Alguém para Amar

Nota: CCS é, infelizmente, do grupo CLAMP!

Yue: De quem você está falando? (não se sabe de onde, um holofote ilumina Yue, que até então estava na escuridão, encostado em uma parede, com os braços cruzados e olhos fechados)

Eu: De todos os personagens de CCS... *snif* (escorre uma lágrima)

Yue: Fale pelos outros... (abre os olhos com aquela cara *maravilhosa* de malvado) eu não pertenço a ninguém!

Eu: Kyaaa~~~~ XD

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Cap 3 – O Início dos Problemas

Sakura atravessou o vestíbulo lentamente, com a intenção de reunir-se a Tomoyo, mas seus joelhos tremiam com tal violência que teve que parar e apoiar-se na parede. Syaoran Li... Em poucos dias iria confrontar-se com Syaoran Li.

O nome rodopiava em sua mente, fazendo a cabeça girar numa combinação de ódio, humilhação e pavor. Finalmente, endireitou o corpo e entrou numa saleta, atirou-se no sofá e permaneceu com os olhos fixos na parede, onde estivera uma das pinturas da família.

Sakura não acreditava, nem por um momento, que Syaoran Li alguma vez tivesse cogitado de se casar com ela e não podia imaginar que possíveis motivos ele teria agora para aceitar a oferta ultrajante de seu tio. Havia sido uma tola, ingênua e fraca, no que se referia a ele.

Agora, enquanto recostava a cabeça e fechava os olhos, mal podia acreditar que pudera ser tão imprudente - ou tão descuidada - como fora naquele fim de semana em que o conhecera. Tinha toda a certeza de que seu futuro seria brilhante, mas na época não havia razão para pensar o contrário.

A perda dos pais, quando tinha apenas onze anos, fora um período sombrio para Sakura, mas Touya estivera ao seu lado, confortando-a, animando-a e prometendo que tudo ficaria bem novamente. Touya era oito anos mais velho que ela e, embora fosse filho do primeiro casamento de sua mãe, e portanto seu meio-irmão, Sakura o adorava e confiava nele desde que podia se lembrar. Seus pais viajavam com tanta freqüência que mais pareciam adoráveis visitantes, entrando e saindo de sua vida três ou quatro vezes por ano, levando-lhe presentes e desaparecendo pouco tempo depois, numa nuvem de alegres adeusinhos.

Exceto pela morte dos pais, a infância de Sakura fora extremamente prazerosa. Seu espírito risonho a transformara na favorita de todos os empregados, que acabaram por adotá-la. O mordomo ensinou-a a jogar xadrez. O cocheiro ensinou-a a jogar cartas e, anos mais tarde, a usar uma espada, para o caso de aparecer uma situação em que precisasse se proteger.

Porém, entre todos os seus "amigos" em Tomoeda, aquele quem Sakura passava mais tempo era Akito, o jardineiro que ali fora trabalhar quando ela estava com onze anos. Um homem calado e de olhos bondosos, Akito cuidava da estufa e dos canteiros de tomoeda, conversando suavemente com as mudas e plantas.

- As plantas precisam de carinho - ele explicou certa vez, quando Sakura o surpreendeu dizendo palavras encorajadoras a uma enfraquecida peônia, na estufa. - Exatamente como as pessoas. Experimente. - convidou-a, apontando em direção a planta. - Diga alguma coisa animadora para esta linda peônia.

Sakura sentira-se uma tola, mas seguira as instruções, pois a capacidade de Akito como jardineiro era inquestionável - os jardins de Tomoeda haviam melhorado drasticamente nos poucos meses que ele começara a trabalhar. Então, inclinara-se para a peônia e, do fundo do coração, dissera:

- Espero que você recupere a linda aparência de sempre, o mais breve possível! - Afastara-se um pouco, esperando, ansiosa, que as folhas amarelas se erguessem para o sol.

- Já dei a ela uma dose do meu remédio especial - Akito a informara, movendo com cuidado o vaso da prateleira onde deixava todas as pacientes adoentadas. - Volte daqui a alguns dias e verá como ela está ansiosa em lhe mostrar como está melhor. - Akito, como percebeu Sakura mais tarde, chamava as plantas que davam flores de "ela" e as demais de "ele".

No dia seguinte, Sakura fora à estufa, mas a peônia continuava tão triste como antes. Cinco dias depois, já esquecida da planta, voltara apenas para dividir algumas tortas com Akito.

- Sua amiga está li, esperando para vê-la, senhorita - dissera o jardineiro.

Ela aproximou-se da prateleira e encontrara a peônia com as delicadas flores erguendo-se rígidas nos frágeis caules, as folhas firmes e brilhantes.

Aquele dia marcou o início do duradouro caso de amor de Sakura com as plantas. Trabalhando ao lado de Akito, com um avental amarelo amarrado à cintura para proteger o vestido, aprendeu tudo o que ele podia ensinar sobre seus "remédios", adubos e tentativas de enxertar as plantas umas com as outras.

Enquanto ele ensinava tudo o que podia, Sakura ensinava a ele, pois tinha uma grande vantagem: ela sabia ler, e a biblioteca de Tomoeda era o orgulho de seu avô.

