punho, aguardando aquelas criaturas chegarem mais perto, mais perto ...
... até que ele abre o punho, e a luz explode, gerando um clarão . Tamanha é a surpresa, que os Imperadores perdem o controle , e começam a se chocar em pleno ar .
Rafaga estava exausto .
Não descansava há bastante tempo, e aquele disparo havia exaurido suas últimas forças .
No entanto, havia tirado um peso da consciência .
Pela distância em que se encontrava do chão, muito provavelmente os Imperadores não iriam apenas matá-lo . Sem sombra de dúvida, iriam atacar os vilarejos próximos . Seria uma carnificina .
Aquele clarão não iria detê-los para sempre . Eles estavam acostumados com altas luminosidades, e apenas haviam se assustado com uma luz um pouco mais forte que o usual .
Felizmente, aquilo serviu para irritá-los, chamando a atenção deles totalmente para Rafaga . Com sorte, iriam levá-lo de volta para o ninho, deixando os vilarejos em paz enquanto realizavam o seu "banquete".
Ele fecha os olhos . Estava a menos de quatro quilômetros do solo . Não iria demorar .
- C-Cefiro ...
Seu Ovum brilha . Era uma pedra incolor, ao contrário de muitas outras . Ele, no entanto, não percebe isso, pois estava de olhos fechados .
Logo, não vê quando o brilho se espalha rapidamente, cobrindo todo o seu corpo .
Ao abrir os olhos, ele não via mais sua querida Cefiro, apenas ... o vazio . Acima, abaixo, de um lado, de outro ... nada . Só ouvia uma voz .
- Por que desistes, guerreiro ?
- Eu ... não posso mais fazer nada . Deixe-me .
- Mesmo sabendo que não iria fazer diferença, tu sacrificaste tua única esperança em vão ....
- N-não foi em vão !
- E tu acreditas que fará diferença ? Acredita mesmo que será a última vez que os Imperadores descerão até Cefiro ?
Rafaga fecha os olhos novamente . Eis que, diante dele, um pequeno portal se abre . Ao olhar através dele, vê Cefiro . Mais do que isso, era como se estivesse alguém caindo em direção dela, até que avista algo ...
Rafaga, entendendo que a origem da voz vinha de todas as direções, aponta para um ponto especifico do portal .
- Para eles - ele diz, enquanto seu dedo aponta para um vilarejo – fez diferença .
- Pouca . Mesmo que extermine com os Imperadores, existem outras criaturas igualmente perigosas .
- Eu sei . Mas não é esse o meu objetivo . Não pretendo exterminar nenhuma raça, incluindo os Imperadores . Eles são criaturas fantásticas, mas apenas seguem seus instintos . O povo de Cefiro sempre conviveu com isso, e sempre conviverá . Negar a essas criaturas o direito de serem livres por todos os lugares é negar toda Cefiro . Minha luta não é contra eles, mas contra aqueles que ameaçam tudo o que minha bela Cefiro é !
Mais uma vez, seu Ovum brilhou . Outra luz .
Ele continuava caindo, cada vez mais rápido .
No entanto, algo o segura .
Por alguns momentos, ele grita, devido a dor daquelas garras segurando seus ombros . Mas ele olha para cima, na esperança de ter uma última visão de seus predadores . Não era o que ele esperava .
Era nada mais nada menos que outra ave . Era um ... Falcão ! Na verdade, um pouco maior que normal. Mas não tão grande quanto os Imperadores . Um detalhe importante, era que a criatura ... era prateada . Como se seu corpo possuísse penas de puro aço !
E o mais estranho era que, ao tempo que ela encarava os Imperadores ... eles iam se afastando ! E o pior : estava falando com ele !
- Agüente firme, guerreiro ! Não morra agora !
- Arghhh, minhas costas ...
- Você é o escolhido, guerreiro . Irei me unir a você em sua jornada . Viajará comigo por todos os cantos, se encantará a beleza dessa terra com outros olhos . Eu sou Falcon, o guardião dos céus . Por toda a minha existência, observei todas as formas de vida de Cefiro, zelando pelo seu bem estar . Agora, uno-me a você para protege-lá das ameaças que estão por mim . Eu tu, guerreiro ? Jura tornar possível isso ? Jura fazer sua a minha causa, e minha a sua causa ? Por todos os guerreiros que tombaram, por todos aqueles que não desistiram, por todos aqueles que admiram, protegem e de corpo e alma protegem essa maravilhosa terra, tu juras, guerreiro ?
- Sim ... – sua voz havia saído meio fraca no começo, mas demonstrava uma satisfação no fim . Finalmente, ele estava pronto . Finalmente, iria poder proteger sua terra - ... eu JURO !!!
Mesmo estando parado a quilômetros do solo, sua voz ecoou para bem longe . Naquele instante, ele dera um grito . Um grito de satisfação .
* * * * * * * * * * * *
- Sim ... eu juro .
Estava ele, parado, observando . Ele e Falcon haviam se tornado um . Estavam unidos, finalmente, para combater aquele mal .
- Prepara-te ... Giorvel . Esteja pronto ... pois este será o teu fim !
Rafaga, no interior de Falcon, avança .
Aquela enorme sombra que era Giorvel não podia acreditar naquilo . Falcon, o Mashin . Falcon, o observador . Falcon ... seu fim ?
Giorvel se lança encima dele, mas Falcon salta, fazendo Giorvel passar direto . Aproveitando a oportunidade, Rafaga o golpeia pelas costas . Antes que pudesse se virar, Giorvel sente as fortes e mortais garras de Falcon dilacerando seu corpo . Extremamente doloroso .
Ele gira o corpo e ataca, mas seu braço acerta o vácuo, uma vez que Falcon havia se abaixado . Num golpe de sorte, As garras de Falcon atingem seu braço .
Num rápido salto, ele se afasta, pronto pra o próximo ataque . Aparentemente, Giorvel estava começando a perder as forças, uma vez que acabara de perder um braço .
Ele o regenera para sua surpresa .
Um, dois, três ... dezenas . Ele criara dezenas de globos feitos de pura escuridão ... e os atirara em Rafaga . Ele começa a se esquivar, ora saltando, ora rolando no chão (e mudando o relevo da região com isso !), ora ... fugindo .
Falcon salta, o que surpreende Giorvel . Aquele garoto havia cometido um erro grave . Ele lança todos os globos em direção a Rafaga, mas toma um susto ... quando Falcon se esquiva ! Ele atira, atira, atira ... mas aquele mashin estúpido parecia estar "dançando" nos céus , como se ... se ... voasse ! Era isso !
Mesmo naquela forma gigantesca, Falcon não perdera sua capacidade de vôo, independente de ter asas ou não .
Fério observava estupefato . Como aquela coisa gigantesca conseguia voar de maneira tão graciosa, tendo todo aquele tamanho ?
Giorvel atirava, atirava ... mas ele se esquivava, não sendo atingido por nenhum deles .
Eis que então Giorvel torna a disparar mais uma vez . Dessa vez, não eram dezenas . Eram CENTENAS de globos enormes, levando-se em conta o tamanho deles .
Rafaga, no entanto, se esquivava, com uma facilidade maior do que o disparo anterior, até . Giorvel, no entanto, sorria, ou o mais próximo que aquela sombra monstruosa poderia expressar de um sorriso .
- O que foi, Giorvel ? Tanto tempo naquela prisão te enferrujou ?
Foi nesse instante que, voando, Rafaga olhou ao seu redor : dezenas de globos de escuridão . Centenas deles, cercando-o ;
- Morra !
Ele mal teve tempo de reagir . Os globos o atingiram, vindo de todas as direções .
Aquilo fez Fério tremer . Qualquer coisa que estivesse no meio daqueles disparos seria pulverizado . Pelo menos, era o que se esperava .
Tanto ele, quanto Giorvel, estavam espantados . A poeira havia abaixado e, no entanto ... lá estava ele, Falcon .Um brilho branco circundava seu corpo, o qual cessava lentamente ao passo que ele se aproximava do chão .
Vivo, mas não ileso .
Tão rápido toca o chão, ele cai, apoiando-se com as mãos . Estava cansado .
Apesar da determinação de Rafaga, estava bastante ferido . Havia erguido um escudo de luz, mas havia gasto muito de si . E o mesmo não havia sido tão eficiente assim , como ele pode comprovar .
Giorvel corria em sua direção, enquanto seu braço esquerdo tomava a forma de uma lâmina .
Não que ele deixasse de perceber isso, pelo contrário . Estava aguardando o momento exato .
Quando Giorvel estava perto o bastante, ele milagrosamente se levanta e salta bem alto . De onde estava, podia ver seu inimigo, impressionado pelo fato dele ainda ter forças para lutar .
O que Giorvel parecia não ter percebido, ao contrário de Rafaga, era que Rafaga era um mago especialista em luz, e os poderes de Falcon também eram baseados em luz, o que havia lhe dado vantagem esse tempo todo . Outro detalhe importante era que, por mais forte que fosse a escuridão, mesmo uma pequena quantidade de luz era capaz de vencê-lá . Verdade ou não, Rafaga havia aproveitado o momento que havia sido atingido, para fazer vir a tona todo o poder de Falcon . O poder que só se manifesta nos momentos mais críticos . Aquele que só se faz presença quando Luz e Trevas travam um violento combate .
