A Herdeira dos Lestrange

Capítulo 5 – Sombras do passado

O jantar já havia se encerrado, de forma que os estudantes já estavam impacientes com a demora do diretor Dumbledore em fazer seu pronunciamento de inicio do ano letivo. Esse por sua vez, não parecia muito preocupado em começar logo o usual discurso, mas percebendo a impaciência, levantou-se e bateu palmas. Todos se calaram.

- Alguns avisos de começo de ano são sempre necessários. Devo reforçar aos velhos alunos, e informar aos novos que a Floresta localizada ao lado do castelo é terminantemente proibida, de forma que aqueles que forem pegos vagando pela floresta receberão detenção, não que isso seja do meu agrado – sorriu – mas por insistência do nosso zelador, o senhor Filch, a medida será aplicada. Devo informar-lhes também, que este ano as saídas para Hogsmeade serão permitidas apenas aos alunos acima do 4° ano por medidas de segurança. – nesse instante as reações foram variadas. Alguns reclamavam, outros se perguntavam o porque disso, e outros, como era o caso de Harry, Hermione e Ron diziam que aquilo devia ser medida de segurança no caso de Voldemort resolver dar uma "passeada" pelo vilarejo bruxo. – Quero também apresentar-lhes o nosso novo professor de Defesa Contra Arte das Trevas, o senhor Nicholas Hunter – e o homem de aparência jovem, cabelos negros e rosto fino entrou por uma porta lateral. No mesmo instante, Angelina reconhecera o novo professor, que para ela não era tão novo assim, só não estava entendendo porque ele trocara o sobrenome, mas prometeu a si mesma que na primeira oportunidade que tivesse iria perguntar ao tal "Hunter" o porque do fato. Este, de fato, era uma pessoa muito bonita e sua aparência jovial enganava a sua verdadeira idade. Algumas alunas suspiraram pelo salão, enquanto os garotos fechavam a cara. Aquela história de ter garotas suspirando durante as aulas, como acontecera com o professor Lockhart era incômoda. Depois de algum tempo trocando comentários com o professor, Dumbledore continuou. – E por último, mas não menos importante devo falar-lhes que para a distração de alunos e professores, no dia de Natal será realizado o nosso segundo baile de inverno, por isso foram pedidos trajes sociais em suas listas de material. – as garotas por todo o salão soltavam risinhos eufóricos, por mais longe que estivesse a data do baile, a escolha dos pares tinha que começar desde já. Afinal deixar para o último dia, era pedir pra ir com Crabbe ou Goyle, e era certeza de que nenhuma das centenas de garotas de Hogwarts queria isso. – E é só isso. Tenham todos uma boa noite, e um bom inicio de aulas no dia de amanhã. – Dumbledore sentou-se e os alunos começaram a tumultuar o Salão Principal, todos se levantando e rumando para seus devidos Salões Comunais.

Angelina desviou-se rapidamente de alguns alunos da Sonserina e foi ao encontro de Harry que já a esperava na escada. Antes, porém de chegar, sentiu-se segurada pelo braço, e com um olhar mortal olhou para ver o dono do ato. Qual não foi sua surpresa em ver que era Malfoy que o fazia.

- Que você quer Malfoy? – indagou irada e desvencilhando-se das mãos frias do garoto.

- Apenas porque é minha obrigação menina, devo te informar a senha para que você possa entrar no salão comunal é "Sangue Ruim" – e deu uma rápida olhada por Hermione que estava próxima. – Não se esqueça garota, não quero ser responsável por ter que abrir a porta para você no meio da madrugada. – com um sorriso mais do que sarcástico estampado no rosto, Malfoy girou nos calcanhares e rumou para as masmorras.

- Qual é a do Malfoy? Não simpatizou com nova sonserina? – Rony perguntou sarcástico.

- Por falar nisso, é uma pena que você não tenha ficado na Grifinória – completou Hermione – Mas ainda temos aulas juntos, e poderemos manter contato ainda assim.

- Claro que sim . – Angelina respondeu – Será que eu posso ir comer na mesa de vocês de vez em quando?

- Quando quiser. – Harry respondeu esboçando um sorriso. – Será sempre bem vinda!

- Só espero que a ruivinha, sua namorada, não se importe. Não acho que ela tenha gostado muito de mim. – Angelina disse, e antes que percebesse, havia dito uma coisa que ela não sabia da onde tinha tirado. Não tinha nem certeza se era algo verdadeiro, mas suas suspeitas se comprovaram afirmativas, já que Harry ficou muito vermelho.

- Como sabe que a Gina é minha namorada? – o garoto esperava ansioso por uma resposta, e Angelina sem ter uma explicação lógica mentiu.

- Deduzi. Digamos que é intuição feminina. – e tentou sorrir da maneira mais convincente que pode, e se fez satisfeita pois aparentemente havia dado certo. Se tivesse convivido por mais tempo com Draco, Angelina podia jurar que aprendera com o sonserino esses sorrisos falsos porém tão convincentes. – Mas sabe o que eu queria de vocês. Quero saber o porque de todos se espantarem ao ouvirem meu nome? – o trio que não esperava tal pergunta ficou por alguns segundos mergulhado em completo silêncio, até que Hermione finalmente resolveu falar algo.

- Está ficando tarde, nós conversamos sobre isso uma outra hora. – desconversou tentando um sorriso falso. Mas Hermione não tinha o "dom" dessa arte, e era fato que aquilo não convencera ninguém, mas de qualquer forma Angelina preferiu assentir.

