Capítulo I – Reflexos do coração
Hermione parecia petrificada e frente a ele. Leu a inscrição, de trás para a frente, que estava por cima do espelho: "I show not your face but your heart's desire"... Será que aquele era o seu desejo? E ele poderia alguma vez realizar-se?!
- Não achas que estás aí à muito tempo?
Hermione nem olhou para trás. Sabia a quem pertencia aquela voz desagradável. – Agora deu-te para me seguires, Malfoy? – Mas de repente, virou-se assustada. – Tu viste o que estava no espelho?
- Primeiro, eu descobri este lugar há muito mais tempo que tu. Ele é demasiado lindo para sangues-de-lama... E segundo, só tu podes ver o teu desejo no espelho, idiota!
Realmente o lugar onde o espelho dos invisíveis estava escondido, era bastante bonito! Uma torre, provavelmente das mais altas, submersa na escuridão, apenas com uma mínima luz azul, onde se encontrava o espelho, e ao seu lado uma estátua gigante em forma de coração. Daí de dentro, saía uma luz prateada, como algo que ali estivesse aprisionado.
- Mas já que és tão inteligente, o que é que está aqui dentro? – Disse Hermione tocando na estátua.
- Eu, inteligente? Pelo que dizem, tu é que és a melhor do nosso ano, Granger. – Draco gostava tanto daqueles tons irónicos...
- E tu ruído de inveja! - E com isto, abandonou a torre, deixando um Draco Malfoy incrédulo...
O loiro não conseguira irritar Hermione, mas teria mais oportunidades para isso. Antes de sair também, olhou o espelho, e odiou-o. Odiou-o por mostrar aquilo que ele não queria ver, e odiou-se, a si próprio, por não conseguir odiar o ódio que sentia por ela...
Há já duas semanas que as aulas tinham começado. Para Hermione, Harry e Ron, era o último ano na escola de Hogwarts... Numa bela manhã de Domingo, os três desceram para o salão, ainda para matar saudades daqueles pequenos-almoços deliciosos.
No meio dos alunos que entravam no Salão, destacava-se uma menina. Uma rapariga com que ninguém falava, e todos tentavam manter distância. Ela era muito magra, mas alta. Tinha um cabelo preto, que lhe tapava as costas, e uns olhos muito verdes, mas que ela tapava com uma maquilhagem preta demasiado carregada. Quando se sentou na mesa dos Gryffindor, sozinha, várias caras a olharam com desprezo.
- Coitada... Porque é que toda a gente a ignora?!
- Eu sei lá... – Harry continuava entusiasmado com os seus ovos.
- Mas podemos descobrir. Venham! – Disse Ron levantando-se e fazendo com que Harry olhasse para os ovos e dissesse, "E depois dizem que o Harry está magro..."
- Olá!
- O que é que querem? – Disse Kaira com maus modos.
Os três entreolharam-se e Hermione prosseguiu. – Porque é que todos te ignoram?
- E o que é que isso te interessa? – Após dizer isto, Kaira fixou o olhar em Hermione o que fez com que esta sentisse algo estranho...
- És uma Gryffindor... Por isso, acho que temos o direito de saber! – Disse Harry sentando-se em frente à rapariga.
- É justo... – Kaira voltou-se para Harry. – Eu devia estar nos Slytherin porque os meus pais também lá estiveram e um dia hei-de ser como eles. Devoradora da morte!
- Então porque é que estás na nossa equipa? – Perguntou Ron, agora um pouco receoso.
- Por causa de uma profecia, maldição, como lhe quiserem chamar. – Kaira encolheu os ombros e prosseguiu. – Já vos esclareci as dúvidas, por isso, não falem mais comigo. Isso pode estragar a minha reputação em frente ao Senhor das Trevas! – Lançou um olhar mortífero a Harry, pegou nos livros e deixou a mesa para ir cumprimentar Draco que saía do Salão.
Os três olharam-se mais uma vez, ainda sem acreditar naquilo que ouviam.
