SEGUNDA PARTE: NÃO ME ABANDONE, MEU AMOR
O Sol nasceu mais uma vez despertando aqueles que dormiam calmamente durante toda a longa noite. Como ela fora maravilhosa! A música, os chamegos, a dança, a bebida... O quarto, o colchão, a maresia, o calor... Tudo ocorrera perfeitamente. Tinham aproveitado ao máximo sua primeira noite juntos após o casamento. Tempestade e Wolverine estavam muito felizes. Sim, ambos se amavam e se desejavam. Finalmente eram reconhecidos como marido e mulher. Seus amigos estavam com saudades, eles também a sentiam. Mas, o paraíso onde se encontravam, o mundo maravilhoso que tanto mereciam, não podia terminar. Estavam longe do Instituto, em uma cidade tranqüila e perfeita para passarem uns tempos juntos e sozinhos. Estavam em Lua de Mel. Queriam curtir ao máximo cada minuto longe das confusões, das intrigas, dos protestos anti-mutantes... O descanso era totalmente merecido.
Finalmente, após uma noite festiva e exaustiva, o casal começou a despertar. O hotel em que se hospedavam era ótimo, muito confortável. A cama era aconchegante, os lençóis eram macios e leves. Estava tão gostoso, tão quentinho debaixo daqueles tais lençóis... Levantar seria uma tortura. Mas, um deles, enfim, resistiu.
Tempestade: Bom dia, Wolverine.
Ele, após notar que ela já levantara, espreguiçou-se na cama e abriu os olhos.
Wolverine: Bom dia.
Tempestade: Levante! Anda! O dia está muito bonito. Vamos dar uma volta por aí, conhecer a cidade...
Wolverine: Está bem, já que insiste...
Wolverine se levantou e se dirigiu para o banheiro. Depois de tomar um bom banho para acordar ainda mais, se retirou do banheiro vestindo apenas a toalha em torno da cintura.
Tempestade: Você é incrivelmente maravilhoso, Wolverine... Agora, conhecendo-o melhor, vejo que estava enganada. Quando o conheci, achei que seria grosseiro e orgulhoso demais para se apaixonar ou para se interagir com qualquer outra pessoa do Instituto.
Wolverine: Sério? Pensava isso de mim? E eu que achava que vazia sucesso com as mulheres...
Tempestade: Você... Era apaixonado pela Jean, não era?
Wolverine: A princípio... Sim. Odiava o Caolho. Sempre que eu conseguia me aproximar dela, ele aparecia para encher o meu saco. Foi difícil. Mas, já que ela o amava, precisei me conformar. Logo depois eles se casaram e minhas esperanças de poder "roubá-la" foram para o buraco.
Tempestade: Então... Se não tivessem se casado... Você ainda estaria apaixonado por ela?
Wolverine: Bem... Não sei. Acho que... Ei, Ororo! Por que pergunta isso? Não acha que...
Tempestade: Não, não. Calma. Eu só... Estava curiosa. Não tem nada haver com ciúmes.
Wolverine: Não me referia à ciúmes.
Tempestade: Então... O que?
Wolverine: Você tem medo, não é? Medo de que eu a tenha pedido em casamento por pena. Ou então, para não ficar para trás.
Tempestade: Não. É claro que... Está bem, não vou mentir pra você. Eu estava, sim. Temia que você pudesse ter se casado comigo à força. Eu me sentiria tremendamente péssima se isso fosse verdade. Não quero perder você, Logan. Não posso perder você. Eu te amo muito. Nunca senti isso por ninguém.
Wolverine: Não precisa se preocupar. Eu estarei com você sempre. E agora, para toda a eternidade. Espero que você tire essa hipótese absurda da cabeça. Jamais me casaria com alguém forçado. Muito menos por pena.
Tempestade: Tem certeza? Quase cometeu esse erro, lembra-se? Iria se casar comigo, mesmo sabendo que seu pedido havia sito feito quando você se encontrava fora de si. Se naquele dia eu não tivesse descoberto a verdade, você se casaria forçado, sim. E pior, por sentir pena de mim!
Wolverine: É claro que não, Tempestade! Eu iria lhe contar toda a verdade naquela noite! Infelizmente, você descobriu por meio de outros... E meus planos tiveram de tomar outro rumo.
Tempestade: Iria me contar a verdade? Jura? Exatamente como fez na estufa? Ou melhor, tentou fazer porque você sentiu PENA de mim!
Wolverine: Está me chamando de covarde??
