A Herdeira dos Lestrange

Capítulo 2: De volta a Grimmauld Place, 12

- Lumos. – ela disse e logo a sala iluminou-se mesmo a luz da varinha sendo fraca. A iluminação era suficiente para fazer Angie perceber que o lugar aonde estava era muito antigo, tinha sinais que fora usada a pouco tempo, mas ainda assim havia uma grossa camada de fuligem próxima a lareira, o que significava que fazia tempo que aquele lugar não via um pano. Angie caminhava lentamente, certamente com medo de que alguma coisa acontecesse, evitava tocar nas coisas, mas quando chegou a uma das salas sua curiosidade se fez maior ao avistar uma grande tapeçaria pregada na parede. Aproximou-se e a luz da varinha era suficiente para que ela visse que aquilo era semelhante à árvore genealógica que vira na tapeçaria da sua casa, aquela que ela estava procurando antes de ser transportada, só que aquela era maior e tinha mais ramificações do que a procurava.

Seus olhos vasculhavam a tapeçaria procurando por algum sinal familiar, procurava pelo tal Black. Até que em um dos pontos da tapeçaria, os olhos de Angie pararam:

- Finalmente. Sirius Black, na verdade tem toda a família Black e indica que todos estão mortos. Que coisa horrível. – Angie continuou a examinar a tapeçaria, muitas coisas se fizeram surpresas para ela ainda mais o fato de que todas as famílias bruxas tinham ligações consangüíneas, mesmo sendo parentes distantes.

- Malfoys, Weasleys, Lovegoods, Diggory, Black.......Lestrange. Mas é o meu nome. – e ela acompanhou a linha que ligava o sobrenome Lestrange. Havia poucas ramificações, mas o mais estranho é que a família Lestrange terminava com uma ramificação sem nome, provinda de uma mulher cujo nome era Bellatrix Lestrange. Na tapeçaria, porém não mostrava quem era o pai ou que nome ocupava na última ramificação.

- Talvez não seja eu, quer dizer se fosse eu, eu estaria aí certo? Ou será que no fim das contas essa tal de Bellatrix com quem tanto sonho não tem nada a ver comigo. – nessa hora Angie sentiu o peito apertar, era como se estivesse largada no mundo, sem ninguém. De certa forma era na verdade, até hoje não sabia a sua história. Seu livro da vida era composto apenas de páginas em branco, páginas que esperavam um rabisco, mas esse rabisco não poderia ser feito, afinal ela não sabia da sua própria história.

Virou as costas e começou a andar pelo cômodo onde estava, queria sair o mais rápido dali, aquele ambiente não estava lhe fazendo bem. Pensar em sua história era torturante, especialmente pensar que você não tinha história alguma.

Angie não fazia idéia de como voltaria para sua casa, não podia simplesmente sair pela porta da frente e ir andando. Fazia menos idéia ainda de onde estava, poderia ter sido transportada por milhares de quilômetros. Já havia passado por cerca de três salas para chegar até o hall principal.

O lugar estava igualmente escuro assim como o resto da casa. Uma grande escadaria levava aos pavimentos superiores. Teria algum problema se subisse? Não pensou duas vezes, e logo se encontrava em um dos corredores do 2° andar. Muitos quartos de fato, todos sombrios também. Aquela casa não era muito convidativa. Olhou no relógio. Já passava das dez da manhã.

- Ai meu Merlin! Já são mais de dez horas, eu combinei de me encontrar as onze lá no Beco Diagonal. Eu preciso sair daqui. Será que um feitiço funcionaria? Accio chave-de-portal. – nessa hora uma rajada de vento entrou por uma das janelas do corredor, escancarando uma das muitas portas dos cômodos. Agora que reparara, aquele era o único cômodo que tinha um candelabro aceso. A chama das velas iluminava o local, lembrava vagamente a Sala da Necessidade em Hogwarts, claro que Angie não sabia disso, de qualquer forma ela entrou na sala devagar. Próximo ao candelabro havia algumas folhas de papel que estavam gravadas: "Blacks e Lestranges", mas Angie não teve a oportunidade de ler o resto, ou de saber o que tinha sob aquele papel, pois no instante em que tocou no papel superior, teve novamente a sensação de estar sendo transportada.

Caída no chão da sala da mansão, quando Angie abriu os olhos pensou que tudo não passara de um sonho, e continuou o fazendo, pois não tinha provas de que aquilo fora real, mas em seu íntimo ela sabia que tudo aquilo realmente acontecera.

Pôs se pé, e passou as mãos pelos cabelos de forma a tirá-los do rosto. Olhou para os lados para certificar-se de que estava em casa e logo subiu as escadas para pegar sua bolsa. Tinha que estar no Beco Diagonal em meia hora, e da mansão até o Caldeirão Furado era preciso 20 minutos de metrô.