- Mais uma para a Lista Negra...
- Parece-me que sim! – Disse Harry, acenando com a cabeça para Ron.
O resto da manhã foi passada nos jardins de Hogwarts, onde tiveram o prazer de encontrar Kaira e Draco, que falavam num canto mais "privado".
Durante a tarde, o Trio Dourado dirigiu-se à biblioteca para acabar os trabalhos de casa.
- Previsões para o próximo mês... Não sei porque me continuo a inscrever em Adivinhação! – Ron estava escondido no meio de todos os papéis em cima da mesa e só se viam uns pequenos cabelos ruivos no cimo de tudo aquilo.
- Primeiro, porque só tens que inventar acidentes. Segundo, Aritmância é muito mais difícil. Terceiros, gráficos não são o teu forte. Quarto...
- Já percebi, Hermione. Obrigado!
Os olhos castanhos voltaram para o livro de História da Magia, e Hermione murmurou, sempre à disposição!
Harry soltou uma gargalhada. – Vocês vão discutir para sempre!
Ron apareceu no meio das folhas, Hermione levantou os olhos e seu livro, e ambos disseram: ""bvio!"
A boca de Harry, torceu-se em mais um sorriso, mas rapidamente a sua cara se transformou em preocupação... - Será que é mesmo uma profecia?
Hermione pousou o livro e olhou seriamente para Harry. – Já me fartei de pensar nisso e sinceramente, não sei!
- Vamos ao ministério e procuramo-la!
A cara de Hermione ficou petrificada ao olhar Ron. – E se ela estiver a mentir? Que motivo vais arranjar para ir ao ministério?
- E porque é que ela haveria de mentir?
- Talvez para assustar o Harry, não sei...
- E se parássemos de falar nisso aqui?! – A voz de Harry era quase inaudível. – Alguém pode ouvir...
Acabaram de fazer os trabalhos de casa em silêncio e quando saíam da biblioteca, foram surpreendidos por Dumbledore.
- Olá professor! – Disseram em uníssono.
- Potter, Weasley e Granger. – Dumbledore fez um sorriso a Harry e Ron, mas esta alterou-se em relação a Hermione. – Tenho de tratar de uns assuntos aqui na biblioteca, mas gostaria que antes do jantar fosse ao meu gabinete, Mr Granger. A password é Cera de Ouvido. – Hermione ficou notoriamente assustada. – Não se preocupe, não é nada de grave! – E fez-lhe um sorriso ao qual ela correspondeu.
- O que é que Dumbledore quer falar contigo? – Perguntou Harry já quando se encontravam longe da biblioteca.
- Não faço ideia... Deve ser por causa das notas! Afinal, desci bastante a Poções.
- Desceste? – Ron quase gritava no meio do corredor. – Em vez de B tiras QB, é? Olha que eu continuo a tirar T!
Hermione revirou os olhos. – Enfim!
Por volta das sete horas, saiu da Sala Comum dos Gryffindor e dirigiu-se ao gabinete de Dumbledore. Subiu pelas escadas e quando ia já no meio do corredor, todas as tochas se apagam, fazendo com que Hermione ficasse numa completa escuridão.
- Está aí alguém? – Hermione ficou imóvel no meio do corredor escuro.
Subitamente, no meio do chão, começou a desenhar-se um coração. Ao que pareceu a Hermione, feito de sangue. Esta continuava imóvel, agora dentro do coração. À sua frente começaram a aparecer umas letras prateadas. Quando se tornaram nítidas, Hermione conseguiu ler "Amor/"dio... Escolhe!" Deu um passo em direcção ao Amor, e algo estranho se começou a apoderar-se dela. Era um frio que ela não conseguia suportar! Tentou gritar, tentou pedir ajuda mas a voz teimava em não sair. Segundos depois, o seu corpo caiu, gelado, no chão.