Tempestade: Não, Logan. Apenas estou tentando mostrar-lhe algo básico na vida de qualquer um: "nunca diga 'dessa água não beberei!'".
Wolverine: Não. Eu discordo plenamente desse ditado. Quando eu digo: "nunca beijarei o Caolho", eu afirmo isso e pronto!! Não há discussão! Não existe a menor possibilidade disso acontecer!
Tempestade: Não sei, não... Ninguém pode prever o futuro.
Wolverine: O que você está insinuando??? Que eu sou GAY???
Tempestade: Calma. Não precisa se exaltar.
Wolverine: Eu NÃO estou EXALTADO!!
Tempestade: Sério? Tem certeza?
Wolverine: Escute bem. Se você acha que...
Tempestade: Está bem, Logan. Esqueçamos esse assunto, ok? Agora, vamos nos vestir e vamos dar um passeio. Estou ansiosa para conhecer melhor essa cidade.
Wolverine: Tem razão, Tempestade. Não tem o menor sentido discutirmos agora, em plena Lua de Mel. Vamos aproveitar e nos divertir.
Tempestade se dirigiu para o banheiro e lá tomou seu banho. Se vestiu, assim como Wolverine, e ambos partiram do hotel com o intuito de descobrir os mistérios e as surpresas que aquela nova cidade podia oferecer.
Enquanto isso, no Instituto Xavier...
Vampira: Gambit!!!
Gambit: O que foi?
Vampira: O que você está fazendo?
Gambit: Treinando, oras.
Vampira: No jardim??
Gambit: É... aqui o ar é melhor, o local é mais amplo e...
Vampira: Fala a verdade.
Gambit: Ok, chere. Eu discuti com o Scott.
Vampira: Por quê?
Gambit: Não é nada, mon amur. Nada de importante.
Vampira: Então, você não quer treinar na sala de treinamento porque o Scott tá lá dentro, é isso?
Gambit: É...
Vampira: Ai, que criancice, Gambit! Pode me dizer por que, afinal, vocês brigaram?
Gambit: Ele me "mandou" ficar longe de você.
Vampira: Você brigou com ele por causa disso?? Gambit, você está cansado de saber que isso é verdade! Da última vez que você tentou me beijar, precisou ser levado para o hospital.
Gambit: Na verdade, não foi só isso.
Vampira: Mais o que, então?
Gambit: Ele disse que não sou o cara que você merece ter.
Vampira: E você? O que fez?
Gambit: Dei um soco na cara dele.
Vampira: O QUE????
Gambit: Isso mesmo. Depois ele tentou partir para cima de mim e... O Fera apareceu e conseguiu parar a briga. E, então, eu vim para cá.
Vampira: Ai, Gambit... Não acredito que...
Gambit: Eu gosto muito de você, mon amur. Sei que seus poderes atrapalham nosso relacionamento, mas... Eu sou um ser humano. Sinto necessidades de ficar com a pessoa que eu amo.
Vampira:... Sei...
Gambit: Sinto vontade de te abraçar, te beijar... De poder fazer tudo o que eu casal normal faz. Mas...
Vampira: Os meus poderes o impedem.
Vampira imediatamente abaixou a cabeça. De seus olhos rolaram pequenas lágrimas. Estava fazendo a pessoa que mais ama no mundo sofrer. E tudo isso... por causa... de seus poderes. Ele a amava. Mas, não podiam estar juntos. Ela precisava fazer algo para ajudá-lo a superar isso, mas... o que?
Gambit: Chere... Você está... chorando?
Vampira: Desculpe, Remy. Eu... Eu...
Gambit: Venha cá, chere. Deixa eu dar um abraço em você.
Vampira: Não. Tudo bem. Eu vou melhorar.
Vampira retirou-se correndo do jardim, deixando Remy sozinho com seus pensamentos, e entrou na mansão. Lá, tentou disfarçar sua tristeza ao passar perto de seus amigos, mas a percepção de alguns foi inevitável.
Scott: O que aconteceu, Vampira? O que aquele francezinho idiota fez dessa vez?
Vampira: Não, não foi ele...
Jean: Então, conte-nos, Vampira. Você está triste. Pode se abrir conosco.
Vampira: Não é nada, gente. Obrigada pela preocupação, mas... Eu só quero falar com o Professor.
Jean: Ele está no Cérebro, agora.
Scott: Quer que levemos você até lá? Esperamos ao seu lado pela saída do Professor.
Vampira: Não precisa. Valeu. Eu vou ficar bem.