Ele para em pleno ar, enquanto abre os braços .Estava feito . Havia trazido para fora o máximo dos poderes do mashin .
- BRILHO CELESTIAL !!!!
Ele cruza os braços, e os abre novamente, apenas para emitir uma forte luz . Mas não uma luz qualquer, uma explosão luminosa que atinge Giorvel em cheio, impedindo-o de se mover, ou fazer qualquer coisa ...
- AAAAAAHHHHHHHHHH !!!!!
Foi a única coisa que pode ser ouvida .
O grito da besta aumentou, deixando seqüelas em toda Cefiro : O estrondo que ela gerava assustava animais, enfureciam monstros, transformava em pesadelos os sonhos das crianças ... um verdadeiro inferno ... que havia acabado .
Seu grito prossegue, mas ele não consegue resistir . O ataque de Falcon começa a invadir seu escudo, penetrando em suas defesas, minando-as rapidamente ... até que a barreira criada por ele é totalmente destruída . A criatura volta a gritar, quando sente seu corpo ser destruído, como se a luz o estivesse consumindo aos poucos .
Ele vai se desfazendo, sumindo . Tamanha é a intensidade do golpe que não sobre nada para contar história ....
- Incrível .
Fério estava pasmo . Mesmo depois de ter sido atingido pelo seu ataque, Giorvel haviam se recomposto, mas agora ...ele havia sumido . Como se tivesse sido ... desfeito ?
Rafaga aterriza, exausto, da mesma forma que seu mashin . Embora não tivesse demonstrado, estava exausto . Naquele instante em que Giorvel o havia agarrado, a maior parte de suas forças haviam sido sugadas . Estava prestes a cair, sendo que a única coisa que o mantinha em pé era a alegria de ter destruído Giorvel .
Ele manda um olhar para Fério . Estava caído, e ferido . Deve ter dado muito trabalho para Giorvel, ao seu ver . E, mesmo assim, mesmo depois de ter enfrentado um mashin daquele nível, ainda assim havia lhe dado muito trabalho .
Falcon vai se aproximando de Fério, no intuito de ajudá-lo, embora talvez fosse ele quem precisava de mais ajuda .
- Fério, tudo bem com você ?
- Bem ? Mas do que é que está falando ? Eu estou ótimo !
- Não é o que parece . Parece, que Mashin foi destruído ...
- Vira essa boca pra lá ! Ele só se desagrupou para poder se recuperar ! E por que interferiu ? Eu teria dado um jeito de derrotá-lo – dizia ele, com um sorriso no rosto ;
- Sei . Então, você não esqueceu, não é ?
- Nunca . Ele sempre fez parte de minhas memórias . Nunca havia esquecido o dia em que ele começou sua matança ... e o dia em que foi derrotado . Então ... foi por isso que foi até o Ninho dos Imperadores, não é ?
- Pelo mesmo motivo que você foi até as Montanhas da Morte . Pelo visto, ambos sabíamos que viria o dia em que ele se libertaria de sua prisão, não é ? Ao que parece, minha esposa ainda se lembra de algo, mas provavelmente vão esquecer . É melhor assim, não acha ?
- Concordo . Melhor darmos um jeito nisso antes que os outros se recuperem . Pelo visto, a presença da besta causou dor e confusão em todos os habitantes de Cefiro . Tudo está um caos .
- Agora que o destruímos, creio que as pessoas voltarão ao normal . Seu medo irracional por Giorvel morreu aqui . A propósito ... onde está Cléf ?
- Isso seria lindo, se não fosse banal, crianças . Hunf ! Patético ! Nunca confie o trabalho de um homem a uma criança, pois elas o farão errado !
Eles não acreditavam naquilo . Pouco à frente deles, lá estava Giorvel, totalmente inteiro . Aquela criatura feita de escuridão parecia intacta !
- Eu não acredito ... mas Falcon havia exterminado-o !
- Droga ! Como isso foi acontecer ? Foi o meu melhor ataque !
- Seu melhor ataque ? Por favor, não me faça rir ! Esse é o melhor que podem fazer ? Se isso é o melhor que a Espíritos de Aço tem pra me oferecer ... se isso é o máximo que um descendente de Oláf pode atingir ... então, faça o favor de morrer ! Desse jeito, nem o Blacksmith representaria perigo ! Quer dizer então que eu criei um medo irracional em todos, o que fez com que me esquecessem, e que também está fazendo com que todos abracem o manto do caos devido a minha volta ? Interessante . Então, vocês são o únicos que se lembram, não é mesmo ? Como são patéticos ! Tiveram tanto tempo, e sequer conseguem me fornecer um desafio !
Giorvel seguia em direção a eles . O fim ?
Rafaga estava começando a ficar desesperado . Estava no fim de suas forças, sem a menor condição de enfrentar um recém-feito Giorvel . E Fério, assim como Mashin, não estava em condições melhores .
Foi quando aconteceu .
Gafanhotos . Centenas . Milhares . Centenas de Milhares .
Ele surgiam, vindo de várias direções . No começo, Giorvel, estranhou, mas percebeu que não estavam indo em sua direção . Estava indo em direção de Rafaga e Fério .
Uma nuvem de gafanhotos os envolveu, sem, no entanto, machucá-los . Aquelas criaturas estava ali, paradas, aguardando
- Fério ...
- Eu acho ... acho que ... Mashin ? É você ? Você voltou ?
Não houve resposta .
- Acho que ele quer lutar novamente, Fério . Talvez, se nos unirmos ...
- Não vai funcionar . Pode parecer bobagem, mas ele ainda está muito ferido . Seu corpo é formado por todos esses gafanhotos . Enquanto um existir, o corpo sempre poderá se recuperar . No entanto, ele perdeu muitos, pois essa está muito menor do que o normal . Não creio que ele pense em lutar novamente . Está querendo nos proteger .
- Do que ? É inútil ! Giorvel se aproxima, e mal tenho forças para me mover – dizia Rafaga, de dentro de Falcon . – Essa barreira não vai durar muito tempo !
Dito e feito, Giorvel se aproximava mais e mais . Alguns gafanhotos o atacavam , mas eram simplesmente absorvidos pelo seu corpo .
- Tive uma idéia . Tape os ouvidos, Rafaga . Mashin, use o Estrondo Sônico !
Dito isso, as asas metálicas dos gafanhotos começaram a bater mais e mais rápido, se chocando no processo . O resultado foi um som extremamente irritante, que rapidamente se espalhou pelo local .
Fério não sentia nada, pois aquele barulho não o afetava, ao contrário de Rafaga e de Falcon . Rafaga tentava tapar os ouvidos, em vão, devido ao barulho . Falcon, por sua vez, estava caído no chão, se contorcendo de dor pelo som emitido .
Giorvel se encontrava em situação um pouco pior .
O som rapidamente o atingiu, gerando resultados . Seu braço foi literalmente despedaçado, assim como partes de seu corpo .
Infelizmente, não durou muito . O ataque emitido por aqueles gafanhotos não se comparavam ao de Mashin, embora eles fizessem parte dele . Tanto é verdade, que Giorvel se reconstrói mais rápido do que é destruído .
- Essa técnica infantil não vai me deter, garoto !
Giorvel estende os braços , e emana mais e mais escuridão deles . Ela começa a circundar a área em que estava a barreira de gafanhoto que protegia Fério, Rafaga e Falcon . Pouco depois, ela começa a crescer, criando um domo ao redor deles, fechando-os por completo .
Fério fica extremamente nervoso quando vê Giorvel atravessar a barreira, e vê aquela sombra gigante sorrir para ele . Era o fim . Os gafanhotos estavam cansados, não poderiam mais continuar o ataque, e ele estava preso em um casulo de escuridão, com Giorvel .
- Você entende que é o fim, não é ?
Dito isso, O casulo foi se fechando, fechando . A escuridão engolia rapidamente os gafanhotos que, embora não pudessem fazer nada, continuavam ali, fornecendo uma fraca e temporário proteção para Fério . Tinham que fazer isso . Por Cefiro . Por Fério .
Não dura muito . A escuridão os engloba por completo, fazendo-os sumir . Fério sente a dor de Mashin, da mesma forma que Rafaga tenta gritar . Estava num mar de trevas, sem escapatória . Estava morrendo, pois sua energia e a de Falcon estavam sendo absorvidas .
Giorvel, por sua vez, conseguia enxerga perfeitamente . Podia ver aqueles dois se contorcendo, enquanto suas esperanças eram destruídas . Divertia-se com aquilo, ao ver que, mesmo incapacitados, mesmo condenados, eles tentavam se mexer, numa vã esperança de salvação .
Fério olha pra sua direita . Rafaga Olha pra sua esquerda . Giorvel olha pra frente .
Agora, Fério olha para frente, Rafaga olhava para frente, e Giorvel continuava olhando para frente .
Ambos estavam olhando para um ponto em comum, que se tornara o centro no meio deles .
Apesar da escuridão, eles conseguiam enxergar ... na verdade, seria a única coisa que conseguiria enxergar ali .
Era um pequeno ponto branco . Não tão pequeno, levando-se em conta as proporções daquele globo que envolvia a todos . Devia ter o tamanho do punho de Rafaga . Era um ponto branco ... e luminoso ...
