Cena IV : O Desafio de Um dia Infernal
Levemente baseado em "Cavalo de Fogo"
Rayearth 3 – The Movie
by Lexas
Joaotjr@hotmail.com
Alguém ai achou que tinha acabado ? Alguns, sim . Muitos, na verdade .Pois é, foi um desafio, mas eu consegui : escrevi três capítulos sem usar um detalhe de Rayearth . Não entenderam ? Certo, eu explico . Embora este seja o quarto capítulo, eu considero os três primeiros como se fossem um fanfic à parte, uma trilogia à parte . Isso por que usei elementos da série de forma diferente, e não utilizei Hikaru, Umi e Fuu (Luci, Marine e Anne) . E ainda recebi ótimas criticas ! Muito obrigado a todos !
Gostaria de dedicar esse capítulo ao pessoal do Card Captor Web clan, que tem acompanhado cada episódio que eu posto no grupo, e criticado ele de igual forma, e a Luana, que eu acho que foi a que mais esperava pelo capítulo anterior, chegando ao ponto de ficar tremendamente chateada pela demora (é sério ! Foi, mal, Luana ! É que a Animecon gerou um retardo nos meus projetos!) .
Último detalhe ( e esse é muito importante para a compreensão de várias partes do fanfic) : A série de OAV Rayearth reconta a série original, trata-se de um recomeço, onde tudo apresentado anteriormente é desconsiderado para dar lugar a algo novo, portanto ....
Continuemos, então .
Luz ... camera ... ação !
- Bando de molóides !
- Ora ... dá um tempo !
- Bando de molóides !
- Já falei para parar ...
- Corja de retardados !
- Agora chega ! Tudo bem que não são do nosso nível, mas não vou aceitar que insulte meus soldados !
- Grandes soldados, pois sim . Estão todos dormindo, Rafaga !
- Desacordados ... como toda Cefiro . Pelo que eu sei, todos foram afetados por isso, com exceção de nós quatro ... – e havia um enorme pesar em sua voz ao pronunciar isso .
- Não importa . É a guarda do castelo . O que esperavam enfrentar ? Cães ? Gatos ? bonecos de palha ?
- Eles não tem culpa . Apenas foram pegos desprevenidos ...
- Quer dizer então que o inimigo tem que mandar um cartão de visitas antes para que eles estejam prontos ?
Nisso, Priscila cruzou os braços e olhou seriamente para Rafaga . Ela estava certa, ele sabia que ela estava certa e ela sabia que ele sabia que ela estava certa . Mesmo com um inimigo do nível de Giorvel, eles deveriam estar preparados para qualquer coisa . Não adiantava de nada ter uma guarda poderosa que não funcionava no momento mais importante . Vergonhoso mesmo era o fato de que um dos melhores guerreiros da Espíritos de Aço era o líder da guarda ...
- Bom ... – ele parava um pouco para pensar . Não sabia o que dizer .
- Sem desculpas, Rafaga . Assuma as conseqüências .
- Pois bem, a culpa é minha . Eles não tiveram o treinamento adequado .
- A questão não é essa . Você é o responsável aqui, e um representante da nossa escola .
- Não precisa ser tão dura . Caso não se lembre, não sou um estranho ...
- Não, você não é . É meu irmão ... e meu subordinado . Sou a líder da Espíritos de Aço, lembra-se ? Sempre lutamos pelo bem de Cefiro, esteja onde estiver . Já tivemos muitos problemas com os sacerdotes, pois sempre fomos independentes . Nunca apoiamos um governo, mas o bem estar de uma terra . Mas também nunca proibimos nossos "formandos" de seguir seu caminho . Sei que não deve ter pensado dessa forma, mas ao se alistar na guarda do castelo e, logo depois, tornar-se seu líder, você criou um laço entre a nossa escola e os sacerdotes, de certa forma . Você agiu à tempo, é verdade, ma lembre-se de que, para todos os outros, seus soldados são membros da Espíritos de Aço, embora não o sejam . Compreende o que eu digo ?
Resumidamente, aquilo manchara o nome da escola . Não que ela se importasse com isso, tampouco se esforçara para criar uma má-fama . No entanto, embora não houvessem conflitos há algum tempo, não agradava aos responsáveis por Cefiro a idéia de haver uma elite de guerreiros super-poderosos que agisse por conta própria . Guerreiros unidos, pra variar . Muitas vezes, quebrar essa união só para ter certeza de que o pior não aconteceria era válido .
- Perdão .
- Aceito seu perdão . Substitua seus guerreiros, ou treine-os de forma mais adequada ... agora, deixando isso de lado, vamos ! Quero saber como estão as outras pessoas daqui .
Aquilo o pegou um pouco de surpresa . Ela não mudava nunca . Hora estava corrigindo-o, hora estava elogiando-o ; havia acabado de lhe aplicar uma bronca, em nome da Espíritos de Aço ... e agora já estava preocupada com outro assunto . Ela não mudava mesmo .
- Mão, mano ... esses seu soldados ...
- Já sei, já sei . Vou providenciar para que sejam ...
- Não é isso ... é que ... eles já não deveriam estar de pé ?
Aquilo era verdade, pensou Rafaga . O sol finalmente banhava o palácio, anunciando a manhã que chegava . Havia sido uma luta difícil, muitos não havia sobrevivido à essa noite, mas eles venceram .
Mas os seus soldados ainda estavam no chão, inconscientes . Se houvesse algum motivo, ele desconhecia .
No momento, a única coisa que o preocupava era uma pessoa . Alguém em especial ... alguém cuja presença ele não havia sentido durante a luta contra Giorvel ... Cléf ...
- Escute ... não precisa vir junto . Eu assumo daqui pra frente . Pode ir . Imagino que tenha assuntos à resolver com a Espíritos ...
- Não há problema nenhum .
- E os outros ? Estão bem ?
- Eu estava em meu quarto, na escola ... quando avistei aquela fenda se abrindo sobre o castelo . Embora longe, era muito bem vista .
- Quantos guerreiros conseguiram se manter de pé ?
- Poucos . Giorvel produzia um som que parecia atingir diretamente suas mentes . Até os anciões foram atingidos . Os poucos que conseguiram se manter de pé, ficaram se concentrando, tentando eliminar qualquer presença externa da mente . Mas fora da base estava pior . As feras da floresta estavam muito mais agitadas, agressivas . Estavam atacando a si mesmas ! Por pouco não consegui chegar até aqui .
- Sabe se alguém ... ?
- Não . Ninguém da escola parecia se lembrar de Giorvel, se quer saber . Nem os anciões .
- Entranho, mas faz sentido . Quem gostaria de lembrar de um demônio ?
- E você ? Como soube onde ele estava ?
- Imaginei que ele estaria aqui no castelo ... era o local mais provável . Mas eu não tive tempo de sentir ele chegando . Foi Caldina quem o fez .
- Caldina ? Então, ela também se lembra daquilo ?
- Não tenho certeza . Ela é uma ilusionista, e possui algumas habilidades psíquicas . Ela deve ter sentido a presença de Giorvel por acaso ... acho que está em casa tentando imaginar o que está havendo com ... ai!
- Cuidado ! Não force muito esse ferimento !
- Ora, não é nada .
- Só por que não é você quem recebe o ferimento, não pense que não sofre, ou já se esqueceu que sentimos a dor dos mashins quando nos unimos a eles ? Você está ferido, e precisa de cuidados ...
- Estou ferido ... mas não estou morto, e posso suportar isso .
- Que seja . Falta muito para chegarmos na sala de Cléf ?
- Você já esteve aqui antes ... sabe onde fica .
- Ó, se sei ... um dos seus subalternos tentou se "engraçar" para cima de mim, e se arrependeu . Depois que ele estava na lona, seus companheiros vieram ajudá-lo ...
- Mas você tinha mesmo que fazer aquilo ? Tudo bem que ele merecia uma lição ... mas precisava mesmo inutilizar mais da metade da minha tropa ? Eles ficaram dias inativos !
- Não tenho culpa se eles não souberam se defender quando eu estava furiosa ... ele me "acariciou", lembra-se ?
- Mesmo assim . Você não é uma qualquer para simplesmente fazer esse tipo de coisas, minha cara "líder" . Se tivesse falado comigo, eu os teria repreendido . Mas não, você tinha que ...
- Rafaga ... dá pra imaginar uma coisa dessas ?
- Do que está falando ?
- Tipo ... quem ele era antes de tudo isso ... simplesmente é inexplicável !
- Já entendi . Eu estudei a vida dele . Fiquei espantado e frustrado por descobrir quem ele era .
- Eu também . Cléf teve que ser muito forte ... para derrotá-lo ...
- Tinha que ser ... afinal .... era seu antecessor .
Ambos terminavam de cruzar aquele corredor, chegando a sala de Cléf . Os guardas que vigiavam aquela área estavam caídos, como a maioria, com um expressão de dor em seus rostos .
- Droga, está trancada ! Você tem a chave ?
Rafaga apresenta a porta para a sola de sua bota, abrindo-a bruscamente;
- Sim, eu tenho . Cléf, Cléf ... onde você está ? Tudo bem com você ? Cléf ?
- Muito estranho . Tem alguma coisa estranha aqui . Por que Cléf não estava lá fora, enfrentando Giorvel conosco ?
- O que você acha ?
- Sei que muitos não se lembram ... mas ele é o Cléf ! É claro que ele se lembra de Giorvel ! E depois, não seria derrubado tão facilmente, não é ?
- Ele é poderoso ... mas lembre-se de que ele é um mago puro . Não se faz valer dos serviços de um servo .
- Pode ser, mas ele ainda é o Cléf ... e é bem mais poderoso do que nós !