Vampira, seguindo a informação de Jean, subiu as escadas e se dirigiu ao Cérebro, onde lá poderia conversar com o Professor. Quando chegou, viu que ele se encontrava fora da sala.
Vampira: Professor...
Professor: Olá, Vampira.
Vampira: Eu precisava falar com o senhor.
Professor: Desculpe, filha. Não posso ajudá-la agora. Tenho um compromisso importante.
Vampira: Mas, Professor...
Professor: Outra hora, Vampira. Aguarde o meu retorno.
Vampira: É algo importante o que eu tenho a dizer. Tem haver com o Gambit.
O Professor Charles Xavier, ao ouvir as palavras de Vampira, percebeu que ela precisava de ajuda. Precisava de apoio. De compreensão, algo que ela pouco recebe. Virou-se e pôs-se a ouvi-la.
Professor: Sim, Vampira. Desculpe. Aconteceram coisas e... Enfim, fiquei preocupado. Queria resolver tudo de uma vez. Mas, sem perceber, acabei cometendo um erro. Quase a deixei para segundo plano. E isso não posso fazer. Você e seus amigos, alunos e até professores do Instituto são pessoas extremamente importantes para mim.
Vampira: Aconteceu algo de grave, Professor?
Professor: Na verdade, não. Eu apenas precisava me encontrar com uma pessoa... Mas, esqueçamos isso. Fale, Vampira. O que você tinha a me dizer?
Vampira: O Gambit brigou com o Scott.
Professor: É... Fiquei sabendo desse pequeno incidente. Mas, continue.
Vampira: Eu conversei com o Remy sobre isso e... Bem, percebi, Professor, que ele está sofrendo muito por minha causa.
Professor: Sua causa? Por que acha isso?
Vampira: O senhor sabe o quanto o Remy me ama. Mas, o que sentimos um pelo outro é forte demais para a barreira que a nós é imposta.
Professor: Refere-se a seus poderes.
Vampira: Sim. O senhor com certeza já deve ter se apaixonado, amado alguém. Deve saber o quão difícil é ficar longe da pessoa amada. Ainda mais se você vive com ela e não pode tocá-la. Ou melhor, não pode deixar ser tocada.
Professor: Entendo. Mas, o que quer que eu faça? Não podemos retirar seus poderes, Vampira.
Vampira: Eu sei. Mas, pode tirar outra coisa.
Professor: O que... A onde está querendo chegar?
Vampira imediatamente não conseguiu mais conter e pôs-se a chorar. As lágrimas rolavam pelo seu rosto, não conseguia controlá-las.
Vampira: O senhor... tem o poder de modificar a mente das pessoas, não é?
Professor: Sim, mas...
Vampira: Por favor! Eu imploro, Professor!! Retire o amor que Gambit sente por mim!!
Nesse momento, Vampira ajoelhou-se ao pés de Charles. Ele, assustado e perplexo, ajuda a jovem a se levantar.
Professor: Acalme-se, Vampira. Acalme-se, por favor. Levante. Venha. Deixa eu te ajudar. Agora, olhe para mim. Enxugue essas lágrimas. Pode talvez não parecer, mas eu não posso ver meus "filhos" chorarem. Você precisa entender uma coisa. Não pode perder as esperanças desta forma. Podemos conversar, trabalhar melhor seus poderes, mas... O que você acabou de me pedir é... um absurdo.
Vampira: O senhor é capaz. Pode realizar meu desejo, eu sei.
Professor: A questão não é poder, Vampira. Entendo o seu sofrimento, mas, não é correto, muito menos humano brincar com os sentimentos das pessoas.
Vampira: Não me interessa o que é certo e o que é errado! Que tudo vá para o inferno! O que eu não suporto mais é ter de aturar aqueles olhos, Professor! Aquele desejo, a tentação... Não posso deixar que isso continue assim! Por mais incrível que pareça, apesar de não podermos nos tocar, o amor dele por mim aumenta a cada dia!! E chegará em um ponto que nenhum de nós agüentará! Se isso ocorrer, ele corre o risco de morrer!!!!
Professor: Controle-se, Vampira. Eu sei que o que está sentindo é forte demais. Mas, infelizmente, não temos como mudar isso. O Gambit nasceu para amar você. E você a ele. Não seria justo tirar um sentimento que, sem sombra de dúvidas, é importante para ele. Sem falar de que não me atreveria entrar e muito menos modificar a mente de alguém, principalmente se tratando do Gambit, sem o seu consentimento.
Vampira: E se... Ele aceitasse?
