Nota do Autor : Esse fanfic é baseado na série de OAV de Guerreiras Mágicas de Rayearth, o qual é conhecido como Rayearth, mas muitos o apelidaram de Rayearth 3 . Podem haver partes aqui que estraguem sua surpresa, portanto pense bem antes de ler, pois eu não o avisarei mais . Sem querer fazer propaganda, mas já fazendo, se por acaso você se interessar, você pode conseguir a série de vídeo legendada em português através do fansubber conhecido como Shin-Seiki ) São duas fitas, e eles cobram um preço em torno de sete a nove reais por fita de excelente qualidade, demorando cerca de quinze a vinte dias para entregar seu pedido em qualquer lugar do Brasil . Pois é, abra seu olho quando aquele "colega" tentar te "passar" alguma fita "amigavelmente" por quinze reais ... é chato um grupo ter todo o trabalho enquanto outros lucram. Desde já gostaria de me desculpar ao webmaster pela propaganda que acabei fazendo sem querer . Infelizmente, é o que costuma acontecer no Brasil : alguns tem boas idéias e se esforçam para as coisas darem certo, e muitos se aproveitam para lucrar com isso .
Mas, comentários a parte ... vamos ao que interessa !
Gostaria de dedicar esse capítulo em especial ao Ryoga K2R, autor do ótimo Paraíso, a Ana-chan, autora da Trilogia Memórias, A História de Hiei e Parceiros, e também ao Kenohki, autor de A Ave do Lago Stínfale, um fanfic de Pokemon cujo maior atrativo é o fato do autor não ficar preso na mesmice de sempre, e conseguir(muito bem, por sinal) criar uma história divertida, dramática e comovente, ao mesmo tempo em que não deixa de lado a essência básica de Pokemon e de outros animes : criar uma história baseada em um anime especifico que consiga manter preso os leitores e que não perca as características que fizeram um anime especifico ser tão adorado por milhares . O mesmo vale para os outros dois autores . Leiam essas histórias, eu recomendo .
Último detalhe ( e esse é muito importante para a compreensão de várias partes do fanfic) : A série de OAV Rayearth reconta a série original, trata-se de um recomeço, onde tudo apresentado anteriormente é desconsiderado para dar lugar a algo novo, portanto ....
Continuemos, então .
Luz ... camera ... ação !
- Largue-me, covarde !
Em outras épocas, Windam não seria capaz de acreditar que Ceres, o sábio e paciente, teria dito tal coisa . No entanto, tais épocas já haviam passado, e as coisas agora haviam mudado de terreno . No momento, os dois mashins recém – derrotados pelo seu maior inimigo sobrevoavam os céus de Cefiro, enquanto observavam a imensa montanha erguida por Giorvel, de uma grande distância .
- Eu disse para me largar, Windam !
- Você está perdendo o controle sobre si próprio, Ceres . O que houve com seu modo de agir ? Você não é ela, lembre-se disso .
- Solte-me ! Prefiro arriscar minha vida do que ficar aqui de braços cruzados enquanto Lexas é torturado !
- Não conseguiremos nada em nosso atual estado, não seja dominado pelo seu ódio ! Você não é ela, ela agiria assim, não você .Você é o mashin Ceres, membro da tríade Rayearth, lembre-se disso !
O gigante azulado para de se debater, acalmando-se . Windam o encara, satisfeito com o resultado .
- Para continuarmos, temos que tentar outros meios . No entanto, nada podemos fazer para deter Giorvel, nada .
Ele se movimenta rapidamente, cobrindo os céus de Cefiro com uma velocidade surpreendente . Ceres, no entanto, apenas aguardava . Seja o que Windam fosse fazer, ainda assim estavam perdendo tempo enquanto seu companheiro era torturado . E como deveria estar sendo .
- Adiante, companheiro – Windam apontava com seu enorme braço para uma montanha enorme, a qual não escapou dos olhos de Ceres . Não era simplesmente uma montanha, mas a elevação mais alta de toda Cefiro, a qual se estendia por quilômetros e quilômetros, cruzando os céus dessa terra .
O Pico dos Imperadores .
- Hunf ! Que planejas em tal lugar, Windam ? Achas mesmo que Falcon nos ajudará ? Crê mesmo que nos unindo a ele será o suficiente ?
- Nunca conseguiremos de tal forma . Giorvel tornou-se poderoso demais depois de ser banido para aquele lugar . Não imaginava que ele venceria a tormenta e se tornaria o senhor daquela dimensão .
Windam pousa no topo do pico, soltando Ceres . Como o esperado, os Imperadores ficaram apreensivos com a sua chegado, mas não demonstravam nem um pouco de medo, pelo contrário, estavam prontos para atacá-los . Não que eles tivessem alguma chance contra aqueles dois mashins mas, no estado em que se encontravam, um ataque combinado de dezenas daquelas criaturas fantásticas poderia gerar resultados assustadores .
Eis que, como Windam já esperava, os Imperadores se aquietam, observando-os atentamente .
- Eu o aguardava, Imperador dos Céus .
- Falcon ... – ele se dirigia para nenhum lugar em particular, visto que a voz vinha de lugar algum – vistes o estado atual no qual se encontra sua terra ?
- Tenho acompanhado pacientemente, mas eu mesmo não tenho capacidade para agir . O Giorvel que foi destruído era um farsa, uma cópia infinitamente mais fraca que o original, e mesmo assim me causou grandes problemas . Mesmo que uníssemos nossas forças, pouco faríamos contra Giorvel . A besta assassina retornou ainda mais poderosa de seu exílio, e nós não podemos fazer nada contra ele .
- Falcon – O dragão azulado se dirigia a ele – por acaso se esquecestes de quem nós fomos ? Por acaso não se lembra de quem confinou Giorvel ?
- E, no entanto, falharam .
- Nunca diga que não há esperanças . Eu ainda não desisti de resgatar Lexas, e nada me fará desistir . Se vai nos auxiliar, voltemos ao covil de Giorvel e o distraia enquanto salvamos Lexas .
- Isso simplesmente não funcionara, Ceres . E você sabe disso .
- Vai funcionar, pois poderemos nos tornar um novamente, e nada poderá nos deter .
- Mesmo assim, ainda é insuficiente – dessa vez, Windam interrompia os dois – mesmo que nos unamos, ainda assim será insuficiente . Com um simples disparo Giorvel aumentou os poderes de Rancor de tal forma que ele nos derrotou facilmente e deixou Lexas naquele estado, e você não está em condições de lutar agora, se o fizer, será destruído por completo .
Windam observava Ceres . O estado dele era lamentável, visto que seu corpo estava coberto de rachaduras, que pegavam da cauda até a cabeça .
- Pois a nossa única esperança reside em Lexas ! Se ele deixar de existir, nada mais adiantará ! Mesmo que não sejamos capazes, ainda assim teremos alguma chance, por menor que seja !
- Ceres – a voz de Falcon ecoava pelo lugar – o que faz que tome atitudes tão precipitadas ? Será que não entende que Giorvel nos destruirá tão logo nos aproximemos ?
- Isso é inútil – Windam mais uma vez os interrompia – tudo isso é inútil . Nada do que façamos fará diferença, e ambos sabem disso . Do jeito que está, Giorvel logo completará sua vingança, e nós não poderemos fazer nada .
(Ceres) – E o que você tem em mente, Windam ?
(Windam) – Eu sugiro ... que tomemos medidas extremas para combater essa situação extrema .
(Ceres) – POIS EU ME RECUSO !!!!!
Ceres se afasta de Windam, correndo . Ao chegar na borda do pico, ele salta, para a surpresa dos observadores .
(Windam) – Ceres ! Não !
O gigante azul desaparece em meio a queda, para a surpresa de Windam . Sua lógica não lhe permitia entender o que estava ocorrendo ...
Ele realmente disse "lógica" ? Isso não podia estar acontecendo com ele .
- Windam, o que se passa com ele ?
- A luta contra Giorvel despertou um lado oculto de Ceres, uma personalidade caótica que se recusa a permanecer em paz, querendo sempre enfrentar qualquer desafio que encontra .
- Caótica ? Como ele conseguiu isso ?
- Essa foi a parte dele na divisão, a sua característica oculta que começa a se revelar depois de uma derrota humilhante para um inimigo que enfrentou antes de se tornar Ceres . Assim como eu . Durante o momento em que nos dividimos, haviam três mentes presentes, as quais, com suas personalidades fortes, definiram o que seriamos . Fui afetado diretamente pela mente ordeira, e agora irei recorrer a ela para garantir que Giorvel jamais cause algum mal .
- Mas, pelo que pude observar, vocês disseram para as escolhidas que não haviam absorvido a personalidade dos escolhidos anteriores .
- Eu menti . Fiz isso para poupar os escolhidos anteriores, os quais nos fizeram jurar que nunca nos encontraríamos novamente . No entanto, essa promessa já foi quebrada ... quando Esmeralda atacou RayEarth .
- Imperador, estás dizendo que pretendes ...
- Sim, é o que farei . Irei quebrar meu juramento mais uma vez, a promessa que fiz pouco depois de ter sido criado .
- Mesmo que isso signifique ir contra todos os princípios dos Mashins ?
- Sim . Se isso significa violar o pacto sagrado que foi feito, se significa a salvação de Cefiro e de todos os outros mundos, então eu o farei, buscarei o único que pode deter Giorvel .
- Tens mesmo certeza disso, Imperador ? Irás trair as memórias daquele que confiou em ti ? Ainda mais sendo justamente ele quem o criou e pela personalidade que ele possui ...
- Não, não é este quem eu irei buscar, mas outro, o qual é responsável pela minha existência, uma vez que passei a existir depois que sua mente foi assimilada criando o ser conhecido com Windam . Aquele ao qual você se refere é outro, e em nenhuma hipótese deve ser despertado, do contrário ...
xxx
- Velho inimigo ... pronto para experimentar do sofrimento eterno ?
Giorvel aponta os dedos para Lexas, emitindo faixas de luz de cada um, os quais se enroscam no corpo de Lexas e em seguida prendem-se nas paredes, erguendo o gigante, deixando-o de pé, forçadamente . Embora esgotado fisicamente, ele tentava se mexer, mas as faixas estavam enroscadas em diversas partes de seu corpo, impedindo seu movimento .
- Exatamente como eu quero, quieto e desprotegido .
- GRAAAAAAUUUUUU !!!!!!!!
- O que pensas que esta fazendo ? Ouvi coisas mais assustadores no local aonde me confinou . Seu rugido é como o canto de uma cigarra comparado a isso . Talvez seja melhor eu resolver isso de uma vez por todas .
As faixas começam a diminuir de espessura, tornando-se cada vez mais finas, de forma que acabam se tornando fios, os quais continuam enroscados em Lexas .
Embora enroscado, o gigante ainda assim tenta se mexer, descobrindo instantaneamente o seu erro .
Um corte . Um profundo corte . Afiado como navalha, um dos fios, o qual estava enroscado em seu braço esquerdo, gera um filete de sangue – gigantesco, se for considerado o tamanho do mashin – fazendo-o sofrer uma dor incontrolável .
- GGGGGGGRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAAAAAAA !!!!!!!!!!!!!
- Agora sim estou começando a ficar assustado . É esse tipo de grito que me assusta, o da dor . Interessante saber que você pode sangrar ... como se chama mesmo ? Ah, claro, Lexas . A parte guerreira de Rayearth . Era por isso que não sentia tua presença em momento algum . Mas o que faço contigo agora ?
Envolto em uma aura negra, Giorvel flutuava a centímetros da face de Lexas, questionando-o . O leão tenta atacá-lo, apenas para sentir os fios cortando seu corpo em outro ponto, de forma que um novo urro de dor é emitido, enquanto ele se detém .
- O que foi ? Não pretendia me atacar ? O que faço contigo, Lexas ? Tenho toda a eternidade para me divertir, todo o tempo do mundo para me vingar, e não consigo imaginar que tipo de coisas posso fazer com você . Cefiro já não me interessa tanto assim, uma vez que o tenho .
- Isso não ficará assim, Giorvel ! Em algum lugar, em algum momento, teu reinado será detido !
- Pois eu espero – Giorvel se aproxima cada vez mais da face de Lexas, cada vez mais ... – que os próximos sejam mais desafiadores do que você .
Ele iria fazer aquilo . Por mais que pensasse em se mexer, Lexas não conseguia, pois sabia que se mexer apenas pioraria as coisas . Como se tudo estivesse em camera lenta, Giorvel aproxima sua mão de seu olho direito ... se ao menos estivesse unido com aquela garota, ainda teria alguma chance ... lá estava ela, caída no chão, ao lado de suas amigas . Quem poderia imaginar que seriam derrotados tão facilmente ? Se estivessem unidos, talvez pudessem ... não, algo lhe dizia que, mesmo que estivessem unidos, ainda assim não seria possível derrotá-lo . Se ele escapou daquela dimensão, então nada poderia derrotá-lo . Nada . Mesmo que eles estivessem usando sua antiga ...
Seus pensamentos são violentamente interrompidos pela dor, uma dor talvez tão grande, senão maior do que a que teve quando foi destruído por Águia, com a diferença que, desta vez, estava vivo depois da dor . Giorvel, antigo Guru de Cefiro ... estava com um dos braços encravados no seu olho direito . Nesse instante, ele tentava, mas não conseguia controlar seu próprio corpo, de forma que se contorcia mais e mais, fazendo os fios se moverem e cortarem diversas vezes seu corpo . O sangue espirrava para todos os cantos, enquanto que uma agonia devastadora aumentava a cada instante . Mas isso sequer chegava próximo da verdadeira dor, aquela causada por Giorvel . O mesmo ainda continuava com o braço encravado em sua vista e, nesse exato momento, estava arrancando o globo ocular do leão . Ele ruge, mas no instante seguinte fios se enroscam em sua boca, de forma que ao move-la, os mesmos cortam-na, ferindo-o mais e mais . Sem saída, ele se cala, evitando se mexer, embora fosse algo impossível . Mas ele consegue .
- E então, Lexas – Giorvel continua puxando com o braço o globo ocular gigante – como é querer gritar mas não poder ? Creio que seja equivalente a gritar e ninguém ouvir . Todos esses anos em que eu estive naquele lugar, toda a agonia que eu passei ... eu tive muito tempo para pensar nisso, mashin . Cada momento que passava, cada instante em que eu sofria, só pensava nisso, no dia em que nos encontraríamos novamente, no dia em que você experimentaria a mesma dor que sofri . E, agora ... recebe tua parte, mashin miserável !
Com um único movimento, cruel e decisivo, ele puxa o seu braço de volta, trazendo junto o que chamaria se souvenier : o olho do gigante . Tamanha é a força, que o globo escorrega de seu braço, atingindo o chão e se afastando do dono .
Em momento algum de toda a existência alguém poderia imaginar o que seria a extensão máxima da palavra dor . Giorvel sabia muito bem . Havia sido confinado em uma dimensão sombria, da qual seus poderes de nada valiam . Um lugar aonde a mágica existe, mas em sua potência máxima, de forma que a mais poderosa barreira de proteção não vale de nada contra algum ataque dela, pois é a própria dimensão quem está realizando o ataque, fora o fato de que, em tal lugar, o existência da vida é impossível, pois como seria possível haver vida em tal lugar ? A única coisa similar a isso são as energias negativas, as quais geram estranhas criaturas sombrias . Criaturas que vivem de energia e, para consegui-la, devoram umas as outras, num eterno jogo de presa e caça, na qual ninguém é o mais forte . Quantas vezes ele havia sido atacado por essas criaturas ? Dez ? Cem ? Em um lugar aonde o sofrimento é eterno, isso não tem a menor importância . E tais criaturas eram o menor dos problemas, visto que a própria existência de Giorvel em tal lugar era um desequilíbrio à caoticidade do local, que não permitia nenhuma forma de vida . Quantas vezes a própria dimensão se voltou contra ele, descarregando toda a sua fúria contra aquela ... aquela ... aberração ? Por quantas vezes ele sobreviveu por pouco, temendo que não sobrevivesse ao próximo ataque ?
Logo, vendo as coisas de tal forma, não é tão difícil imaginar que a brincadeira com Lexas apenas começou, e que perder seu aparelho de visão foi apenas o começo da dor .