- Luz ... mas – ele pensava nas possibilidades . Seria possível ?- será que ... ?
* * * * * * * * * * * *
Aquilo estava ficando complicado . Não esperava que chegasse àquele ponto .
Não acreditava que houvesse outra pessoa capaz de derrotar os anciões . Teoricamente, era impossível . Mas, pensando bem, se ele havia conseguido ....
Sabia que seu adversário tinha valor . Isso foi comprovado quando ele venceu Stirg com extrema facilidade . E também possui muita perícia com espada, isso era verdade . Desarmou Stirg e o colocou contra a parede em apenas duas horas de luta !
Ao ver isso, Tleb já sabia o resultado de seu combate . Isso por que, ao desafiar alguém, o desafiado é quem escolhe as regras . As regras de Tleb : usar todos os seus recursos . Resultado ? Usando-se de uma magia em sua arma, a qual causou um clarão, Tleb ficou em desvantagem pois não podia contar com os olhos . Daí para a vitória, foi apenas um passo .
No entanto, quando lutou contra Rafaga, a luta foi diferente .
Não foi uma luta apenas pelo controle, tampouco para provar quem era o mais forte . Ambos estavam possuídos por um desejo imenso de proteger sua amada terra . Tanto, que a luta parecia não ter fim . Mesmo para os padrões da Espíritos de Aço, foi uma luta fantástica, tanto em combate físico, mágico quanto duração .
Rafaga estava começando a ficar irritado . Realmente, aquilo não era o que ele esperava . Estava diante do de um adversário à altura ! No começo, pensara que isso seria divertido, mas concordou depois .
Ambos estavam utilizando-se de suas devidas armas, armaduras e demais pertences . Seria uma luta séria, de vida ou morte . Tudo era permitido . Tudo . Claro, com guerreiros honrados, não iriam se aproveitar de truques(muito) sujos .
Rafaga se fazia valer de uma espada de lâmina larga, utilizada com ambas as mas, mas ele conseguia manipulá-la com apenas uma devido ao seu intenso treinamento .
Pasmem, ele pensou . Seu adversário estava utilizando nada mais nada menos do que duas espadas, que não eram tão pesadas quanto as de Rafaga, mas não aparentavam ser tão leves assim .
Mas quantidade não é qualidade . Infelizmente, como ele pode comprovar, seu adversário possuía uma perícia extremamente alta no manejo de espadas, usando uma ou duas . As espadas pareciam dançar em suas mão, de forma graciosa, como num balé . Embora mantesse a calma, ele sabia que, em pouco tempo, ele quebraria a guarda de seu adversário, ou seu adversário quebraria a guarda dele .
Mas ele estava feliz . Estava honrado por poder lutar com um adversário de valor pela liderança . Morreria feliz, até .Sabia que, se morresse, alguém cumpriria sua missão .
Se bem que, em seu intimo, não esperava que fosse uma mulher . Não que fosse machista, mas nunca passou pela sua cabeça ser desafiado por uma mulher .
Como deixar de descrevê-la ? Bela, graciosa, majestosa ? Dançava com as espadas . Seu cabelo loiro brilhava ao som do metal se chocando, e terminava em um fino e sedoso rabo-de-cavalo .
Ambos já estavam assim há horas, lutando com as espadas .
Súbito, acontece o inesperado : ela consegue tirar a espada da mão de Rafaga . Terminou ?
- Ainda não – ela disse – vem !
Ela largou as espadas, e convidou Rafaga para continuar a luta . Aquilo não terminaria tão cedo .
Ambos estavam lutando há horas . Rafaga dá uma rasteira na mulher que, na queda, apoia as mas no chão e fica de cabeça para baixo, atingindo-o com os pés . Em seguida, ela joga o corpo para trás e fica de pé, virando-se rapidamente para acertá-lo . Ele faz o mesmo . Pos alguns instantes, ambos sentem o punho um do outro em seus rostos, o gosto de sangue, o calor da luta em seus rostos .
- Garota, isso doeu .
- Você também não fica muito atrás, rapaz .
Ambos saltam para trás, tomando distância um do outro . Rafaga se abaixa e pega sua espada, da mesma forma que a mulher .
A luta era fantástica . As lâminas se chocavam era a pura representação do espirito de ambos . Isso por que, como guerreiros, eles haviam obtido o que procuravam .
Batalha .
O código do guerreiro . O gosto pela luta .
Pena que tinha que acabar, ela pensava .
Rafaga estava surpreso . Nunca cogitou que ela se lembrasse de Giorvel . Havia percebido isso quando ambos cruzaram seus olhos. Aquele brilho que ele viu ... pura determinação . Ela lutava por algo, lutava por alguma coisa maior, algo além do comando da Espíritos de Aço . E estava disposta a vencer .
Não deu em outra . As lâminas se chocam, passando diversas vezes a pouco centímetros de ambos ... até que, num golpe extremamente hábil, ela defende um golpe de Ragafa, prendendo sua espada . Ela ataca com a outra, lançando para longe a espada dele . Rafaga começa a se esquivar dos contínuos ataques, sendo bem sucedido em todos . Vendo que não resistiria muito, Rafaga salta . Não um salto comum . Possuía habilidades superiores, mas também conhecia uma magia que permitia que suas capacidades atléticas fossem dobradas, até triplicadas .
Ele salta tão alto, que atinge o teto . No entanto, ele havia girado o próprio corpo, de forma que seus pés tocam o teto, e tomam impulso, para baixo .
Nesse instante ele percebe . Sua oponente havia largado as armas, e havia saltado em sua direção . Claro, ele se lembra . Ela também conhecia aquela magia .
Seria agora . Era o momento decisivo . O momento pelo qual ambos aguardavam durante esses três dias e três noites . O momento final, que definiria quem seria o mais indicado para comandar o Blacksmith .
Rafaga retrai o braço direito, e o punho do mesmo começa a brilhar . Iria usar seu melhor golpe .
Ela, da mesma forma, retraíra o braço direito, e o punho do mesmo também começara a brilhar . Seria um choque de poderes . Um choque de magos especialistas em luz .
- Punho do Sol !
- Punho do Sol !
Nos primeiros segundos, os anciões viram o punho de ambos se chocar . Em seguida, mal conseguiam manter os olhos abertos, devido ao clarão gerado pelo choque das luzes .
Súbito, um barulho . Alguém havia tocado o chão . Outro barulho . A luminosidade da sala não os permitia enxergar nada . Lentamente, a luz vai se dissipando ...
Até que todos começam a enxergar .
Estavam vendo Rafaga e a mulher, de pé, um de costas para o outro . Aquilo havia sido fantástico .
Ambos mantinham uma os olhos fechados, e uma expressão séria no rosto .
Até que ambos abrem os olhos ... e Rafaga caí, de joelhos, apoiando as mas no chão para não cair por completo .
A mulher não demonstra estar em situação melhor, pois começa a caminhar pelo local, quase tombando, com a mão na barriga .
No entanto, momentos depois, ela se recompõem ... ao passo que Rafaga desaba de vez .
Um silêncio toma conta do local . Todos estavam pasmos . Ela havia vencido ! Seria a primeira vez , em toda a história da Espíritos de Aço, que o líder seria uma mulher .
Embora caído, ainda estava consciente . Refletiu sobre o que aconteceu . Ele perdeu . Todo seu esforço havia sido em vão . Era uma vergonha para toda a família .
- Levante-se, Rafaga . Tenho certeza de que ainda tem forças para isso . Vamos ! Foi uma luta magnifica, e me orgulho, não, me sinto honrada em ter conseguido o posto lutando contra alguém com o seu nível !
Ela tinha razão, pensava . Não havia sido tão ruim assim . Foi uma luta fantástica . Mais do que a luta que teve com os anciões . Nela, demonstrou tudo o que sabia .
E, apesar de não ser o líder, pode comprovar tudo o que aprendeu . Se sentia poderoso . Havia lutado seriamente por três dias e três noites, conhecia poucos que resistiriam tanto .
E não havia desapontado seu avô, pelo contrário . Havia lutado de maneira honrada, e perdido de maneira honrada . Seu avô ficaria muito feliz com isso, se estivesse vivo .
Quem sabe ? Seja lá onde estiver, deveria estar assistindo aquilo, provavelmente rindo com o resultado .
E ela era incrível . Uma guerreira . De corpo, alma e espirito . E, se não bastasse, havia evoluído de maneira incrível desde a última vez em que lutaram . Estava feliz por perder para alguém tão capaz .
Sim, realmente, seu avô deveria estar rindo em algum lugar .
Afinal, sua linhagem estaria no comando .
Seu sangue seria o responsável pelas futuras gerações da Espíritos de Aço .
Seu magnifico mashin, Blacksmith, seria comandado por alguém da família .
Aquela bela moça, de cabelos loiros, os quais terminavam em um belo rabo-de-cavalo;
Aquela bela moça que, apesar da beleza, era tão mortal quanto ele mesmo .
Aquela moça ... sua irmã gêmea ...
Priscila ...
* * * * * * * * * * * *
- Priscila ...
Foi o pensamento de Fério . Será que ... ?
Aquele pontinho branco se retraiu, e todos pensaram que iria se extinguir . Ledo engano . Quando parecia que iria sumir, ele sofreu um rápido crescimento, que culminou numa explosão .