Professor: Se for a vontade dele, não há problema. Mas, Vampira, não se iluda tanto. O Gambit jamais vai abrir mão de seu amor por você. Pode ter certeza.
Vampira enxugou as lágrimas que ainda restavam em seu rosto e partiu em direção a seu quarto. Tomaria um bom banho com o intuito de se acalmar. Logo, dormiria para tentar relaxar.
Pensamento do Professor: Os problemas estão se agravando. Vampira não suporta mais viver longe da pessoa que ama. E Gambit, se souber da idéia louca dela, não aceitará. Veremos o que posso fazer para ajudá-la. Aquelas lágrimas quase me deixaram em pedaços. Agora, preciso resolver outros assuntos. Quando voltar, não posso me esquecer de dar uma palavrinha com o casal.
Enquanto isso, no salão de jogos da mansão...
Bobby Drake: Cara, como tudo fica diferente sem a presença da Tempestade e do Wolverine! Parece mágica!
Kurt Wagner (Noturno): Tem razão. Olha só! O ar daqui melhorou muito!
Kitty (Vince Negra): Mas, sinceramente, estou com saudades deles. O que devem estar fazendo agora?
Kurt: Ei, qualé, Kitty? Tá querendo bisbilhotar a vida do casal? Eles estão em Lua de Mel, viu? Se eu fosse você não tentaria ficar imaginando o que estão fazendo.
Bobby: O Kurt tem razão. Devem estar no maior amasso.
Kitty e Kurt: BOBBY!!
Bobby: Que é? Só falei a verdade, ora!
Kitty: Bem, seja lá o que estão fazendo, estão melhor do que nós.
Kurt: Que isso, Kitty! Eu tô aqui com você! Se é carência de amor, pode contar comigo que eu resolvo o seu problema!
Kitty: Engraçadinho... Eu não me referia a isso!
Bobby: Então... ao que?
Kitty: Estão longe dos problemas, das confusões... Sabe, se lembram daquele ataque à cidade que ocorreu antes do casamento da Tempestade com o Wolverine?
Kurt: Lembro.
Bobby: Sim, mas... O que isso tem haver? Para mim, isso já estava resolvido.
Kitty: Engano seu, Bobby. O Professor saiu agora pouco para conversar com uma pessoa que estava envolvida ou que sabe do ocorrido.
Kurt: Sério? E quem é essa pessoa?
Kitty: Nem eu sei.
Bobby: Puxa... Então, quer dizer que nada foi completamente esclarecido?
Kitty: Pode crer.
Kurt: Caramba... E eu que pensava em pedir ao Professor que deixasse a gente curtir umas férias bem legais... Droga...
Dez horas da manhã. Lá estava ele. Professor Charles Xavier, diante de um enorme prédio ainda em construção. Estava disposto a correr o risco pela obtenção das peças finais do confuso acidente ocorrido na cidade, meses atrás. Era chegada a hora.
---: Seja bem vindo, Charles.
Professor: Como vai, caro amigo?
---: Bem, se é o que quer saber. Mas, estaria melhor se você e seus X-men não estivessem em meu caminho.
Professor: Realmente não deveríamos estar em seu caminho, Eric. Mas, seus atos não nos dão outra escolha.
Eric (Magneto): Veio aqui para questionar meu atos, Charles? Achei que pretendia outra coisa.
Professor: Claro, Eric. Vim aqui para tentar entender por que você provocou aquele acidente na cidade.
Eric: Eu? Meu caro amigo... Vejo que a idade o está atingindo mais do que a mim.
Professor: Chega de brincadeiras. Eu quero a verdade, Eric.
Eric: Não estou envolvido no acidente, se é o que pensa. Gostaria de saber uma coisa, Charles. Por que sou sempre o principal suspeito quando acidentes acontecem? Não é comum um simples acidente de carro no meio de uma das cidades mais movimentadas do país?
Professor: Sim, é. Mas, não da magnitude que tudo ocorreu. Não tente me enrolar, Eric. Sei que está envolvido e provarei isso.
Eric: Não desta vez, Charles. Seus esforços serão inúteis.
Professor: Deve ter planejado tudo muito bem para estar tão confiante.
Eric: Se quer tanto saber, Charles, o homem que foi assassinado se chamava Andrew Cardoso Steve. Lembra-se de alguém com esse mesmo sobrenome?
Professor: Albert Cardoso Steve!
Eric: Vejo que sua memória ainda funciona perfeitamente, caro amigo.
Professor: O que Albert tem haver com a história?