Ah, claro, não podemos nos esquecer do gigante . Afinal, como definir a dor sentida naquele instante ? Enorme ? Aterradora ? Abissal ? Não importa, não poderia ser definida . Sequer poderia ser demonstrado aqui o grito emitido por ele, pois ainda assim não se compararia ao real sofrimento pelo qual ele passava . Se o simples fato de ter seu globo ocular arrancado não fosse o suficiente, bastava saber que, diante tal fato, ele perdera o total controle de seu corpo, mexendo e remexendo-se numa agonia alucinante, tentando desesperadamente levar as mãos até o local do ferimento e fazer cessar a dor, mas como estava preso, isso não era possível e, como estava se movimentando desesperadamente, os fios de luz que o prendiam começaram a agir . Impiedosamente, seu corpo era severamente castigado, seja um corte nos braços, seja um corte nas costas, no focinho, na boca, na face, no peito ... por mais que ele tentasse parar de se mexer para impedir que os fios o cortassem ainda mais, a dor de ter um olho perdido prevalecia e, somada a dor dos cortes, ele se debatia mais e mais, enquanto que seu corpo sofria cortes cada vez maiores ...
Giorvel, ainda parado centímetros diante dele, apenas observava friamente o sofrimento do gigante .
E, próxima a Umi, Fuu e Hikaru, estava Veneno, observando Giorvel se deliciar com o sofrimento do gigante .
Que se dane . Aquilo não era de seu interesse . Seu peito parecia querer explodir, tamanha era a sua frustração por não ter conseguido o que tanto queria . Aquela mulher, como ela odiava aquela mulher . Por que ela não estava aqui, por que essa garota comandava o mashin das águas ? Como odiava aquela mulher, a que havia prendido-a naquela dimensão . Ao seu ver, algo pior do que a morte, pois estivera aprisionada enquanto via todo o oceano ao seu redor, sem poder tocá-lo . E como ela odiava não poder fazer nada ! Anos e anos observando a água, mas não podia tocá-la simplesmente por que estava presa . No principio, queria ajudar aquela mulher .... mas agora iria matá-la com o maior prazer, com todo o seu ódio, justamente o que a manteve viva durante esse tempo todo . À possibilidade daquela mulher estar morta sequer lhe passava pela cabeça, tamanho era o seu ódio .
O leão continuava se debatendo, sendo cada vez mais ferido . Quem o visse naquele momento não acreditaria que ele era Lexas . Seu corpo, sua armadura ... ele estava banhando em sangue, seu sangue . Súbito, ele para de se mexer, simplesmente por que seu corpo estava tão fraco, tão ferido, que não tinha mais forças para se mover . Tão profundos eram os cortes, que novos cortes eram praticamente ignorados devido a dor que havia passado anteriormente . Ele perde por completo a força em suas pernas, ficando dependurado pelo pescoço e braços, os quais sofriam novos cortes, mais profundos do que os anteriores, devido ao movimento do gigante . Mas este sequer reagia, pois os cortes anteriores haviam esgotado-o por completo . Preferia ter morrido, pois ao menos não sofreria mais .
Mas ele sabia que não estava morto, pelo contrário, estava bem vivo . Mal conseguia perceber o que se passava ao seu redor, mas sabia que estava vivo, para seu azar . Se isso pelo qual ele acabou de passar não fosse nada perto do sofrimento que Giorvel experimentou, então ele não queria ter que passar pelo resto ...
- Excelente . Havia testado isso anteriormente em diversos espécimes, e confesso que estou surpreso . Nem mesmo uma fada estaria viva depois disso, pois o choque de sentir a morte se aproximando por todos os lados já seria suficiente para derrubar qualquer tipo de criatura . Mas, mesmo que seja um mashin, vejo que é bastante resistente . Mas você me deixou curioso, Lexas . Depois do que acabou de passar, e já lhe aviso de que não permitirei que morra tão cedo, pois tenho muito mais para fazer a você ... ainda acredita que alguém seja capaz de me derrotar ? Acha mesmo ? Nem se você voltasse a ser Rayearth conseguiria tal feito !
Indefeso como um gatinho, ele nada podia fazer . Se possuía alguma força anteriormente, agora não restava nenhum resquício dela . Mas o pior, se é que poderia haver algo pior do que isso ... é que ele sabia que Giorvel estava certo . Se os guardiões de Cefiro falharam, eles então teriam poucas chances a mais do que eles . Falcon, Blacksmith ... se eles foram derrotados, então suas chances de vitória seriam poucas, mesmo que voltassem a se tornar um . Nem se Rayearth e o magnifico mashin do Sacerdote Zagard atacassem juntos, ainda assim não seriam capazes de enfrentar todo o poder de Giorvel, justamente por que ele sabia que a magica dele era poderosa demais para limitar-se a um truque tão simples quanto fios cortantes .
- Ray ... Earth – os fios se encravavam ainda mais em seu focinho, mas ele já não sentia mais dor, já que o mesmo estava em carne viva .
- Implora por tua Terra, mashin ? Não se preocupe, pois antes que você morra, terás a chance de ver o que farei a tua Terra tão amada !
- Você não fará nada, monstro miserável .
Giorvel se vira, surpresa com tal afirmação . Ceres, Windam, Falcon, Blacksmith, Cléf ... até os descendentes de Oláf eram esperados, mas tal frase fora dita justamente pela pessoa menos esperada . Em verdade ele estava bastante surpreso, já que, diante dele, estava a única pessoa que ele não esperava encontrar ali .
- O filho pródigo torna a casa ...
- Não sou seu filho e, mesmo que fosse, você não mereceria ser chamado de Pai !
- O que faz aqui, traidor ?
- O único traidor aqui é você !
- Ousas me acusar, depois de tudo o que fiz por você ? Eras um simples e patético guerreiro fracassado, o qual eu tive pena e salvei a vida certa vez e desde então resolveu dedicar sua vida a me seguir e proteger . Patético ! Como se eu precisasse da proteção de uma criatura tão fraca quanto você, Tléb !
- Você era o Guru desse mundo, como pôde decair tanto ? Antes eu tivesse atendido ao teu apelo e tivesse te matado naquele dia !
- Do que falas, traidor ? Que ilusão é essa ? Você, me matar ?
- Não se faça de idiota ! Tenho certeza de que não se esqueceu do que houve
naquele dia ! Tínhamos que chegar ao outro lado da montanha e você decidiu escalá-la, contrário aos meus protestos ! Por que fez aquilo, Tléb ? Como uma criatura tão sábia foi cair em um erro tão primário ?
- Montanha ... ah, agora estou me lembrando . Refere-se àquela criatura patética que encontramos ? O elfo ?
- Você não parecia tão confiante quando o encontramos . Eu tinha lhe avisado de que aquela montanha era o território de um elfo, e que viajantes era proibidos, mas você quis me ouvir ? Não, não quis ! Disse que cruzaria a montanha sem o menor problema e se o tal elfo aparecesse, conversaria com ele !
- Sim, eu me lembro ... que pensamento fútil eu tive, tal criatura deve ser exterminada ao menor contato . Elfos ... hunf !
- Você sabia muito bem que não era um simples elfo, e sim um Alto elfo ! Sabe muito bem que essa espécie de elfos podem chegar a ser ainda mais poderosos do que os elfos, se é que elfos "normais" já não eram terríveis . Tal criatura estava viva sobre a face de Cefiro por milhares e milhares de anos, praticamente viu Cefiro nascer !
- E, no entanto, era uma criatura tola .
- A culpa é sua ! Ninguém disse que a sabedoria trás apenas vantagens ! Tal criatura tinha uma arrogância enorme, e ainda por cima desprezava qualquer forma de vida que não fosse igual a sua ! E você ainda teve que ter a audácia de querer lutar com ele pelo direito de cruzar a montanha !
- Não pense que uma simples criatura pode me intimidar e me impedir de fazer o que quero, Tléb . Você deveria fazer isso, e o erro foi dele em me amaldiçoar .
Maldição . Uma palavra pesada, a qual ecoava nos tímpanos de Tléb . Ele se lembrava muito bem de todos os fatos, como se tivessem acabado de ocorrer . Como esperado, o Alto elfo derrotou Giorvel, mas achou que a morte não era o suficiente para ele . Ele o amaldiçoou a depender do poder dos elfos para sobreviver . O próprio Giorvel havia pedido para que Tléb o matasse, mas o mesmo não atendeu ao pedido, dizendo que haveria alguma alternativa . Nos meses que se passaram, ambos pesquisavam alguma forma de deter tal magia, procurando desesperadamente . Nem mesmo os grandes sacerdotes conheciam uma cura para isso, nem mesmo a comandante dos espíritos, Esmeralda . Justamente por que a magia havia sido lançada por uma criatura incrivelmente antiga e poderosa, possuidora de conhecimentos ancestrais, assim com ela . Nada podia ser feito .
A principio, alguns raros elfos simpatizantes de Giorvel doavam parte de sua essência mágica para mantê-lo vivo, de forma que, passando-se algum tempo, o poder dos elfos era restaurado . Mas como prever o que aconteceria depois disso ? Como prever que, aos poucos, o poder dos elfos estava sendo adicionado ao de Giorvel ? Como ?
A principio o comportamento de Giorvel começou a mudar, como se dependesse mais ainda do poder dos elfos . As doses de energia eram cada vez mais freqüentes, e os mesmos elfos já estavam praticamente esgotados depois de tantas recargas em Giorvel . Mas ele queria mais, muito mais . Não queria parar, queria continuar cada vez mais, pois estava viciado no poder dos elfos . Tolo engano .
Ele matou aqueles elfos no exato momento em que os absorveu por completo, não dando-lhes chance de se defenderem . No momento em que viu aquilo, se perguntou se seus olhos não o estavam enganando . Não .
Mesmo diante de tal cena, não havia abandonado Giorvel, pelo contrário, seguia-o, tentando convencê-lo do erro que acabara de cometer, mas ele simplesmente não o ouvia . Passaram semanas procurando por elfos, mas os mesmos haviam simplesmente desaparecido . Ou melhor, os poucos que tinham contato com Giorvel haviam sido mortos . Mas o mesmo não desistia, persistindo em sua busca .
Foi ai que ele percebeu .
Semanas haviam se passado, e Giorvel não aparentava nenhum sinal de cansaço . Pior, não aparentava sua costumeira falta de energia quando precisava se alimentar novamente da energia dos elfos .... !!!!!!!
Tudo ficou claro a partir desse momento . Giorvel já estava curado, se perguntava há quanto tempo, e como havia comprovado anteriormente, o mesmo estava viciado no poder dos elfos, por isso os seguia desesperadamente . Como havia sido tolo ! Pensara que ele havia se arrependido de ter matados os elfos e agora estava procurando algum que substituísse os mortos .
Numa noite, ele abandonou Giorvel e foi a procura do Alto conselho, informando-lhes do que havia acontecido, mas já era tarde . De certa forma, Giorvel conseguiu localizar mais e mais elfos, e estava absorvendo a energia deles, aumentando a sua cada vez mais . Com tamanha força mágica circulando pelas veias, não era de se assustar que ele tivesse anulado a sua maldição . ter absorvido uma grandes cargas regularmente deveria ter sido a causa mais provável .
E, a cada momento, sua força aumentava mais e mais, de forma que ele deixava de ser humano lentamente . Não fisicamente, mas psicologicamente . Sua cartada final foi decisiva para comprovar sua teoria .
Ele havia dizimado centenas de elfos . Havia encontrado cidades escondidas e apagado as mesmas dos mapas elficos . Atacou reinos, destruiu florestas ... tudo isso em nome de seu vicio . Até que os elfos começaram a desaparecer . Antes disso, muitos tentaram detê-lo, inclusive guerreiros dotados de mashins, mas os mesmos falharam .
Foi quando ele começou . Estava muito furioso pelo desaparecimento dos elfos – dizimados, é claro – e passou a atacar os humanos . O desgraçado estava atacando os humanos ! O próprio Águia havia enfrentado-o anteriormente, mas fora derrotado e salvo por pouco pela intervenção de sua irmã . Quem poderia imaginar que um humano derrotaria uma fada ?
Os humanos não possuíam uma força mágica tão poderosa quanto a dos elfos, mas possuíam alguma força . Seriam necessários centenas de humanos para equiparar a força de um elfo ... e foi o que ele fez .
Nesse momento Tléb finalmente percebeu o que estava errado . Não era um vicio, nunca fora . Ou melhor, nem sempre fora . Desde o principio, desde o momento em que ele recebeu a energia dos elfos pela primeira vez, desde aquele momento os olhos de Giorvel brilharam .
Poder . Muito poder . Sede por poder . Ele vislumbrou o poder daquele Alto Elfo, e percebeu o quanto era fraco . Pior, agora poderia se tornar mais forte, absorvendo o poder dos elfos e, se fosse necessário, o de outras espécies de Cefiro . Talvez viesse a se tornar tão poderoso que poderia fazer frente a uma fada, quem sabe . Como estava certo .
Poder . Muito poder .
O poder corrompe . Muito poder corrompe mais ainda .
Da mesma forma que aconteceu com Giorvel, ex-guru de Cefiro, trancafiado em uma dimensão sombria pelo mashin Rayearth . E, para garantir que a prisão não fosse aberta, fora instituída uma chave . Essa chave era a força de vontade de um homem, a sua capacidade de sempre pensar no melhor para o seu mundo e, enquanto esse homem tivesse plena convicção de que sempre estaria fazendo o melhor pelo seu povo, a prisão seria perfeita .
No entanto, esse homem duvidou de que o que fez até então fora o melhor para o seu povo . Não somente como Guru, mas há muito mais tempo, quando era um simples sacerdote dedicado a levar até o seu povo o conhecimento necessário para o desenvolvimento real . No entanto, esse homem se questionou se os seus atos durante todos esses anos foram realmente os corretos, se eles realmente fizeram alguma diferença na vida dessas pessoas . Durante alguns instantes, ele duvidou de tudo o que havia feito .
Tempo suficiente para que uma brecha fosse aberta e Giorvel escapasse . Num ataque de fúria, feriu gravemente Cléf a esmo e fugiu, achando que seu inimigo estava morto, mas se enganou . No entanto, para não ser seguido, havia deixado uma criatura que fora moldada para acreditar que era ele, e que possuía controle daquele dimensão na qual estivera preso . A brecha fora destruída por poderosos mashins, fora varrida da face de Cefiro como se nunca tivesse existido, mas já era tarde, por que o mal estava à solta .
- Monstro .... seu ... seu monstro !
- Eu realmente estou surpreso, pois não acreditava que estivesse vivo depois de todos esses anos, Tléb . E então, veio me matar ? Antes que tente, sugiro que olhe para este mashin, o qual está preso pelo meu poder, e analise friamente suas opções, como costumava fazer . Olhe e responda-me a seguinte pergunta : pode me vencer ?
- Seu ... seu monstro ! Isso tudo é culpa sua ! Se não fosse por você, nada disso teria acontecido ! Aqueles dois ... eles eram especiais ... mas isso não foi o suficiente, não é mesmo ?
- Dois ? A quem se refere ?
- Provavelmente está falando daquele lixo que encontrei protegendo Cléf . – Dessa vez, Veneno respondia, sem ao menos sair de onde estava .
- Olá, mulher . Vejo que continua viva, apesar de tudo . Diga-me, como é ficar trancafiada em um lugar em que podia observar diversas formas de vida, sem ao menos poder tocá-las ?
- Não dou a mínima para você, homenzinho . Fale o quanto quiser, pois isto não fará a menor diferença para a sua vida, que está com os minutos contados .
- Você terá o fim que merece . Pagará por tudo o que fez . E quanto a você, Giorvel, eu realmente deveria tê-lo matado quando tive chance .
- Você me decepciona, traidor . Pelo tempo em que esteve ao meu lado, ao menos deveria ter aprendido alguma coisa .Diga-me, o que te faz pensar que eu sou o único monstro aqui ?
- Eu tenho certeza disso, Giorv ... !!!!!!
Um facho de memória cruza seus pensamentos . O que Giorvel queria dizer com isso ? Pelo que ele sabia, o único responsável pelo massacre era ... era ... não, não era possível . Ele não acreditava que essa era a resposta . Não podia ser ... não ...
- Aquele ... miserável ... elfo ...
- Muito bem . É bom saber que aprendeu alguma coisa comigo .
Ele tinha vontade de se matar . Muita . Queria descontar toda a sua raiva e frustração em si mesmo, mas não conseguia . Afinal, quem o culparia de não ter enxergado o verdadeiro responsável por tudo aquilo ? Giorvel era um problema a ser resolvido, mas a causa dele ...
- Você mesmo disse, tais criaturas estavam vivas desde os primórdios de Cefiro, e que não aceitavam outras formas de vida em seu território, logo ...
- Ele ... ele ... ele jogou uma maldição em você ... propositadamente ! Eu ... eu não posso acreditar nisso ! Não posso acreditar que o desgraçado planejou aquilo tudo !