Giorvel, claro, foi pelo no meio daquela explosão, e não teve tempo de se proteger . A luz o engolfou por completo .
Fério ainda tentava recuperar a visão, devido ao clarão, mas Rafaga não fora afetado por isso . Estava vendo tudo com perfeição . Fério de um lado, ele, dentro de Falcon, de outro, Giorvel a sua frente, se contorcendo ... e milhares de gafanhotos, caídos no chão .
Sentindo parte de sua força voltando, ele pega Fério e voa para longe dali . Do alto, e vê Giorvel, ainda se contorcendo . Pelo visto, a luz havia invadido seu corpo, e ele tentava desesperadamente livrar-se dela .
Ele continuava gritando, gritando ... até que parou . Havia conseguido se "purificar".
- Seus ... seus ... miseráveis ! Vão pagar caro por isso ! Farei com que sofram até o fim de suas patéticas vid ...
Ele não teve tempo de reagir . Um globo de luz vem seguindo em toda velocidade por trás dele, atingindo suas costas, explodindo em seguida . No entanto, o globo explode, mas continua intacto, e atravessa Giorvel, deixando um verdadeiro rombo em sua barriga . Aquilo devia doer, pensava Fério . Não imaginava o quanto estava certo .
Agonizando pelo ferimento, o qual demorava para se fechar, a ira de Giorvel havia aumentado mais e mais . Quem teria feito aquilo ? Outro mago ?
- Ei ... – aquela voz surgia de lugar nenhum – por algum acaso ... – Fério e Rafaga ouviam, tentando localizar de onde vinha . Estavam reconhecendo aquela voz . Era uma voz doce, suave, porem, madura - ... você não está pensando em fazer algum mal aos meus amigos ... e, principalmente, ao meu irmãozinho, não é ?
Todos olharam para baixo, e à esquerda . Uma mulher . Muito bonita . Usava uma armadura, que cobria parte dos joelhos, sem, no entanto, impedir sua movimentação . A mesma possuía um ombro, um peitoral pequeno, e vestia por baixo dela uma roupa cinza-clara e, da mesma forma que Rafaga , possuía, na altura do peito, um desenho : duas espadas cruzadas, e uma terceira acertando-as no meio . Ela também carregava, nas costas, duas bainhas, as quais carregavam duas espadas .
Rafaga pousou, descendo Fério em seguida . Não conseguia acreditar naquilo . Então, estava certo quando deduziu que ela também se lembrava .
- Priscila !!!
No entanto, ela não foi em sua direção, uma vez que Giorvel estava em uma distância menor ainda .
- Olá, Rafaga . E olá, Fério ! O que houve aqui ? Vocês parecem abatidos ...
- Deixe de brincadeira ! – gritava Fério, fingindo um aborrecimento – por que demorou tanto ?
- Aham .. estava ocupada . Sabe, quando um bando de guerreiros enlouquece sem motivo aparente, você tem que providenciar que eles não vão sair por ai causando mais confusão . Todos estão enlouquecendo por medo de Giorvel . Temos que fazer alguma coisa, e rápido !
- Quem precisa da sua ajuda ? – disse ele, com um falso sorriso de confiança – Nós podíamos resolver isso sem você ?
- Bom, se é assim ...
- Espera – grita Fério – ele não está falando sério ! Você não está, não é ?
Risos são ouvidos . Dos três . A situação seria mais engraçada ainda, se não houvesse um pequeno problemas ...
- Crianças ... hunf !
- Ninguém aqui é mais criança, monstro maldito ! – gritava Priscila .
- Você também não se esqueceu, não é, irmãzinha ?
- Da mesma forma que você e Fério ... Fério ? Tudo bem com você ?
Fério estava chocado . Todos aqueles gafanhotos, caídos no chão ... não, não ...
- Miserável ... você ... você ... você o matou ! Mashin !!!!
Aquilo era triste, Priscila pensava, mas não podia fazer nada . Não adiantava se lamentar por não ter chegado antes, pois não adiantaria nada .
Ragafa observava a tristeza de Fério . Queria ter podido ter feito algo .
Fério, no entanto, estava ali, observando os gafanhotos que estavam próximos de Giorvel . Nem se aproximar deles ele poderia . Como ele sentia ódio daquela criatura .
Mais um que morreu . Aquilo já estava passando dos limites . Mashin havia sido o primeiro ... não, isso não podia acontecer . Não podiam permitir que aquilo acontecesse de novo . Não podiam permitir outra matança . Mashin foi o primeiro ... e seria o último !
Era esse o pensamento de todos .
- Naquele dia, há muito tempo atrás, quando as lendas se forjaram ... – dizia Fério, com algumas lágrimas escorrendo pelo rosto .
- ... eu fiz uma promessa – dizia Rafaga, com um pesar enorme em seu coração – de que estaria pronto para enfrentá-lo, no dia em que voltasse . Jurei que seria a batalha suprema da minha vida ... por que você é o meu inimigo, aquele que eu jurei destruir ...
- ... Nem que pra isso – dizia Priscila – eu tivesse que dedicar a minha vida, nem que eu tivesse que sacrificar-me, eu o deteria, pois naquele dia, eu vi surgir uma esperança . Naquele dia, eu prometi a mim mesma que te destruiria, nem que para isso tivesse que sacrificar todas as minhas esperanças . Nem que pra isso tivesse que usar o Blacksmith, o arauto da guerra !
Era a vontade de todos . Era desejo de todos . Muito mais do que a morte dele . Muito mais do que a vingança pelos mortos ... era o desejo de expurgar essa criatura doentia da face de Cefiro .
- Obrigado por tudo que fizeram, rapazes ! Agora, é a minha vez de ajudar a salvar Cefiro ! Dessa vez você morre, desgraçado !
Priscila leva as mas até suas bainhas, sacando suas espadas . Da mesma forma que a de Rafaga, eram duas armas esplêndidas . Não eram espadas de duas mãos, como a de Rafaga . A lâmina de ambas era mais fina, deixando óbvio um peso menor . Ambas brilhavam, numa tonalidade prateada, reluzindo uma para a outra .
Priscila corre em direção a ele, pronta para o ataque . Giorvel ri daquilo . Estaria aquela mulher pensando mesmo em atacá-lo ? Nunca vira tamanha idiotice ! No entanto, para sua surpresa, quando estava bem perto, ela salta, caindo em direção a ele . Durante a queda, ela ataca Giorvel que, rindo daquilo bloqueia o golpe com um dos braços . Erro fatal .
Ao tocarem seu braço, as espadas também se tocam .
E dispersam seu brilho cinza encima de Giorvel ... destruindo seu corpo !!!
Priscila toca o chão com delicadeza, enquanto observa . Não demoraria muito para ele se reconstruir novamente .
E ele o faz, extremamente nervoso . Não conseguia entender o que foi aquilo . Durante todo esse tempo, havia sido cortado, retalhado, perfurado ... mas era a primeira vez que sentia algo assim .
Priscila o encarava com um olhar sério, ameaçador .
Ela parte mais uma vez para o ataque, no entanto, quando vai acertá-lo ... ela afunda no chão, como uma sombra, e aparece atrás dela . Por pouca ela não é atingida, pois salta para longe dele . Essa passou perto, pensava .
Mas, de qualquer forma, ela já havia chegado a uma conclusão : ele já havia percebido . Mesmo que não soubesse o que, ele havia percebido algo de errado ... e extremamente perigoso vindo dela, ou melhor, de suas armas . Logo, seria perda de tempo ficar atacando-o daquela forma, uma vez que ele fugiria continuamente .
- É ...– ela dizia, enquanto cravava uma das espadas no solo – é perda e tempo ficar atacando desse jeito . Vamos terminar com isso de uma vez por todas !
Nesse instante, ela ergueu o outro braço, apontando a espada para os céus, e a soltou . A espada, no entanto, continuou ali, flutuando . Da mesma forma, ela soltou a arma que estava presa no chão .
Servo a mim ligado pelo pacto
Mostre a mim tua verdadeira forma
E tornando a tua verdadeira forma,
Convide aquele que te comanda
Priscila ergueu os braços aos céus, ficando assim por dois segundos . Enquanto isso, a espada que estava flutuando desceu até a altura de seu peito, enquanto que a que estava cravada no solo se soltou e levitou até a altura de seu peito, também . Ambas cruzaram, ficando numa posição parecida com a que o símbolo que estava estampada na roupa dela . Rapidamente, ela desceu os braços, e tocou nas espadas .
Um facho de luz desceu dos céus, apenas do mesmo estar totalmente coberto de escuridão, e atingiu Priscila . Poucos segundos depois, ele sumiu, junto com Priscila .
- Não ... não ... não ... eu devia ter te destruído há muito tempo atrás, Blacksmith ! Não vou permitir que me atrapalhe !
Dito e feito, uma pequena brecha se abriu nos céus . Dela, algo saiu, e começou a cair . Caia numa velocidade bem rápida, mas todos já sabiam quem era . Quando ele toca o chão, o impacto cria um terremoto, o qual causa rachaduras no chão, que se estendem por vário quilômetros . Até Falcon, que estava se recuperando, caí no chão, pego de surpresa .
Era tão alto quanto Falcon .