Eric: Ele é irmão de Andrew, o tal homem que foi morto no dia do acidente.
Professor: E...
Eric: Dentro do carro estavam Andrew, a mulher e os dois filhos.
Professor: Isso eu sei. Até vasculhei a mente de um deles para obter mais informações sobre o caso. E foi aí que vi você.
Eric: Me viu, Charles? Imaginei... Bem, deve ter visto também Andrew, eu suponho.
Professor: Sim. Não consegui entender, mas, ele estava chorando. Estava desesperado.
Eric: Aí que você se engana, meu amigo. Desesperado não é a palavra certa. Estava tomado pela raiva.
Professor: Por quê?
Eric: Vejo que não vasculhou o suficiente. Certamente, eu estava lá. Mas, não somente eu. Albert, o irmão dele, também estava. Íamos resolver assuntos pendentes, mas uma confusão interferiu em nossos planos. Na verdade, ocorreu uma briga de irmãos. Em parte alguma atrevi a me meter. Usavam palavras fortes, grosseiras e...
Professor: Não me faça rir, Eric. Você estava se divertindo com a situação, com certeza.
Eric: É mais esperto do que eu pensava. Sim, Charles. Estava me divertindo. Estava instigado a saber como terminaria aquilo tudo. Contudo, acabei me decepcionando. Albert foi embora e ficamos sem conseguir resolver nada.
Professor: Se me permite perguntar, Eric. Afinal, o que tinham a resolver?
Eric: Assuntos particulares, caro Charles. Não interessa a você.
O Professor Charles Xavier, ao perceber que não conseguiria mais arrancar nada de Magneto, resolveu retornar à mansão e pensar sobre o que descobrira.
Tudo dentro do Instituto ocorria perfeitamente bem. Apesar da ausência de Tempestade e Wolverine, os alunos sabiam se comportar. Faziam os deveres corretamente, evitavam todo o tipo de conflito... Bem, quase todos.
Gambit: Como você se atreve a dizer isso???
Scott: É a mais pura verdade!!! Você NÃO a merece!!!!!!!!!!!
Gambit: Você não tem o DIREITO de dizer isso!! Quem é você para se meter na minha vida e na da Vampira?
Scott: Scott Sumers, prazer. E, mais uma coisa: sou amigo da Vampira e me preocupo com o bem estar dela!
Gambit: Não me torre a paciência!!!! Você devia saber o seu lugar, caro Scott Sumers! Pode ser amigo de Vampira, mas não é PAI dela para saber o que é bom ou ruim para o seu futuro!!
Scott: Sei perfeitamente que não será VOCÊ que vai faze-la feliz!!
Gambit: E, sem sombra de dúvidas, você é o príncipe encantado que a salvará das garras do perverso homem das sombras...
Scott: Não confunda as coisas, Gambit!! Eu sou CASADO e AMO a minha mulher! A Vampira é uma grande amiga!
Gambit: Grande amiga? Tem certeza? Essa sua "amizade" está extravasando os limites! Vejo algo totalmente diferente.
Scott: Então abra os olhos para a realidade!!
Gambit: Qual é Sumers? Ficou irritadinho, foi? Pelo que me lembro você e a Jean se casaram há pouco tempo. Já tá pensando em ciscar fora do galinheiro, é?
Scott: Não mete a Jean nessa história, francezinho!!!
Gambit: Você diz que eu não mereço a Vampira, não é? E você, com certeza, é o grande garanhão e o melhor de todos para ficar com a Jean!
Scott: Pelo menos, melhor do que você e muito mais decente! Não sou eu que traio a minha mulher enquanto ela imagina um jeito de ficarmos juntos!
Gambit sentiu, devido às palavras de Scott, que haviam cutucado sua ferida mais profunda. Seu coração começou a chorar e a se encher de raiva daquele que o havia recordado dos atos pelo qual se pune à todo instante.
Gambit: Vai pagar por isso, Scott. E vai pagar muito caro. Nunca tive nada contra você, talvez um pouco, mas nada que me deixasse com tanto ódio quanto estou agora.
Scott: Bom saber, Gambit. Agora está se revelando. Além de não ser digno de Vampira, também não é digno de ser um X-men.
Gambit: Em primeiro lugar, quatro olhos, você não tem nada haver com minha vida pessoal. Em segundo, você não é ninguém para julgar meus atos. O que eu faço ou deixo de fazer o problema é meu!
Scott: Claro, concordo plenamente. Desde que não envolva pessoas inocentes. Eu só quero alertá-lo de uma coisa, caro Gambit: não brinque com os sentimentos da Vampira. Senão, você vai se ver comigo.