- Na verdade não, mas para ele me atingir com tal coisa, com certeza sabia que eu mataria um elfo, mais cedo ou mais tarde . Ora, traidor, por acaso isso nunca lhe passou pela cabeça ? Tal criatura estava rindo às nossas custas, não percebeu ? E não somente isso, mas as custas de seus próprios semelhantes ! Criaturas como aquele alto elfo possuem conhecimento de magias mais antigas que a própria história, isso não te passou pela cabeça ? Ele queria ver até onde eu iria conseguir chegar matando os elfos ... mas esse foi o erro dele . Por eu ser um simples humano, achou que eu não conseguiria ir mais além do que os primeiros que eu matei . Tola criatura milenar . Tamanho foi o medo daquilo que criou que, quando retornei àquela montanha, ele não se encontrava nesta . Havia fugido, para nunca mais ser visto .
Ele não conseguia acreditar naquilo, embora finalmente entendesse que se tratava da verdade . Como aquele elfo poderia ter feito tal coisa ? Não era difícil de se imaginar, já que tal criatura perdera o interesse pelo desenvolvimento das civilizações há séculos, preocupando-se no momento com seu próprio prazer e divertimento, mesmo que tivesse que usar os de sua própria espécie para passar o tempo . Havia ouvido durante toda a sua infância e depois disso, histórias de uma antiga criatura que habitava numa montanha ao leste, mas nunca acreditou muito nesse tipo de história, embora evitasse a montanha sempre que podia, por precaução . Maldito elfo . Naquele momento, ele realmente desejava que Giorvel o encontrasse, pois ele saberia dar ao elfo o que ele merece . Por causa de sua arrogância e desdém com os outros, toda uma raça fora dizimada . Mas ele não era o único culpado, Giorvel também tinha sua porcentagem de culpa . Ele era um sacerdote, ume estudioso do oculto, o qual exercia tal função durante décadas e décadas . Não foi o poder que lhe mostrou o que podia fazer e tomou parte do seu corpo, e sim ele quem viu o poder e foi corrompido pela sede de querer ser mais do que era . Não podia permitir isso . Por Cefiro e pela memória do velho guerreiro, tinha que por um fim ao sadismo e a sanguinolência de Giorvel . E tinha que ser agora .
- Eu te respeitava . Te admirava . E mesmo assim, você fez tudo aquilo . – Tléb leva a mão até as costas e puxa o cabo de sua espada, a qual rapidamente é empunhada com igual força e ódio . – Prepara-te, Giorvel, por que hoje será o dia da tua morte !
Ele olhou para Tléb, arregalando os olhos durante alguns breves segundos, como se algo o tivesse deixado bastante surpreso, mas em seguida ele retorna a sua posição normal .
- Se nem Blacksmith foi eficiente contra uma de minhas sombras, o que tu pensas que será capaz de fazer ? E como tem a ousadia de me enfrentar, se nem ao menos está carregando a magnifica arma de Oláf ?
Realmente Giorvel estava certo, isso ele tinha que admitir . Se estivesse portanto tal arma, não as Katanas Gêmeas do Blacksmith, mas sim a poderosa espada de Oláf, suas chances seriam maiores . Ela era uma arma magnifica, totalmente sem igual . Tamanho é o seu poder, que somente através dela é que os integrantes da Espíritos de Aço eram capazes de realizar qualquer forma de magia dentro do castelo, nos confins da Floresta do Silêncio, aonde a magia não é possível .
Giorvel pousa, caminhando lentamente em sua direção . O combate iria começar . Venceria ?
Ele suava frio diante de tal pensamento, simplesmente por que tal resposta não existia . Afinal, independente de derrotar Giorvel ou não, Tléb já havia perdido quando seus dois discípulos foram derrotados . Mais do que discípulos, eram os filhos que ele não tivera . Mas agora tudo estava terminado, por que tal criatura havia colocado um fim na vida deles e, mesmo que ele não fosse capaz de derrotá-lo, ao menos não iria se permitir continuar vivo diante de tal desonra .
- Está pronto, Tléb ?
Ele sequer responde, apenas parte desesperadamente para cima de Giorvel, preparando-se para matá-lo o mais rápido possível, embora não acreditasse muito nisso . Mas que ele não desistiria em nenhuma hipótese, isso era verdade .
Até que ambos sentem algo . No inicio, parecia ser um pequeno tremor, depois foi aumentando, quase derrubando-os no chão, até que um barulho enorme foi ouvido .
De água .
Em toda a história de Cefiro, atos como aquele jamais foram vistos ... pelo menos, não tantos assim em um curto espaço de tempo . A terra da magia, com seus manipuladores da energias cósmicas, estava passando pela maior de suas crises e, para tanto, qualquer coisa poderia acontecer, seja para melhorar ou piorar a situação .
Alguns poucos viram o começo daquilo, e mesmo esses não acreditaram . Afinal, quem em sã consciência creria no que seus olhos estavam lhe mostrando ? Do fundo do mar, aquilo se iniciara . Não uma simples onda, ou um simples movimento das criaturas, mas um redemoinho . Mais do que isso, era como se as águas de várias partes de Cefiro estivessem se unindo, enquanto que seguiam para um único ponto, unindo suas forças para algo que muitos chamariam de grandioso .
- Com licença, Tléb ... mas algo me diz que alguma coisa está ocorrendo lá fora . – Com um simples pensamento, o teto se abre o mago eleva-se nas alturas, rapidamente atingindo os céus de Cefiro . Interessante o que estava ocorrendo, em sua opinião . Era como se as águas do planeta, o seu sangue, tivessem se unido contra ele, mas por que e, mais importante do que isso, quem estava fazendo isso ? Tléb ? Ele não teria capacidade para tanto . Cléf ? Hunf, tolo insignificante ! Podia sentir sua presença a quilômetros dali ! Com certeza o imbecil estava reunindo o maior número de pessoas em um lugar que julgava seguro, e preparando alguns para retornarem e lutarem contra ele . Interessante, pelo visto ele havia conseguido a ajuda de um elfo, mas de nada adiantaria, aliás, seria bom provar novamente o gosta da energia dos elfos .
xxx
Barulho ... de água . Seria possível ? Sim, era possível . Nunca imaginara que tal criatura fosse capaz de fazer tal coisa ... mas era uma oportunidade de ouro . Era verdade que Giorvel estava por perto, mas o fato era que ele o havia deixado sozinho com o mashin e as escolhidas – ele visualiza a área . Não tinha a menor idéia de como iria tirar Lexas daquele lugar, uma vez que as escolhidas estavam desmaiadas, e ele não parecia ter forças para retornar ao Ovum . Mas o que fazer ? Talvez seja melhor acordá-las e pensar em algo no meio do caminho . Quando ele começa a se mover em direção as mesmas, sua audição percebe um barulho feito à sua esquerda . É, Giorvel não o havia deixado sozinho ali, na verdade – Veneno, claro . Como poderia esquecê-la ?
- Vai a algum lugar ?
- Pretendo, mas e você ? Se me lembro bem, você parecia odiar um dos três escolhidos ... está satisfeita agora ?
- Nem um pouco . Não é com essa franga que eu tenho contas à acertar .
- Então ... o que acha de me deixar ir embora com elas, enquanto você espera por essa pessoa ?
- Não me trate como criança, Tléb ... afinal, da mesma forma que você antigamente, eu sigo ordens, e o chefe não vai gostar de voltar depois de ter matado aquele mashin idiota e descobrir que você não o esperou, não é mesmo ?
- Mashin ? Idiota ?
- Ceres . O infeliz está agindo como a pessoa que eu aguardo . Seria interessante se fosse ela, mas não é, por isso estou me lixando para o que vier a acontecer . Mas enquanto ele não volta, o que acha de nos divertirmos um pouco, Tléb ? Os dois últimos que eu enfrentei foram bem interessantes e persistentes, mas no fim deram no saco e eu me desfiz deles ...
- Parece uma maldição de família . Primeiro você feriu Oláf, e agora atacou seus netos . Rafaga, Priscila ... eu os vingarei, prometo . Criei ambos como se fossem meus filhos, não por que eram netos de Oláf, mas por que reconheci em vocês na primeira vez que os vi a chama da batalha, a garra de querer lutar por um mundo melhor . Consequentemente ambos me superaram, mas mesmo assim foram mortos .
- Te superaram, é ? Então como pretende passar por mim ? Quer dizer, o loiro alto sabia lutar, e a perua loira achou que iria me deter se me explodisse em mil pedacinhos, mas ela não contava com o fato de eu pode me regenerar, não é mesmo ? E então, tem mais algum lixo pra eu matar antes de dar um jeito em você ?
- Eu vou te mostrar o que é lixo, mulher ...
Antes que pudesse responder, Tléb já havia saltado e estava caindo com a espada em direção a cabeça de Veneno . Em um segundo ela pisca, em outro os olhos de Tléb estava arregalados, pois percebe que não havia funcionado . Ela havia utilizado suas unhas, agora enormes, para bloquear o golpe . Num lance rápido, ela joga para o lado a espada dele, desarmando-o .
- Hmmm ... isso me é estranhamente familiar ... demais, até .
Não era por menos . Desarmado, Tléb se abaixa e posiciona seu corpo, deixando-o totalmente reto enquanto se levanta e atingindo seu punho maciço no queixo de veneno . Ele toca no chão e gira o corpo, esticando a perna no processo, a qual a atinge na lateral . Ele a segura, impedindo que a força do golpe anterior a tivesse lançado para longe, e começa a atingi-la diversas vezes no estômago com a mão livre . E no ombro, no rosto, nos braços ...
Aquele era o momento de Tléb . Havia tentado esquecer do passado, mas aquela mulher tinha que pagar pelo que havia feito . Ela havia ferido gravemente o herói – "O" grande herói – e aquilo era imperdoável . Havia jurado que não permitiria que alguém fizesse mal novamente a sua amada terra , jamais . A Espíritos de Aço não era apenas um grupo de guerreiros imitadores de Oláf, na verdade eram guerreiros inspirados em seus ideais e feitos . Um homem que havia lutado com o povo e pelo povo, independente do domínio de Águia e Esmeralda . Ele era capaz de ignorar uma ordem direta de Esmeralda se isso fosse causar algum mal ao seu povo, e fora nisso que a Espíritos foi construída , proteger os seus independente do poder dominante, mantendo-se livre sem seguir um líder, mas sim um ideal . Tinha suas duvidas se ele conseguiria deter Giorvel, mas de duas coisas ele tinha certeza absoluta : primeiro, alguém deteria o avanço de Giorvel . Não importa quem, o que ou quando, mas ele seria detido . Mesmo que demorassem centenas de anos, ele encontraria o seu fim . Afinal, se o próprio Águia foi vencido, por que Giorvel não ? E a capacidade do povo de Cefiro não podia ser subestimada, jamais . Poderia não ser ele a pessoa, mas alguém do povo, ou algum membro da Espíritos de Aço, se encarregaria de terminar o serviço . Havia vivido muitos anos em paz – agradáveis e proveitosos, até – e estava disposto a dar a vida para que isso continuasse .
Segundo, aquela mulher iria morrer, e pelas suas mãos . Ela mutilou o herói, e nada no mundo seria capaz de detê-lo diante de sua vingança contra o ser que desonrou aquele que ele admirou mais do que havia admirado Giorvel um dia .
Veneno estica sua perna para atingir Tléb, porem ele a larga e se afasta para não ser atingido . Espumando por todos os lados, ela avança com suas unhas em sua direção, pronta para fatiar aquele protótipo de Giorvel com Oláf .
- Você pensa que isso me assusta ? Aqueles dois inúteis me deram muito mais trabalho do que você ! Fiquei sabendo que você andou se unindo a uma tal de Espíritos de Aço ... então você é o melhor que ela tem para me oferecer ?
Ela cruza o curto espaço que o separava dele em milionésimos de segundos, com suas unhas aproximando-se cada vez mais . Sem a menor chance de se defender ou esquivar, as unhas de Veneno o atingem, penetrando em seu peito e se aprofundando cada vez mais . O olhar de Tléb era de puro terror ao sentir o ataque aprofundando-se e varando sua carne .
- Tolo ...
Impossibilitado de se mover, ele estava com a cabeça abaixada, sentindo a dor do golpe . Veneno estava à sua frente, puxando as unhas . Foi um golpe preciso e perfeito, e ele estava acabado . Ela continua puxando, contemplando o sangue que havia jorrado do coração dele e agora manchava suas unhas ... !!!!!!!!
Aquilo não era possível ... o sangue ... ou o que quer que aquilo fosse ...
Era negro !
Ela volta a olhar para Tléb, o qual estava com a cabeça erguida e encarando-a . Aquele desgraçado ...
Ela o ataca com a mão que estava livre, mas ele a segura . Tenta puxar a mão que estava encravada no peito dele, mas ele também segura essa outra mão .
- Urgh ! – ela podia sentir a força que ele estava colocando em suas mãos, machucando-as – Seu desgraçado ! Como é que você pode estar vivo depois de eu ter perfurado seu coração ?
- Simplesmente – sua voz estava bem mais fria do que o normal – por que eu não tenho coração, mulher . Assim como Giorvel, eu tenho um núcleo de energia .
Aquilo a abalou tremendamente . Como era possível isso ? Apenas Giorvel possuía tal característica, e ninguém mais, a não ser que ...
- Por que esse olhar ? Talvez eu tenha omitido que aquele Alto Elfo também lançou a maldição sobre mim, mas existe uma diferença – ele aproxima seu rosto ainda mais do de Veneno, enquanto que aperta as unhas que estavam encravadas em seu peito – ao contrário dele, eu não me viciei e consegui resistir à tentação, mesmo depois de passar anos e anos me nutrindo da energia de um elfo .
Ele aumenta a força, quebrando as unhas que estavam em seu peito, de forma que parte delas ficassem encravadas no peito de Tléb, fazendo-a urrar de dor .
- Quer saber de um segredo, mulher ? O vício de Giorvel surgiu por que ele gastava a energia que recebia . Se tivesse utilizado o poder dos elfos apenas para se manter, não teria se corrompido . Em verdade uma única dose desse poder é capaz de sustentar um humano por semanas ou meses, dependendo da dose adquirida . Eu tenho anos e anos dessa energia acumulada em meu corpo, mas nunca a usei para fins combativos, pois se a utilizasse, eu a perderia rapidamente e meu corpo sentiria a necessidade de absorver cada vez mais . MAS ISSO TERMINA AQUI E AGORA POR QUE GIORVEL VAI RECEBER TODO ESSE PODER E VAI LEVÁ-LO PARA O TÚMULO !!!!
Felizmente ele a segurava com o outro braço, do contrário ela seria arremessada para bem longe pela força do outro braço . Não era um golpe comum, tampouco um golpe de piedade . Havia sido um soco no estômago, mas não um soco qualquer, visto que causava grande dor e destruição . Até mesmo Veneno, a qual havia derrotado Rafaga, estava surpresa com aquilo . Não podia acreditar que um simples humano era capaz de ter tamanha força . E à maior prova disso era que o braço de Tléb estava encravado em sua barriga, perfurando-a e sendo visível do outro lado .
- Gccc !!!!
- Isso foi por Rafaga !
Outro soco, só que no rosto, o qual literalmente vira o pescoço dela, mas o mesmo volta para o lugar . Quando isso acontece, Tléb visualiza muito bem o estrago : uma quantidade enorme de dentes quebrados e tantos outros perdidos, além de uma grave deformação no rosto no local atingido, quase que fazendo alguns ossos saírem dali e romperem a carne .
- Isso foi por Priscila ! Float !!!
Com um simples movimento dos dedos, ele faz Veneno levitar para bem alto .
- E isso, mulher, será pelo grande herói , Oláf !
Tléb flexiona os joelhos com incrível força e salta, seguindo em direção de Veneno .
Para ela, aquilo era realmente incrível . Afinal, há pouco ele não demonstrava tamanha força . Aliás, podia jurar que ele estava até mais rápido do que o normal . Então era esse o poder dos elfos ? Não imaginava que fosse tão grande assim . E se ele sobreviveu por tanto tempo, com certeza devem ter sobrevivido alguns elfos, muito provavelmente ele havia criado um para se sustento . Muito astuto .
No entanto, ela sabia como aquilo iria terminar . E daí que ele tinha o poder dos elfos em seu corpo ? E daí ? Era só uma questão de tempo até que ela se regenera-se, e nenhum poder de elfo a deteria . E esse tolo, com toda a sua arrogância de se achar bastante poderoso, jamais conseguiria derrotar Giorvel, pois se ele estava se achando muito forte, tinha certeza de que Giorvel era mais ainda .