Ao redor de seu corpo, havia algo que lembravam placas, como uma armadura . Cobria quase todo o seu imenso corpo, deixando apenas seu rosto livre . Seus ombros possuíam ombreiras que pareciam ser bastante resistentes, e seu braços eram cobertos pelo mesmo material .
A armadura que cobria seu corpo era totalmente cinza, e possuía um estranho símbolo no peito .
Apesar disso, sua armadura não parecia nem um pouco ser ultrapassada, pelo contrário, um bom armeiro diria que ela havia acabado de ser construída, e que nunca vira proteção tão perfeita . Afinal, ele usava uma proteção criada por uma antiga civilização muito avançada ...
Espalhado pelo seu corpo, armas . Muitas delas . Nas pernas, nos ombros, nas costas ... era uma arma viva, por assim dizer .
Seu rosto parecia muito com o de um ser humano, tirando o fato de ser um rosto metálico, apesar da falta quase que total de couro cabeludo, ou outro similar, que se manifestavam em outros mashins . Ou melhor, havia um pouco, sim . Enquanto que sua cabeça era quase que completamente lisa, ainda assim possuía um pouco de cabelo, o qual formava um rabo de cavalo, que saia da parte alta-central da cabeça .
Aos olhos de um mero espectador, era apenas um homem gigante vestindo uma poderosa armadura . Mas era bem assim . Aquele era Blacksmith, um dos mais poderosos mashins de toda Cefiro, muito provavelmente o maior em atividade .
Apesar do peso que aparentava ter, ele se desloca bastante rápido em direção a Giorvel . Tão rápido, que o mesmo mal consegue se desviar de um soco dele, o qual o arremessa para longe .
Ele corre mais uma vez, dessa vez, controla a força do golpe para não afasta-se de Giorvel .
Para Giorvel, aquilo era impossível . Aquele mashin o estava golpeando ... o estava machucando ... e ele mal conseguia reagir ! Só uma pessoa havia conseguido fazer isso antes daquela forma, e não havia sido o Blacksmith ! Claro, conhecia o potencial desse mashin mas, se o próprio Oláf não conseguira extrair o máximo dele, quem mais poderia ... ?
Aquilo lhe atingiu como um cometa . O punho também . Giorvel foi derrubado de maneira extremamente violenta . O que fez seu cérebro funcionar . Só havia uma possibilidade daquela garota estar extraindo o máximo de poder de Blacksmith : era parente de Oláf ! Mashins herdados de parentes eram mais fáceis de serem controlados, devido a afinidade mágica, espiritual e sangüínea ! Mas aquela mulher deveria ser uma guerreira de primeira classe, para conseguir aquilo . Finalmente, teria um desafio .
Giorvel se levanta, encarando seu tão temido inimigo . Não esperava vê-lo novamente ;
- Olá, Blacksmith . Pronto para terminar o que começamos ?
Ela não respondeu . Partiu para o ataque .
Giorvel estava surpreso com aquilo . Todos os que lhe tocavam diretamente sofria a dor de atacar as trevas . No entanto, Blacksmith não parecia estar sendo afetado por aquilo, e ele não se lembrava de seu inimigo ter esse poder .
Mas é claro, ele pensava . A mulher ... era uma maga da luz, e estava ampliando seus poderes com a ajuda do mashin ! Por isso a aura cinza de Blacksmith estava tão clara e ... forte .
Seu raciocínio é interrompido quando toma um gancho . Aquilo estava ficando irritante . Teria que levar a luta a sério .
Ele transforma suas mãos e braços em duas lâminas, aparentemente muito perigosas, correndo em direção de Blacksmith em seguida . Não obstante, durante a corrida, algo curioso começa a ocorrer em suas costa : pequena pontas começam a sair dela . Uma, duas ... cerca de vinte tentáculos saem dela, e se esticam, atingindo o tamanho de um braço "normal"(em termos gigantescos, claro !) .
Priscila sabia o que tinha que fazer . Levando as mãos para trás, Blacksmith tira e empunha suas armas mais mortais : as lendárias Katanas Gêmeas do Blacksmith, as mesmas que Priscila empunhava, no entanto, maiores . Na verdade, eram as mesmas, as quais se adaptaram ao tamanho de Blacksmith . Ao contrário do que pudessem pensar, elas não eram Blacksmith, mas sim o portal para a dimensão na qual ele descansava .
Ambas, depois de sacadas, reluziam e vibravam, produzindo um som que parecia uma música . Ambas, na verdade, estavam clamando pelo sangue de seu antigo inimigo .
Giorvel inicia seu ataque . Priscila bloqueia um dos braços, e ataca com o outro, mas Giorvel utiliza seu braço livre para bloquea-lo . Ele dá um sorriso . Totalmente sem ataque, Blacksmith não tinha a menor chance de se defender do ataque se seus tentáculos . Havia vencido .
Ou talvez não .
Pelo visto, Giorvel havia se esquecido de apenas um detalhe ...
Blacksmith não era um mashin qualquer . Isso é comprovado quando o braço dele é separado do corpo pela katana que estava bloqueando . Ele estava surpreso . Da mesma forma, a outra katana que havia sido usada para bloquear um golpe destrói o mão e o braço dele, deixando-o perplexo . Blacksmith, agora livre, esquiva-se dos tentáculos, numa velocidade incrível . Com golpes certeiros, ele reduz drasticamente o tamanho de cada um que se aproxima . Irritado, Giorvel faz com os tentáculos se expandam ainda mais, perseguindo-o ; Ele foge, se esquivando . Rafaga conhecia toda a história por trás daquele ser mágico, mas vê-lo em combate era algo totalmente diferente . Só viu uma pessoa controlando-o, seu avô, e mesmo assim foi há muito tempo . Era fabuloso como Priscila o controlava ;
Voltando ao combate, Priscila estava rindo daquilo . Isso por que podia sentir o nervosismo de seu adversário, furioso por não estar conseguindo atingi-lá . Eram muitos tentáculos, se expandindo, percorrendo metros e metros, fazendo curvas e mais curvas para atingi-lá ... sem obter resultado .
Num rápido movimento, Blacksmith salta para frente e, pouco antes de tocar o chão novamente, ele se vira, conseguindo visualizar perfeitamente o que o perseguia : tentáculos negros, como se fossem tentáculos de polvo, saindo das costas de Giorvel e perseguindo-a ; felizmente, devido ao seu último movimento, havia ganhado algum tempo .
Blacksmith ergue suas espadas na altura do peito, encostando as extremidades dos cabos de uma na outra, até que os mesmos se fixam, formando uma única espada de duas lâminas, uma em cada extremidade . De posse dessa nova arma, ele o gira, atingindo uma velocidade impressionante em poucos segundos . Giravam tão rápido, que lembravam hélices girando em alta velocidade . Isso foi comprovado quando os tentáculos se aproximaram e tentaram atingi-lo, sendo fatiados ao tentarem ultrapassar as lâminas giratórias .
Giorvel continuava atacando, mais e mais, enquanto, ao passado que retalhava os tentáculos, Priscila avançava em direção a ele, se aproximando, se aproximando, mais e mais ...
... até que, girando a arma com apenas uma das mão, ele a move bruscamente para frente, gerando um deslocamento de ar que corta e extermina os tentáculos, atingindo também sua origem, Giorvel : o resultado é que o deslocamento de ar, extremamente cortante devido a arma utilizada, destrói, mais uma vez, seu braço direito, junto com o lado direito de seu corpo .
Aquilo não era possível ! Aquela mulher era poderosa demais ! Se continuasse assim ...
Não iria continuar, uma vez que Blacksmith sumira de seu campo de visão . Que estranho . Onde terá ido ?
Foi então que ele sentiu aquilo .... aquela energia ... se acumulando ... acima de sua cabeça .
Lá estava o desgraçado, pronto para atacar . Havia saltado depois de tê-lo atacado, por isso sumiu . E agora, estava prestes a cair encima dele ..
.... ou talvez não . Ainda segurando a arma com uma das mãos, ele estava caindo em direção a Giorvel, girando a arma e o corpo em sua direção . A concentração de energia naquele ponto estava atingindo níveis impressionantes, mesmo para um mashin . Rapidamente, uma aura luminosa surgiu na espada-dupla e envolveu-a, junto com o mashin . Era como se fosse um cometa ... indo em direção a Giorvel .
- Punho do Sol !
Punho do Sol era um golpe fantástico . Muito provavelmente, o mais poderoso golpe de Rafaga e Priscila que não utilizava nenhuma arma . Um golpe devastador, que usava o brilho interior do indivíduo para gerar um ataque que, além de devastador, gerava um brilho de tamanha intensidade que qualquer um que olhasse diretamente para o golpe sem a devida proteção, correria o risco de perder a visão .
Agora, temos uma adaptação desse golpe . Um imenso gigante, de posse de uma arma feita a partir de duas espadas, girando, utilizando-se dessa técnica . O resultado ? Destruição em massa .
Visto isso, não era de se estranhar quando Blacksmith para alguns metros atrás de Giorvel, depois de atingi-lo e o clarão gerado cessar .
Todos os observadores estavam pasmos . Giorvel estava ali, parado, imóvel . Não demorou muito para acontecer : seus corpo começou a se desfazer no ar, suas trevas interiores eram dissipadas no ambiente .