Quando a saúde de Akito exigiu que ele se mudasse para um clima mais quente, Sakura sentiu imensamente sua falta e passava ainda mais tempo no jardim. Além da jardinagem e do companheirismo com os criados, uma das grandes alegrias de Sakura era sua amizade com Tomoyo.

Tomoyo era a vizinha mais próxima e, embora um pouco mais velha, compartilhava com Sakura da mesma alegria adolescente de passar horas, à noite, contando arrepiantes histórias de fantasmas até estivesse tremendo de medo, ou de ficar na "casa da árvore", confidenciando segredos e sonhos particulares.

Mesmo depois que Tomoyo se casou e partiu, Sakura não se considerava solitária, pois possuía algo que amava e que ocupava todos os seus sonhos e a maior parte do seu tempo: Tomoeda.

Tomoeda fora a moradia de uma das ancestrais de sakura, uma viúva do século 12. O marido dessa avó específica havia tirado partido de sua influência sobre o imperador e conseguira que várias cláusulas adicionais, pouco comuns na época, fossem anexadas ao legado de sucessão de Tomoeda. Tais cláusulas asseguravam que a propriedade pertenceria a sua esposa e aos seus sucessores, pelo tempo que quisessem mantê-la, fossem estes homens ou mulheres.

Como resultado, com a idade de onze anos, quando seu pai morreu, Sakura havia se tornado a condessa de Tomoeda e, embora o título em si significasse muito pouco para ela, Tomoeda, com sua história vívida, significava tudo. Quando chegou aos dezessete anos, estava tão familiarizada com essa história quanto com a sua própria vida. Sabia tudo sobre os ataques que a propriedade sofrera, bem como o nome dos agressores e as estratégias que os condes e condessas haviam empregado para protegê-la.

Em conseqüência de tudo isso, aos dezessete anos Sakura Kinomoto era bastante diferente das jovens bem-nascidas. Extraordinariamente culta, equilibrada e dona de uma praticidade que se evidenciava a cada dia, ela já estava até aprendendo, com o intendente, a administrar sua propriedade com eficiência. Cercada por adultos confiáveis durante toda a sua vida, possuía um otimismo ingênuo, acreditando que todas as pessoas eram boas e dignas como ela própria e os outros moradores de Tomoeda.

Assim, não era de se admirar que, naquele dia fatal em que Touya chegou inesperadamente e, depois de arrastá-la para longe das rosas que ela estava colhendo, informou-a, com um largo sorriso, que ela iria fazer sua estréia na sociedade dali a seis meses.

- Está tudo acertado - Touya disse, animado. - Lady Mino já concordou em ser sua madrinha, como um tributo à memória de nossa mãe. Esse negócio vai nos custar caro, mas valerá a pena.

Sakura o encarou, surpresa.

- Você nunca mencionou o preço de nada, antes. Não estamos com dificuldades financeiras, não é, Touya?

- Não estamos mais - ele mentiu. - Temos uma fortuna, bem aqui em nossas mãos, só que eu ainda não havia percebido.

- Onde? - ela indagou, completamente confusa com tudo o que ouvia, além de ser invadida por uma sensação de dúvida.

Rindo, Touya levou-a para a frente do espelho e, segurando-lhe o rosto entre as mãos, a fez encarar a própria imagem. Depois de lançar um olhar intrigado ao irmão, Sakura olhou-se no espelho e também riu.

- Por que não me avisou que estou com o rosto sujo de terra? - perguntou, esfregando a mancha com a ponta do dedo.

- Sakura - ele disse, com um risinho -, isso é tudo o que você vê no espelho... uma mancha de terra na face?

- Não, estou vendo meu rosto, também - ela respondeu.

- E o que lhe parece?

- Parece o meu rosto - ela retrucou, com divertida exasperação.

- Sakura, agora este teu rosto é a nossa fortuna! - Touya exclamou. - Eu nunca havia pensado nisso, até ontem, quando Shindo Tomedashi me falou sobre a esplendida oferta que sua irmã acabara de receber de Lord Akeboshi.

Sakura estava atônita.

- Sobre o que você está falando?

- Sobre seu casamento - ele explicou, com seu sorriso inconseqüente. - Você é duas vezes mais bonita do que a irmã de Tomedashi. Com este rosto, mais Tomoeda como dote, poderá fazer um casamento capaz de alvoroçar toda a capital. O casamento que lhe dará jóias, vestidos e belas casas, e a mim, contatos que serão mais valiosos do que o dinheiro. Além disso - brincou -, se por acaso eu estiver com alguma dificuldade, de vez em quando, sei que você não me deixará faltar dinheiro... poderá tirar de sua mesada.

- Nós ESTAMOS com problemas financeiros, não é? - Sakura insistiu, preocupada demais com isso para pensar em sua estréia na sociedade.

Touya desviou o olhar e, com um suspiro cansado, fez um gesto para que fossem sentar no sofá.

- Estamos numa situação um pouco crítica - admitiu.

Sakura poderia ter apenas dezessete anos, mas sabia quando ele a estava enganando. E, pela maneira como a olhou, suspeitava que era exatamente isso que ele estava fazendo.