- Desculpa! Eu me atrasei, mas estava a maior fila lá no metrô. – mentiu. – Me desculpe mesmo! – tinha se atrasado 10 minutos, o que não parecia ser muito para uma pessoa normal era inaceitável para as regras de etiqueta de Marie.

- Não tem problema Angie. Dessa vez passa, mas que não se repita. – disse em tom repreendedor. Angelina baixou os olhos, olhando interessadamente para os seus sapatos.

- Marie querida, isso acontece não precisa ser tão severa. – dizia Nicholas que logo dera um sorriso maroto para Angelina que correspondera.

- Vamos então? – ela propôs.

Andaram demoradamente pelo beco mais famoso do mundo bruxo. Primeiro foram ao Gringotes retirar um pouco de dinheiro aonde Angelina conhecera um simpático rapaz de longos cabelos ruivos e um brinco na orelha.

A primeira loja que visitou foi a de Logros e Brincadeiras, seguida pela Floreios e Borrões e pela Loja de Caldeirões. Já era perto das 3 da tarde quando chegou na última loja da sua lista: a loja da Madame Malkin, roupas para todas as ocasiões. Juntamente com a lista de material viera anexo um pedido para a compra de uniformes e de uma roupa social para um baile que ocorreria durante o ano. Não que não tivesse roupa social, ao contrário, tinha várias, mas queria uma mais simples e bonita ao mesmo tempo, um vestido que retratasse o seu estado de espírito atual.

Viu muitas peças, a Madame Malkin não se cansava de mostrar-lhe modelos diferentes, já estava pensando que não acharia um vestido que a agradaria, mas no fundo da loja pendurado em um manequim lá estava ele: simples como ela queria, era um pouco mais abaixo dos joelhos, com um decote em 've', cinza-chumbo.

- É aquele ali que eu quero. – disse apontando para o vestido. Madame Malkin virou-se para olhar qual tinha sido o modelo escolhido e depois encolheu os olhinhos atrás dos óculos e disse:

- É uma cor meio triste para uma jovem tão bonita.

- Mas é assim que eu me sinto, então ele cabe perfeitamente a mim. – a dona da loja não discutiu mais. Apenas foi buscar o vestido e sem mais demora dirigiu-se ao caixa aonde a garota já a esperava.

- Mais alguma coisa, querida? – perguntou a mulher. Angelina olhava fixamente para um delicado colar de safiras que estava a sua frente. Era lindo, mas era alegre demais para ela. Foi o que ela pensou.

- Não é só isso mesmo. – sorriu fracamente.

- Vejo que gostou do colar, porque não o leva? – perguntou a mulher

- É como já lhe disse, é alegre demais para uma pessoa como eu. – atrás de Angelina alguém de cabelos platinados batia o pé freneticamente no chão, impaciente com a demora da garota em pagar a conta. Ao seu lado um homem mais velho, de cabelos também louros e olhos claros, mesmo quem não conhecesse saberia dizer que aquele homem era o pai do garoto.

- Será que não daria para demorar mais? – disse ironicamente o garoto. Angelina ouviu o comentário e virou-se para dizer:

- Paciência é uma virtude. – sorriu e virou-se novamente para terminar de pagar a conta – Aqui estão 5 galeões, 30 Nunques e 20 Sicles. – pagou e pegou suas coisas. Já tinha se virado para tomar o caminho que levava a saída da loja quando ouviu o homem que acompanhava o garoto dizer:

- Senhorita Lestrange? Angelina Lestrange? – indagou o homem. Angelina parou e virou lentamente.

- Sim sou eu, algum problema?

- É uma honra conhecê-la! Lucius Malfoy – fez uma reverência e continuou. – Você se parece muito com a sua mãe. – nesse instante os olhos prateados de Angelina brilharam de forma incomum.

- Você conhece minha mãe? – ela disse fracamente, ainda receosa.

- Sim. – ele disse firmemente. – trabalhei.....digo, sim, ela era uma pessoa muito próxima.

- Era? – tornou. Naquele instante Lucius percebera que tinha falado demais, coisa incomum para um Malfoy, especialmente ele, mas agora tinha que corrigir ou dar um jeito de terminar aquela conversa ali mesmo, o que era mais prudente ao seu ver.

- Vai para Hogwarts?

- Sim

- Sua primeira estada lá?

- Sim

- Bom então acho que você deve conhecer meu filho Draco antes. – então Lucius apresentou o filho à garota que o cumprimentou friamente, coisa que era normal entre Malfoys.

- Tenho que ir então. Nos vemos em Hogwarts, Malfoy. Sr Malfoy. – fez uma reverência cordial e saiu.

- Quem é ela pai? – Draco indagou assim que Angelina saiu.

- Alguém muito importante meu filho. Alguém muito importante.