Impressionante, pensava Rafaga . Priscila havia adaptado o golpe Punho do Sol para ser utilizado em conjunto com a espada-dupla ... deveria se lembrar de tentar isso utilizando as garras de Falcon .
- Incrível, Priscila . Simplesmente fantástico !
- Obrigada . Não imagina o quanto eu esperei por isso .... esse monstro finalmente ... Fério ? Tudo bem com você, Fério ?
Não, não estava . E ela sabia disso . Aproveitando a destruição de Giorvel, Fério havia se aproximado daquele monte de gafanhotos caídos no chão . Estava agachado, tocando neles . Estava silencioso . Estava chorando .
- Como sempre, tu lutas bem, Blacksmith . É uma pena que não fales, velho amigo .
Aquilo surpreendeu Rafaga e Priscila . Falcon conhecia Blacksmith ?
- Falcon ... eu não sabia que você conhecia ...
- Como havia dito antes, tenho observado toda Cefiro por gerações, guerreiro . Vi pessoas nascerem e morrem . Vi reis ascenderem e caírem . Vi impérios se erguerem ... e serem exterminados .
Surpreendendo a todos, Blacksmith se aproxima de Falcon, e o toca . Um brilho passa entre os dois e, em seguida, Blacksmith estende sua mão, levantando Falcon . Ambos ficam assim, de pé, apertando um a mão do outro .
Isso tudo sem nenhum comando por parte de Rafaga ou Priscila .
- Incrível – dizia Priscila – não sabia que vocês se conheciam ! Mano, tudo bem ?
- Eu ... eu sinto como se Falcon estivesse ... recuperado ... Blacksmith deve ter recuperado parte da vitalidade dele ...
Fério chorava mais e mais . Seu aliado . Seu amigo ... estava morto . Não sobrou nenhuma parte de seu corpo para ser recuperada .
- É estranho isso terminar assim, sabe . Sempre pensei que, quando ele retornasse, iria causar muito mais pânico .
- Priscila, toda Cefiro parece ter sentido a volta dele . Acho que foi seu cartão de visitas .
Aquele pelo qual ele tinha lutado ... em nenhum momento, enquanto atravessava a muralha de gafanhotos das Montanhas da Morte, ele duvidou . Sentia algo lhe chamando, convidando-o . Foi seu instinto que o guiou até ali .
- Cuidado!
Seguindo o conselho de seu irmão, Priscila gira a espada, decepando a cabeça de uma criatura de trevas que surgira atrás dela . Giorvel .
- Cuidado, ele costuma se reconstruir tão rápido quanto é destruído !
- Mesmo ? Então, por que esse não se levanta ?
Rafaga prestou atenção ao comentário dele . Giorvel estava caído, e parecia tão ... tão ... morto ? Mas ... ?
- Irmãozinho ... o que é aquilo ?
Pela primeira vez desde que chegaram, ambos olharam para o alto, mais exatamente acima do palácio . Havia algo lá . Havia um rasgo . Havia um verdadeiro rombo no céus !
- Pelo grande Zagard ... Rafaga, o que é aquilo ?
- Eu ... eu não sei ! Estou tão surpreso quanto você ! Não havia notado isso quando cheguei ! Fério ?
- .....
- Hmmm ... esqueça . Será que tem alguma ligação com Giorvel ?
Dessa vez, Giorvel surgiu atrás de Rafaga, atingindo as costas de Falcon . Mesmo caído no chão, Falcon chuta Giorvel, afastando-o . Em seguida, crava suas garras no peito dele, derrubando-o . Ele não torna a se mover .
- Estranho . – ele olha para as garras de Falcon . Estavam cobertas de um estranho liquido negro . – Ele não tinha sangue . Era uma sombra que se reconstruía . Tem alguma coisa errada .... Priscila ?
Finalmente ele havia entendido o motivo do espanto de Priscila . Não haviam um, nem dois ... mas ambos estavam cercados por mais de dez Giorvel's !
- Aí, meu avôzinho ... Rafaga, mas o que é isso ?
- E eu vou saber ? E o pior é que Fério também está no meio deles, e não pode se proteger ! Temos que lhe dar cobertura !
- Certo !
Ambos estavam um de costas para o outro, protegendo Fério . No principio, atacavam todos os que se aproximavam, Rafaga com facilidade, e Priscila com mais facilidade ainda . Porem, a medida que eles iam destruindo aquelas criaturas, mais e mais surgiam, vindas de lugar algum .
Priscila gira o corpo, e fatia o corpo de uma das criaturas, estica o braço, e perfura o peito de outro, salta e cai com as espadas sobre a cabeça de um terceiro .
Rafaga ainda enfrentava sua terceira criatura . Falcon não possuía tanto poder quando Blacksmith, o que era óbvio . Mesmo sendo um guerreiro altamente treinado, sabia que estava em desvantagem contra aquelas criaturas .
- Que forma estranha Giorvel assumiu, não acha ? – dizia Priscila, enquanto exterminava mais um .
- Hã ? Já que você tocou no assunto ... ele está bem diferente de quando o vimos há anos atrás .... quanto tempo se passou ? Dez ? Quinze ?
- O suficiente para que nos preparássemos . Droga, essas coisas não param de surgir ?
- Não se reconstroem como o primeiro ... mas, por outro lado, surgem aos montes ... acho que não são Giorvel ... devem ser ...
Sombras, era o que ele iria dizer . Eram apenas sombras de Giorvel . Como era noite, ele poderia construir quantas quisessem . Que maravilha ...
- Espera ! Se esses aqui são sombras, então ... – ele esquivou-se de uma das criaturas, disparando em seguida uma rajada de luz que a destrói por completo - ... o que nos garante que nós lutamos com o verdadeiro ... ?
Aquilo era humilhante, pensava Rafaga . Todo esse trabalho, e nem ao menos ...
- Espera um pouco ! Se isso for verdade, então ... onde ele está ? Você disse que achou estranho ele ter voltado nessa forma ... se não é ele, então , onde ...
- Urgh ! – ela terminava de girar suas duas Katanas, separando o tronco e o pescoço de outra criatura do resto do corpo – Seja onde estiver, ou deve ser mais poderoso ... ou deve estar em algum lugar onde tem energia de sobra ! Essas criaturas morrem mais fácil, mas não são exatamente fracas !
Aquilo chacoalhou a cabeça de Rafaga . Onde ele estaria ? Não queria nem acreditar na primeira hipótese . Preferia a outra, de que ele estivesse em outro lugar coletando energia ...
Nisso, Priscila observa algo . Algo que estava diante de seus olhos o tempo todo, mas não perceberam a importância daquilo ...
Ambos criam uma súbita explosão de luz, afastando as criaturas .
- Rafaga ... olhe ....
Ela apontara para o céu . Para o rombo no céu .
- Eu não acredito . A fenda ... como eu fui me esquecer disso ?
O motivo da irritação de Rafaga era um só : anos atrás, Giorvel foi responsável por uma carnificina em Cefiro . Nunca houve nada parecido . Nenhuma outra guerra havia ceifado tantas vidas e tão pouco tempo . Ele foi detido . No entanto, um crime tão hediondo merecia uma punição especial . Morte não seria o bastante para fazê-lo sofrer pelos seus crimes . Como pela, foi trancafiado em uma outra dimensão . Um dimensão de dor e sofrimento eterno . Uma dimensão aonde a luz nunca tocou, um lugar onde a sua própria essência maligna castiga seus habitantes incessantemente, parando apenas para que não morram, restaurando sua saúde, apenas para castigá-los novamente . Era o lugar aonde Giorvel havia sido aprisionado . Hoje, ele se libertou . Pior . De alguma forma, havia aprendido a controlar aquele lugar .
Ambos continuavam lutando, pensando no que fazer . A situação era pior do que aparentava . Mais e mais criaturas surgiam, atacando-os . Rafaga, aos poucos, era ferido, e já não agüentava mais . Blacksmith continuava de pé, mas por quanto tempo ?
Enquanto isso, lá estava ele, ajoelhado, chorando . Havia falhado novamente . Havia prometido proteger Cefiro, mas falhara com aquele que havia lhe jurado lealdade, aquele que fora seu amigo . Falhara como guerreiro, não conseguindo proteger ninguém . Falhara miseravelmente .
- Oh, Mashin, Mashin, meu amigo, parceiro, irmão . Por que o mundo tem que ser cruel, amigo ? Será que nunca basta ? Será que teremos que lutar para descobrir que nada vale a penas ? Por mais que lutemos, sempre aparece alguém mais forte . E por que ? Por que ? Será que nunca saberemos ? Será que a única coisa que será de nosso conhecimento é que sempre trarão mais morte e destruição ? Eu estou cansado disso tudo, amigo ! CANSADO ! Sempre lutamos, no entanto, mais e mais morrem ! Crianças que nunca levantam de seu sono, homens que nunca retornam aos braços de suas esposas, esposas que morrem com a lembranças de sua família nos lábios ... já estou farto disso, Mashin ! Farto ! Farto !
No entanto, seu desabafo não faria diferença . Ele sabia disso . Sabia que estava tudo acabado . Nada mudaria aquilo, e nem Rayearth poderia salvá-lo dessa vez ...