- Talvez, mas levamos vantagem por possuirmos nossos servos !
- Grande vantagem .
- Vovô era tão forte quanto ele, e sem se valer do Blacksmith !
- Vovô tinha anos de experiência ... e Cléf nunca lutou contra ele . Como provar isso, então ?
- Pois eu acho que ...
- Oh, meu ... Rafaga ... o-o-o que é ... a-a-aquilo ?
- Onde ? O que foi que você viu ... pelo sangue de Oláf ...
* * * * * * * * * * * *
O vazio . Era o que representava .
Onde estava ? Aonde estava ? Isso não importava . Por algum motivo, havia acordado . Por algum motivo, havia despertado .
Onde, como, porque ... isso não importava . O que importava era que finalmente estava livre ...
... ou talvez não . Durante muito tempo esteve totalmente "fora de si", em coma . Como poderia ter despertado de seu sono cruel tão de repente ?
- Acorde ... levante-se ...
Aquela voz ... tão familiar ... mas era impossível . Havia visto com seus próprios olhos ...
- Levante-se ...
Se podia houver ... poderia ... responder ? Seria isso possível ?
- Quem ... quem é ?
- Como ousa se dirigir a mim nesse tom ? Já se esqueceu quem sou eu ?
- Tua voz é muito familiar, mas tua ignorância o trai . Aquele pelo qual se passa já não existe mais .
- Não existe mais ... não duvides de minhas capacidades ! Não penses que um simples banimento poderá me deter ...
- De qualquer forma, não há nada que possas fazer ... nunca poderás me tirar ...
- Quem pensas que é , criatura ? Já se esqueceu de quem é o responsável por tua existência ?
Não conseguia acreditar naquilo ... mas era impossível ! Não podia ser ele ...
- Teus pensamentos te traem ...
Não sabia explicar, mas alguma coisa estava sendo feita . Algo ... fabuloso, inesperado . Algo que não havia visto há muito tempo .
Estava rompendo ... estava abrindo ... aquilo realmente estava acontecendo !
Não demora muito, tampouco resolve esperar para ver no que vai dar : na primeira brecha que surge, entra com tudo e a atravessa .
Poucos segundos depois, água rodeava seu corpo . Muita água .
Mas aquilo não importava, e sim que estava livre .
Seu corpo desliza pelas águas, flutuando, como se estivesse voando . Peixes, mamíferos, e todo o tipo de vida marinha ... tudo estava diante de seus olhos .
Por que, finalmente ... estava livre .
Nadando velozmente, seu corpo se movimento na água .
Quando atinge a superfície, seus olhos brilham .
Quando atinge a praia, seu peito parece querer explodir .
Finalmente, livre . livre . LIVRE !!!
Tão logo constata sua atual situação, se ajoelha, curvando a cabeça . Em sinal de respeito e revêrencia . Para ele . Aquele que se encontrava à sua frente .
- Ainda duvidas de meu poder ?
Perdão, meu senhor . Perdão se duvidei de teu poder ... eu imploro teu
perdão !
- Se anseias pelo meu perdão ... tenho algo para ti .
- Senhor, refere-se a ...
- Exatamente . Quero que extraia a essência da vida de uma pessoa em particular .
- Mas, meu senhor, e se ...
- Ousas questionar minhas ordens ?
- Não me refiro a isso, senhor, mas a ...
Ele não está por aqui ... não sinto sua presença . Se não foi destruído ...
abandonou Cefiro, se é esse o motivo de sua preocupação .
- Quem ... quem protege o castelo ?
Blacksmith ... e Falcon . E também um outro mashin estúpido, mas esse já
não representa mais perigo .
- Falcon ? O que ele faz aqui ?
- Aparentemente, um descendente de Oláf o convenceu a agir de maneira mais ativa em Cefiro .
- Então ... somente Falcon e Blacksmith protegem o castelo ? eu lhe trarei o que tanto anseias, meu senhor . Tens minha palavra .
* * * * * * * * * * * *
- Cléf ...
Não era o fato de Cléf estar caído que assustara Rafaga . O que o assustava era que Cléf estava caído sobre uma enorme poça ... vermelha ...
- Rafaga, vamos levá-lo para a escola ! Se for tratado aqui, não sobreviverá !
- Vai colocar em risco o esconderijo por ele ?
- Não temos alternativa . Providenciarei para que ele não descubra o caminho . Vamos !
Menos de dez passos para percorrer o corredor que leva a té a sala . Menos de oito passos para atingir a metade da sala . Menos de cinco passos para chegar até Cléf .
Aquilo pega ambos de surpresa . Ao se aproximarem, sentem ter tocado em algo ... mas não tem tempo para reagir . São arremessados no mesmo instante contra a parede . A dor do impacto é terrível, e só conseguem se levantar devido ao seu nível como guerreiros .
- Arghhh !!! Mas o que foi isso ?
Priscila se aproxima, e observa . Uma barreira .
- É ... uma barreira ... em volta de Cléf .
- Sim, tem razão ... e ela o circula ... mas ... por que ? Teria ele criado ela ? Se for, para protegê-lo do que ?
- Acho que não foi ele quem a criou . O padrão de magia é diferente do dele . Foi outra pessoa .
- De qualquer forma ... por que ? isso não o prenderia por muito tempo, no máximo, o impedira de entrar em contato com os que estão ao seu redor ... céus ... isso foi feito ... para afastá-lo de alguém ...
- Nós. – ela completou . – Mano, estou com um péssimo pressentimento ...
- Eu também . Vamos destruir essa barreira, antes que alguma coisa aconteça .
Ele puxa de sua bainha sua espada, e ela suas katanas .
Os minutos seguintes foram seguidos de muito barulho . Barulho que ecoava pelos corredores do castelo .
E ele não parava facilmente . Parecia aumentar a cada momento . E continuava, e continuava, e continuava, e continuava ...
Quantas vezes eles haviam tentado ? Uma ? Duas ? Dez ? Vinte ?
Que importava ? Para aqueles dois guerreiros, isso não tinha o menor significado . Nem que tivessem que tentar mil vezes . Para eles, a única coisa que importava era resgatar aquele homem dali de dentro . Nem que tivessem que sacrificar suas vidas .
Por que aquele homem era especial . Era um sábio .
Era o responsável pelo planeta, seja na paz ou na guerra .
Ele seguia suas ordens e o respeitava . Ela não seguia suas ordens, mas o respeitava .
E o respeito que ambos sentiam por ele aumentou de maneira espantosa depois que ele se rebelou contra a princesa Esmeralda e partiu para Rayearth ... sozinho, praticamente ordenando que Rafaga não o seguisse .
Ambos continuariam ali, mesmo que tivesse que passar a eternidade tentando .
No entanto, o fôlego de ambos diminuía aos poucos ...
- Não ... não acredito nisso ... – Priscila estava exausta, apoiada em uma de suas espadas .
- Isso não é possível ... nossos melhores ataques ... essa barreira os ignorou !
- Temos que fazer algo, Rafaga . E depressa ! Se continuar assim, ele morrerá em breve ... se é que já não está morto !
- Nem pense nisso ! Temos que salvá-lo, custe o que custar !
- Mas ... como ? Todas as vezes que a atacamos fisicamente, fomos arremessados violentamente ! E nossos melhores ataques mágicos não surtiram efeito .
- Não é bem assim ... Giorvel não é um adversário qualquer . Eu mesmo ainda sinto meu corpo doer por causa dele ... nós estamos muito fracos e cansados . Do contrário, já teríamos destruído-a .
- "Custe o que custar ..." , hmmm .... podemos usar os mashins ...
- Nem pensar ! Isso destruiria o castelo !
- Não quis dizer para atacarmos o castelo ! Podemos usar a força deles para desfazer essa barreira !
- Dá no mesmo ! O tamanho deles colocaria o castelo abaixo !
- Nos unimos lá fora e abrimos um buraco no teto acima do quarto de Cléf, entendeu ?
- Mesmo assim, isso pode não dar muito ... glup !
- Você ... você também sentiu ?
- O que é isso ?
- Não sei ... vem lá de fora ... mas é ... incrivelmente ... agressivo !
- Não pode ser ... nós o matamos !
- Não é ele . É ... é outra coisa ...
- Quem poderia ser numa hora dessas ? Fique aqui e tente destruir essa barreira, que eu vou averiguar !
- Não acha perigoso ir sozinho ? Talvez seja melhor que ...
- Não vejo perigo . Se não é Giorvel, então posso cuidar disso facilmente . Continue tentando ... e NÃO utilize o Blacksmith !
* * * * * * * * * * * *
Um nervosismo supremo percorria sua alma ... mas ele sabia que era infundável . Afinal, o que poderia ser ? Não poderia ser ... melhor nem pensar nisso . Ele havia morrido . Eles o haviam matado . Seria impossível ele sobreviver àquele ataque . Havia sido um ataque tão poderoso, que a explosão iluminou boa parte de Cefiro . Ele estava Morto . E Fério também .
De novo aquilo . Já era duro aceitar, e ainda por cima, aquilo tinha que ficar martelando em sua cabeça o tempo todo .
Mas ele não podia se culpar ... ou melhor, podia sim . Tinha todo o direito, afinal ... ele havia matado seu melhor amigo .
Foi um sacrifício, foi uma entrega de sua vida pelo bem de milhares ... mas, no fim das contas, ele havia matado seu melhor amigo, e ponto final . Nada mudaria isso . Priscila poderia imaginar um milhão de explicações para fazê-lo aceitar o fato, mas não mudaria nunca o principal : ele matara seu próprio amigo . Havia utilizado sua melhor técnica, a qual havia desenvolvido-a com sua irmã, contra Fério . Ele deveria ter sofrido muito . Tinha certeza que sim . Haviam treinado essa técnica antes contra monstros nômades, sem utilizar seus mashins, mas o resultado era incrivelmente devastador . Aquele golpe deve ter consumido das entranhas até a alma de Fério, ele pensava .