- Está certo então, nos vemos amanhã. Boa noite Harry, Ron e Hermione.. – Angelina nem esperou por uma resposta e saiu rumo ao corredor que levava as masmorras.

Já na metade do caminho deu-se conta de que não fazia idéia de como chegaria ao Salão Comunal da Sonserina, mas seus pés a levavam sem que ela percebesse. Um piloto automático, mas que ela não percebia que realmente existia. A única sensação que tinha era de conhecia Hogwarts tão bem quanto a palma de sua mão.

Mais alguns passos dados e finalmente chegou a estátua de cavaleiro localizada no fim de um dos corredores frios das masmorras.

- Sangue-Ruim. – disse a senha e a estátua girou dando espaço a porta que dava no Salão Comunal.

Já passava das 22:30 e havia somente algumas pessoas no salão. A maioria dos alunos já tinha ido se deitar. Já dirigia-se ao dormitório feminino quando notou que a voz arrastada de Draco se fazia presente.

- Já deu o beijinho de boa noite no Potter? – ele perguntou quase cuspindo as palavras. – Você sabe não? Eu sou monitor, e posso dedurar você por estar fora do Salão Comunal depois da hora. – sorriu sarcástico.

- Eu sei que pode Malfoy, só que sei também que não o fará. – Draco ficou mais vermelho do que o cabelo Weasley (se é que isso era possível), fechou os punhos com raiva e disse:

- Pois tente me desafiar.

- É o que eu já estou fazendo. – Angelina sorriu maliciosamente e voltou a subir as escadas. Já no alto virou e disse com a cara mais deslavada do mundo. – Boa noite Malfoy! – este por sua vez parecia muito mais zangado do que anteriormente.

- Merda!!!! Como ela consegue me tirar assim do sério. Eu devo estar doente. Ninguém nunca conseguiu fazer isso. Agora chega uma novata, feiosa e sem graça e o faz. "Ta certo que de feia ela não tem nada" – pensou.

Angelina olhou em volta do seu dormitório. Todo decorado em tons de verde e prata. "Muito sonserino" – pensou. Suas coisas já estavam dispostas ao lado de sua cama. Esta muita bem arrumada e convidativa.

Não pensou duas vezes, jogou os sapatos longe e jogou-se na cama, e antes que pudesse perceber, havia dormido.

"- Mas que droga, ela está atrasada. – resmungou por baixa da capa preta um dos Comensais da Morte, de voz arrastada tal qual seu filho. Era Lucius Malfoy.

- O senhor não poderia tolerar os atrasos dela meu Lord. – continuou Mcnair

- Calem-se os dois. Tenho meus motivos para tê-la ao meu lado ela sempre foi fiel, mais até do que alguns de vocês aqui. Ela jamais falhou em uma missão e um atraso não é justificativa para um Avada. – Voldemort respondeu estranhamente hilário.

De uma porta próxima um vulto apareceu. Coberto pela capa preta não era possível ver seu rosto como o dos demais.

- Perdoe meu atraso Lord, mas eu tive que matar um trouxa que estava espionando próximo a janela da minha casa. Muito insignificante se quer saber, não deu nem pra começar. E também tive que dar um fim no traste que estava na minha cama na hora em que eu acordei. Vê se pode, é só beber um pouco a mais da conta que já me é o suficiente para dormir com aqueles idiotas que freqüentam o After Dark. Eu sei que sou irresistível – nessa hora a Comensal lançou um olhar a um dos Comensais, mas Angelina não conseguiu identificar no sonho – mas é cada figura que me aparece.

- Eu sei de tudo isso minha querida Bellatrix. Mas que isso não se repita. – ele fez uma pausa – Muito bem, hoje é um dia muito especial para todos nós. Com a ajuda do nosso caro Nott, conseguimos capturar um dos amigos do Potter. E adivinhem? Ele nos disse o paradeiro dos Potter. É com grande felicidade que tenho em anunciar que o fim daqueles está próximo. Mas antes, temos alguns detalhes a acertar, entre eles o nascimento da sua filha Bellatrix.

- O senhor não pode privar minha filha de nascer. E eu não serei um peso morto enquanto estiver perto da data dela nascer.

- Errado minha querida Bellatrix, ela pode vir a ser um empecilho nos meus planos futuros.

- Ela não será empecilho nenhum, além do que, ela tem meu sangue nas veias, ela ha de ser como eu. Um dia ela também irá servir ao senhor, Lord.

- Você tem razão, em partes. Por isso façamos um acordo. Quando a pequena Lestrange nascer você deve achar uma família que tome conta dela, você não poderá cuidar dela, e quando chegar a hora, você surgirá na vida dela, de forma que essa hora quem dirá sou eu.

- Mas Lord...

- Não tem nada de mais Bellatrix; ou obedece ou morre com um Avada-Kedavra na testa agora mesmo."

Angelina então levantou num salto da cama. Estava suada e tremia um bocado. Mais uma vez tinha sonhado aquele maldito sonho. Só que dessa vez tinha voltado um pouco no tempo. Tinha ouvido nomes que não se recordava direito. Nomes de comensais, ouvira planos, e algo sobre os Potter.

Passou as mãos pelos cabelos como quando sempre fazia quando estava tensa.

Notas: O nome After Dark citado no texto, foi um nome que eu inventei para o nome de um barzinho qualquer que só recebia bruxo das trevas.