Seu coração doía com o que acabara de pensar . Como podia ser tão mesquinho ? Estava pensando apenas em si própria, em sua dor . Em seu amigo . Não estava pensando nos milhares que estavam sofrendo com o caos espalhado por Giorvel, com a dor que eles estavam passando .
Onde havia parado aquela crianças cheia de sonhos, esperanças e objetivos ? Teria ela morrido no dia em que Giorvel iniciara sua carnificina ?
- N-não ... eu ... eu não posso ... desistir ...
Ele sentia aquilo pulsar em seu peito . Aquilo crescendo, aumentando . Era ao mesmo tempo dor e prazer . Era um sentimento, há muito adormecido . A capacidade de crer e fazer .
Cefiro tinha seus problemas, e chorar não resolveria nada . Tinha que batalhar. Sabia dos problemas, eles sempre existiriam, mas sempre se levantariam guerreiros para protegê-lá . Tinha que crer . Rafaga, Priscila, Falcon, Blacksmith, Mashin ... todos eles estavam dispostos a dar sua vida por essa amada terra, custe o que custar . Ele tinha que fazer .
Seus olhos estavam lacrimejando novamente . Podia sentir isso . Queria isso . O poder de Cefiro ... a capacidade individual de cada um ... todas as pessoas a possuem, e com ele, podem desbravar o universo . Ás vezes, o mundo poderia ser um lugar terrível . Morte, fome, doença ... isso sempre seria inevitável . Mas ficar se culpando por isso não daria em nada . Vinha de cada um . Entender sua função e dar o melhor de si era o que ele podia e deveria fazer . E, se por acaso não o fizesse ... ele ainda era filho do universo, suscetível a erros . Estava ciente de que o Sol nascia para todos e que, enquanto tivesse esse pensamento, não só ele, mas todos poderiam realmente mudar e revolucionar essa terra ... sua terra ....
- Minha ... querida ... Cefiro ...
As lágrimas começaram a escorrer de seu rosto, mais e mais . Não de tristeza, mas de emoção . Uma emoção que não sentia há muito tempo .
Elas percorrem diversas, partes de seu corpo, até que uma delas toca em seu Ovum, enquanto as outras caem sobre os gafanhotos .
- Hã ? O que ?
Não conseguia acreditar naquilo . Estava brilhando . A gema que havia em seu braço estava brilhando . E os gafanhotos, se mexendo . Sim, estava acontecendo .
Um milagre .
De repente, a gema brilhou muito forte, o que o impediu de ver qualquer coisa . Quando consegue abrir os olhos, uma surpresa : não estava mais onde estava . Era tudo verde e brilhante ao seu redor .
- Onde .. onde eu estou ? Mashin ?
- Te agradeço, Fério . Graças a ti, retornei .
- Mashin ! Está vivo !
- Obrigado. Esse servo deve a vida a ti .
- Não diga isso, Mashin . Eu ... eu não queria que morresse ... eu ...
- Tu choras por esse servo ? Por que ?
- Não és apenas um servo, Mashin . É muito mais !
- Esse servo não compreende, mas percebe a sinceridade em tuas lágrimas . Este servo agradece por ter estado aqui, te servido . É com muita honra e orgulho que este servo se despede .
- Não, Mashin . Não fará isso sozinho ! Estamos juntos nessa, amigo ! Até o fim !
- Não precisas . Não desejo sacrificar tua vida .
- Não mesmo, Mashin ! Somos um, até o fim ! Nunca irei te abandonar, entendeu ? Nunca !
- Este servo começa a compreender o motivo de tais lágrimas, e este servo Sente algo neste momento . Não sei explicar, mas sei dizer que nunca me senti tão honrado . Acredito que é o que chamam de amizade . Este servo não vai decepcionar Cefiro ... e nem você .
A luz piscou, e Fério percebeu que estava novamente no campo de batalha . De certa forma, algo lhe dizia que o encontro com Mashin se passara em seu interior.
- Bom ... vamos !
Amigo a mim ligado pelo pacto
Mostre a mim tua verdadeira forma
E tornando a tua verdadeira forma,
Convide aquele que te completa
Lá estava ele, mais uma vez, unido a Mashin .
- ESTRONDO SÔNICO !!!!
O ataque sonoro produzido por Mashin é disparado ao redor dele, atingindo as criaturas que o rodeavam . Rafaga e Priscila ficaram suspresos quando as criaturas eram atingidas e despedaçadas . Surpreendente . Emboras diferentes da primeira, ainda conservavam algumas características .
Fério saca as laminas que estava no antebraço de Mashin, e começa a abrir caminho até o castelo, retalhando as criaturas que se punham em seu caminho .
- É a nossa chance ! Vamos ajudá-lo ... o que foi ?
- Espera, Rafaga . Veja ! Não sente isso ?
- É ... o espirito de Fério . Está fervilhando !
- Nada podemos fazer . Ele já tomou sua decisão . Pretende se sacrificar para salvar Cefiro .
- Mas ... mas ele não vai conseguir ! Será destruído !
- Talvez ... mas ele deve estar contando conosco .
Mashin abre as asas e voa sobre o castelo, em direção a fenda . Disparos de pura escuridão eram lançados de dentro dela, mas ele se esquivava . Tinha que chegar até lá .
Súbito , algo estranho acontece . Uma massa negra sai de dentro, atingindo Mashin, que fica preso . Parecia uma gosma gelatinosa, que o prendia, puxando-o para dentro da fenda .
- É Giorvel ! Achei que ele estaria diferente, mas não tão deformado ! Agora, irmão !
Falcon abre o peito, gerando um brilho no meio dele, que cresce rapidamente. Priscila une as duas mãos, formando uma concha, a qual começa a concentrar energia . Instantes depois, ambos disparam .
- BRILHO CELESTIAL !!!!!
- BOMBA LUMINOSA !!!!!
Um golpe poderoso de ambos, ampliado pela força dos mashin, os quais se unem, formando um único e poderoso golpe .
Aparentemente, a gosma que era Giorvel havia percebido aquilo, e se recolhe para dentro da fenda, levando Fério junto .
O disparo atinge a boca da fenda, gerando, como de costume por ser um ataque baseado em luz, além de muita destruição, um clarão no lado de dentro da fenda .
- Céus ... viu isso, Priscila ? Ele engoliu Fério !!!
- E se protegeu do disparo ! Droga !
Rafaga alça vôo para ajudá-lo, mas Blacksmith o detém .
- Solte-me ! Eu tenho que ir lá ajudá-lo !
- Só vai morrer ! É inútil !
- Você não entende ? Ele sacrificou tudo para que ...
- Eu sei o que ele sacrificou, Rafaga . Eu sei . Daria tudo para salvá-lo . Meu maior desejo é entrar lá e resgatá-lo ... mas não posso . Muito mais do que minha vida, estaria arriscando o futuro de todos . Agora, somos a única esperança . Por favor, não vá .
- Isso realmente é lindo ... estavam brigando por minha causa ?
Eles não acreditavam no que estava ouvindo .... Fério !!!
Sim, ao observarem a fenda no céus, constataram uma coisa : a gosma que era Giorvel estava se movendo de forma estranha, se aproximando da saída . O mais estranho era que a parte que estava arrastando o corpo parecia ter a forma de um besouro ...
- Incrível ! Ele ... ele se deixou ser engolido !
- É a nossa chance, irmão ! Vamos usar aquilo !
- Usar ? Mas, se fizermos isso, nós o mataremos !
Antes que Priscila pudesse dizer qualquer coisa, foi interrompida . Por Fério .
- Parem com isso, vocês dois ! Não briguem agora ! Temos muito o que fazer!
- Mas isso vai te matar !
- Ande logo, não posso segurá-lo por muito tempo ! Mais um pouco, e serei digerido ! Andem logo ! Eu sei muito bem o que estou fazendo ! Faço isso por todos vocês ! Andem, ataquem !
- Fério ... – dessa vez, era a vez de Priscila suspirar .
- Não pensem em mim . Pensem em tudo o que aconteceu . Nós fomos os únicos que nos lembramos de tudo, e por que ? Tantos guerreiros valorosos que se esqueceram ... nós fomos abençoados por isso ! Crescemos, ficamos fortes ... e agora temos a chance de salvar Cefiro ! Mashin queria fazer isso sozinho, mas não posso permitir que ele se sacrifique sozinho ! Não conseguiria viver com o peso de ter perdido mais um amigo !
- Fério, você ... é um grande guerreiro, amigo . É por isso que eu te admiro tanto .
- Eu também, Fério . Meu avô ficaria orgulhoso em saber que existem guerreiros tão valorosos . Adeus, meu amigo . A Espíritos de Aço cantará hinos em sua homenagem por gerações, eu juro !
- Hinos ? Bom, nunca fui um bom trovador, mesmo . E Rafaga ... qual vai ser o nome de sua filha ?
- Será um homem, isso eu posso te garantir .
- Mesmo ? Bom, se aceita uma sugestão, só pro caso de ser um menina ... que tal chamá-la de ... Sierra .
- Hmmm ... talvez ...
- Gostei desse nome ! – dizia Priscila, preparando-se . – Vamos, irmão !
- OK!
Blacksmith coloca sua espadas no chão, e aponta a mão para o peito de Falcon . Um brilho sai de dentro dele, o qual começa a crescer, até tomar o formato de uma espada .