Scott se retirou do local bufando de raiva, mas tentando, à todo custo, manter a calma.
Pensamento de Gambit: Ele não entende... Ninguém nessa casa entende o meu sofrimento... Não é ele que passa noites e mais noites sonhando com o dia em que finalmente poderá encostar na pessoa que ama, sem correr o risco de morrer. Não é ele que olha para o corpo da mulher amada desejando-o, sabendo que jamais poderá tê-lo, mesmo ambos se amando. Ninguém, nem mesmo o Professor, consegue enxergar o quanto meu coração chora e implora por ela. Ninguém...
O Professor Charles Xavier, ao retornar ao Instituto, se dirigiu para uma sala especial, onde lá chamou Vampira e Gambit telepaticamente.
Vampira: Sim, Professor? Queria falar comigo?
Professor: Sim, Vampira. Não somente com você, mas com o Gambit também. Há algumas coisas que eu preciso esclarecer e resolver.
Gambit, após a discussão com Scott, havia se dirigido a seu quarto para acalmar um pouco sua cabeça. Fora tomar um banho para refrescar as idéias, estas ainda estavam misturadas e confusas em sua mente. Ao ouvir o chamado do Professor, vestiu-se e se dirigiu ao salão.
Gambit: Desculpe a demora, Professor. Estava no banho.
Professor: Claro, Gambit.
Vampira: O que o senhor deseja falar conosco, Professor?
Professor: Lembra-se de nossa conversa, Vampira?
Vampira: Sim...
Gambit: Conversa? Que conversa?
Professor: Hoje, pela manhã, fiquei sabendo que você, Gambit, teve uma discussão com o Scott.
Gambit: Discussão essa que se repetiu há pouco...
Vampira: Sério? Mas, Gambit...
Professor: Vampira, tudo bem. Eu resolvo isso. Vocês são jovens, seus hormônios estão em "fúria", agitados. As dúvidas aparecem com muita freqüência. As brigas e confusões também. Vocês dois enfrentam um problema que muitos outros não sofrem. Ambos se amam, mas precisam se manter afastados para a própria segurança. Tanto sua, Vampira, quanto a do Gambit. Ambos precisam aprender a conviver com isso.
Gambit: Conviver? Mas, Professor...
Professor: Calma. Há realmente uma solução para o problema de vocês. Andei pensando naquilo que você disse, Vampira, e percebi que tinha razão. Apesar de ser uma idéia absurda, e você deve concordar comigo nesse aspecto, você, Gambit, não terá mais que sofrer. Contudo, o preço a se pagar é alto.
Gambit: Que solução seria essa, Professor? E a Vampira? Ela também vai ficar melhor?
Vampira: Eu sofreria muito no início, mas, depois me acostumaria.
Gambit: Então... Como é essa solução?
Professor: Gambit, escute-me. De acordo com a idéia, que eu chamaria de "desesperada", de Vampira, eu entraria em sua mente e... Modificaria o que você sente por ela.
Gambit: COMO É QUE É??????
Vampira: Remy...
Gambit: Ficou LOUCA, chere????????
Vampira: É para o seu bem, Remy.
Gambit: Não me venha com esse papo de "meu bem, meu bem..." de novo! Quantas vezes eu vou ter que dizer que o que eu mais quero no mundo é ficar perto de você, chere??
Vampira: Mas... Remy, eu percebi que isso é impossível. Eu finalmente vi que nós estávamos, esse tempo todo, nos iludindo, criando fantasias para o nosso relacionamento.
Gambit: Meus sonhos e desejos não são fantasias!!
Professor: Gambit, vejo que está totalmente contra à idéia de Vampira, certo?
Gambit: Claro, Professor! Isso é óbvio! Não sei como a chere foi capaz de pensar algo assim!
Professor: Eu avisei, Vampira.
Vampira: Remy, será que você não entende? Prefere continuar sofrendo?
Gambit: Prefiro sofrer durante mil anos, mon amur. Mas, pelo menos estarei ao seu lado, te amando e sabendo que você me retribui. Prometa-me que não terá mais nenhuma idéia louca, por favor.
Vampira: Eu... Apenas queria o melhor para você, Remy. Você sabe o quanto eu gosto de você.
Gambit: Olha, que tal se conversássemos sobre isso no meu quarto? Devemos estar tomando muito o tempo e a paciência do Professor.