Nada mudaria isso . E ele preferia assim .
Haviam salvado Cefiro, às custas da vida de um amigo . Uma excelente troca para o povo de Cefiro, mas injusta para ele .
Aparentemente, Priscila estava tendo facilidade para aceitar isso . Mentira . Ela estava se doendo por dentro . Estava se corroendo por dentro .
Mas ela levava uma vantagem : conseguia tocar a vida para frente com mais facilidade .
Ambos nunca esqueceriam do ocorrido ... mas ele tinha certeza de que em algum tempo a alma dela conseguiria se perdoar pelo que havia feito .
Ele não . Sabia que viveria com isso pelo resto da vida . Sabia que viveria com a dor de ver um amigo morrer, e pelas suas próprias mãos, o que é pior, e não poder fazer nada, ou melhor, contribuir para isso . Sabia que morreria mil vezes sempre que fosse questionado sobre aonde estaria seu velho amigo, e ser obrigado a dizer que desconhece seu paradeiro . Pois sabia que o ocorrido da noite anterior não seria lembrado por mais ninguém .
Irônico isso . Irônico e cruel . O salvador de Cefiro não seria lembrado por ninguém, tampouco teria um enterro decente . Apenas seria lembrado na mente de duas pessoas .
Uma, com o tempo, iria se perdoar pelo crime que cometera .
Outra nunca faria isso por dois motivos : orgulho e consciência . Seu orgulho de guerreiro estava um pouco ferido . Um aliado havia morrido, e nada seria feito em sua memória .
E também tinha consciência da culpa que teria que carregar .
Era esse o segundo motivo pelo qual nunca iria se perdoar .
Pois, em algum tempo, alguém iria se perdoar pelo crime, e se o preço para isso seja que outra aceite o cargo da condenação, da punição, ele estava disposto a aceitar . Que sua irmã esqueça tudo isso e siga sua vida em frente . Não era preciso que duas pessoas carregassem uma dor tão grande no peito .
Em poucos instantes, ele atinge a entrada principal . Estranho, muito estranho . Não havia ninguém . Apenas o jardim . O belo jardim do palácio, o qual antecedia a entrada .
Ele caminha, atento a tudo . Aquilo era estranho . E pensar que no dia anterior havia caminhado por esse local com Fério .
Sua mente dá um estalo, e ele resolve interromper sua linha de raciocínio . Precisava estar atento naquele momento, e qualquer outro pensamento só iria atrapalha-lo .
Um forte choque é ouvido .
Por pouco ele não é gravemente ferido, pois colocara sua espada na frente do golpe ... que não havia visto . O que havia sido aquilo ?
Ele apura seus sentido, na esperança de notar alguma coisa .
Seja o que for, por pouco não atinge sua cabeça, fato impedido novamente pela sua espada, a qual ele utiliza para bloquear .
Ele começa a observar a área, e percebe algo se movendo, de maneira bem rápida . Era um vulto . Seria uma das sombras de Giorvel ? Somente uma coisa passava pela sua cabeça : um sobrevivente ?
Nessa hora, ele se odiou pelo seu erro tático : o jardim possuía diversos corredores, e ele estava no meio, parado . Seja quem for, estava correndo, facilmente despistando qualquer um que estivesse em seu encalço .
Rafaga começa a correr . Não para o norte, sul, leste, oeste ... ele corre sem direção aparente, atravessando o jardim e apagando por completo seu rastro .
Durante longos e duros segundos o silencio impera naquele local . Silencioso demais, ele pensa .
Num movimento hábil, Rafaga saca sua espada e a movimenta para a direita, acertando em cheio ... algumas rosas .
No entanto, aquilo não havia sido à toa . Fato comprovado quando ele houve passos pouco atrás das ex-rosas .
Ele parte para o ataque, correndo entre as flores e plantas, guiando-se pelo barulho . Sabia que seu alvo estava a frente, e sabia que seu alvo sabia que estava sendo seguido .
Rafaga para de correr, e segue para a direita, prestando atenção nos passos de seu alvo . Ele para segundos depois, e faz um brusco movimento com a espada, destruindo algumas flores . Como esperava, seu alvo ouvira aquilo, e muda de direção .
Dessa vez, no entanto, ele não segue outro caminho, corre atrás do alvo . Ele corre, corre, corre ... enquanto seu alvo foge .
Durante breves instantes, ele vê algo estranho : alguém salta do meio das flores, sumindo de sua vista .
Rafaga, que continuava correndo, passa direto, sem entender para onde ele fora .
No entanto, percebera que já não estava no jardim . Estava do lado de fora do castelo, sozinho . Primeiramente, era esse seu plano, guiar seu alvo para fora do jardim, onde possuía pouca visibilidade . Mas ... onde ele estaria ?
Mais uma vez, ele se odiara pelo seu amadorismo .
Rafaga ergue a espada, usando-a como escudo, bloqueando um golpe que provavelmente deceparia seu pescoço . Lá estava ele, seu alvo, no chão, encarando-o; Havia saltado e, muito provavelmente, havia utilizado uma magia de levitação para se manter durante um tempo maior acima dele, aproveitando para realizar um ataque certeiro e letal . Sim senhor, muito esperto .
- Boa tática . Ótima tática . Seu erro foi esperar demais, deveria ter atacado quando eu ... hã ?
* * * * * * * * * * * *
Concentração, honra e força . Concentração, honra e força . Concentração, honra e força . Concentração, honra e força .
As três palavras mais importante para Oláf, seu avô . Concentre-se em seu objetivo, conclua-o honradamente e seja forte para executá-lo .
Aquela barreira estava preocupando-a ; tecnicamente falando, já deveria ter sido destruída . No entanto, persistia . Ambas .
Tinha que pensar em alguma coisa . E rápido .
Nunca fora uma admiradora de Cléf, mas respeitava sua sabedoria . Mais do que isso, entendia a importância dele para Cefiro .
Afinal, desde que Esmeralda e Águia desapareceram, e com a morte de Zagard, ele assumiu a responsabilidade pelo planeta .
Estranho aquilo . Aparentemente, depois de retornarem de uma tentativa frustrada de invasão em Rayearth, ambos se recolheram, para, ao que tudo indica, terem uma vida em paz .
E, se for assim, que seja .
Nunca se importara realmente com o que as outras criaturas de Cefiro fizessem, contanto que não pusessem em risco sua preciosa terra . Podia ter ido até Rayearth, junto com Lantis, auxiliar os guerreiros de lá, mas não o fez por dois motivos : primeiro, possuía suas responsabilidades . Como líder da Espíritos de Aço, não podia tomar decisões movidas puramente por impulso . Teria que agir da melhor maneira possível, e isso incluía não abandonar a escola de uma hora para outra , sem dar satisfações ; segundo, ajudar Rayearth significaria ir contra o poder regente até a presença época . Ela seria uma inimiga de Cefiro, e a idéia não a agradava não um pouco . Não lhe agradava nem um pouco a idéia ter que enfrentar, se fosse preciso, e matar, o que era provável, seus antigos aliados . Era uma pena aqueles três terem morrido . Alcione era uma maga bastante experiente, Lantis era um exímio espadachim, e Askot ... era um prodígio . Tão pequeno, e já possuía um alto domínio da magia de Cefiro, a ponto de conseguir controlar um servo . Aquilo era impressionante . Pretendia tomá-lo como seu aprendiz, e expandir até o limite todo o seu potencial . Com o tempo, aquele garoto teria se tornado o guerreiro mais poderoso de Cefiro ... e talvez tivesse se tornado mais forte do que os guerreiros de Rayearth .
Nota do autor : No OAV, o povo de Cefiro conhece a Terra por outro nome : Rayearth . No entanto, da união dos mashins de Rayearth, surge o mashin Rayearth . Ou seja, existe o planeta Rayearth e o mashin Rayearth . Portanto, fique ligado nas frases, para não se perder quando tentar entender ao que o texto se refere . Só pra dar um exemplo e te ajudar a compreender melhor, esse texto acima, vindo da parte de Priscila, se refere a Terra .
E agora, voltando a nossa programação normal ...
Sonhos . Sonhos perdidos . Sonhos que deveriam ser esquecido .
Era hora de olhar para frente, planejar o futuro, deixar o passado para trás . E também era hora de libertar Cléf .
- Hora de sair, Cléf . Por bem ... ou por mal !!!
Priscila salta, atingindo facilmente o teto . No entanto, antes de atingi-lo, ela havia girado o corpo, de forma que seus pés tocam o teto . Ela aproveita e toma impulso, fazendo seu corpo seguir rapidamente em direção a Cléf .
- Punho do Sol !
Seu punho brilha, num intensidade fortíssima . Logo em seguida, ele choca-se contra a barreira, liberando toda a sua energia encima dela .
Como anteriormente, a destruição causada pelo golpe não é pouca : a energia liberada espalha-se rapidamente pela sala, derrubando móveis, louças e tudo o mais que não resistisse .
No entanto, não havia funcionado .
E, dessa vez, ela torcia para que funcionasse .
Como das outras vezes, seus ataques geravam um contragolpe por parte da barreira, o qual arremessava o atacante para longe .
Tamanha era a força de seu golpe, que fora arremessada mais uma vez . No entanto, ela já esperava por isso : mais uma vez, gira o corpo em pleno ar, evitando um choque doloroso contra uma das pilastras, e impulsiona-se em direção a barreira .
Não obstante, ela saca suas duas espadas, preparando um ataque devastador .