- Como fez isso ?
- Não fui eu ! Parece que Blacksmith e Falcon realmente se conhecem !
- Eu não sabia que podia invocar minha espada nessa forma !
- Que importa ? Vamos !
(Rafaga) – Pela luz que sempre brilha ... – ele move sua arma para cima, fazendo um corte no ar .
(Priscila) – Pelos céus que sempre impressionam ... – ela aponta suas espadas em direções contrárias .
(Rafaga) – Pelo vento que segue ... – sua espada segue para a esquerda .
(Priscila) – Pela terra que frutifica ... – num rápido movimento, suas espadas se cruzam e em seguida, uma aponta para cima e outra para baixo .
(Rafaga) – Protegerei essa terra de todo mal ... – sua arma segue para a direita.
(Priscila) – até o fim da minha vida ... – ela larga as espadas, e as mesmas começam a girar no ar , sozinhas .
(Rafaga) – Pois pela benção que me foi concedida ... – ele crava sua espada no chão .
(Priscila) - ... eu sou muito grata ....
(Rafaga) - .... por trilhar o caminho da luz ....
(Priscila) – expurgar o mal ....
(Rafaga) - ... e proteger a minha terra !
Num rápido movimento, Blacksmith pega suas espadas que estava girando em pleno ar, se ajoelha e as cruza . Falcon retira a espada que estava encravada e a ergue para o alto, tocando em seguida no cruzamento das katanas .
Um bom observador perceberia que acabaram de formar o símbolo da Espíritos de Aço : duas espadas se cruzadas e uma terceira acertando o ponto em que se cruzam .
O resultado é devastador .
O elemento luz, presente naqueles dois, multiplicado pelo poder dos mashins, gerou o resultado que ambos esperavam . Haviam treinado durante toda a vida para conseguir aquele resultado . Era a sua técnica suprema .
- ESTRELA .... BRILHE !!!! – e isso era dito por ambos, em uníssono .
O cruzamento das três espadas gerou uma espera de luz, a qual se dirigia até a fenda . Fério estava feliz com aquilo . Sabia que não podia escapar, mas Giorvel também não .
A esfera atingiu Giorvel em cheio, empurrando-o para dentro da fenda . Mas não era importante, por que já havia cumprido seu objetivo .
- Adeus, meu amigo – dizia Rafaga, totalmente exausto, antes de desabar e perder a consciência .
Priscila, no entanto, ainda conseguia se manter de pé, e estava observando a fenda . Foi a primeira vez que haviam utilizado aquela técnica com os mashins . Portanto, queria ver os resultados .
Mas tarde, concluiria que teria sido melhor se tivesse desmaiado, como Rafaga .
Dentro daquela dimensão de dor e escuridão, Giorvel sofria . Fazia tempo que não sofria um ataque tão poderoso, e ainda não havia chegado ao fim ! Sabia que aquele globo, o qual o empurrara para dentro da fenda, iria explodir, mais cedo ou mais tarde ....
Naquele dia, Cefiro viu uma nova estrela nascer . E com razão .
Aquilo explodiu . Felizmente poucos estavam cientes do que ocorria, do contrário, não conseguiriam entendem o que foi aquela explosão .
Foi simplesmente gigantesca . Não apenas uma explosão de luz, mas de pura energia, energia combinada . Sua força era tremenda, que a explosão atingira aquela dimensão, atingiu o que estava fora dela !
A última coisa da qual Priscila se lembra, era de ter visto um facho de luz poderosíssimo sair de dentro da fenda, e espalhar-se por toda Cefiro . Não obstante, a luz parecia abraçar a fenda, absorvendo-a rapidamente . A última coisa que se lembra era de uma nova explosão luminosa, a qual a jogara violentamente para trás, deixando-a inconsciente .
* * * * * * * * * * * *
- Priscila, Acorde !
Ela tenta se levantar, mas estava sem forças . Ao olhar em volta, percebe que não estava mais dentro do Blacksmith, e que suas espadas estavam ao seu lado, da mesma forma que Rafaga .
- Cof ! Cof ! Por quanto tempo eu dormi ?
- Não faço idéia ! Acabei de despertar !O que houve depois que eu perde a consciência ?
Lentamente, os fatos voltavam a sua mente .
- Nós ... nós o destruímos ....
Priscila olhou para o céus . Estava limpo . Estava brilhando . O Sol podia ser visto . A fenda não .
- Também percebi . Ela sumiu .
- Eu ... eu acho que a energia gerada englobou a fenda e ... e a fechou ? Parece que o ataque explodiu lá dentro ... teria destruído tudo ?
- Quem sabe ? Era um ataque de luz, e aquela era uma dimensão de trevas . O golpe levava vantagem naquele lugar . Talvez aquela dimensão tenha sido destruída ... junto com Fério ...
- Pare com isso ! Ele não morreu em vão ! Deu sua vida para proteger as coisas nas quais acreditava ! Aposto que ele ficaria triste se ficássemos chorando !
No entanto, ele chorava, desabando no chão . Sabia o que havia sido feito . Sabia muito bem . Sua terra fora salva, e eu povo agora estaria em paz ... mas, mesmo assim, não se conformava .
Súbito, sente uma mão tocando em seu ombro . Era sua irmã . Possuía um sorriso encantador .
Ela tinha razão . Ele havia fornecido a ocasião para que eles destruíssem a besta . Do contrário, não teriam tido tempo de executar aquele golpe .
- Vamos, Rafaga ... aposto que tem uma esposa lhe esperando em casa ...
- Tudo bem . Vamos indo .
Ambos param, e ficam olhando para o céus .
Por mais estranho que possa parecem, podiam ver o rosto de Fério nele .
Mas aquilo era passado . Havia vencido . Haviam sobrepujado o inimigo, tudo por que os três uniram suas forças .
O que Rafaga e Priscila não sabiam, era que o golpe originalmente não era tão forte assim . A luz leva vantagem contra as trevas, é verdade, mas havia um outro fator : força interior .
Ambos treinaram a vida toda para esse momento, mas não teriam conseguido se a força que habita em seus corações não tivesse falado mais alto .
Aquele golpe havia sido tão poderoso a ponto de causar tamanha destruição não por causa da luz, mas por que carregava os sonhos, desejos e esperanças de cada um .
E, claro, carregava também um pouco dos sentimentos de Fério . No coração de ambos, sentiam a dor de ter perdido um amigo ... mas estavam gratos por ele .
Estavam acima de tudo, felizes, por terem conseguido .
Haviam finalmente exterminado aquele que lhes trouxe pesadelos por toda a sua vida .
Se os três estivessem juntos, iriam comemorar .
Mas aquilo era algo só entre os três, que o resto de Cefiro não precisava saber .
Para muitos, havia sido um pesadelo, um sonho ruim .
Todos, nesse momento, estavam retornando as suas vidas, cientes de que, agora, começaria sua verdadeira luta . Uma luta para ensinar a todos o que haviam aprendido com aquilo : que o verdadeiro poder do povo de Cefiro, o poder da crença, não estava morto . Que cada um seria capaz de mudar as coisas, se assim acreditasse.
Isso foi percebido por um homem, pouco antes dele partir .
A ele, poucas palavras poderiam ser expressadas sem estragar seus pensamentos .
Obrigado, Fério .
Parceiro,
Amigo,
Irmão .
Adeus .
Notas do Autor :
Gostaria de agradecer a todos os que tem lido esse fic, e aos webmasters que tem hospedado-o em seus sites .
Escrevo isso por que gostaria de fazer algumas observações :
Na minha opinião, esse foi o capítulo mais importante de todos, e o que demorou mais para sair . Acho que consegui preencher todas(ou quase) as lacunas deixada anteriormente . Aposto que se surpreenderam quando descobriram quem era a líder da Espíritos de Aço, não é ?
Outra coisa, foi uma pergunta que me fizeram : O mashin de Fério, Mashin . Sim, ele se chama Mashin . Realmente, é um nome bastante incomum, mas, como explicado na Cenas II, ele adotou esse nome por que foi a primeira palavra que havia ouvido em toda a sua vida, vinda de um humano . Aliás, vale lembrar que Fério foi o primeiro humano que ele viu em toda a sua existência, o que já era bem difícil, levando-se em conta o desafio para se chegar até ele .
Quanto a Priscila e Rafaga ... aquilo que eles fizeram foi uma técnica dupla, muito poderosa . Gostaram ?
Outra : Quando Blacksmith une as katanas ... imagine como se fosse o anime Samurai Trooper, em que Hector do fogo une as espadas para aplicar seu poderoso golpe !
Mais ainda : Quando Blacksmith utiliza o Punho do Sol com as espadas ... pra você ter uma idéia do que realmente se passa, imagina o terceiro episódio de Detonator Orgun, onde, no espaço, Orgun gira com a espada e, instantes depois, a energia se concentra ao redor dele, fazendo-o parecer um cometa, e ele atravessa um enorme cruzador que o atacava .
Pra falar a verdade, foi um desafio escrever isso . Eu, particularmente, adorei escrever esse fic . Sério ! Não sei vocês, mas foi demais . Espero receber seus comentários !
A todos que leram até aqui, obrigado ... e até mais !