E além do mais ... aquele tolo estava se repetindo, utilizando o mesmo golpe daquele loiro, o qual falhou contra ela ...
xxx
Ainda não havia parado . Elas continuavam se juntando, aumentando cada vez mais o seu volume .
As águas do planeta .
Não que aquilo o surpreendesse, mas sim o que emanava de dentro do mar : Rayearth . Não conseguia vê-lo, mas sentia sua presença . Aqueles dois que fugiram retornaram . Pena, esperava persegui-los depois que tivesse dado um jeito naquele outro mashin .
- Venha, mashin . Mostra-me o teu melhor . Mas faça-o logo, pois não tenho tempo a perder contigo .
Como se em resposta ao seu comentário, as águas se unem de forma cada vez mais rápida, aumentando a velocidade do redemoinho que haviam formado . Os pescadores classificariam tal ato como impossível, navegadores teriam pesadelos pelos próximos dias acerca da união das águas .
Mas o principal todos de Cefiro seriam capazes de ver . Do meio daquele redemoinho, eis que surge um tornado, o qual cresce cada vez mais e segue na direção de Giorvel, movendo-se desesperadamente como um animal que não come há dias . Durante a curta trajetória, o tornado praticamente quadruplica de tamanho, em todos os sentidos, ao mesmo tempo em que se aproxima . Para qualquer um que estivesse próximo, aquela era a pior visão de toda a existência, na qual um poderoso ser teve que invocar as forças supremas da natureza para por um fim definitivo ao sofrimento de um amigo .
O turbilhão atinge Giorvel em cheio, mas o mesmo não se move, embora esteja no interior do mesmo .
Não precisava .
- Tolo mashin ! Pensas que tomando o sangue deste planeta para ti, conseguirá me deter ? Acredita que a água é o suficiente para me impedir ?
O olhos de Giorvel tornam a brilhar, num tonalidade escuro-agonia . Qualquer forma de vida que vislumbra-se os olhos do mesmo, morreria instantaneamente .
Como num passe de mágica, o poder de Giorvel emana de todos os seus poros, escurecendo o turbilhão rapidamente . Como um câncer, a escuridão tomava as águas, tornando-as tão negras quanto a mais profunda noite . Em meio a tudo isso, um grito . Não o grito de uma pessoa qualquer, mas o grito de uma criatura mística, a única capaz de reunir as águas daquele mundo para executar tal ataque . O único com capacidade para se fundir ao mar e extrair dele todo o seu poder .
xxx
Dor .
Único pensamento possível em seu padrão mental, o qual estava tremendamente abalado . Maior do que isso, apenas a sensação de que as coisas não terminariam tão cedo .
E também a sentimento de culpa e fracasso .
De todas as maneiras e formas que poderia ter falhado, nenhuma delas se comparava com a que estava passando . Em verdade era muito forte, mas não esperava falhar em tal situação . Pelo contrário, tinha plena confiança nas escolhidas . Pior, tinha plena confiança naquele escolhida em particular ... a semente que fora plantada no passado e transmitida de geração em geração .
Que coisa ... quem imaginaria que um mashin estaria passando por isso ... que estaria pensando de tal forma ? Quem poderia imaginar que ele estaria sendo tomado por uma angústia terrível ?
Afinal, isso não era sua culpa . Afinal de contas, nunca passara por isso quando era um, tampouco quando se dividiu . Tal coisa foi desperta depois de fracassar contra Giorvel . Ele estava agindo como aquele que o comandou anteriormente, aquela mente foi usada para forjar um dos três membros da trindade Rayearth . Lexas, aquele que, como o fogo e a paixão, queima e é incontrolável por aqueles que não estiverem a altura da responsabilidade .
Ele poderia ter sido criado a partir da mente caótica, e assim suas chamas queimaria incontrolávelmente pelos confins do universo .
Poderia ter sido criado a partir da mente ordeira, e seu fogo seria controlado pela razão, queimando controladamente e atingindo suas metas sem prejudicar os que o cercavam .
No entanto, a ele coube a mente inconstante . Aquela que, das três, era a mais estranha ... e fascinante . Aquela que não possuía um padrão, podendo seguir uma linha e em seguida explodir com tudo e todos . Aquela mente que não se adequava aos padrões, que parecia querer criar suas próprias regras, que mudava de gostos, desejos e anseios de uma hora para outra .
Aquela mente, que pela complexidade de suas atitudes, era capaz de surpreender todos os outros, superando barreiras e atingindo níveis antes impossíveis para todos .
Aquele rapaz magnifico que, em sua indiferença a todos, defendia seu ponto de vista, independente de qual fosse e, se não fosse capaz de mantê-lo ... também não desistia, pelo contrário, persistia até conseguir . Dono de uma força de vontade inigualável, aquele rapaz era a prova de que os antigos humanos eram capazes de feitos incríveis apenas como o poder de sua força de vontade .
No entanto, tudo era passado, pura e simplesmente . Aquele rapaz de outrora não estava mais ali, tampouco seus companheiros, apenas as escolhidas, vitimas das maquinações do destino, o qual as jogara de forma brutal e violenta em uma trama da qual elas já estavam envolvidas há mais tempo do que poderiam imaginar .
E, no entanto, ele havia falhado . Havia quebrado a promessa de não incomodar aqueles que vieram antes . Fizeram isso quando pediram ajuda à sua semente, quebrando o pacto sagrado .
Tinha que se desculpar .
No entanto, não sabia como fazer tal coisa, não tinha a menor esperança, simplesmente por que ela não existia .
Não conseguia nem ao menos enxergar segurança em seu irmão de espirito, o qual enfrentava nesse exato momento Giorvel para libertá-lo . Mesmo tendo reunido a força das águas, Ceres nunca conseguiria derrotar Giorvel . Tampouco Tléb, o qual estava lutando nesse momento contra aquela mulher .
Não havia salvação para nenhum deles, e para aquele mundo . Estavam perdidos .
Até o momento em que ele sente aquilo . Seja o que fosse, estava roçando em sua pata . Não ousava virar o pescoço, correndo o risco de se cortar mais ainda, preferindo correr o risco de ser atacado covardemente pelo que quer que fosse .
- Lexas .
Aquela voz ... não podia ser ...ou podia ?
- L-lexas ...
Era impossível ! Ele não estaria aqui ... não aqui ! Na certa estava em seu lar, descansando o sono dos justos, cuidando de sua família e seus filhos .
- L-lexas ...
Aquela voz era tão parecida com a dele ... afinal, por que esse sofrimento ?
- L-l-lexas ...
Tomado pela dúvida, ele olha para baixo, sendo cortado novamente no queixo, mas desta vez ignora aquela dor . Com o único olho que lhe restava, tentava visualizar a pessoa, embora sua vista estivesse ensangüentada, diminuindo seu campo de visão . Mas ele não tinha dúvida, era mesmo ele¸ aquele que poderia ajudá-lo . Não acreditava como nem por que, mas suas esperanças haviam sido restabelecidas naquele momento .
- Ka ... argghh !!! – os fios envoltos em seu focinho se enroscam mais, ferindo-o violentamente, sem no entanto fazê-lo se calar - ... mui .
Não, não era ele . O filete gigante de sangue termina de escorrer pela sua vista, revelando quem realmente era : a garota .
- L-lexas ... por ... por favor - Hikaru estava bem na frente do gigante, com a mão direita sobre o ombro esquerdo – m-me ajude ... por favor ... salve Umi e Fuu ! Por favor ! Por favor ! Por favor ! Por favor !
Muito nobre da parte dela, ele pesava .Mal conseguia se mover, e ainda assim pensava no bem estar de suas amigas .
Pena que ele não podia fazer nada .
Ele encarou aquela garota, olhou fundo naqueles olhos, e rapidamente concluiu algo muito importante : Hikaru precisava de segurança, qualquer que fosse . A grande questão era que ele não podia fornecê-la, simplesmente por que a mesma não existia . Era a pior situação pela qual já haviam passado, e não possuía esperança de sair dela . O ex-seguidor de Giorvel estava lutando contra aquela mulher, aquele fantasma do passado, e o sangue negro de Giorvel estava contaminando cada vez mais rápido o gigantesco turbilhão no qual Ceres havia se transformado . Como fornecer segurança ?
Simplesmente não era possível fornecê-la ... apenas garantir que aquilo acabe, de uma maneira ou de outra . Ele mandou um olhar para a ruiva, a qual estava bastante assustada com a situação . Há pouco estava praticando ginástica na escola, e agora estava a beira da morte numa terra estranha ao lado de pessoas estranhas .
Em verdade ele não podia salvar aquela garota ...
... mas, ao menos uma vez, em toda a existência, poderia garantir que sua morte não seria em vão .
Ele torna a olhar para Hikaru . Se não estivesse assustada com o estado de suas amigas, a ruiva estaria em estado de choque simplesmente pela visão do estado do mashin, fora o globo ocular do gigante que estava parado bem ali, poucos metros ao lado dela ...
Ele sabia o que tinha que fazer e ela, ao olhar profundamente naquele olho felino, também entende . Não sabia se funcionaria, tampouco se traria algum resultado eficaz ... apenas não podia ficar ali, parada .
Ela estica sua mão para ele, e o mesmo repete o gesto, ferindo-se mais e mais . A dor era crescente, como se estivesse sendo fatiado vivo, e realmente estava . Ao esticar seu braço, os fios se encravavam ainda mais, cortando artérias e tendões, tingindo o chão daquele lugar . No entanto, ele não desistia, pelo contrário, continuava ali, tentando alcança-la, tentando fazer com que ela tocassem em sua mão .
Até que, depois de continuar insistindo e não ceder em momento algum, acontece : suas mãos se tocam ... e finalmente ambos se tornam um . Não em corpo, como faziam antes ... mas ambos compartilhavam de um momento único, no qual seus desejos e anseios se igualam mais do que nunca .
- C-c-cy ... nos !
Os seres humanos são criaturas incríveis . São frágeis, fracos, lentos, possuem um curto tempo de vida e, mesmo assim, podem surpreender qualquer um quando é necessário, como aquela garota . No momento em que Rancor havia atingido Lexas, a garota havia experimentado toda a extensão da dor, mas no entanto ela havia se recuperado, recusando-se desistir .
Por que ?
Tal resposta não nascia em seus lábios, mas brotavam de seu espirito .
Aquela garota ... aquela menina ... aquela criaturinha ... ela era dona de uma força de vontade imensurável, capaz de se igualar a dos antigos humanos . Se tivesse nascido em outra época, sem sombra de dúvida teria sido a maior maga que já existiu, quem sabe não superaria Giorvel ? Quem sabe ?
Tanto poder contido em um receptáculo tão pequeno ... como era possível que justamente ele, o qual comandava a fúria das chamas, fosse comandado por uma criatura tão ... doce ?
Puramente isso, visto como suas chamas queimavam . Foi só o tempo dela se fundir a ele, que a força de suas chamas retornou, e de forma majestosa . Seu cabelo voltara a queimar como a chama ardente, atingindo seu corpo e, ao passo que o fogo percorria seu corpo, dissipava no ar os fios, libertando-o .
Simplesmente fantástico .
Ainda sentia aquela imensa dor em diversas partes de seu corpo, em especial aonde houvera um olho . Seu sangue não parara de escorrer, pelo contrário, continuava tingindo o chão como um rio . Mas, no entanto ... ele sentia-se energizado . Era difícil explicar como a força de vontade de uma criança podia ser capaz de tal coisa, mas só havia uma resposta : um milagre . Ela havia criado seu próprio milagre ... mas por que ?
Lexas olha para o alto, visualizando uma das cenas mais aterradoras que já viu : as águas do planeta, seu sangue, o qual se erguia nos céus formando um imenso turbilhão para atacar com toda a sua fúria aquela criatura ...
Ceres . Como temia, Ceres finalmente começou a demonstrar os sinais da mente que o gerou, a caótica . E em toda a sua fúria diante do fracasso, ele havia feito algo que a sua atual controladora não conseguiria, que era reunir a força de todas as águas do planeta .
Se Giorvel for bem sucedido, o planeta estaria totalmente condenado, todas as suas águas perderiam a capacidade de manter a vida, prejudicando assim todas as formas de vida daquele planeta .
(Hikaru) – Lexas – sua voz estava bastante fraca, fruto de seu esforço – o que é aquilo ali encima , e quem é aquele homem lutando com aquela mulher ?
(Lexas) – Tais pessoas são vitimas de seus próprios destinos, e lutam não para se livrarem dele, mas para cumpri-lo . Não é dado a nós o direito de interferir no que ambos fazem, deforma que devemos deixá-los até que seus espíritos estejam saciados . Mas quanto àquela marca da corrupção que ascende diante de nós, é nosso dever detê-lo !
Por um segundo uma rápida lembrança passa por Hikaru . Antes Lexas havia pedido sua ajuda e, não que ela não estivesse querendo destruir Giorvel, mas era impressão sua ou o mashin parecia estar lhe ordenando que ambos o atacassem ?
(Lexas) – Aquele que luta com ele é Ceres, embora sua forma não seja a mesma . Mas, assim como nós, ele não desistiu, mesmo que isso significasse sua destruição . Para mim, destruir tal criatura é minha única opção , mas e você, doce escolhida ? O que realmente desejas ?
(Hikaru) – Meu desejo ? Por que esse tipo de pergunta agora ? E para que ? Eu não agüento mais ver isso tudo acontecer, Lexas ! Eu só quero ir embora daqui com Umi, Fuu ... e você .
(Lexas) – A mim ? E para que desejas minha presença, escolhida ?
(Hikaru) – Eu ... eu não quero que aquele homem te faça mal novamente ! Eu sou uma covarde por que não te protegi quando devia ! Fiquei vendo quando ele começou a te torturar, a te cortar, a te prender mais e mais ... e quando ele arrancou o seu olho, eu ... eu ... eu não fiz nada, apenas fiquei quieta, fingindo que estava dormindo, com medo de que ele fizesse o mesmo comigo ! Por favor, me perdoa !
(Lexas) – Jovem ... de nada adianta teu lamento, embora eu seja grato por ele . Tal coisa não é sua culpa, mas apenas da besta que escapou de sua prisão . No entanto, se fugirmos, será por um curto espaço de tempo, visto que tal criatura nos caçara por toda a eternidade, destruindo toda forma de vida que encontrar pelo caminho . Sei que não é justo te dizer isso, mas digo isso para te precaver de que não temos escapatória . Se não acabarmos com isso aqui e agora, jamais teremos outra chance . Mesmo que escapemos, será temporário, pois ele será capaz de atravessar a barreira que separa Cefiro de RayEarth apenas para nos matar .
(Hikaru) – Matar ? Umi-chan ? Fuu-chan ? Eu ... eu ... eu ... – um silêncio total tomava o interior do gigante, aonde ela se encontrava . Não podia acreditar ... não podia aceitar que tal coisa fosse verdade . Como alguém poderia ser tão cruel ? Como uma pessoa podia ter tanto ódio no coração ? COMO ? – eu ... eu NÃO VOU PERMITIR ISSO !!!!!
Como se em resposta a sua fúria, as chamas de Lexas tornam a aumentar, cobrindo todo o corpo do gigante, transformando-o em uma tocha gigante . Tanto poder, que com um simples e poderoso salto, Lexas ganha as alturas, seguindo em direção a Giorvel como um cometa ascendente .
(Giorvel) – Pronto para morrer, mashin ? Não se preocupe, não matarei teu irmão agora, tenho planos para ele quando você morrer, tão logo eu AAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRGGGGGHHHHHHHHH !!!!!!!!!
O grito, simplesmente a agonia do mesmo, surpreendia não pela intensidade, mas pelo fato de um homem emitir algo tão alto, capaz de ser ouvido por toda a Cefiro . O motivo em questão era que ele havia sido atingido em cheio por um ser incandescente, o qual transmitia todo o calor de suas chamas para seu alvo . Assustado pelo ataque surpresa, ele perde a concentração no que estava fazendo, enquanto se vira, pronto para atacar o autor de sua dor .
Não conseguiu .
Tão logo se virou, aquelas mãos titânicas o agarraram, uma em cada braço . Cada uma delas era mais do que suficiente para cobri-lo por completo, mas ele estava utilizando ambas, na qual suas garras estavam encravadas no peito do mesmo, aumentando e muito sua dor . E se isso ainda não fosse o suficiente para a sua dor, o ser flamejante ainda assim redirecionava todo o calor e fogo que gerava para tal criatura, castigando-a por seus atos .