Professor: Não se incomodem, não estão atrapalhando. Mas, uma conversa particular, entre vocês, seria uma boa opção.
Gambit e Vampira se retiraram do salão e se dirigiram ao quarto. No caminho, nenhuma palavra havia sido dita. Nenhum olhar fora trocado. Nada. Quando chegaram, Gambit abriu a porta de seu quarto e deixou Vampira entrar. Logo depois entrou, fechando a porta. Vampira se dirigiu à janela e lá admirou a paisagem. Gambit não sabia como começar. O que escutara há pouco o deixara muito surpreso e principalmente triste. Um longo período de silêncio percorreu aquele quarto. Até que, finalmente, ele se pôs a falar.
Gambit: Vampira... Bem...
Vampira: Sim...
Gambit: Eu queria dizer que... Estou muito decepcionado com você.
Vampira: Mas, Remy... Você precisa entender que...
Gambit: Eu sei. Não se preocupe. Você estava descontrolada na hora em que teve essa idéia. Mas, eu sinto como... Sinto como se você tivesse querendo roubar algo valioso para mim.
Vampira: Roubar não é a palavra certa.
Gambit: Mas, é o que eu sinto, chere. E eu adoraria excluir esse pensamento da minha cabeça.
Vampira: Remy, entenda... Eu falei aquilo por amor. Por amar você mais do que qualquer coisa no mundo, eu precisei dizer aquilo. Vejo nos seus olhos a vontade, o fogo que você esconde aí dentro pedindo ajuda para poder ser libertado. Você me deseja, Gambit. Eu sei disso.
Gambit: Sim, chere. Acima de tudo, eu desejo você. Mas, eu obedeço os meus limites. Extrapolo um pouco, às vezes, mas... Tudo o que eu faço, Vampira, é por amar você demais.
Vampira: Eu sei, Remy. Eu sei.
Gambit: Agora, me diga. Você vai desistir daquela sua idéia louca?
Vampira: ... Eu...
Gambit: Jura pra mim, Vampira!
Vampira: Está certo. Eu juro.
Gambit: E, mais uma coisa. Você sabe e eu já lhe disse um milhão de vezes, mas, pelo visto é preciso repetir: não me importo se vou parar em um hospital, se ficarei em coma, ou se vou morrer. O que realmente me importa é estar ao seu lado, Vampira.
Nesse momento, Vampira pula para os braços de Gambit e o abraça fortemente, tomando cuidado para que ele não toque em sua pele. Algumas lágrimas rolaram, mas poucas, perto da forte emoção que sentia.
Gambit: Eu te amo, mon amur. E ninguém tirará isso de mim.
Gambit, nesse momento, olha nos profundos olhos da jovem e percebe o quão triste e sozinha ela se encontrava. Sempre presa em seu mundo, pedindo socorro e implorando por carinho, sem ser ouvida. Nesse momento, ele percebe que nada mais em sua vida importava. Nada. Somente ela. Aquela mulher que ele tanto ama. Vampira. Ele pensa profundamente nas conseqüências de seus futuros atos e conclui:
Pensamento de Gambit: O que me importa?
Ele segura sua amada no colo e leva-a para a cama. Vampira não sabia o que ele pretendia, mas tinha uma pequena idéia. Começava a tentar resistir, mas, aqueles beijos tão quentes, com pequenas e constantes pausas para a retomada do fôlego, a deixavam completamente entregue à paixão. Ele evitou a todo custo tirar-lhe a roupa, pois, se fizesse isso, o efeito dos poderes de Vampira seria maior. Gambit era malandro, tinha uns truques fáceis que o deixavam livre de preocupações com relação a retirada da roupa. Ambos se entregaram completamente, até que Gambit finalmente perdeu a consciência. Vampira, no momento, acreditou que ele estava apenas exausto, e que por isso havia entrado em um longo sono. Logo, ambos dormiam lado a lado, em sua primeira noite juntos.
O dia amanheceu, e Vampira finalmente acordou. Estava muito feliz pela noite anterior, mas preocupada com o estado de Gambit. Virou-se para o lado e o viu deitado, dormindo. Pelo menos era o que achava até encostar em sua pele (com a luva) e perceber que algo estava errado. Ele estava imóvel. Nenhum movimento, nem sinal de respiração. Vampira começou a ficar desesperada. Ajeitou-se rapidamente e começou a gritar. Seus pedidos de socorro ecoavam pela casa toda. Jean e Scott foram os primeiros a chegar.
Scott: O que houve?
Jean: O que foi, Vampira?
