Os 100 Noçaum em O Jantar

Em uma bela noite de sol, quando eu estava sem fazer nada na sala e vendo TV, o telefone tocou. Eu joguei-o no chão. Pisei bem e depois atendi.
- Olá.
- Eu sou o Gilberto Braga e gostaria de te convidar para jantar comigo num chique restaurante da rocinha.
- Tudo bem. Já que estou sem fazer nada vendo a minha TV, posso ir com você. Mas eu só vou com uma condição: você tem que levar seu gambá azul com bolinhas amarelas.
- Qual?
- Aquele lá. O que tem aquele ótimo cheiro de peido.
- Tudo bem. Mas leve sua galinha e seu pinto (filho da galinha, seu mente suja.
Como eu estava com preguiça de tomar banho, apenas passei um bronzeador para ficar bem cheirosinho.
Meu amigo ligou novamente. Descasquei a banana e atendi o telefone.
- Hi!
- Eu me perdi em frente ao seu prédio e não sei o que fazer.
- Pergunte ao porteiro e ele vai te falar para subir no segundo andar. Mas não aceite. Fale que quer esperar na garagem mesmo. Então ele vai te dar uma manga. Descasque-a e jogue-a fora. Mande-o a merda, solte um peido e me espere na cobertura.
- Tudo bem. Te espero na garagem. Vou estar atacando merda na parede.
- Tudo bem. Mas cuidado com os hipopótamos.
Desliguei o telefone na cara do Gilberto e ataquei-o na TV. Depois peguei os cacos e enfiei no meu pé. O elevador estava no andar de cima. Então, resolvi tocar a campainha do meu vizinho. Ele abriu a porta e eu perguntei:
- Posso pular da sua janela? A minha está trancada com a chave e a última vez que tentei ir pelo microondas, os papagaios me morderam.
- Tudo bem. Mas não esqueça que chegando lá embaixo, vai ter o chão.
- Pode deixar que eu não vou esquecer, pois estou levando meu mapa mundi.
Fui até a janela e disse:
- Até mais!
E pulei como uma cobra. Chegando lá embaixo, apenas quebrei duas pernas e o maxilar esquerdo. Tomei um remedinho receitado pelo eletricista e senti-me bem melhor. Então, pulei mais um andar até a garagem. Mas, não esqueci do aviso do vizinho ("Mas não esqueça que chegando lá embaixo, vai ter o chão.".
De longe, avistei Gilberto com o meu microscópio atacando merda na parede. Perguntei a ele se tinha feito tudo que eu mandei. Ele disse:
- Sim, escovei os dentes direitinho!
- Então podemos ir jantar.
- Mas antes, vamos mostrar o nosso combinado.
Gilberto mostrou seu gambá azul com bolinhas amarelas e eu mostrei minha galinha e meu pinto. Ele pegou o pinto e fez carinho. Eu peguei o gambá e lhe dei um chute.
Ele abriu a porta do carro para mim e para agradecer, prendi o dedo dele na porta. Ele disse:
- De nada!
Nós entramos em seu fusquinha e eu lhe dei um soco. Eu ia dirigir o carro. Então pus na ré e seguimos em frente para a rocinha.
Entrando na rocinha, no primeiro farol que paramos, veio um cara do nosso lado e entrou no carro. Fiquei com medo, pois ele estava com uma blusa da Xuxa. Ele nos disse:
- Parabéns! Hoje é o dia da morte de Roberto Marinho.
Ele nos deu um presente, uma cotovelada no nariz e saiu engatinhando pelo telhado. Eu abri o presente e nele continha um digimon. Ele se chamava Euamoaxuxamon.
Chegamos no restaurante e fomos recebidos com uma linda chuva de tiros. O garçom perguntou:
- Cama para quantos?
- 24, pois é meu número da sorte. – respondeu Gilberto.
Chegando na cama, pegaram os travesseiros, deram para os macacos e disseram:
- Minha mãe sempre me falava isso quando eu ia dormir: Durma com Bush. Ah! Maus tempos aqueles!!! Lembro da minha mãe como se fosse ontem.
Outro garçom chegou plantando bananeira e disse:
- O que vão querer?
- Quero um rinoceronte. E você querida? Quero dizer, e você Gilberto?
- Pode ser com fritas?
- Não, quero com cogumelos.
Depois de muita discussão:
- Decidimos. Vamos querer café com bolachas.
Nós, sem percebermos, estávamos sozinhos no restaurante. Ele já havia fechado, pois demoramos muito brincando com o Euamoaxuxamon. E o dono não agüentava mais comer melancias, então fechou o restaurante.
Voltamos para casa de barriga cheia, pois não havíamos comido nada. No caminho de volta, Gilberto dirigiu pois eu não tinha condições de dirigir com aquele chulé na orelha. Novamente no farol, entrou um cara em nosso carro vendendo balas e perguntou:
- Quer pagar quanto? Cheque ou dinheiro?
- Melancias no cartão.
- Pode ser do Carrefour?
- Mas eu só tenho Microsoft.
- Combinados, então?
- Tudo bem. Amanhã às oito.
Feliz da vida, o homem se tacou pela janela (para você ver como ele estava feliz, nem disse "até mais"). Nós seguimos em frente. Chegando naquele mesmo lugar (em frente ao prédio), nos perdemos e, dessa vez, tinha trocado o porteiro. Por isso, decidimos não perguntar. Pegamos uma planta do Martineli e conseguimos chegar a tempo. Ele foi embora em seu barco a vela banhado na água. Já eu, joguei minha corda ninja na janela do vizinho e subi como o Batman. Chegando em casa, tirei os vidros do pé e guardei para amanhã, pois ainda estavam novos. Arrumei a cama, fui até o sofá, deitei no chão e me cobri com os travesseiros que trouxe de lembrança. Abracei o pinto e mordi até sangrar. Depois, dormi abraçado com meu novo bicho de estimação: o Euamoaxuxamon. E como todas as noites, lembrei quando minha mãe me dava um soco e dizia:
"Durma com Bush!"

By Rafael e Thales