Tudo isso ocorre em poucas frações de segundo, uma vez que ela atinge a barreira com toda a força . Nesse exato momento, as espadas brilham, e começam a liberar todo o seu poder sobre a barreira .
Mais uma vez, a energia que é liberada deixa efeitos na sala, rachando paredes, derrubando estátuas e tudo o que estivesse no caminho . No entanto, Priscila não havia sido arremessada como das outras vezes . Estava lá, parada, colocando o máximo de si naquele golpe . Sabia que, se fraquejasse durante algum instante, por menor que fosse, falharia, e a barreira devolveria a força do golpe .
Sim senhora, era uma barreira e tanto . Quem teria criado-a ?
- Hmm ... melhor perguntar isso depois ao Cléf ...
* * * * * * * * * * * *
A primeira vista, não parecia ser grande coisa .
Parecia ser um aldeão, ou melhor ... uma aldeã . Uma mulher . E bem ágil, por sinal . Deveria conhecer o castelo, já que se movimentou bem rápido pelos arredores dele ; a pergunta era : quem ... ?
- Quem é você ?
- Hmm ... Oláf ? Então, ainda está vivo ? Não pensei que fosse viver tanto tempo assim ... mas há algo estranho ... você parece mais ... novo ...
- Meu nome é Rafaga . Oláf era o nome do meu avô .
- Avô ? Passou-se tanto tempo assim ... ah, claro . Oláf também não era muito jovem . Agora, lembro-me perfeitamente do rosto dele ... aquele rosto velho, decrépito, esperando pela morte ... saia do meu caminho, garoto .
Rafaga finca a espada no chão, lançando um olhar mortal para a mulher ;
- Eu não sei quem você é ... mas não vai passar por aqui . E nem pense em ir embora antes de se desculpar por manchar o honrado nome do meu avô, mulher !
- Desculpar ... honrado ... avô ... mulher ... passou a vida inteira esperando pelo momento em que pudesse dizer essa frase, garoto ?
Ela não se deixava ameaçar, seguindo em frente . Eis que, quando está bem mais próximo de Rafaga, ele torna a ameaçá-la ;
- Pare . Não irei repetir . Se passar por mim ... irei matá-la .
- Você não teria coragem de fazer mal a uma mulher, teria ?
Ela continua andando e, quando estava do lado de Rafaga, sente a lâmina afiada de sua espada encostar em seu pescoço .
- Eu sou um homem de palavra . Retorne .
- Pois que seja ... garoto .
Ela abaixa-se e toma impulso, lançando-se para trás . Havia mantido uma certa distancia de onde Rafaga estava, observando . Ele fazia o mesmo .
Observando melhor, percebera que não se tratava de uma mulher comum . Pelo contrário, não parecia ser uma simples camponesa .
Seus trajes eram muito similares aos de Priscila, fora o fato de parecerem um tanto quanto ... velhos . Também não estavam em sua melhor forma : na verdade, lembravam mais trapos velhos do que um uniforme de guerreiro .
No entanto, havia algo mais . O que seria ? Talvez, o fato dela ter citado que conhecera seu avô, embora não aparentasse ter idade para isso ? Ela não aparentava ser tão velha assim ... pelo contrário, se fossem ignoradas suas roupas, notava-se facilmente sua beleza . Não uma beleza de uma mulher jovem, mas a beleza de uma mulher madura . Seus longos cabelos, azuis, de uma tonalidade mais escura que a noite mais escura, realçavam apenas sua beleza . Seria isso ? Não . Era o brilho nos olhos dela . O brilho de um guerreiro . Seja quem fosse, era especial . Podia sentir isso . Podia sentir suas mãos clamando por sangue ... ???
Por pouco ele não se esquiva . Havia decidido testar a força daquela mulher, mas quando percebeu que as unhas dela haviam se tornado maiores do que o normal, mudou de idéia .
Garras, na verdade . As unhas dela eram afiadas como as garras de um leão . O que mais ela sabia fazer ?
- Garoto ... vá treinar ... e volte quando for um guerreiro de verdade !
Aparentemente o comentário havia funcionado, uma vez que ele estava furioso e partira para cima dela . Cortando o ar, sua lâmina se movia com maestria, fazendo-a se esquivar por milímetros . Mas não era suficiente . Se não a acertasse, de nada adiantaria .
Rafaga não estava acreditando . Quem era aquela mulher ? De onde tinha vindo ? E por que sentia uma coisa tão ... agressiva, vindo dela ?
Aquilo era incrível, impressionante . Ela utilizava suas mãos e unhas com tamanha maestria ... quase tão bem quanto Priscila .
Isso o lembrou daquele combate épico ... ele utilizava uma arma, e Priscila utilizava duas, mas não parecia que havia perdido velocidade .
Rafaga se abaixa e aplica uma rasteira nela, fazendo-a cair . Ele aproveita e gira o corpo todo, fazendo a lâmina cair em direção a ela ; a mulher rola, escapando da morte certa . No entanto, ele continua atacando . A principio, ela consegue escapar da espada, mas não consegue escapar dos chutes dele .
Um, dois, três, quatro ... aquilo já estava ficando irritante .
Caída, ela juntas as pernas e as estica para o alto, na tentativa de acertar Rafaga . Ele se esquiva, mas ela toma impulso e coloca todo o corpo de cabeça-pra-baixo, deixando-o cair em seguida . Agora, de barriga para o chão, ela toma um pequeno impulso com as mãos, estica as pernas e gira o corpo .
O que se segue é que suas pernas, girando rapidamente enquanto ela tenta se levantar, acertam o queixo de Rafaga, desnorteando-o por alguns segundos . Ela aproveita e se levanta . Aproveitando a distração de Rafaga, ela direciona suas garras para o peito dele, mas este se esquiva no ultimo instante .
- Com certeza ... não é uma pessoa qualquer . Eu a conheço, por acaso ?
- Não ... mas seu avô, sim . É uma pena que ele tenha morrido . Sem sombra de dúvida, ela melhor do que você .
- Você continua me irritando com isso ... e eu mantenho minha proposta ! O que você quer aqui ?
- Aqui, nada . Esse lugar não me interessa . A única coisa pela qual eu me interesso é aquele que está ai dentro ...
- Rafaga .
Aquela voz ecoou em sua mente . Falcon . Em seu interior, ele se perguntava o motivo de Falcon ter feito contato com ele .
- Saia daí .
Rafaga hesitava quanto ao pedido de Falcon .
- Saia daí se não quiser morrer .
Ainda não conseguia entender . O que havia assustado Falcon ? Seria aquela mulher ?
- Não é uma mulher . Essa criatura que estás à sua frente não é uma mulher . Saia daí, pois ela o matará .
Aquilo assustou Rafaga . Não era uma mulher ? Não era ... humana ? E como poderia matá-lo ? Era apenas uma guerreira ... deveria estar num nível próximo ao seu . Como Falcon poderia saber tanto sobre ela ?
- Não duvides de meu conhecimento . Durante eras, tenho observado Cefiro de meu antigo recinto . De lá, vi povos surgirem e desaparecerem, vi guerras começarem e se extinguirem . Conheci mashins fortes, fracos, poderosos, lendários, conheci mashins que não existem mais, observei o momento em que teu falecido amigo adentrou na muralha de gafanhotos para ser digno de controlar um mashin, observei atentamente tua luta contra tua irmã pelo domínio de Blacksmith, observei quando antigos seguidores de teu avô, Oláf, fundaram a Espíritos de Aço, com o propósito de defender Cefiro, sem serem presos a leis e regras dos governantes . Observei atentamente quando teu avô emergiu daquelas ruínas antigas, provando que era merecedor do Blacksmith ... observei o sacrifício do Grande Sacerdote Zagard, e a maquinação dos planos de Águia e Esmeralda para invadir Rayearth . Observei a expressão de dupla de Cléf e Fério, ora por terem aprendido algo na volta de Rayearth, ora pela perda de antigos aliados .... observei atentamente a ascensão e queda de Giorvel, e o surgimento de seu ódio irracional por Rayearth ... eu tenho observado cada evento que passa nesta terra, Rafaga . Sei muito bem quem é está criatura que está diante de ti, e seus objetivos . Sei que não podes derrotá-la . Se quer mesmo ajudar Cléf, fuja, ou padecerá !
- Não .
Falcon silenciou-se;
Não vou desistir . Não posso . Mesmo que você ache o contrário ... há chance
. Sempre há . Não haverá quando eu desistir . Enquanto persistir, ainda ... sempre haverá esperança . Eu aprendi uma coisa muito importante . Em muitos combates, o vencedor é aquele que tem os melhores motivos, as melhores razões, independente do que eles signifiquem . Está mulher está aqui para matar Cléf . Eu estou aqui para protegê-lo . Eu luto pela sua vida . Ela, pela sua morte . Ela tem motivos para passar por mim, e eu, para detê-la . Qual de nós dois tem os melhores motivos para seguir em frente ? É óbvio que sou eu . Eu luto pela vida, ela, pela morte . Não há o que pensar . Ela parece, e eu não duvido que seja mais forte ... mas eu vencerei . De uma maneira ou de outra, serei vitorioso . Me preparei durante toda a minha vida para esse momento . Não desistirei . Você esteve observando Cefiro durante todo esse tempo ... guerras, mortes ... sabe mais do que ninguém que o bem vence o mal ... o bem triunfa sobre o mal . Ontem, hoje, amanhã ... e sempre !!!
Eis que, no entanto, Falcon se cala, de forma que Rafaga não ouve mais sua voz ecoando pela sua cabeça . Silêncio total .