No instante seguinte, Giorvel percebe que estava sendo erguido até o rosto do mashin, encarando aquela feição carregada de ira . Era uma das visões mais assustadoras que alguém podia presenciar, mas ele não tinha chance de constatar isso, uma vez que as chamas invadiam cada centímetro de seu corpo, queimando-o violentamente e atacando a energia monstruosa que habitava dentro de si .
- Ray ... Earth ... ainda tem forças para .... ahhhhhhhhhhhhhh !!!!!!!!!
Assim como um vírus, as chamas de Lexas se espalhavam rapidamente, combatendo todo sinal de podridão e corrupção que habitavam naquele corpo, no intuito de purifica-lo .
Em verdade, todo aquele poder não provinha diretamente do gigante, mas de seu controlador, o qual desconhecia essa capacidade que possuía .
E, mesmo assim, inútil .
- Impossível !!!!- O único grito do gigante, ao perceber que tal criatura estava resistindo ao seu ataque . Tentara esmagar a mesma, mas sua aura de crueldade não permitia, e mesmo suas chamas estavam sendo vencidas aos poucos, enquanto que o monstro apenas ria .
- Deveria ter fugido quando teve chance, Rayearth . É interessante sentir esse poderzinho que tal criatura que se uniu a você emana, mas isso é lixo para mim .
- Talvez não .
Ignorando toda a defesa mágica de Giorvel e lutando contra todas as probabilidades, Lexas força suas chamas ao máximo, canalizando todo o seu poder para Giorvel mais uma vez . Aquelas chamas, mortais, eram capazes de purificar a mais impura das criaturas, e no entanto não estavam surtindo efeito em Giorvel ?
- Tolo mashin ... – ele parava rapidamente enquanto se concentrava para deter o avanço das chamas . – Por acaso quer expelir o poder que habita em mim ? Pois não conseguirá, pois ele faz parte de mim até a última parte .
Aquilo o assustou . Então, todo a magia de Giorvel era baseada na essência daquela dimensão na qual ele esteve preso, e nada a faria ser expelida para fora .
- Então, se é pra ser assim – dessa vez era a voz de Hikaru, que ecoava dentro do gigante – que assim seja !
Ele finalmente consegue . Depois de todo esse tempo, depois de toda a pressão e a força de suas garras encravadas no corpo da besta, ele finalmente consegue arrancar os braços de Giorvel .
- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHH !!!!!!!!!!
O mesmo não tem sequer chance de reagir, visto que Lexas, com toda a sua força, o arremessa para longe .
- Rayearth, seu mald ....
Aquilo realmente o surpreendeu . Seu corpo ainda seguia em grande velocidade para longe, mas quando ele olhou para o local aonde estivera, não acreditou no que viu : um cometa .
O leão e a menina, naquele instante, partilhavam de um desejo único : destruir Giorvel, não importando os métodos . Como um cometa, ambos se deslocavam a uma velocidade assustadora, deixando um rastro de fogo nos céus de Cefiro enquanto se dirigiam em direção a Giorvel .
- Tolo mashin ! Acha mesmo que usando seu corpo contra mim é capaz de me destruir ? O que houve com as criaturas que sabiam de tudo, aquelas que dominavam os conhecimentos de toda essa terra ? Pois venha, dê-me tudo o que você tem, e eu apenas rirei sobre sua carcaça !
Como uma bola de fogo gigante, ele seguia em direção ao mesmo . Era tudo ou nada, agora ou nunca . Iria destrui-lo, iria apagá-lo da existência, mesmo que isso custasse ... mas não faria isso sozinho .
- Hmm ? Mas o que ... ?!?!?!?!?
Giorvel mal tem tempo de reagir quando sente a presença do outro mashin . Ao contrário do que pensava, Ceres não estava totalmente fora de jogada, como imaginou . Pelo contrário, aquele turbilhão gigantesco vinha em sua direção, pedindo por sangue, clamando por vingança . E nada iria detê-lo .
E quanto a Giorvel, o que poderia fazer ? Estava no meio de um arremesso, com um turbilhão gigante de água vindo por trás e um mashin que estava usando todo o seu poder para queimar mais do que a mais forte das estrelas do universo, vindo pela frente .
Para ele, restava apenas tentar sobreviver àquele choque de poderes, já que ele estava no que seria o centro dele ....
.... se possível ...
xxx
- Hunf ! Idiota .
A reação de veneno era justificável, visto que Tléb estava prestes a utilizar o mesmo golpe que Rafaga havia utilizado e a mesma segurou anteriormente . Mesmo que ele tivesse o poder das criaturas místicas, ainda assim caia nos mesmos erros, sendo que seu destino já estava selado .
Ou talvez não .
Seus sentidos apurados lhe alertaram daquele ataque poucos segundos antes dele ocorrer, embora não tivessem sido o suficiente para impedi-lo . No fim das contas, era ela quem iria pagar pela sua arrogância .
Ela tenta mover seu corpo, em pleno ar para escapar do ataque, mas não adianta . Ele não havia vindo da direita, da esquerda ou por trás : havia vindo de cima !
A arma atinge-lhe a cabeça, seguindo sua trajetória e percorrendo por todo o seu corpo, perfurando órgãos e rasgando a carne que encontrava pelo caminho .
Para os mais sensíveis, seria uma cena grotesca de ser vista, mas para os apreciadores, um trabalho de mestre : estava aquela mulher, parada em pleno ar, com o cabo de uma espada em sua cabeça, e toda a lâmina atravessada em seu corpo . Com força e precisão, a arma atingiu sua cabeça e varou a mulher por completo, ferindo-a de tal forma que nem os mais cruéis torturadores poderiam imaginar .
Tudo isso em alguns instantes, enquanto Tléb havia saltado para realizar seu ataque final .
- O que foi, mulher ? Está surpresa ? Ah, claro ! Havia me esquecido de que você é uma das criações de Tléb, embora o mesmo não tenha lhe dado nenhuma educação ou conhecimento . Ele não lhe falou muita coisa sobre mim, não é mesmo ? Provavelmente deve ter dito apenas que eu era um traidor, mas não falou muita coisa sobre minha maneira de agir e meus poderes, como por exemplo, comandar essa minha magnifica arma a distância . Você não passa de uma máquina de matar, feita a partir dos desejos mais negros de uma pessoa . Não passa de um títere nas mãos de Giorvel, pois sim ! Prepara-te para encontrar teu fim !
"Estrelas que brilham na mais sombria das noites
Estrelas que sobrepujam a escuridão mais profunda do universo
Estrelas que guiam as almas pelo caminhos e expurgam aqueles que as perturbam
Estrelas que explodem em seu suspiro final e trazem à tona todo o seu poder
Tragam a mim sua essência e seu brilho, para que eu extermine de uma vez por todas as forças da morte e da destruição, as quais impedem seu avanço e eliminam seu rastro de todo o universo ."
- DEVASTAÇÃO ESTELAR !!!!!
Embora a situação na qual se encontrava não permitisse que ela expressasse qualquer reação, em verdade ela tinha que reconhecer : aquele não era o golpe utilizado anteriormente pelo loiro . Era muito pior . Era parecido, Tléb havia posicionado seu corpo de forma que fosse atingi-la com um soco vertical, o que acabou fazendo, mas as semelhanças com o golpe do loiro terminavam por ali, a começar pelo efeito causado em seu corpo, o qual já estava praticamente morto após ser atingido fatalmente pela espada, só não a matando devido aos poderes de Giorvel .
Mas aquele golpe, e aquela luz gerada por ele ... era forte, muito forte . Não podia nem gritar, já que a espada que a havia empalado não permitia tal movimento, já que suas cordas vocais estavam destruídas . Apenas sentir seu corpo ser completamente destruído . Devastado seria a palavra mais correta, em vista da enorme luz gerada pelo golpe, a qual brilhava tanto quanto uma estrela .... errado, brilhava tanto quanto uma estrela em seus último suspiro, quando entrava no seu estado final, o estado nova . Tamanha era a força da luz, que ela também era quente, a ponto de queimá-la . Não que isso fizesse diferença, já que os átomos de seu corpo estavam literalmente sendo dispersos pelo universo ...
Não demora muito para ela deixar de existir, fato comprovado por Tléb ao tocar o chão . Como já previa, sua espada também fora destruída por completo, visto que tal golpe era mais do que aquela arma mágica poderia suportar .
E não era pra menos . Embora aquele golpe fosse um golpe extremamente poderoso, não era tão preciso e eficiente quando o Punho do Sol dos gêmeos Rafaga e Priscila . Na verdade, o golpe original era até mais fraco do que o dos gêmeos, já que ambos haviam visto Tléb utilizar esse golpe certa vez e, baseado nele, criaram sua própria versão, o Punho do Sol .
O que o tornava tão devastador assim era o simples fato dele estar utilizando o poder dos elfos armazenado dentro de si para incrementar de forma explosiva tal golpe ...
Aquilo era fascinante . Não era a primeira vez que havia utilizado aquele magnifico poder . Mas nunca o havia utilizado de tal forma . Começava a entender o motivo de Giorvel ter se corrompido, de ter sucumbido a tentação . Poderia ele algum dia passar pela mesma situação ? Considerando que tal coisa aconteceu com aquele que era considerado o mais iluminado de toda o planeta, sim .
Mas não aconteceria .
Lantis, Alcione, Askot, Zagard, Priscila, Rafaga ... quantas mortes . Provavelmente Fério também deveria estar morto, uma vez que ele não apareceu até agora . E se ele aprendeu algo ouvindo Rafaga quando ele falava sobre seu amigo, era que o mesmo não era covarde .
Tantas mortes ... todas frutos da ignorância daquele povo, como diria Cléf . Talvez ele tivesse razão, talvez aquele povo ainda tivesse muito o que aprender . Quem vai saber, não é mesmo ?
Com o afastamento das fadas do comando do planeta, e com o quase extermínio dos elfos, as criaturas regentes de Cefiro agora realmente passavam a ser os humanos . Mesmo com sua magia, a qual se tornava rara cada vez mais, eles ainda eram seres frágeis, não tendo as vantagens raciais de outras raças .
Mas, agora, seria a vez deles . Eles teriam um mundo novo para se desenvolverem por completo . Talvez nem mesmo a Espíritos de Aço fosse mais necessária . Afinal, a mesma não foi criada com o propósito de se tornar uma eterna força de defesa, mas sim para que protegesse o povo e o planeta de todos os males, sem dever obediência a nenhum governo .
Com a destruição de Giorvel, os humanos estavam livres, libertos para fazerem o que quiserem e se desenvolverem por toda a existência .
Uma era de ouro, por assim dizer . Um mundo de paz, na qual as pessoas não dependeriam única e exclusivamente da magia, mas de suas próprias forças para resolverem seus problemas . Um mundo aonde eles se desenvolveriam, no qual a razão daria lugar a guerra, e os músculos dariam lugar a mente . Um mundo que não precisaria de guerreiros, mas de homens e mulheres que, em busca de conhecimento e sabedoria, desenvolveriam sua civilização, levando-a aos confins do universo .
Um mundo que não precisaria dele .
O que fizera de sua vida todos esses anos ? Luto e liderou, apenas isso . No passado, não passava de um guerreiro que lutava por quem estivesse disposto a pagar . Seu mestre-mercenário não lhe ensinou nada mais além de usar sua espada em combate . Quando encontrou Giorvel e passou a segui-lo, aprendeu a ler e escrever, assim como aprendeu também algumas magias e desenvolveu suas próprias .
Mas ... e depois ? Uniu-se a Espíritos de Aço, foi um dos lideres, formou jovens com o mesmo ideal, ensinou-lhes a lutar, a escapar das piores situações possíveis ... mas e agora, o que faria ?
Nada lhe passava pela cabeça .
Apenas o desejo de ver Giorvel morto, não, destruído .
Como se atendendo a seus pensamentos, o golias felino cai diante de seus olhos . Tamanho era seu peso que gera um enorme tremor .
Lá estava ele, Lexas, caído aos seus pés ... totalmente derrotado . Só não estava em um estado pior por que a tortura anterior de Giorvel já se encarregou de minar sua aparência por completo . Então, ele olha para o alto, como se estivesse procurando algo ...
- Giorvel ... largue-o . Você pode caça-lo outra hora . Antes, venha me matar .
O monstro estava parado, flutuando, enquanto Ceres pairava ao seu lado . Sem sombra de dúvida, as rachaduras causadas anteriormente no dragão estavam mais graves, de forma que haviam verdadeiros rombos por todo o seu corpo . E, próximo a ele, estava Giorvel, com seu braço direito totalmente refeito, enquanto que um líquido escuro escorria pelo ombro esquerdo, tomando forma e formando um novo braço lentamente .
Aquilo não era surpresa para ele . Realmente foi impressionante a cena . Embora estivesse lutando contra Veneno, estava atendo a tudo o que acontecia ao seu redor . Viu quando a garota se levantou e se uniu novamente a Lexas, e ambos partiram até Giorvel . Quando ambos tentaram purificá-lo com suas chamas, falhando, e lançando-se contra ele em seguida, ato esse imitado pelo único mashin que podia controlar as águas do planeta com tamanha precisão, tornando-se um com ela . A colisão havia sido devastadora e inevitável . Água e fogo, dois elementos contrários se chocando ao mesmo tempo, de forma que nem um nem outro queria se extinguir, pelo contrário, desejavam ardentemente permanecerem vivos até que a marca da podridão, Giorvel, deixasse de existir .
Não funcionou .
Por alguns instantes ele acreditou que ambos conseguiriam, mas foi obrigado a aceitar a realidade . Nunca conseguiriam .
A começar por Ceres . Uma vez que já havia escolhido alguém que o comandasse, só conseguiria extrair o máximo de seu poder quando estivesse unido com essa pessoa .
Em seguida temos Lexas . Embora seu poder tenha aumentado, só um escolhido plenamente treinado em seu manuseio seria capaz de extrair o máximo dos poderes do mashin e, se isso ocorresse, ai sim Giorvel teria problemas .
Infelizmente a atual escolhida não tinha tal experiência . Foi fácil para ele resistir àquela inversão térmica . Sendo seu corpo um reduto de magia, foi fácil . Um contra-golpe de energia negativa foi mais do que suficiente para derrubar Lexas mais uma vez . E um campo de aprisionamento, o qual ele manipulava à vontade, era suficiente para deter o dragão azulado . E como se não lhe bastasse, ele diminuía o espaço do campo, esmagando lentamente Ceres, enquanto saboreava em seus lábios a dor do mesmo .
- Tolo ! Que espécie de mashin é você ? Por acaso não sabe que sem seu escolhido seu poder diminui ?
Ceres realmente estava assustado . Afinal, estava unido com a água do planeta, e Giorvel fez com que ele retornasse à sua verdadeira forma, a de mashin ! Ele tentava se mover, tentava reagir, mas alguma força parecia estar esmagando-o lentamente ...
- Quero saborear tua dor, mashin estúpid ...
- Não me ouviu, Giorvel ? Largue-o e venha me matar !
- Por que a pressa, Tléb ? – Giorvel observava o antigo seguidor, o qual agora estava flutuando na mesma altura que ele – eu não tenho pressa em terminar com você, prefiro me divertir antes com essas tolas criaturas . Por que não vai ajudar esses tolos a proteger as outras pessoas, achando que colocando-as em um local seguro estarão a salvo ?
- Eles não são tolos ... são verdadeiros heróis, ao contrário de você . Embora o que estejam fazendo não adiante muito, eles ainda assim tem esperança, algo que você já perdeu há muito tempo . Eles acreditam que você será detido, e seus olhares de determinação incentivam a toda a população a continuarem calmos .
- Você fala de esperança ... tem idéia de quantas vezes eu quase perdi a esperança de que um dia sairia daquele lugar e me vingaria ? Muitas, mas eu sempre tive esperança .
- Isso não é esperança, e sim um desejo doentio de vingança ! Largue esse mashin e venha se entender comigo, Giorvel ! Eu fui um dos responsáveis diretos pelo seu banimento, vamos resolver agora nossas diferenças ! Se quiser, poderá caçar esse mashin depois, mas agora terá que se ver comigo !
- E ousas dizer que eu sou obsessivo ? – Giorvel olha fundo nos olhos de Tléb, o qual faz o mesmo . Finalmente, depois de muitos anos, mago e seguidor estavam tendo aquele que viria a ser seu último encontro .
- Vou te libertar, mashin ... mas trate de esquecer suas fantasias quanto a me derrotar . Você nunca conseguirá tal coisa, entendeu ? NUNCA !!! Não passa de uma criatura criada pela força mágica decadente deste planeta, o qual já está condenado ! Fuja e aproveite seus últimos momentos de vida, por que quando eu terminar com teu irmão, irei atrás de você !