- Na verdade - ele corrigiu-se, relutante -, nossa situação é muito crítica. Muito, mesmo.

- Mas, como? - ela perguntou, e apesar de sentir uma onda de temor invadi-la, conseguiu manter-se calma.

O rosto de Touya tingiu-se com o rubor causado pelo embaraço.

- Em primeiro lugar, nosso pai deixou uma quantidade assombrosa de dívidas, algumas delas de jogo. Eu próprio acumulei mais do que umas poucas dívidas do mesmo tipo. Nestes últimos anos, consegui segurar os credores, tanto os dele quanto os meus, da melhor maneira que pude, mas estão se tornando impacientes, agora. E não é só isso. Tomoeda nos custa uma fortuna. Há muito tempo que nossa renda não bate com as despesas, se é que algum dia isso aconteceu. O resultado final é que estamos mergulhados em dívidas até o pescoço, você e eu. E teremos que hipotecar alguns objetos da casa para pagar algumas dessas dívidas, ou nenhum de nós poderá mostrar a cara na capital novamente. Mas isso não é o pior. Tomoeda pertence a você, não a mim, mas se você não fizer um bom casamento, muito em breve acabará perdendo-a para os credores.

A voz dela soou apenas um pouco vacilante, ocultando a onda de medo e incredulidade que tomavam conta de Sakura:

- Você acabou de dizer que uma temporada na capital custa uma fortuna, e é óbvio que não temos nada para gastar - chamou-o ao bom senso.

- Os credores nos darão uma trégua no instante em que souberem que você está noiva de um homem de posses e importante na sociedade. E, eu lhe prometo, não terá dificuldades em encontrar um assim.

Sakura achou todo o plano frio e mercenário demais, porém Touya balançou a cabeça. Dessa vez era ele quem se mostrava mais prático.

- Você é mulher, minha querida, e sabe que terá de se casar... Todas as mulheres precisam casar. Mas não vai encontrar ninguém aceitável, se continuar trancada aqui em Tomoeda. Não estou sugerindo que concordemos com qualquer oferta: você irá escolher alguém por quem sinta uma forte afeição. Só depois eu negociarei um noivado longo, levando em conta sua pouca idade - ele prometeu, sincero. - Nenhum homem respeitável empurrará uma jovem de dezessete anos para o matrimônio antes de ela estar pronta para esse passo. É o único jeito, Sakura - acrescentou ao vê-la disposta a argumentar.

Embora tivesse sido sempre protegida, Sakura sabia que a expectativa de Touya em relação a seu casamento era algo correto. Antes de seus pais morrerem, haviam deixado bem claro a obrigação da filha de casar-se de acordo com os desejos da família. Nesse caso, seu meio-irmão tinha agora a missão de selecionar o candidato, e sua confiança nele era inquestionável.

- Ora, anime-se! - disse Touya. - Será que nunca sonhou em usar lindos vestidos e ser cortejada pelos rapazes?

- Algumas vezes, talvez - ela admitiu, com um sorrisinho encabulado, mas era uma afirmação modesta. Afinal, era uma jovem normal, saudável e cheia de vontade de dar e receber afeto. - Pois muito bem - disse, com uma risadinha. - Vamos tentar.

- Temos que fazer mais do que tentar, Sakura...

Continua...

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Grande pretenção a minha prometer "toda a confusão entre Sakura e Li"... tinha esquecido que os capítulos são enormes. Mas aos poucos tudo vai sendo explicado.

Agradecendo aos comentários de:

Madam Spooky: É, o tio da Sakura é um mala mesmo :P Mas ele ainda vai causar muita confusão HuAhUahuA (risada maligna) XD

Hime Hayashi: Obrigada pela sugestão, e o pessoal sem cadastro já está podendo postar! Eu não tinha atentado para esse fato, obrigada mesmo!

Jenny-Ci: Obrigada pelo apoio e eu vou precisar de ajuda sim!!

Violet-Tomoyo: Nossa, quanto elogio!! Não é isso tudo . *vergonha* Mas obrigadão pelo comentário!

Anna Li Kinomoto: Esqueci de falar que eu leio seus fics né? Pois é, e eu adoro!! Muito obrigada por oferecer ajuda, e eu vou precisar sim, de todo mundo que puder ajudar ^_^v

Rosana: Em breve vou explicar tudinho que aconteceu para um ter tanta raiva assim do outro. Mas, por enquanto, é preciso colocar algumas situações que, mais na frente, serão de grande importância. Abraços e obrigada pelo comentário!!

Merry: fiquei devendo mais um capítulo, né? Gomen!

~~ E é isso aí gente. Como eu expliquei para a Rosana, podem parecer situações estranhas e desnecessárias as desse capítulo, mas elas serão muito importantes no meio da história. Aguentem só mais um pouquinho ^_^v Os dois próximos capítulos, provavelmente, serão em 'flashback' :D Shaoran vem aí...

Quem quiser colaborar (por favor!), meu icq é 82678220

~ Shaiene-chan (Que é viciada em Inuyasha e presidente do clube "Anti-Kikyou Forever") ~ Heheheh