- Uaaaaahhhhh !!!! Nossa ... que coisa mais melosa ! Ok, você venceu, eu me suicido ... que ridículo ! Garoto, ouvi dizer que esteve na Espíritos de Aço ... eles ensinam esse "verso" todas as manhãs aos aprendizes ? Por acaso esse é o seu hino oficial ? Que nojo ! Nem Falcon deve ter tanta paciência para ficar ouvindo todo o seu "discurso"...
Aquilo o assustou, novamente . Como ela sabia sobre Falcon ?
- Como ... não importa . Eu falei alto e claro . Você não vai passar por aqui .
- Hunf ! Veremos ...
Ela ergue sua mão direita, e com sua garra, detém a espada de Rafaga .No entanto, ela não mantém o ritmo por muito tempo, visto que havia sido um golpe forte, e o encontro de forças rapidamente tem um vencedor ...
Ela empurra a espada de Rafaga, quebrando sua defesa, e guia sua garra em direção ao peito dele . O mesmo, para escapar, dá um passo para trás, suficiente para ele abaixar sua espada e bloquear o golpe . A garra dela bate na lamina, escorregando por ela e atingindo o cabo . Por alguns instantes, Rafaga solta a espada, para não ter a mão decepada, e dá um chute na mulher, fazendo-a se afastar, enquanto ele pega sua arma que estava no chão .
Quando vai atacar, aproveitando a queda dela, ele se assusta, ao descobrir a agilidade dela : ela apoia suas mãos no chão e toma impulso, atingindo seu pé no rosto de Rafaga, enquanto se levanta . Rafaga gira o corpo, mas a mulher se abaixa, esquivando-se do golpe que separaria seu corpo .
Quando se abaixa, ela estica sua perna, fazendo-o perder o equilíbrio; no entanto, ele consegue se manter de pé, e corta o ar em direção dela . Vendo a morte certa vindo em sua direção, ela dobra a parte de cima do corpo, ficando de cabeça para baixo . Durante o processo, seu pé torna a atingir o rosto de Rafaga, obrigando-o a deter o golpe . Ela continua fazendo esse mesmo movimento, girando o corpo num movimento continua de 360o para trás, uma "cambalhota", um "mortal" no chão, esquivando-se da investidas de Rafaga . No entanto, ele sabia que ela não podia continuar assim por muito tempo, acabaria se desequilibrando mais cedo ou mais tarde .
Dito e feito, ela se lança mais uma vez para trás, só que, ao invés de continuar o movimento, quando apoia as mãos no chão, toma impulso, indo com as duas pernas juntas em direção ao peito de Rafaga . Aquilo iria doer .
Rafaga ficava se perguntando quantas vezes ela tornaria a repetir isso . Era óbvio o resultado . Já havia gravado a força e velocidade do golpe ...
Quando se prepara para contra-atacar, uma surpresa : ela estava se valendo das pernas para segurar o cabo da espada de Rafaga !
E que força tinha ! Ele forçava, mas não conseguia muitos resultados . Aquela mulher era forte .
Nisso, o inesperado acontece : ela puxa a espada das mão de Rafaga, afastando-a das mão dele . Ele tenta se aproximar do local aonde ela foi lançada, mas é obrigado a se esquivar das investidas da mulher ... e suas garras . Num rápido movimento, ela o atinge . O barulho de metal se chocando ecoa pelo local . Silêncio.
Ele levanta seu braço, o qual havia defendido o golpe. Estava utilizando uma proteção no braço, que bloqueou o golpe . A mulher se afasta, enquanto ele observa e pondera sobre o resultado : as garras haviam penetrado profundamente, por pouco não atingindo sua carne .
- E agora, guerreirinho ? O que vai fazer ? Ainda que continuar ?
Aquela mulher não era uma mulher qualquer . Era diferente . Não era apenas uma questão de orgulho próprio, mas sabia que alguém com habilidades tão superiores assim, não se encontrava em qualquer lugar . Conhecera muitos guerreiros, os quais se destacavam como os mais poderosos de Cefiro, mas essa mulher ... era muito forte .
Quem seria, pensava . Teria algo a ver com Giorvel ?
Impossível . Ele estava morte . Fora destruído junto com sua prisão .
E ele ainda estava um pouco pasmo . Ela havia retirado sua espada de suas mãos . Aquilo era quase impossível !
Alguns servos conseguem manifestar uma parte de seu poder mesmo sem estarem unidos com seus donos . Uma parte bem pequena . Alguns eram capazes de manipular seu elemento sem estarem fundidos, como o servo de Alcione, o qual congelava os arredores e gerava imensas estacas de gelo .Outros, se apresentavam na forma de animais ferozes e destrutivos, como a nuvem de gafanhotos de Fério, capaz de devorar tudo o que encontrava pelo caminho .
E outros, como o de Lantis, se manifestavam na forma de uma ... arma . Da mesma forma que Falcon e Blacksmith . Embora estejam no Ovum, eles manifestam parte de seu poder através de magnificas armas . A espada longa, de Rafaga, e as Katanas gêmeas de Blacksmith, de Priscila , eram ótimos exemplos disso .
Armas poderosas, unidas aos seus donos, representantes de uma pequena parte do poder de um mashin .
Pequena parte, no entanto, bastante poderosa .
E ela havia tomado-a de suas mãos com os pés ...
- Surpreso ? Eu não . É como eu imaginava . Pelo visto, você não é nada sem sua arma . Que ridículo . E pensar que eu cogitei a hipótese de você um dia ser um desafio ...
Ela sente o punho de Rafaga atingindo rápida e dolorosamente seu queixo; não obstante, ele mantém uma postura reta, tomando impulso e aplicando outro golpe no queixo, fazendo-a separar-se do chão por alguns centímetros, mais do que suficiente para ele girar o corpo, junto com a perna, e atingir seu estômago, arremessando-a para longe dele .
Ele corre na direção dela, aproveitando que estava caída . Rapidamente ela se levanta, bem a tempo de escapar de um pisão na rosto, o qual provavelmente esmagaria sua cabeça .
Meio que sem saída, ela apenas tenta se esquivar das investidas dele .
Ela bloqueia um soco, quebrando a guarda de Rafaga em seguida . Seu punho e garras seguem reto em direção ao rosto dele, mas o mesmo se abaixa no ultimo instante, acertando novamente o estômago dela .
Ele dá um pequeno salto e, habilmente, dá uma joelhada no rosto dela .
Sua cabeça perde os sentidos durante alguns segundos, os quais Rafaga aproveita .
Ao tocar no chão, Acerta um soco certeiro no ombro direito dela, fazendo um ruído extremamente desagradável . Aplica-lhe um soco no rosto, e outro ... de direita, esquerda, direita, esquerda ... ela mal conseguia se concentrar no que estava acontecendo .
Eis que ele começa a girar diversas vezes o corpo e, sempre que dá de frente para ela, seu pé acerta seu rosto . Os chutes dele eram extremamente fortes, visto a forma que tomava o rosto da mulher . No entanto, enquanto fazia isso, ele uniu as mãos, enquanto se concentrava, até que ...
- Float !!!!
Ele aponta suas mãos para ela, e a mulher literalmente sai do chão, subindo mais alto do que um salto normal permitiria . Na verdade, uma maneira diferente de utilizar a magia da levitação . Tinha como principal propósito afastar algo, seja para se defender, seja para atacar ...
Ele toma um postura ereta, retrai o punho direito, e salta .
Seu punho rapidamente começa a brilhar, numa tonalidade muito forte . Eis que, quando se aproxima dela, estica seu braço direito, e ataca .
- Punho do Sol !!!
* * * * * * * * * * * *
- OOOOOOHHHHHHH !!!!!
Sua cabeça doía . Parecia que tinhas sido atropelada por um caminhão ... seja lá o que fosse isso .
- Mas ... mas que porcaria de barreira é essa ?
Quando fosse escrever sua autobiografia, iria pular essa parte . Era muito vergonhosa . Mal podia acreditar que havia sido atingida pelo seu próprio golpe .
E que droga de barreira ! Quem teria sido o infeliz que a criou ? Nada a atravessava ! NADA !
E, pra piorar, ela ainda devolvia o poder do golpe para o indivíduo que o aplicou . Havia sido assim, quando ele e seu irmão atacaram-na .... e havia sido assim há alguns momentos atrás .
Algo lhe chama a atenção : sangue . Espalhado pelo chão . A trilha que formava não seguia na direção de Cléf . Estranho .
Foi então que ela percebeu que não estava sozinha naquela sala, ao menos, não totalmente . Eram dois . Soldados . Caídos . Muito provavelmente, mortos . Estavam caídos no chão, com sangue cobrindo seu corpo . Ela observava aquilo, pois sabia o motivo da morte deles : devem ter tentando atacar a barreira .
- Hmmm ... melhor eu tomar cuidado com isso, senão ...
Outra coisa lhe chamou a atenção : eles haviam adentrado naquela sala, provavelmente para ver como Cléf estava . Se fizeram isso ... então a onda de insanidade espalhada por Giorvel não os atingiu . Será que se lembrava daquele trágico incidente ? Dificilmente . Deveriam ser os melhores guerreiros de Rafaga . Deviam ter um nível de treinamento físico e mental superior ao dos outros . Interessante . Pelo visto, os soldados de Rafaga não eram tão molóides assim . Nem todos, claro .
Priscila caminha em direção a barreira, determinada a destrui-la de uma vez por todas . Estava com raiva . Muita raiva . E coitada daquela barreira que estava no seu caminho ...
Um pensamento que não se concretizou . Uma dor rápida e quase imperceptível a assolou, e ela teve um péssimo pressentimento . Suas mãos percorreram várias partes de seu corpo, a procura de algo suspeito . Algum osso quebrado, algum corte, um ferimento ... nada . Novamente, a dor, só que mais forte .