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Após várias tentativas, conseguiu abrir os olhos. Pareciam colados... Tentou sentar-se mas as tonturas eram enormes. Quando tentou mexer a mão esquerda, viu que algo a agarrava. Ainda a ver tudo muito desfocado, apercebeu-se de que era Harry que lha segurava, e com a cabeça na mão, dormia profundamente.
- Harry, acorda! – Disse batendo-lhe na cabeça.
Os olhos verdes de Harry, abriram-se lentamente.
- Hermione! Como estás?
- Bastante tonta... Que se passou?
- Bom, ninguém sabe ao certo... Dumbledore só disse que tinhas desmaiado! – Harry encolheu os ombros e continuou a fazer festas na mão de Hermione.
Esta sabia que não tinha sido apenas um desmaio. Ela tinha feito uma escolha... A do amor! Mas em relação a quem, e para quê? Aquilo precisava de ser esclarecido!
Apões três dias sem os cuidados de Madame Pomfrey, Hermione esperou impacientemente pela chegada da aula de Transfiguração.
Quando, finalmente, a aula acabou, Hermione deixou-se ficar para último.
- Professora... – Disse a menina enquanto se dirigia à secretária da professora McGonnagal.
- Sim, Mr Granger.
- Se não é indiscrição perguntar, onde está o professor Dumbledore?
- Ele teve que sair da escola no dia a seguir ao teu desmaio, mas deve voltar já na próxima semana. Mas, porque pergunta?
Hermione notou uma expressão diferente quando McGonnagal dissera a palavra "desmaio", mas não quis comentar. – Porque antes do meu desmaio, ele tinha dito que queria falar-me sobre um assunto. Mas não cheguei a saber qual era... Bem, obrigada professora! - Hermione fez um último sorriso e saiu da sala.
No caminho para a sala comum, ia tão abstraída nos seus pensamentos, que nem reparou que ia num corredor vazio. Só "acordou" quando chocou contra alguém.
- Ups, descul... Vê por onde andas, Malfoy! Malfoy?? – O loiro acabava de cair nos seus braços. Estava muito branco e completamente gelado.
- Tenho... Tanto... Frio... – Foram as únicas palavras que Draco conseguiu pronunciar antes de cair num sono profundo.
Com um feitiço, Hermione conseguiu transportar o loiro para a enfermaria. Madame Pomfrey, ao contrário das expectativas, ficou bastante preocupada e apenas disse a Hermione para voltar no dia seguinte.
Os dias que se seguiram até à chegada de Dumbledore, pareceram uma eternidade para Hermione! Onde quer que estivesse, Draco e Kaira também estavam. Da última vez que os viu, até lhe pareceu que estavam de mãos dadas... neste último ano, também iriam ter provas. Hermione queria começar já a estudar, mas a disposição era pouca... A única coisa boa, eram as visitas nocturnas à torre do Coração de Pedra, como Hermione chamava à maravilhosa estátua. Passava ali, horas e horas, a olhar a espelho ou a ver o prateado dentro do coração mexer-se.
Porém, numa noite, o espelho e a estátua não estavam sozinhos. Diante deles estava um loiro, de olhos azuis.
Hermione fez questão de bater com a porta, para Draco saber que ela estava ali.
- Estás cinco minutos atrasada, Granger!
- O quê?
Draco voltou-se e mirou-a. – Eu sei que vens aqui todas as noites.
- Eu vou fingir que não me andas a seguir e isto foi um encontro casual!
- Bem Granger, eu só vim aqui no mesmo horário que tu, porque soube que foste tu quem me levou para a enfermaria. Obrigado... Agora, se não te importas, vou sair daqui antes que fique contaminado!
Hermione ficou chocada... Um Malfoy a agradecer? Talvez estivesse a crescer! Mas por outro lado, quem nasce Malfoy, não muda de um momento para o outro.
Sentou-se no chão sem querer pensar muito no assunto, e ali ficou... horas a fio!
Cá estou eu outra vez... =) Depois de lerem deixem review, bla bla bla... Vocês sabem! Lol
kiSs da AnGeL