Vampira: Rápido, me ajudem!!! Tem algo de errado com o Gambit!!!
Jean: Algo de errado?
Jean se aproximou de Gambit e tocou em sua pele. Estava fria.
Jean: Scott, venha ver.
Scott: Ele está pálido. E muito frio.
Jean: O que aconteceu aqui, Vampira?
Vampira: Ele... Nós...
Scott levantou as cobertas para poder analisar melhor os sintomas de Remy, mas ao vê-lo nu, levou um susto. Já sabia perfeitamente o que acontecera.
Scott: Vocês perderam a cabeça???
Jean: O que foi, Scott?
Scott: Vocês... Vocês...
Vampira: Sim, Scott. Mas, não é hora para discutirmos, levem ele logo!!!! Precisamos levá-lo a um hospital!!!
Jean: Ele está sem pulsação! É bastante preocupante!
Scott: Jean, chame o Professor telepaticamente agora!
Jean: Está certo!
Pensamento de Jean: Professor, Professor!!!!!
Pensamento do Professor: Sim, Jean. O que houve? Para que tanta gritaria?
Pensamento de Jean: O Gambit está morrendo!!!! Precisamos de ajuda!!!!
Pensamento do Professor: Estou a caminho.
Jean: O Professor está vindo.
Scott: Precisamos fazer algo para reanimá-lo.
Jean: Não escuto mais seu coração... Scott, tente fazer o coração dele bater novamente!!! Rápido!!!
Scott prensava o peito de Gambit, tentando reanimar seu coração. Vampira estava desesperada. Como pôde ter deixado que tudo ocorresse? Como? Agora seria responsável pela morte de seu amado!! Não, ele não morreria. Isso era impossível!! Não podia estar acontecendo!!!
O Professor Charles Xavier entra no quarto, acompanhado por Fera, e percebe o grande alvoroço que lá predominava.
Fera: Pessoal, pessoal!! O que está havendo aqui?
Scott: Que bom que vocês chegaram!! Não sabemos mais o que fazer!!!! O Gambit e a Vampira dormiram juntos ontem e hoje ele ainda não deu sinal de vida.
Professor: Levem-no para a sala de Emergência agora!
Todos os que se encontravam naquele quarto se dirigiram às presas à sala de Emergência. Ainda tinham esperanças de resgatá-lo.
Vampira: Por favor, não deixem-no morrer!!!!! Eu imploro!!!
Professor: Venha cá, Vampira. Acalme-se. Estamos fazendo o possível para ajudá-lo. Mas, você sabe que se não pudermos traze-lo de volta, seus atos serão o causador dessa tragédia.
Fera: Professor, acho que o senhor pode resgatá-lo. Se usar seu poder, talvez encontre alguma onda de vida no cérebro dele.
O Professor dirigiu-se para perto da maca e começou a utilizar seus poderes telepáticos. Navegou pela mente do francês e depois de alguns minutos de espera, todos obtiveram a resposta:
Professor: Ele está... morto.
Vampira correu para o corpo de seu amado e o abraçou desesperada.
Vampira: Nãooooooooo!!!!!!!!!!!!! Nãooooooooooo!!!!!!!! Isso é mentira!!!!!!! Ele está vivo!!!!!!!! Vivo!!!!!!!!!!
A sala de Emergência foi tomada por lágrimas, gritos desesperados e tristeza. Um dos X-men fora perdido.
Vampira: Você não pode me deixar!!!!!!!!!!!! Não pode me abandonar, Gambit!!!!!!!!!!! Não me deixe!!!!!!
Tudo parecia ter desmoronado. Seu grande e único amor estava... morto. Esta foi última vez que Vampira pôde vê-lo. Ele morrera, sim. Mas, morrera feliz. Feliz por ter conseguido o que tanto sonhava em obter: o calor de sua amada.
A partir desse dia, toda as manhãs, Vampira desperta, vai ao cemitério e leva flores para seu amado. Fica horas ali, conversando com seu espírito (ela acredita que ele pode ouvi-la). Quando retorna, uma frase sempre fica em sua mente:
"AQUI JAZ REMY LEBEAU"
FIM
Obs.: snif... snif... Ai... Como é triste... Coitada da Vampira... Bem, espero que todos tenham gostado. Apesar da história ser meio trágica, eu gostei. Os (as) fãs do Gambit devem estar querendo me matar!!! Mas, não façam isso, por favor! É apenas um fic!! Ah! Não se esqueçam de que não terminou, viu? É apenas a segunda parte!! Beijos e até a próxima!