Sua mão passa pela sua cabeça, alisando-a ; Priscila passa sua mão na parte de trás da cabeça, na nuca ... e sente algo estranho . Estranho ... e melado .
Temendo pelo pior, ela olha para trás, apenas para ver aonde havia sido arremessada pela força do golpe : uma pilastra, enorme e bastante resistente . No entanto, possuía algumas marcas de impacto . Ela toca novamente sua nuca, e olha para sua mão . O líquido rubro e fervilhante cobria-a, confirmando sua dúvidas . Não obstante, pouco a pouco, seus olhos ficavam pesados, sua vista, cansada .
- Ai ... Mer ....
E, em seguida, foi perdendo rapidamente o controle de seu próprio corpo, desabando . Seu corpo permanece ali, estendido no chão daquela sala, aumentando o numero de corpos geradas até agora por causa daquela loucura ...
* * * * * * * * * * * *
- Surpreso ?
Ele diria "muito", se tivesse oportunidade . Em pleno ar, a mulher girou o corpo e segurou seu golpe com a mão "nua". Enquanto seu breve passeio pelos céus estava prestes a terminar, ambos estavam se encarando . O punho de Rafaga ainda brilhava entre as mãos da mulher . Pulsava, na verdade . Nunca havia presenciado tamanho feito . Na verdade, foram poucos os quais provaram do "Punho do Sol", e menos ainda os que conseguiram se manter de pé depois dele .
Eis que acontece . Não que Rafaga já tivesse passado por isso antes, mas um simples lembrete lhe avisou do que aconteceria .
Seu golpe ... explodiu ... a ambos ...
Punho do Sol . Um golpe luminoso . Um golpe explosivo, baseado em luz, que prova que luz não é nem um pouco inofensiva . Costuma ter um efeito destrutivo em criaturas da noite, mas outros tipos de alvos não são exceção .
Havia praticado muito ... havia se desgastado diversas vezes enquanto desenvolvia esse golpe ... havia recebido versões mais fracas dele, por causa de sua irmã . Mas era uma técnica forte e poderosa, criada por ambos . E, agora, pela primeira vez ... ele pôde sentir na pele, todo o poder do golpe . Mais do que isso, pode analisar o quanto ele mesmo era forte .
A magia explode, englobando a ambos . Era fantástica . O nível, a dor, a essência da magia ... pôde senti-la até os primórdios da alma .
Ele finalmente toca o chão, embora achasse que ficaria no ar por uma eternidade . Não desaba no chão, mas sente uma enorme dificuldade em manter a postura . Consegue, mas com muito esforço .
Aquilo havia doido . Havia estalado "na alma" . Aquela mulher havia detido seu golpe ... com as mãos nuas !!!
Ele se vira, pronto para contra-atacar . Raiva estava estampada em seu rosto . Algo inútil no presente momento .
Ele sente a mão dela "encostar" em sua barriga . No entanto, havia doido ...e muito .
Na verdade, não havia encostado, mas acertado um soco . Havia sido tão rápido, que ele não se deu conta disso .
A última coisa que pode perceber foi a mão dela afundando em seu estômago . Não demorou para ele cuspir sangue . Bastante .
Ela se afasta, enquanto ele tenta manter sua postura, tendo sucesso. Era um guerreiro altamente treinado . Não seria derrotado tão facilmente . No entanto, ainda mantinha as mãos sobre a barriga, devido a imensa dor .
A principio, ele estranhou quando a apalpou e não encontrou nenhum ferimento mais grave, mas ao olhar para frente, descobriu que as unhas dela haviam diminuído ... como havia feito aquilo ?
- Eu vou te contar uma história, garoto ... era uma vez alguém sem nenhuma importância que defendia Cefiro . Ele era forte . Muito forte . Mas o que mais chamava a atenção, era o fato de que ele não seguia as ordens dos governantes de Cefiro . Não dava a mínima para os sacerdotes . Ele gerou seguidores . Pessoas que o admiravam, que o seguiam fielmente ... não era de se estranhar que eles criassem uma escola para gerar "cópias" dele . Um pequeno detalhe : ele nunca chegou a fazer parte daquele escola, sabia disso ? Estava vivo quando ela foi criada, mas nunca fez parte . Há uma lenda de que, certa vez, ele encontrou algo maior do que podia agüentar . Está prestando atenção ? Ótimo . Depois desse encontro ... ele teve que aprender a lutar com apenas uma espada e sem olhos . Está me ouvindo, guerreirinho ? Pois é o que eu vou fazer com você !
Não era o fato dela estar falando aquilo que o assustava . Não era o fato dos olhos dela brilharem . Era o sorriso que ela ostentava, o tom sádico e insano que sua voz tomava, que o assustava . E também o que ela acabara de citar o assustava ...
- Você é louca !
- Oláf disse a mesma coisa .
Aquilo serviu para atiçar a raiva dele . Ele se atirara com tudo pra cima dela, ignorando a dor .
Ela dá um passo para o lado, escapando do soco dele . E vai se esquivando, se esquivando ... embora estivesse dando o seu melhor, Rafaga não conseguia atingi-lá . Pelo contrário, ele apenas continuava seu sorriso sádico e sua risada insana, irritando-o ainda mais .
Ela segura um soco de Rafaga, se aproxima e dá uma cotovelada nele, derrubando-o no chão .
Aquilo só serviu para irritá-lo mais e mais, fazendo-o se levantar novamente .
Ele salta e dá um chute, mas ela desvia ; dá uma rasteira, mas ela salta ; levanta-se rapidamente e dá um chute nela, mas ela bloqueia .
E ela continuava com seu sorriso sádico e sua risada insana . Até que se cansou daquilo . Sua expressão se tornara bastante séria, sem brilho, sem vida .
- Cansei de você, guerreirinho .
Abrindo por completo sua guarda, ela dá um soco na barriga de Rafaga . O mesmo aproveita essa oportunidade e dá um pequeno salto, alguns centímetros apenas, girando o corpo no ar e atingindo a perna no rosto dela; a mulher é arremessado alguns metros para longe dele, enquanto ele toca o chão .
Aparentemente, aquilo havia surtido algum efeito, visto que, embora ela se levantasse, cambaleava um pouco .
Ele recobrava sua postura inicial, ciente dos fatos . Se quisesse vencê-la, teria que utilizar o máximo de suas habilidades . Se tivesse chance .
- Apenas um golpe ... um simples e ridículo golpe ... e isso é mais do que suficiente para levantar sua auto-estima ? Vocês, homens ... hunf ! Eu tenho nojo de vocês ! São cegos para o mundo, capazes apenas de enxergar os seus "sucessos", e incapazes de enxergar seus fracassos !
Ao término daquilo, Rafaga nota algo, o qual havia passado quase que despercebido : sua barriga . Ela havia atingido o golpe . Ao olhar, toma um susto . A parte da armadura que cobria sua barriga ... estava rachada . Também não fugiu de sua atenção o fato de que ele havia sido atingido anteriormente no mesmo local, sentindo muita dor .
- Eu não sei quem é você, ou o quê é você ... mas eu não vou desistir . Mesmo que destrua minha vestimenta de guerra ... mesmo que faça correr pelos campos todo o meu sangue ... mesmo que despedace meu corpo e o espalhe pela imensidão do universo ... eu nunca desistirei .
- Hunf ! Patético ! Vocês, homens, sempre se prendem a si mesmos, e seus discursos inflamados . Acham-se os maiorais, os poderosos, os invencíveis . Acreditam fielmente nisso, que nada poderia destrui-los . Acreditam que são os desbravadores, os criadores, acreditam que são o topo da cadeia hierárquica, que são os que dominam o mundo ... como são tolos . Como eu os odeio . Tenho nojo de vocês ... de todos vocês !
- Você é doente, mulher !
- Eu sou doente ? Eu sou doente ? Pois bem, então, mesmo que eu te despedace, você nunca desistirá, não é ? Então, eu irei destruir ...
Rápida como um felino, ela se aproxima dele, dando uma rasteira . Com igual velocidade, ela atinge sua barriga, milímetros antes dele tocar o chão, o que faz com que ele o atinja com um impacto maior. Ele rola no chão, apoia-se com as mãos e dá uma rasteira nela, mas ela salta, esticando em seguida sua perna e atingindo-o no rosto, arrancando-o à força da posição na qual ele se encontrava .
Tamanha era a força, que seu corpo executava um pequeno vôo bem próximo ao chão; ele não teve tempo para pensar a respeito .
Durante os poucos instantes em que sue cérebro processou a cena, pode apenas ver a mulher correndo rapidamente junto à ele, enquanto seu corpo era arremessado . E ultrapassa-o . Ela estava poucos passos à frente dele, iria atacá-lo ... e ele tinha que fazer alguma coisa .
Girando o corpo, ele cai de pé, jogando em seguida seu corpo para o lado, escapando do ataque dela .
Rafaga investe com tudo, afundando seu punho no rosto dela . Ela faz o mesmo . O resultado é ... inesperado !!!
Rafaga contempla a cena . Seu soco . Seu melhor soco ... havia atingido o rosto dela em cheio ... e ela nem sequer gemeu .
Ele se afasta, com um enorme incômodo no rosto . Ou melhor, no queixo . Ele acaricia seu maxilar, confirmando suas suspeitas : estava deslocado . Ela o havia deslocado .
Ele começa a colocar força naquela parte do corpo, ignorando todo o resto . Precisava estar concentrado para o que iria fazer . Um estalo é ouvido . Seguido de um grito .
* * * * * * * * * * * *
A duras penas, tentava recuperar a consciência, não conseguindo . Estava cansada . Estava abatida . Estava exausta .