Com um simples movimento de Giorvel, Ceres se distância cada vez mais, tornando-se um ponto no infinito, até que some por completo . Ele se vira pra Tléb, com um sorriso no rosto . Em seguida, ambos retornam para a imensa montanha criada por Giorvel, passando pelo buraco criado anteriormente e em seguida tocando no chão .
- Quer morrer, Tléb ?
- Quero . Nunca tive um real motivo para seguir em frente, sempre indo aonde o vento me levava . O herói foi vingado e minha honra, lavada . Agora, só restam eu e você .
- Herói ? Refere-se a Oláf ? E o que quer dizer com ... Veneno ? Aonde aquela criatura estúpida se meteu ... foi você, não foi ?
- Como eu disse, o herói foi vingado .
- HÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁHÁ !!!!!!
Em determinado momento, a risada de Giorvel se tornava mais e mais sinistra, mais parecendo uma fera do que um homem .
- Do que tanto ri, Giorvel ?
- Tanto tempo , e você ainda tem muito o que aprender, Tléb . Destruiu Veneno, não é mesmo ? É o que veremos . Mostre-me então todo o poder dos elfos !
- Então, você percebeu .
- Por acaso está me confundindo com essas amadoras que foram escolhidas para comandar esses dois mashins ? Posso senti de longe a energia dos elfos impregnando este lugar . Então ainda restaram alguns elfos . Não acho que eles sejam muito cooperativos depois que eu os exterminei . Ou por acaso você mantém algum deles aprisionado, meu caro ?
- Ria do que quiser . A grande questão é que eu não me viciei, como você .
- Pois eu quero ver todo esse poder . Imagino que todos esses anos se alimentado da energia dos elfos sem gastá-la deve ter feito um bem enorme para você, então . Mostre-me, Tléb . Vamos, eu não vou me mexer ou erguer uma barreira, tem a minha palavra .
Tléb une suas mão, pronto para lançar seu mais poderoso ataque . Não consegue .
Antes que tenha chance de reagir, sente seu corpo totalmente paralisado, flutuando .
- Maldito !
- "Tem minha palavra". .. como você é inocente ! Tem razão, realmente você é um dos responsáveis diretos pelo meu aprisionamento . Cuidarei de Rayearth depois, agora me encarregarei de você .
Tléb estava totalmente paralisado, com aquele brilho negro circulando-o . Tentava e tentava, mas não conseguia . Maldição !
Créc .
Aquilo foi o seu corpo . Mais exatamente os seu pés . Com um movimento dos dedos, Giorvel havia feito com que seus pés se dobrassem tanto que acabaram se quebrando . Ele não gritou em momento algum, pois não queria dar esse gostinho ao seu inimigo .
Giorvel ergue o braço direito, e o braço direito de Tléb começa a girar com mais e mais força, atingindo seus limites .
Créc .
E agora, estava quebrado e deslocado, em um ângulo não-natural .
- Por que não grita, Tléb ? Este mashin aqui sofreu ferimentos profundos e não se conteve, pelo menos no principio . Quer mesmo manter essa pose de guerreiro invencível ?
- Vai pro inferno, Giorvel ! – ele cospe na cara de Giorvel o qual não se desvia a tempo .
- Vejamos por quanto tempo você resiste .
Giorvel abre a mão e começa a fechá-la lentamente, de forma que Tléb rapidamente sente os efeitos disso : sentia como se estivesse sendo esmagado, literalmente .
- Argh ...
E não parava . A pressão aumentava lentamente, cobrando seu preço . Sentia seu esqueleto ser pressionado por um monstro voador, com a diferença que o monstro te mataria de uma vez por todas, o que não era o caso . Aos poucos, ossos mais frágeis iam se partindo, cortando músculos e perfurando sua carne . Pouco depois, os mesmos ossos já estavam expostos .
- Isso, grite, grite ! Quero me deliciar com teu sofrimento, traidor ! Vamos, grite !
Era incrível que outros ossos não tenham se partido . A dor de ter seu fêmur esquerdo rachado era inigualável, fora os músculos perfurados pelos ossos . E não parava, visto que Giorvel aumentava a pressão cada vez mais . E mais . E mais . Boa parte de seus ossos ou estavam fraturados ou quebrados, causando verdadeiras hemorragias internas nele, fora os gritos que ele emitia . Seus braços e pernas estavam virados em ângulos não-naturais, seus dedos estavam invertidos, seu pescoço estava prestes a se quebrar, junto com sua caixa torácica, a qual não resistiria mais a pressão que aquela luz negra que envolvia Tléb fazia sobre seu corpo .
- Quero que veja uma coisa antes de morrer, Tléb – ele para de fazer pressão, deixando Tléb se chocar com o chão e sentir uma dor enorme – eu vejo duas crianças ... onde está a terceira ? Dentro do mashin, logicamente . Pelo visto ele terá um acompanhante em seu sofrimento ... mas não preciso dessas duas . Diga-me ... qual gostaria que desaparecesse primeiro ? – ele aponta seu dedo para Umi e Fuu, o mesmo começa a brilhar – desacordadas, do jeito que estão, não sentirão a menor dor, ao contrário de você . Só para que fique sabendo, já vou lhe avisando que, assim que ambas morrerem, vou quebrar sua caixa torácica para que os ossos perfurem por completo o pulmão e você morra lentamente com essa dor . Mas voltando ao nosso assunto, qual delas prefere que eu extermine primeiro ? A que usa poucas roupas e lutou anteriormente com Veneno, ou a outra que veste uma estranha roupa de dormir ? Escolha, vamos !
Giorvel era cruel e sádico, disso ele não tinha dúvida . Como ele esperava que ele respondesse na situação em que se encontrava ? Preferia mil vezes que tivesse tido o mesmo fim de Veneno, do que passar por isso . O simples ato de respirar já era um sacrifício, quanto mais falar . Não estava preocupado exatamente com as garotas, mas em como mataria Giorvel no estado em que se encontrava . Como ?
Ah, sim .Havia se esquecido daquilo ...
- Sem resposta ? Tudo bem, eu cuido das duas de uma vez só – a ponta de seu dedo brilha cada vez mais, aumentando seguidamente de intensidade – realmente é uma desgraça voltar a Cefiro apenas para descobrir que tais garotas são as escolhidas de Rayearth . Preferia ter me confrontado com os outros escolhidos, ao menos teria sido mais divertido . Até uma outra oportunidade, garotas .
Incapaz de fazer qualquer coisa, Tléb apenas observa quando Giorvel realiza seu disparo contra Umi e Fuu .
No entanto ... nada no mundo poderia prepará-lo para o que acabara de ver .
Uma esfera vermelha, a qual pulsava como um coração, havia parado em frente as garotas e absorvido por completo o disparo de Giorvel . Quando ele olha para o mesmo para tentar compreender o que houve, percebe que Giorvel estava tão espantado quanto ele .
Era só o que lhe faltava .
Que diabos estava acontecendo ?
E de onde veio aquele troço ?
Como se as coisas não pudessem piorar ...
xxx
Finalmente estava dormindo .
Finalmente o sono viera .
E como era bom ! Passara as últimas duas horas lendo o livro, o qual nem se lembrava mais qual era, mas pelo menos ele serviu ao seu propósito : trouxe o sono .
- Nham ...
Para um professor universitário, ser visto em tal posição, estirado no sofá com as pernas esticadas e um livro sobre o peito, segurando-o como se fosse uma relíquia antiga, seria o fim da picada, fora a gozação dos colegas . Passa-lhe pela sua cabeça a súbita idéia de se levantar e caminhar até sua cama, aproveitando da companhia de sua esposa, mas seu corpo simplesmente se recusa a ficar de pé .
É uma pena . Se tivesse feito isso, talvez dormisse um pouco mais .
Começa com uma pequena brisa, e ele na mesma hora puxa o cobertor que estava nas suas pernas para cima, encolhendo-se e protegendo-se da friagem . Mas então ela aumenta . Em poucos segundos, um vento frio passava pela sua sala . A idéia de se levantar e verificar se as janelas estavam fechadas passa pela sua cabeça, mas a simples lembrança de que as mesmas já estavam trancadas impede isso, de forma que ele puxa o cobertor e se encolhe mais ainda . Nada o faria se levantar, nada tiraria seu sono . Nada .
- Levanta-te, Seichiro .
Uma voz . Não era possível, pensava . Com certeza era um sonho .
- Seichiro, preciso de você .
Mas uma vez, e ele torna a ignorar .
- Seichiro, levante-se .
- Não quero, mamãe . Amanhã eu tenho que aplicar uma prova para alguns alunos e preciso dormir, então me deixe quieto, por favor .
- Seichiro .
- ...
- Seichiro .
- .....
- Seichiro .
- ...
- Seichiro .
- .....
a brisa torna a aumentar, de forma que em alguns segundos vários papéis que se encontravam nos móveis da sala caem . Em seguida, os mesmos começam a voar pela sala, numa espécie de tornado, dançando .
Ele continua de olhos fechados, ignorando o vento .
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ....
- Cale-se ! Será que ninguém pode dormir nesta casa ? Nem o Big Bang faria eu me levantar daqui agora !
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Céus ... de onde vem essa voz que me atormenta ? Em verdade existem muitas lendas e contos populares acerca de antigos reis e rainhas que caminham noite afora pelos arredores de Londres, mas isso é ridículo !
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Cala-te, ser da noite – ele encolhe-se mais ainda, sem sequer abrir os olhos para responder – Dessa forma, vais acordar minha filha e minha esposa ! Se queres importunar alguém, então que seja somente a mim ! Se ousares perturbar o sono dos inocentes, terás que se ver comigo !
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Zzzzzzzzzzzzz ....
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Zzzzzzzzzzzzz ....
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Zzzzzzzzzzzzz ....
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Zzzzzzzzzzzzz ....
- Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ... Seichiro ...
- Zzzzzzzzzzzzz ....
A voz cessa, trazendo novamente o silencio àquele recinto . Ainda bem, ele agradece .
O vento torna a aumentar, o qual começa a levantar várias coisas na sala : mesas, poltronas, armários ... e seu ocupante no momento .
- AAAAAAAHHHHH !!!!!
Aquilo só podia ser um pesadelo, com certeza ! Um vento forte vindo de lugar algum estava levantando-o acima do chão e girando-o pela sala, assim como vários móveis . Com certeza foi algo no jantar que lhe fez mal . Mesmo depois de ter passado seis meses na Inglaterra e se acostumado com os horários e pratos, sua esposa ainda insistia em preparar pratos "pesados" de sua terra natal, o que lhe causava vez ou outra uma certa indigestão .
Mas aquele pesadelo estava ficando real demais ! Volta e meia ele dava de cara na parede, no teto, na parede novamente, trombava com algum móvel ... ora essa, de onde vinha esse vento todo ?
- Ok, ok ! Você venceu, pare com isso – respondia, acreditando que, se colaborasse com o "pesadelo", talvez aquilo tudo terminasse .
Súbito, o vento faz com que os móveis vão retornando lentamente ao seu lugar de origem, assim como Seichiro, que retornava ao seu assento, com seu pijama desarrumado e seu cabelo despenteado .
- Aham – ele se levanta e toma uma postura ereta, ajeitando sua roupa e seu penteado – muito bem, seja lá quem for, em que posso ajudar ? Por acaso está longe de seu local de origem ?
- Eu preciso de sua ajuda, Seichiro .
- E do que se trata ? – de forma que, não lhe passa despercebido o fato de que toda vez que ouvia a estranha voz, uma pequena brisa corria pelo aposento . - Por acaso não poderia esperar pelo amanhecer ? Céus, meu relógio deve ter caído do pulso nessa confusão todo, mas devem ser duas ou três da madrugada ! Se tiver um pouco de paciência, eu ...
- O grande impecilho disso tudo está no fato de você ainda crer que tudo isso não passa de um sonho . Mas não é . Nunca foi . Conheço a ti mais do que você imagina, Seichiro . És um homem integro e justo, trilha um caminho reto e, acima de tudo, dá o melhor de si não apenas pelo sucesso pessoal, mas pelos outros . Todas as vezes em que deu o seu melhor, fez isso por que, mesmo que inconscientemente, queria garantir um futuro para as gerações futuras .
"- Isso tudo é muito perigoso, é arriscar a vida por uma ínfima possibilidade . Sei que essa guerra pode não gerar fruto algum, mas eu quero lutar assim mesmo . Não faço isso por glória, triunfo ou orgulho . Faço isso por que desejo garantir um mundo para as próximas gerações, um mundo no qual meus filhos possam viver, aprender e brincar sem a preocupação de terem seus sonhos destruídos . Grandes homens fizeram e fariam o mesmo que eu, mas diante de tal situação, eu sou o único que pode lutar pelo amanhã ."
Aquilo saiu de sua mente e ecoou por cada canto de sua alma . Aquelas palavras ... aquelas palavras eram suas ! Ele havia dito aquilo, tinha essa certeza, mas não sabia quando . Pense, Seichiro . Quando foi que você disse tais palavras, e por que ? Com certeza estava relacionado a algo muito importante, mas não conseguia se lembrar . O que seria ?
- O vento ... eu ... eu não consigo me lembrar o que isso significa, mas ... mas ... eu sinto que isso é realmente importante e ... e ...
- Seichiro ... por acaso não se lembra de mim ? Esqueceste do dia em que lutaste por um mundo que não era teu ? Esqueceste de tudo o que aprendeu em Cefiro ?
- Cefiro ? Cefiro ? Mas que ... o que é Cefiro ? E o que quer dizer com lutar por Cefiro ?
O vento reúne-se em um único ponto, formando um pequeno tornado do tamanho de Seichiro . A principio ele fica assustado com tal situação, imaginando que sua casa seria destruída, mas logo percebe que nada estaca sendo atraído para o tornado .
Ele se aproxima e estica sua mão tocando naquele estranho fenômeno . Estranho . Sua mão deveria ter sido puxada, ou então ele deveria ter sido empurrado, mas ao contrário disso, se movia livremente naquela união de ventos .
- Entre, Seichiro .
Como se obedecendo a uma ordem, ele adentra no tornado, sentindo toda aquela força . Mas não era propriamente a força destrutiva dele que Seichiro sentia, e sim a sua essência . Aquele vento era de alguma forma especial, pensava . Embora suas roupas estivessem sendo erguidas, não estava sendo rodado . Em verdade ele estava sendo erguido alguns centímetros do chão, mas a sensação era agradável e refrescante, como se fosse extremamente familiar .
- Vento ... – o tornado cessa, descendo-o lentamente . – esse vento é especial, não é mesmo ? Esse lugar, Cefiro ... agora me lembro, já estive lá . Mas por que ... !!!!! Isso – ele olha para as costas da mão esquerda, tendo um misto de surpresa/choque ao perceber que havia uma estranha jóia verde nesta – isso ... isso é ... é ... um Ovum !!!!
- Percebeste do que se trata, Seichiro ?
- Não, não pode ser ! Agora eu me lembro completamente ! Mas por que agora ? Por que ? Isso foi há tantos anos atrás, por que eu ? Responda-me, Rayearth !
- Percebo que tuas memórias retornam, embora já não atenda mais por tal título . Por acaso esquecestes que eu já não sou mais um ? Não te lembras de que por causa da força de vontade dos três eu me dividi ?
- Força de vontade . Sim, eu me lembro . Mas não entendo quem é você, mashin . E por que não aparece ?
- Meu nome é Windam, Seichiro . Fui criado a partir de tua mente . E não posso me manifestar por completo neste mundo por que minhas energias estão quase no fim .
- O que quer dizer com estar quase no fim ? E como assim, foi criado a partir de minha mente ?
- Você não se lembra, não é mesmo ? Você e aqueles outros dois tinhas personalidades fortes e, no entanto, diferentes . Tal combinação não foi suportada pelo que eu era anteriormente, Rayearth, justamente por que ambos tinham uma mente capaz de dobrar civilizações, como os antigos humanos . Foi por isso que nos dividimos, de forma que cada um de nós representa um dos três aspectos, o ordeiro, o caótico e o inconstante . Durante todo esse tempo nós suprimos esses aspectos, neutralizamos a personalidade de cada um de vocês que habitava dentro de nós, mas eventos recentes quebraram nosso controle, de forma que estamos agindo de maneira que sequer esperávamos . Ceres, o dragão marinho, começou a se comportar de uma forma que contradizia sua essência fria e tática . Assim como eu .