Embora tivesse desmaiado devido ao esforço excessivo na noite anterior, ainda não havia se recuperado totalmente . Não estava em sua melhor forma .
Por diversas vezes, havia tentado acordar, mas não conseguia .
Sabia que estava sonhando . Era a única explicação plausível . Sabia que estava tentando fazer alguma coisa antes de desmaiar, só não se lembrava do que ...
Aquilo tocou como um sirene . Mais do que suficiente para tirá-la do mundo dos sonhos .
Rapidamente, recobrou os sentidos . Com todas as suas forças, se levantou, apoiando-se numa das pilastras do quarto .
Ela rasga um pedaço de sua vestimenta que cobria sua perna, e faz uma faixa, a qual amarra na cabeça, enrolando-a fortemente . Por hora, aquilo serviria para reduzir o sangramento .
Ignorando seus ferimentos, ela se retira da sala, o mais rápido que seu estado atual permitia . Tinha que se apressar .
Por que, em seu intimo, rezava para que o barulho que a despertara não fosse o que imaginava que fosse ...
* * * * * * * * * * * *
- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Aquilo havia doido mais do que os ferimentos anteriores . Havia colocado seu maxilar no lugar, mas às custas de muito sofrimento .
Rafaga sempre foi um poderoso guerreiro . Mais do que isso, um guerreiro muito resistente, que não tinha medo da dor, ou de qualquer outra coisa .
No entanto, depois de muitos anos, algo finalmente o assustou : olhar para aquela mulher . Ela estava parada, saboreando a dor que ele sofria ... e seus olhos deixavam bem claro que ela queria mais, muito mais ...
Outro soco . Dessa vez, não deslocou sua mandíbula ... mas ele sentiu que havia perdido algo . Ou algos .
Sem conseguir controlar seu organismo, cospe sangue, acompanhado de alguns dentes .
Ela segura seu braço, e ele tenta se soltar, mas ela não larga . Ele a chuta diversas vezes, mas ela não o solta .
Ela ergue seu outro braço, descendo-o rapidamente em direção ao braço de Rafaga . Infelizmente, aquele era um tipo de dor que ele não podia ignorar .
O punho dela atinge seu braço, gerando uma dor incalculável . Ela o solta em seguida, apenas para ele cair de joelhos, tentando suportar a dor . Ao observar melhor seu braço, o mesmo já não se movia . Não se mexia . Estava meio que ... solto . Quebrado .
- AAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!
Aproveitando que ele estava ajoelhado, ela dá um chute nele, jogando-o violentamente contra o chão . No impacto, ele cai por cima do braço machucado, o que aumenta mais a dor .
No entanto, ele torna a se levantar . Tinha que resistir . Tinha que vencer .
- Hunf !
Ele gemeu pelo som que era emitira, e tentara em vão se esquivar . A perna dela atingiu o ombro do braço machucado, gerando um barulho nem um pouco agradável .
No entanto, ele não havia gritado daquela vez . Não iria dar aquele gostinho para ela .
Mas isso não mudava o estado no qual seu braço se encontrava . Estava virado ... num ângulo não-natural .
Diante de tal situação, qualquer um já teria desistido . Qualquer um já teria pedido para ser morto, para dar um fim ao seu sofrimento . Mas ele, não .
Já passará por situação semelhante . Certa vez, o Grande Sacerdote Zagard ficou extremamente exausto depois de uma cerimônia, e totalmente indefeso . Naquele instante, um Imperador apareceu . A criatura estava descontrolada . Tentara manter contato com ela, tentara usar seu elo com Falcon para acalmar a criatura ... mas não teve alternativa : teve que matá-la . Não foi uma coisa fácil . Um só Imperador é tão perigoso e mortal quanto um grupo inteiro . Eram ele, Zagard e o Imperador . Demorou muito vencer aquela criatura . Ela era tão forte, que despedaçou sua armadura, tomou sua espada de suas mãos, e o deixou gravemente ferido . Mas, mesmo assim, ele lutou até o fim .
E pensar que o Grande Sacerdote Zagard pediu para que ele o lembra-se de recomendar-lhe uma medalha por lealdade ao dever ...
Como ele derrotou a criatura ? Boa hora para descobrir ...
- Pronto para morrer, guerreirinho ?
Rafaga estava parado, quieto, embora algumas lágrimas fossem visíveis em seus olhos . Sabia o que tinha que fazer . Seria sua única oportunidade .
A mulher se aproximava, enquanto suas unhas tornavam a crescer, tornando-se tão ameaçadoras quanto espadas .
Era o momento .
Os olhos dele começaram a brilhar, numa tonalidade bem forte . Tão forte, que até as lágrimas que escapavam entre seus olhos carregavam um pouco dessa luz, parecendo-se muito com pequenos cristais .
Ele ergue seu outro braço na altura do peito, o qual começa a emitir um pequeno brilho .
"No dia mais claro
na noite mais densa"
Sua voz parecia querer sumir no infinito . Então, para a surpresa da mulher, a luz no punho dele se dispersou, restando apenas o punho dele .
- Pretende me derrotar com isso ? Os guerreiros de Cefiro decaíram tanto ...
Ela se aproxima, segura seu pescoço e o ergue, apertando-o . Rafaga podia sentir aquilo . Aquela mulher era mais forte do que o normal . Podia sentir seu pescoço estalar .
Era a sua oportunidade . Se não fosse agora, não seria nunca .
"o mal sucumbirá ante a minha presença !"
Um brilho surge no peito de Rafaga . Ele cresce e para quando atinge o tamanho de um melão, assustando a mulher sem, no entanto, fazê-la solta-lo ;
- Fim da linha – ele dizia, sentindo uma enorme dor para dizer aquilo – LUMINAIRE !!!!!!
Luminaire . Uma magia poderosa . Muito provavelmente, a mais poderosa magia de ataque baseada em luz . Uma magia criada pelo amor de um homem à sua terra . A sua amada Cefiro .
Um golpe que gerava uma redoma de pura magia . Exatamente isso, não era apenas luz . O conhecedor desse poderoso ataque estudava intensamente a teoria da magia, e tomava proveito disso . Canalizando toda a sua magia para o seu interior, e fazendo-a explodir em seguida, se conseguia a magia Luminaire . Uma poderosa magia criada pelos seus ancestrais, passada de pai para filho .
No entanto, cobrava um preço alto : desgastava, e muito, quem a utilizasse . Pior, ainda havia um porém . Essa magia gerava uma redoma que crescia a cada instante, atingindo tudo e todos que estivessem na sua área de ataque ... inclusive o mago que a realizou . Um ataque poderoso e devastador ... mas que exigia que seu usuário tivesse pleno certeza de que realmente precisava utilizá-la, uma vez que colocava em risco sua própria vida .
Rafaga havia utilizado esse ataque contra o Imperador . O templo de cerimônias de Zagard foi completamente destruído, e o mesmo só não foi atingido também pelo ataque por que seu irmão, Lantis, surgiu e o retirou do local, a pedido de Rafaga .
Mas Rafaga sabia o que estava fazendo . Sabia que, o que tivesse que fazer, o faria . Por que sabia, no final, tudo daria certo ...
Priscila acabava de chegar ao portão principal do castelo, quando viu aquilo . Impressionante . Rafaga havia aprimorado o golpe de maneira surpreendente . A pergunta era : estaria vivo e quem seria seu terrível inimigo, que o obrigou a utilizar uma técnica tão perigosa ?
A redoma crescia cada vez mais, cada vez mais ... até que se dispersou, espalhando sua forma oval, como se nunca houvesse estado ali .
O terror tomava conta de Priscila .
E de Rafaga, também .
Já não sentia mais seu corpo . Depois daquele golpe, era um milagre que ainda estivesse vivo . Aliás, sentia sim : dor . Sentia como se seus ossos tivessem sido esmigalhados, se é que não o foram . Mal conseguia manter sua cabeça erguida, encarando sua agressora . Um filamento escorria por sua boca e testa, aumentando cada vez mais .
A mulher ... ainda estava ali, quase ilesa, a não ser pelo fato de que havia perdido um dos olhos, e metade do rosto estava em carne viva ! Ele podia ver as gengivas da mulher, uma vez que metade de seu lábio superior não existia mais . E não era só isso . O braço esquerdo dela, o qual estava livre ... não havia muito dele para ser chamado de braço . Isso por que a única coisa que restara era o ombro, com um rombo enorme, do qual vertia sem cessar um liquido negro e corrosivo . Isso ele deduziu quando notou que o liquido queimava tudo que tocava, o que incluía a própria perna da mulher .
E por falar em rombo, havia um enorme na barriga dela, uma vez que aquela parte estava de frente para o local de onde o golpe de Rafaga saiu . Não era um simples rombo, mas um buraco que atravessava seu corpo, e permitia que fosse visto o castelo por detrás dela, ao fundo .
Mas, o que fazia o sangue de Rafaga gelar ... era o fato dela estar sorriso . Céus, como aquela coisa poderia estar viva ?
- Isso foi extremamente doloroso . Faz muito tempo desde a última pessoa que me fez sentir dor de verdade.
- C-c-c-como é ? Q-quer dizer que ... meus golpes ... até a-a-agora ... ?
- Refere-se àqueles ataques ridículos ? Eu mal os senti . A dor me fortalece, mas é surpreendente que um simples humano consiga provocar tanta dor em alguém . Meus parabéns . É digno de louvores . Agora, permita que eu acabe com isso de uma vez por todas ...
Se o que vira até agora não fora o suficiente para destruir sua sanidade, aquilo o seria .
Aquele liquido negro começava a se espalhar pelos ferimentos que ela possuía na rosto, cobrindo parte de seu rosto . O que ele viu fui assustador : aquele liquido, tomou uma coloração avermelhada ... numa tonalidade escura ... um vermelho-escuro bastante agressivo ... e assustador .
Só então ele se tocou ... aquela gosma vermelha ... era sangue ! Não sangue comum, mas algo muito ... mas muito ... corrompido .
Aquele liquido começa a borbulhar no rosto dela, e o impossível acontece : Ele começa a tomar formas no rosto dela, até que começa a secar . A medida que seca, Rafaga percebe que ele vai tomando o lugar da pele, dos olhos ... até que a pele destruída estava totalmente restaurada ! E não era só isso, pois o lábio semi-destruído, o nariz, a gengiva ... tudo estava lá, restaurado ! Até o olho que ela havia perdido, havia um novo no lugar !
Mas o circo de horrores não parava por ai . O líquido que escorria pelo cotoco de seu braço, também tomara uma tonalidade vermelho-escura . Não obstante, uma quantidade enorme de sangue escorrida, o qual começava a se moldar, até tomar o formato de um ... braço ! E, da mesma forma que o rosto, o sangue ia diminuindo, sumindo, dando lugar a um braço totalmente novo !
Cansada do jeito que estava, Priscila corria com o resto de suas forças, tentando alcança-los .
- Você ... você ... é ... é ... um monstro ! Não é uma mulher ... é um monstro !
- Eu sou ? Pois eu não concordo com isso . O que me faz um monstro ? Meu jeito de agir ? Meu jeito de falar ? Não importa . É o fim da linha pra você !
- Falcon ... por favor ... eu só te peço isso ... por favor ...
As unhas do novo braço dela tornam a crescer . Priscila corre mais rápido . Ela retrai o braço . Priscila tenta aumentar a velocidade, tropeça, e começa a perder o equilíbrio . As garra da mulher se aproximam ameaçadoramente de Rafaga . Falhando em se manter de pé, Priscila cai . Num último esforço, ela ergue seus olhos ... apenas para ver as garras da mulher atravessando o corpo de Rafaga . Por alguns instantes, ela o ergue, sacudindo-o várias vezes no ar ... e então, o larga no chão . Ela dá um chute nele, apenas para confirmar sua morte . Ele não se mexe .
- Hmmm ... – ela lambia suas unhas, saboreando o gosto de sangue de Rafaga – bom, muito bom . Até que essa luta valeu a pena ! Pena que ele tenha implorada ajuda a seu servo no último instante .
- Sua ... sua ... sua desgraçada !
- Hã ? Como ? Ora, e quem é você ? Outro projeto de Oláf ?
- Você ... você ... eu vou te matar !
- Ora, por favor ... não tenho tempo para isso . Já perdi muito tempo com esse garotinho aqui . Não tenho tempo para brincar com você . Portanto, se me dá licença ....
A mulher ergue o dedo indicador esquerdo, e Priscila ouve um forte estrondo em seguida .
Se não tivesse visto, não teria acreditado : a barreira que impedia que qualquer um se aproximasse de Cléf ... havia se transformado em uma esfera semitransparente, e agora estava flutuando . Havia destruído o teto do castelo para passar ... e agora estava indo na direção daquela mulher . Ela tinha que fazer alguma coisa . Do contrário, seu irmão teria morrido em vão .
A mulher dava as costas para Priscila, enquanto se afastava, com a esfera seguindo-a; ela tinha que fazer alguma coisa .
Naquele instante, em meio a dor de ter perdido seu irmão, a angústia de ter presenciado isso e não ter feito nada, ela se lembra . Se lembra de como essas coisas começaram ... como chegaram ao nível atual ... e como terminariam . Ela não podia permitir isso .
De alguma forma, tinha que detê-la .
No entanto, Priscila era uma guerreira .Uma guerreira honrada, que seguia fielmente o código do combate . E, entre eles, estava o de lutar com seu oponente em igualdade de condições . Fora por esse motivo que Rafaga não pediu ajuda a Falcon, pensava . Talvez, se ela utilizasse o Blacksmith ...
Não, não era só isso . Blacksmith era um servo ... mas era muito mais do que isso . Estavam ligados . Estavam unidos . Um sabia o que o outro sentia . Ele era muito mais do que um amigo .
E ela não utilizaria um artificio tão baixo para vencer . Se fosse para derrotar aquela mulher ... se fosse para recuperar sua honra ... seria de maneira honrada . O jeito que ela segurava Rafaga ... ele parecia acabado . Não só fisicamente, mas também moralmente . Ela deve ter despedaçado o orgulho dele .
Levantando-se e sentindo dor em partes do corpo que nem sabia que existiam, Priscila anda em direção a mulher, a qual já estava distante . Iria derrotá-la . Iria matá-la . Iria ... recuperar a honra ... sua e de seu irmão .
- FLOAT !!!
Lançando uma magia de levitação sobre si mesma, Priscila distancia-se do chão, e ruma em direção a mulher . Seu corpo pedia um descanso . Implorava por um descanso .
- ESPERE !!!
A mulher se surpreendeu com aquilo . Pelo visto, se atrasaria ...
- Outro verme . Quando é que vocês irão desistir ? Será que eu terei que exterminar com todos os seguidores de Oláf ? Hmm ... que boa idéia eu tive ...
- Você não vai matar mais ninguém ... por que eu vou te matar !
- Venha ... e cumpra sua promessa ... se puder !
Num rápido movimento, Priscila voa por cima dela, e paira em suas costas . Aproveitando a surpresa dela, Priscila a agarra pelas costas, e eleva-a as alturas .
- Largue-me, sua idiota ! Não tenho tempo para ...
- Pode me chamar do que quiser ... mas seu destino é certo . Não permitirei que leve Cléf, entendeu ? NUNCA !
"No dia mais claro
Na noite mais densa
O mal sucumbirá
Ante a minha presença"
- Esse ataque novamente ... vamos, pode utilizá-lo novamente ! Vamos, utilize-o quantas vezes quiser ... mas esteja avisada, eu sempre retornarei ! Posso me recompor livremente !
- Sim, meu irmão utilizou esse mesmo ataque contra você, é verdade . – e, enquanto isso, ambas se aproximavam cada vez mais da esfera que prendia Cléf – mas ele não utilizou todo o poder dela . Na queria causar danos ao castelo ... aos seus soldados e a mim . Agora ... prepara-te para receber o poder máximo dessa técnica que foi passada de pai para filho, por gerações !
"O SEGUIDOR DO MAL TOMBA DIANTE DO MEU PODER !!!!!"
- Morra, criatura da escuridão ! Pelos poderes concedidos a mim, e como líder da Espíritos de Aço ... eu te condeno à destruição Eterna ! LUMINAIRE !!!!!!!!!
Aquilo realmente surpreendeu a mulher . Não achava que Priscila estivesse falando sério . Enganou-se . O Luminaire era incrível, e ela demonstrara que ele era mais poderoso do que aparentava . A mulher não tinha mais dúvidas de que Rafaga não utilizara o máximo dessa técnica .
De igual forma, a redoma que se forma em pleno ar, atinge o prisão de Cléf, e o choque de magias se forma . Por um lado, a barreira tentava segurar o ataque, e por outro, a redoma crescia dava vez mais .
Priscila havia calculado bem a altura e o tempo . Do contrário, teria realmente destruído o castelo . Estavam a uma altura considerável, o suficiente para a redoma não atingir o castelo ... ou o que estivesse no caminho .
Nenhum grito . Nenhum choro . Nenhum barulho . Era uma coisa linda de se ver . Aquela enorme bola luminosa, ganhando os céus de Cefiro .
Até que, embora tivesse demorado mais tempo do que o ataque de Rafaga, a Luminaire se desfaz, como anteriormente . Não havia mais nada ali . Nada da mulher . Nada de Priscila . Nada . Nem ninguém . Apenas ... Cléf . Sua barreira estava tremendamente avariada, sofrendo muito devido ao ataque .
Não resistindo, ela também se desfaz, libertando Cléf .
Infelizmente, de nada adiantaria aquilo : da altura que estava, e com aquele sangramento, morreria por causa da queda . E, dessa vez ... não havia ninguém para ajudar .
Eis que um som extremamente forte cruza os céus . Se houvesse alguém ali, primeiro ficaria espantado, depois ficaria apavorado . Seja o que for, era enorme . Era dourado, como o ouro, tinha o tamanho de um leão e se manobrava com uma agilidade igual a de um beija-flor ;
Eis que, pouco antes de Cléf tocar o solo, a criatura o agarra com suas garras, evitando o choque que culminaria em sua morte .
E, da mesma forma que surgiu ... ela vai embora ... carregando Cléf ... e deixando aquele trágico campo de batalha ...
Não percam !!!
(Caldina) – Aiaiai ... Rafaga ! Priscila ! Uiuiui ... por que isso tinha que acontecer com vocês ? Rafaga, nosso filho ... por que ?
(Cléf) – Eu ... me desculpe ... me desculpem, por favor ... a culpa ... é toda minha . Por minha causa, ele escapou ... mas não permitirei que aterrorize nosso povo novamente !
(Caldina) – Cléf ? Mas ... o que vai fazer ? Fério, Lantis, Askot, Alcione, Priscila, Rafaga ... não sobrou mais ninguém ! Nossos três melhores guerreiros falharam ! Pretendes pedir ajuda a Espíritos de Aço ?
(Cléf) – Não, eu ... eu farei ... o que devia ter feito desde o principio ...
Não percam no próximo capítulo de RAYEARTH 3 - THE MOVIE :
"A Lenda Renasce : As Guerreiras Mágicas de Rayearth"
- Guerreiros de Rayearth ... perdoem-me por quebrar sua paz mais uma vez ... mas eu lhes imploro ... ajude-nos !