- Mesmo assim, Windam . Pelo que eu me lembro, nós fizemos um pacto, lembra-se ? Nós nunca mais seriamos importunados, nunca mais . Nós lutamos não somente por nossas vidas, mas por uma terra que não era nossa . Sei que isso contradiz muito do que eu disse anteriormente, mas eu escolhi lutar pelos outros nos meus termos . Com meu esforço e aprendizado, ensino mais e mais pessoas . Não somente isso, mas as educo e as preparo para tomarem as melhores decisões nos piores momentos possíveis . Eu os preparo para o futuro, preparo as novas gerações para o futuro, Windam . Foi dessa forma que eu escolhi lutar daquele momento em diante . Não tenho muita força ou quaisquer poderes, mas com meu conhecimento eu realmente posso fazer a diferença . Tenho uma família que me ama, a qual sofreria demais com a minha perda . Não sou mais um adolescente em uma busca por respostas, já encontrei todas as que eu procurava . Eu sei que se você está aqui, é por que a situação é extremamente grave, mas dessa vez eu peço que escolha outro para lutar, por que eu não irei ajudá-lo, Windam . E tire esse Ovum da minha mão, por favor .
- Como eu havia dito, estou começando a demonstrar sinais de tua personalidade . E assim como meu criador, não desisto facilmente . Eu me lembro perfeitamente do pacto, de forma que Ceres não quis quebra-lo ... mas se isso servir para um bem maior, eu o farei . O mal que estamos enfrentando não se passa aqui, mas em Cefiro .
- Não me interessa, Windam . Eles podem muito bem se defender disso.
- Não desta vez . Aquele que foi nosso maior inimigo, aquele que foi o motivo de tanta morte e destruição em Cefiro, está de volta .
- GIORVEL ESTÁ DE VOLTA ?!?!?!?!? MAS COMO ? ISSO É IMPOSSIVEL !!!
- Ele escapou de sua prisão, e os escolhidos de Cefiro falharam em detê-lo .
- Mesmo assim, eu não ainda não compreendo o motivo de você não escolher outra pessoa, Windam .
- Você é o melhor de todos, o único que pode utilizar com maestria todos os meus poderes .
- E outro também poderá fazer o mesmo, com o devido tempo .
- Você teve treino antes de entrar na batalha, e não temos tempo para isso .
- Escolha outro, Windam .
- Isso já foi feito ... e falhamos .
- Falharam – uma pontada bateu no coração de Seichiro, seguido de um sentimento de ódio – então, eles morreram ?
- Não, ainda estão vivos, mas em perigo .
- Perigo ? Que tipo de perigo ?
- Giorvel está com eles .
- Giorvel ... – ele não podia acreditar nisso . O mal encarnada estava com os novos escolhidos ? – eles serão mortos ... serão torturados até a morte ! Aquele sádico megalomaníaco homicida vai tortura-los até a morte !
- É por isso que eu preciso de tua ajuda, Seichiro . Posso contar contigo ?
- Céus, eu preciso de uma ducha ...
xxx
A água fria escorria pelo seu corpo . Tinha que pensar . E muito .
Mais uma vez estava sendo convocado . Pior, não era um inimigo comum, era o maior de todos . Mais uma vez, era convocado para lutar contra as probabilidades . Deveria aceitar ?
Não sabia . Para começar, o perigo não se encontrava em seu planeta, e sim em Cefiro . Outrora se arriscara por eles, mas agora as coisas eram diferentes . Não era mais um adolescente, era um adulto com casa e família pra sustentar . Não podia se dar ao luxo de partir em mais uma cruzada .
Mas Giorvel ...
Ele era diferente . Não era um homem, e sim uma fera que só pensa em matar . E não duvidava que ele tenha capturado os novos escolhidos imaginando que fossem os mesmos de tantos anos atrás . De certa forma, isso também era culpa dele .
Ou não . Havia lutado pelo mundo dos outros, havia dado o seu melhor, não tinha mais nenhuma responsabilidade . E os novos escolhidos com certeza deveriam saber o tamanho da encrenca em que estavam se metendo .
Infelizmente sua consciência não o deixava seguir essa linha de raciocínio .
Deveriam ser adolescentes, crianças até . Enfrentar uma fera como Giorvel era uma covardia contra eles . Seria um formiga contra um Tiranossauro Rex, por exemplo . Onde estava seu senso de responsabilidade com as gerações futuras nessa hora ?
Mas isso também era muito injusto Havia lutado tanto para chegar ao seu nível atual, e de repente surge uma coisa dessas ?
Injusto, muito injusto . Era uma balança desigual, apesar do lado mais fraco ter ótimos argumentos .
Se aceitasse, seria tratado como herói . Se sobrevivesse, claro .
Se negasse, seria acusado de covarde ?
Tal julgamento não cabia a ninguém mais além dele . Assim como a água que caia, as lembranças retornavam à sua memória rapidamente . Era como se tivesse sido ontem o dia em que saíra de casa em meio a um vendaval para socorrer uma pessoa . Não era um atleta, mas também não era um fracote, embora aquilo não fizesse a menor diferença para o vento . Conseguiu amarrar a pessoa em um ponto de forma que ela ficaria segura até o vendaval passar, o qual estava carregando placas e pessoas . No entanto, ele não fora rápido o suficiente para se salvar, de forma que fora pego pelo vento e levado para longe .
Com certeza teria morrido se não fosse a intervenção de Rayearth, claro . Naquele momento, quando ouviu a voz do gigante vindo de lugar nenhum e fazendo com que o tornado desaparecesse, todas as suas crenças de que só "viajava" quem ficava de porre foram por água abaixo .
Em verdade, devia a vida ao gigante . Mas daquela vez fora diferente . Rayearth ficara impressionada com a determinação dele em arriscar a vida por uma pessoa que sequer conhecia . Mesmo com toda a força do vento, ele não havia desistido enquanto não tivesse assegurado que aquela pessoa ficaria bem . E também não desistiu quando fora carregado, tentando de todas as formas possíveis se agarrar em alguma coisa para se salvar . Mesmo com alguns ossos quebrados, ele não havia desistido .
Assim como os outros, ele havia sido escolhido por Rayearth ... o mashin que possuía o mesmo nome de seu planeta .
Treinou tanto . Aprendeu tanto . E usou seu conhecimento para algo útil, por assim dizer . Mesmo que não fosse de sua obrigação, foi até Cefiro e lutou contra Giorvel, mas a ocasião era diferente .
Mas, mesmo assim, não deixava de ser uma balança desigual .
xxx
Vinte minutos depois, ele estava pronto . Usando um terno totalmente marrom, incluindo a calça e a gravata, com uma camisa branca por baixo, de forma que o conjunto combinasse com seus olhos castanho-escuro e seu cabelo marrom-claro .
Ele retorna para a sala, sentando-se na primeira poltrona que encontra e ajeitando a mão esquerda, como se polisse a jóia .
- Windam .
- Já se decidiu ?
- Sim . Mas antes, quero que saiba de uma coisa : o motivo de eu ter me arrumado é por que, depois da minha resposta, quero dar uma volta pela cidade .
- Então, irás comigo ?
- Não .
- Seichiro, sei muito bem o que você pensa a respeito disso, mas ...
- Escute com bastante atenção, Windam . Eu me dediquei por completo ao meu treinamento . Em termos de técnica, eu era superior aos meus outros dois companheiros, mas isso não vem ao caso . Eu decidi por não ajudá-lo . Essas pessoas que estão sobre os cuidados de Giorvel, eu sinto muito por elas, mas não quero tomar parte disso novamente .
- Tens idéia do que está falando ? Como pode ser tão frio a ponto de não se preocupar com um semelhante ?
- Eu me preocupo bastante com meus semelhantes, Windam . Não me entenda mal, não estou com medo de enfrentar Giorvel mais uma vez . Não sou mais o jovem que conhecera . Só não quero ter que passar por tudo aquilo novamente . Cada um de nós faz a sua escolha, e eu fiz a minha . Só por que não fizemos as melhores escolhas, não significa que não as fizemos . Eu sinto muito por eles, sei que essa não é a melhor escolha que eu faço, mas e a minha escolha .
- Eu não questiono o que você pensa, apenas questiono o futuro deste mundo e de Cefiro . Tal criatura ameaça a ambos .
- Não subestime os mais jovens . Lembre-se de que eu também fui como eles, e derrotei Giorvel assim mesmo . Se for verdade que novos escolhidos devem suceder os antigos, então eu não posso interferir, do contrário as gerações seguintes estariam na eterna dependência dos mais velhos . Talvez não os que estão com Giorvel, mas tenho certeza de que mais cedo ou mais tarde se levantarão jovens capazes de derrotá-lo . Portanto, Windam ... deixe-me, por favor . Não quero tornar a vê-lo ... nunca mais .
E, sem a menor demora, o Ovum desaparece de sua mão .
- É o fim . Adeus, Rayearth . E boa sorte .
Ele se levanta, andando pela casa . Tinha certeza de que poderia ter feito algo por aquelas crianças, mas preferiu não interferir . No fundo, acreditava que poderia derrotar Giorvel, mas e depois ? Um novo inimigo surgiria, e depois outro, e outro, e outro . Nunca terminaria .
Caminhando lentamente, ele se dirige até o quarto de seu maior tesouro : sua filha . Depois desse reencontro, precisava vê-la mais uma vez antes de sair para tomar ar .
A principio ele para na entrada do quarto, observando-a . Devido a falta de luz, não conseguia enxergá-la com perfeição, mas mesmo assim passou a mão no rosto dela .
Foi então que ele sentiu que não havia nada ali .
Como que por reflexo, ele acende a luz do quarto da garota, tendo uma pequena surpresa : ela não estava ali . Mas então, onde ... ?
Seichiro sai do quarto e vai até o banheiro, confirmando que a mesma não estava lá . Vai até seu quarto, até a biblioteca, retorna ao banheiro .... chega a gritar o nome da garota, arrependendo-se por isso, visto que sua esposa poderia acordar, mas então um pequeno detalhe torna à sua mente : ele estivera o tempo todo na sala e só saiu para tomar banho . Havia visto a garota a cerca de duas horas atrás e, se a mesma tivesse se levantado para ir a qualquer um dos demais cômodos, teria que passar pela sala, e ele a teria visto .
- Seichiro ...
- Em outros tempos eu acreditei que os mashins, quando davam sua palavra, a seguiam até o fim .
- A verdade existe em tuas palavras, mas situações extremas exigem medidas extremas . Jurei jamais me aproximar de você, mas já quebrei tal juramento duas vezes .
- Duas ? Pensei que essa fosse a primeira ...
- Hououji Seichiro ... duas estações atrás teu mundo ... meu mundo foi invadido pelos habitantes de Cefiro, guiados pelas fadas Águia e Esmeralda .
- Os líderes das fadas ? Mas o que eles queriam ?
- Destruir toda a raça humana .
- Mas isso é irracional ! O que os fez tomar tal atitude ? E, a propósito, o que os deteve ?
- O lamento de Esmeralda diante da perda daquele que ela mais amava, e o desejo de Águia de impedir que sua irmã continuasse sofrendo . Ambos foram detidos pelos novos escolhidos, os mesmos que foram até Cefiro dessa vez .
- Eles conseguiram matar Águia ? Impressionante .
- Não, eles não o mataram, mas fizeram com que Esmeralda mudasse de idéia, com o auxilio de Cléf .
- Cléf ? Quem é este ?
- Embora não se lembre, já se encontraram antes . Foi ele quem tomou o lugar de Giorvel .
- A chave ! Agora eu me lembro, Cléf era a chave para o aprisionamento daquela besta ! Não, você não está me dizendo que ...
- Cléf fraquejou em suas convicções, o que acabou por libertar Giorvel .
- E foi ai que os guerreiros de Cefiro foram derrotados .
- Apenas três . Os demais haviam sucumbido durante a invasão, pelas mãos dos escolhidos .
- Foi como eu disse, a nova geração supera a anterior . Derrotar escolhidos de Cefiro não é uma tarefa fácil .
- Na verdade, os escolhidos tinham muito de seus antecessores, justamente por isso foram escolhidos .
- Windam ... – uma breve surpresa toma conta dele – está dizendo que ...?
- Meu irmão, Lexas, tomou essa decisão, e todos nós o apoiamos . Os novos escolhidos tinham uma força de vontade enorme, e cada um deles possuía as características certas para nos comandar sem nenhum treino . Isso por que, instintivamente, elas sabiam o que estavam fazendo . Era como se suas sementes soubessem do que havia ocorrido antes .
- Suas ... sementes ... suas ... sementes ... suas .... !!!!!!! Você ... você ... !!!! Seu traidor, você a envolveu nisso !!!!
- Não tivemos escolha, Seichiro . Do contrário, todos os habitantes de sua cidade natal teriam sucumbido, assim como você também .
- Não importa ! Minha filha não tem nada a ver com isso, vocês não tinham esse direito !
- Não, não tínhamos, mas não podíamos ficar parados .
- E ainda por cima , ela está com aquele insano ! Céus !
- É por isso que preciso de tua ajuda . A cada instante que esperamos, mais se aproxima o fim de tua semente .
- Isso não é algo que se faça ! Vocês não tinham esse direito, não tinham !
- Foi necessário, Seichiro .
- Não importa . Então, foram elas que causaram o desaparecimento de vários bairros em Tóquio . Bem que eu senti resíduos de magia naquele lugar !
- Fora uma magia que Cléf usara para proteger tais pessoas . Torno a perguntar, Seichiro : tenho tua ajuda ? Ajuda-me a derrotar Giorvel ?
- Isso deixou de ser uma viagem de salvação há muito tempo . Agora, é um
missão de resgate ...
xxx
(Tléb) – O que é isso ?
Espanto . Única palavra para definir o que ele sentia . Afinal, como explicar de onde aquele globo surgiu ? E por que ficou no caminho de Giorvel ?
(Giorvel) – Então, você retornou . E eu que pensei que havia sido um experimento fracassado . Pois bem, minha criação, venha até mim .
O globo permanece onde estava .
(Giorvel) – O que houve ? Por que não me obedece ? Por acaso se esqueceu de quem permitiu sua existência ? Vamos, venha até mim ! Obedeça-me !
(Tléb) – Acho que ele não vai te obedecer .
(Giorvel) – Ainda vive ? Não tem nem ao menos a dignidade de se matar ?
(Tléb) – Olha quem fala ! Não consegue sequer controlar o que criou !
(Giorvel) – Insolente ! Vejamos até onde consegue manter seu sorriso depois que eu matar essas garotas !
Ele mais uma vez dispara, apenas para ver, novamente, a espera se colocar na frente do ataque . E dispara de novo . E de novo . E de novo . E de novo . E, em todas as vezes, a esfera se coloca na frente, absorvendo todos os disparos .
(Giorvel) – Basta ! Obedeça seu amo ! É uma ordem !
Sem reação .
(Giorvel) – Grrrr !!!! Terei que te ensinar a obedecer ordens, criatura !
A noite que avança de forma profunda
As trevas que devoram sem piedade
O ódio que destrói sem compaixão
Avancem, destruam, tragam para a escuridão !!!
(Giorvel) – CHAMAS NEGRAS MORTAIS !!!!
Chamas se formam em suas mãos, avançando para o globo . Como se estivessem vivas, atingem-no ferozmente, parecendo mais uma fera faminta que não desiste de atacar enquanto não abater sua presa .
Impressionante, ele pensava . As magias de Giorvel haviam se tornado bem mais poderosas, em especial as baseadas em Trevas . Claro, uma vez que ele estava preso em uma dimensão anti-vida, isso não era tão espantoso assim . Mas que ele estava curioso com a nova criação de Giorvel e por que ela não o obedecia, estava . Tinha certeza de que aquele globo era feito de fogo . Sentia aquilo pelo seu calor e seu pulsar . Mas como ele criou tal coisa ? Não sentia o toque de Giorvel naquilo . Não sentia a sua marca de corrupção .
Mas que era impressionante, era . Estava sendo atingido pelas chamas negras, mas continuava na frente deste, impedindo que o ataque atingisse as outras escolhidas .
Foi nesse instante que ele percebeu tal detalhe : o globo as estava protegendo ? Mas por que ?
(Tléb) – Mas ... mas que diabos ... ?
Estaria ele imaginando coisas ... ou o globo estava crescendo ... e tomando forma ?
xxx
Simplesmente, estava ali . Não fora difícil .
Com um simples desejo, seu corpo desapareceu de onde estava e surgiu naquela terra encantada . Simples .
Apenas precisou desejar salvar aquela outra pessoa, com todas as forças .
Estava em queda . Quilômetros acima da superfície daquele local, na verdade . Seria uma grande queda .
Não hoje .
O vento começa a rodear seu corpo, diminuindo sua velocidade de queda, de forma que, em poucos instantes, ele para em pleno ar .
Era um bom lugar . Era um bom mundo . Não era o seu, mas era um bom mundo . E pensar que havia se esquecido por completo dele . Tantos anos se passaram, tantas surpresas, tantas desilusões, tantas alegrias ...
Não era o momento para pensar naquilo . Tinha alguém para salvar . Três, para ser mais exato . E, se sua filha estava naquele lugar , não queria nem imaginar se seria coincidência demais se os demais escolhidos também fossem .... melhor nem pensar .
Ele começa a se mover no ar, como se estivesse cavalgando o próprio vento . Ao longe, percebe uma estranha elevação, composta de rochas, mas que, tecnicamente falando, não deveria estar ali . As pedras que a formavam eram rochas subterrâneas, tinham tais características . Era como se alguém tivesse puxado a terra do subsolo para erguer tal coisa ....
Giorvel .
Então, era lá o covil do louco . Seu peito explodia só de imaginar tal coisa . Ao mesmo tempo em que sentia medo, sentia um ódio mortal . Não apenas por Giorvel, mas pelo mashin, o qual o havia metido naquilo, e o que era pior, havia envolvido sua família .
Mas não era o momento adequado para perder o controle . Tal situação exigia precaução e calma . Se quisesse derrotar Giorvel, teria que agir pacientemente .
E só ele sabia como fazer aquilo .
Pena que a situação não estava ajudando .
xxx
- Fascinante .
Até Giorvel concordaria com Tléb . Afinal, embora fosse bem desenvolvida, sua criação estava terminando o processo de criação sem sua interferência . Estava fazendo algo que ele faria depois : tomando corpo .
No começo era apenas um globo, mas em seguida ele começou a crescer e tomar forma . Em seguida, o que seria um tronco estava formado . Do mesmo, cinco pontas saiam : quatro tomavam a forma de membros, e a quinta, a qual se localizava entre dois membros superiores, aumentava de espessura e diâmetro, e começava a tomar características bem peculiares . Sete orifícios surgiam nesta, e aos poucos estes iam tomando proporções diferentes . Dois ficavam na parte de cima, dois no meio, e um na parte baixa . E, nos lados, mais dois, opostos e separados . Nos dois superiores, as primeiras luzes eram recebidas, nos dois do meio, o ar circulava, e no debaixo, apenas o silêncio era ouvido .Naqueles dois orifícios que ficavam opostos, o tão terrível som da realidade era ouvido .
E, ao passo que isso ocorria, todo o resto do corpo se formava, com braços, pernas, ossos ... agora sim ele não duvidava de nada : a criação de Giorvel, na verdade, era uma pessoa . Ou melhor – ele fita bem aqueles olhos fechados e o resto do corpo . Ou melhor, a anatomia do mesmo . Cabeça, tronco, membros, cabelo comprido e solto, numa tonalidade vermelho-escuro, os quais praticamente cobriam todo o rosto, mas não conseguiam esconder por completo suas orelhas , as quais eram a única coisa que denunciava que tal criatura não era uma pessoa normal, visto que eram pontiagudas, como as dos elfos ...seios .... seios ?
(Tléb) – Uma garota ... o que houve, Giorvel ? Por acaso tem se sentido solitário ? Acho que Veneno vai ficar chateada com você ... ah, lembrei, ela não existe mais . Mas eu não sabia dessa sua fixação por elfos dessa forma ...
(Giorvel) – Finalmente resolveu me obedecer . O que houve com você ? Que desobediência foi essa ?
Ela sequer responde, tampouco abre os olhos .
(Giorvel) – Contemple minha maior criação, Tléb . Essa nova criatura é superior a Veneno em todos os sentidos, se quer saber . Foi muito produtivo ter escapado, pois consegui um presente além da minha vingança !!!
Aquilo não era bom . Já não bastava os problemas que Veneno causou, ainda por cima tinha mais uma nova criatura de Giorvel para causar problemas ...
Ele estala os dedos, e o leão é erguido, só que, desta vez, sem cordas . Não precisava disso . O poder dele era suficiente para fazer tal coisa .
Da ponta de seu dedo, um brilho negro surgia . Ele aponta para o gigante, e um raio é disparado, perfurando sua perna .
No entanto, diferente das outras vezes, não é o rugido do gigante que é ouvido . Dessa vez, era o grito de uma garota .
(Giorvel) – Mas é claro ! Agora você está unido com sua escolhida !
O brilho retorna, e ele dispara mais uma vez, só que, desta vez, o raio não atinge Lexas, pelo contrário, ele se estica por completo, formando um chicote de pura energia maligna .
Tléb arregala os olhos ao ver aquilo . A crueldade de Giorvel não tinha limites, visto que esta chicoteando o leão, e a dor era redirecionada diretamente para a garota .
Silêncio . Apenas os gritos dela eram ouvidos . E continuavam .
(Hikaru) – AAAAAAHHHHHHHH !!!!!!!
Os gritos da pobre menina ecoavam pelo local, assustando um desiludido Tléb .
(Hikaru) – AAAAAAAHHHHHHHH !!!!!
Aqueles olhos insanos brilhavam diante da cena, deliciando-se mais e mais pelo sofrimento alheio.
(Hikaru) – AAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!
O próprio mashin já não tinha forças para gritar e, por sua vez, nenhum dos dois conseguia se separar .
(Hikaru) – AAAAAAAAAHHHHHHHHH !!!!!!
A mesma estava totalmente esgotada e ferida, visto que os combates anteriores a exauriram por completo .
(Hikaru) – AAAAAAHHHHHHHHHHHHH !!!!!
Utilizando o pouco do que lhe havia restado, ele lança uma magia de levitação sobre si mesmo, erguendo-se no ar . O esforço era supremo, visto que se corpo estava totalmente fraturado . Mas não era nada comparado ao sofrimento daquela pequenina . Não sabia se ela tivera algum treinamento especifico, mas seus gritos denunciavam a resposta . Se ela tivesse tido o mesmo treinamento que ele, se tivesse sido preparada para lutar mesmo sentindo uma dor enorme, não estaria gritando tanto assim . Era uma pessoa comum, não um soldado, como pensara erroneamente . E ela continuaria sofrendo pelo tempo que o desejo insano de vingança de Giorvel persistisse, o que poderia durar uma eternidade ...
E, enquanto aquela tortura continuava, não lhe escapa pelos cantos dos olhos o fato de que a nova criatura de Giorvel estava se aproximando das outras escolhidas, as quais ainda estava desacordadas . Mas o que ...
Ela as pega e, num rápido movimento, joga uma delas, a de cabelos longos, no ombro, e segura a outra pela cintura com uma das mãos . O que ela pretendia .
Então, pela primeira vez, a criatura abre os olhos . Ele esperava por tudo : ódio, ira, rancor ... mas não aquilo . Aqueles olhos ... ele se lembrava daqueles olhos . Eram olhos de tristeza e, ao mesmo tempo, alegria .
Até que eles brilham, formando um pequeno globo em sua frente . Fogo .
O globo segue em frente, de forma bem rápida, até que atinge alguma coisa, explodindo em seguida .
Aquilo o havia surpreendido . O ataque havia aberto um buraco, o qual permitia a passagem da luz do sol . Obviamente, isso não havia passado despercebido por Giorvel ....
(Giorvel) – Mas o que você pensa que está fazendo, criatura demente ? Se quer testar seus poderes, vá fazer isso em outro lugar ! E trate de largar essas duas ai, ainda não terminei com elas ! – Giorvel continua chicoteando o leão, ao som dos gritos de Hikaru, insanamente – Não me ouviu, imbecil ? Por acaso terei que puni-la também ?
Por essa nem Tléb esperava : a criatura ergue-se alguns centímetros acima do chão, enquanto que seus pés parecem estar em combustão . Seu corpo muda de posição, como se a mesma estivesse deitada no ar e, numa explosão de chamas emitidas pelos pés, ela "arranca" dali, deixando seu criador para trás .
Que velocidade, ele pensava . Aquele bicho que Giorvel criou era bastante inteligente . Utilizou a magia da levitação para voar e s chamas para se propelir velozmente, atravessando o buraco e sumindo no horizonte . Mas ... por que ela fez isso ?
A cara de espanto de Giorvel era a resposta . Pelo visto, não havia tido um controle tão grande da situação como imaginava . Aquela criatura insolente iria pagar ...
(Tléb) – Já entendi – ele permanecia flutuando, com um certo sorriso no rosto – sua criatura salvou as escolhidas, Giorvel . Você falhou .
(Giorvel) – Impossível ! Eu a criei, ela me deve obediência !
(Tléb) – Você a criou , ou você a ... modificou ? É uma pena, pois parece que ela não fez esse juramento . Você perdeu .
(Giorvel) – Perder ? E eu sou o louco ? Tolo, acha que isso me incomoda ? Essa estúpida criação fugiu com duas presas, mas ainda me sobrou uma . E dois mashins estão fora de ação ... como pode dizer que eu perdi ? Posso localizá-la, se assim desejar, e é o que farei !
(Tléb) – Não, não vai . Eu não permitirei . - Os olhos dele tornam a brilhar, enquanto que uma aura cinza cobre seu corpo . – guardei isso para você, Giorvel . - Tléb avança em sua direção à toda, pegando-o desprevenido e chocando-se com o mesmo . Ao abrir os olhos, percebe que seu atacando estava diante dele, cara-a-cara, encarando-o . – Vamos, diga-me, por que eu não deveria matá-lo ?
(Giorvel) – A mim pertence tal comentário . O que te move, traidor ? É impossível que percebas que eu sou imortal ?
(Tléb) – Não, não é . Ninguém é imortal . O tempo de todos passa . Pode demorar um dia ou um milênio, mas todos morrem . Até as fadas e os elfos . Mas, da morte de todos, ergue-se um novo mundo, com novas dificuldades . No entanto, criaturas como você impedem esse renascimento, justamente por que recusam-se a aceitar o seu fim . É o fim para nós, Giorvel . Nós poderíamos ter sido os melhores que este mundo já conheceu, e ao invés disso, estamos aqui, desejando que algo ocorra . Não lamento pela minha vida, pois os últimos anos foram os melhores que eu já tive . Lamento apenas pelos que foram afetados pelo nosso confronto . Lamento também por aquela garota, a qual irá morrer pelo meu desejo egoísta de eliminá-lo da existência . Sei que é egoísta por que, um dia, alguém viria e o derrotaria, mas fazendo isso agora, eu estou eliminando todas as esperanças dela de sair viva e ter uma vida normal . Será a última vitima de nossos atos, Giorvel . Prepara-te para encontrar o fim de tua existência !!!!
No dia mais claro
Na noite mais densa
O mal sucumbir
Ante a minha presença
O seguidor do mal tomba diante do meu poder !!!!!
Ele esperava por tudo, menos aquilo . Não imaginava que Tléb tivesse aprendido o ataque supremo de Oláf, o qual era passado de pai para filho . O ataque supremo que pertencia somente àquela família, e que um de seus membros, mesmo sem o devido treinamento, poderia utilizar como ultimo recurso, como se tal magia fosse um conhecimento ativado pelo seu instinto .
No entanto, ele sabia que seria inútil . Aquilo não fora capaz de destruir Veneno, tampouco iria feri-lo .
Doce ilusão, ele pensava .
Erro seu, na verdade . Em toda a sua arrogância, não esperava que o Luminaire pudesse tão devastador ... e não era .
Mas a dor sentida por estar no centro daquela redoma de luz ... como ?
A resposta era simples : os elfos .
Durante longos anos, Tléb havia se alimentando de seu poder, não gastando-o para fins combativos . De certo modo, ele acabara por armazenar muita energia por todo esse tempo . E, como havia prometido, estava entregando-a para aquele que se viciou nela, e agora teria sua última dose .
Luminaire . Um golpe poderoso. Um golpe devastador . Um golpe mortal para quem o utiliza, pois ele afeta o próprio invocador deste . Tinha certeza de que Rafaga e Priscila o utilizaram como último recurso, embora tenham falhado .
Um golpe extremamente poderoso, o qual agora estava sendo ampliado e turbinado pelo poder daqueles que foram uma das mais poderosas raças de toda Cefiro .
O poder corrompe . Muito poder corrompe mais ainda .
Pobre garota, ele pensava . Tamanho era o poder utilizado, que tudo o que se encontrasse num raio de alguns quilômetros seria destruído por completo, inclusive ela .
Se servisse de consolo, suas amigas haviam escapado . Não imaginava o que a criação de Giorvel queria, mas tinha certeza de que ela deixaria de existir quando o mesmo também desaparecesse .
- Adeus, Giorvel – ele recitava suas ultimas palavras, enquanto era consumido pela destruição causada pela magia – o nosso tempo aqui terminou . Desapareça para o nada . E que, seja lá qual for o lugar para onde sua alma doentia vá, que lá ela finalmente possa descansar em paz, livre dessa sua psicose insana . E que isso sirva de lição para todos os habitantes desta terra, para que não se tornem obcecados pelas maravilhas da magia, a ponto de permitir que a mesma controle suas vidas . Nosso fim é inevitável, Giorvel . Todos tem o seu fim, mais cedo ou mais tarde, e a morte não tem pressa em cobrar seu tributo . Os portadores do dom da magia não souberam usar sabiamente o que aprenderam, e por isso nosso mundo se encontra no seu estado atual . Como conseqüência, posso imaginar que, daqui por diante, a maioria da população ira temer criaturas com nós, achando que, em nossa arrogância diante do poder que possuímos, nos consideramos como criaturas em um plano de existência superior aos outros, mas isso não é verdade ? Por algum acaso, quando manifestamos nossos dons, não sentimos aquele prazer, aquela alegria imensurável de que, por alguns instantes, éramos capazes de fazer qualquer coisa ? Nós tivemos tal capacidade, e a utilizamos para fins particulares, sempre foi assim . Nós a usávamos para vencer guerras, conquistar regiões inteiras ... não foi para isso que aprendemos a magia . Ela foi aprendida para que pudéssemos compreender as grandes maravilhas e mistérios do universo . Será que algum dia nós aprenderemos a utilizar esse magnifico dom de forma correta e sensata ? Sinceramente, eu espero que não . O controle, na maioria das vezes, tem pouca duração, sendo seguido pela desordem e caoticidade precoce . Se for para ser assim, seria melhor que a magia nunca mais existisse neste lugar, para que, pelo menos, meu povo pudesse finalmente caminhar e se desenvolver pelas suas próprias forças . Adeus, minha amada Cefiro .– Suas ultimas palavras eram dissipadas no espaço, ao passo que a redoma cresciam de forma rápida, espantosa e devastadora de tamanho , atingindo tudo e a todos que estavam nas proximidades .
xxx
Impossível .
Como tal coisa poderia ter acontecido ? Como ?
Aquela redoma de energia, tão pequena ... como ?
Estava voando pelos céus de Cefiro, mas não em direção ao covil de Giorvel, visto que tinha algo importante para fazer primeiro .
Mas não acreditava naquilo que estava vendo .
No principio, uma estranho luz emanava de vários buracos que haviam sido abertos na base da montanha . Curioso, ele deteve seu trajeto e ficou parado, observando aquilo . Foi então que aconteceu .
A luz finalmente revelou sua forma, uma redoma, a qual crescia cada vez mais . O mesmo teve que se afastar, do contrário teria sido atingido . Seja o que fosse, crescera de tal forma que atingia florestas, morros e pequenos rios que estavam por perto ... além de uma área total de alguns quilômetros ...
Nem ele estava acreditando naquilo . Sentia um calafrio só de pensar no motivo para tal coisas existir .
E o que era pior, parecia destruir tudo o que tocava . Como tamanho poder era possível ? Como tal grau de destruição poderia ser gerado por uma única pessoa ? Como ?
E o que era pior : seria capaz de enfrentar tal coisa ? Em verdade sua alta habilidade lhe permitia extrair o máximo dos poderes do mashin que iria comandar ... mas seria o suficiente ? Seria suficientemente poderoso para derrotar um monstro, para lutar contra as probabilidades, para derrotar aquele que era o maior inimigo que ele, Cefiro, a Terra e, por que não dizer , toda a humanidade enfrentou em todos os tempos ?
Do fundo da sua alma, ele esperava que sim . Ou melhor, queria que sim . Nem que tivesse que morrer para tanto ... ou sacrificar o juramento que ele também tinha feito em tempos passados, assim como os mashins o haviam feito para seus antigos escolhidos ...
Continua ...
