Capitulo 4 – O fim das férias

O dia começou bem agitado na Toca, o sol ainda estava baixo quando pôde-se ouvir os gritos da Sra. Weasley vindos do andar de baixo mandando todos acordarem. Quando Rony se levantou, encontrou Harry sentado na cama limpando a lente dos óculos e com uma expressão sonolenta.

- Que horas são? – perguntou ao amigo.

- Sete horas da manhã – disse Harry esfregando os olhos e logo em seguida colocando os óculos.

- Da madrugada, você quer dizer – disse Rony mal humorado – Ainda não entendo por que tanta pressa.

- Diz uma coisa Rony – disse Harry – Como nós iremos com o carro voador do seu pai...se o carro dele pelo que eu me lembro tá enfiado na floresta proibida desde o nosso segundo ano?

- Ahh sim, eu não te falei disso – disse Rony dando um bocejo – Papai conseguiu outro carro, algum negócio com um desmanche trouxa ou algo parecido, mas ele não deixou esse em casa, o carro foi sendo restaurado na seção de artefatos trouxas do ministério.

- Vocês aí em cima – gritou a Sra. Weasley lá em baixo – O café está na mesa, andem logo.

Lentamente os garotos se levantaram e se encaminharam para o primeiro andar da Toca. Ao chegarem à cozinha, encontraram a Sra. Weasley colocando um prato com torradas na mesa, à qual Gina e Hermione já estavam sentadas se servindo. As garotas também estavam com uma aparência sonolenta, mas ninguém disse nada. Lupin também estava sentado, e vez ou outra tomava um gole de café.

- Bom dia – disse ele para os garotos que acabavam de entrar na cozinha – Tiveram uma boa noite de sono?

- Eu preferiria ainda estar tendo – disse Rony que ainda esfregava o olho.

- O que o senhor fará agora é sentar nesta cadeira e tomar o seu café da manhã – disse a Sra. Weasley olhando severamente para o filho – E nada de 'mas'.

Rony emburrou a cara, mas não disse nada. Sentou-se; Harry fez o mesmo e todos começaram a tomar o seu café.

- Vocês vão participar do novo clube de duelos? – perguntou Hermione quebrando o silêncio.

Harry e Rony se entreolharam, os garotos acabaram esquecendo completamente do aviso que veio junto à lista de materiais do sexto ano. Gina permaneceu em silêncio; todos sabiam que a Sra. Weasley preocupava-se demais e não gostava muito daquele tipo de atividade.

- Acho uma boa idéia vocês entrarem – disse a Sra. Weasley surpreendendo a todos – Vocês quatro.

- Concordo com você Molly – começou Lupin calmamente – Com tudo o que está acontecendo, é muito bom que vocês sejam instruídos sobre o assunto.

Rony abriu um sorriso, mas não tão grande quanto o de Gina, que parecia realmente feliz pelo fato da mãe não querer poupá-la da atividade. Harry, porém, mostrou-se um pouco preocupado.

- O que houve, querido? – perguntou a Sra. Weasley preocupada, e todos se viraram para olhar Harry.

- É que quando a lista chegou, eu já tinha saído da casa dos Dursleys – disse ele – Agora não vai dar para eu pedir para eles assinarem...então não vou poder participar.

- Ora essa, não diga bobagens – disse a Sra. Weasley sorrindo – Eu assino pra você, tenho certeza de que Dumbledore não vai se importar.

Harry olhou para ela e deu um grande sorriso, que foi retribuído com a mesma gentileza. De todas as pessoas que ele conhecera desde que soube que era uma mago, com toda certeza uma que ele não se arrependera de ter conhecido era a Sra. Weasley. Harry gostava muito dela, ainda mais depois de uma ocasião no ano passado, em que ela havia dito que ele era como um filho para ela. Desde então, o que o garoto sentia por Molly Weasley apenas aumentou.

- Beleza – exclamou Rony – Então todos vamos participar, isso vai ser divertido.

- Dumbledore vai ter uma surpresa para vocês envolvendo o Clube de Duelos – disse a Sra. Weasley lançando um olhar a Lupin.

- Que surpresa?- perguntaram Harry e Rony em coro.

- Se nós disséssemos – tornou Lupin calmamente – Isso não seria uma surpresa, seria?!

- Mas e quanto ao professor? – perguntou Hermione – Quem vai ensinar duelos?

- E Defesa contras as Artes das Trevas também – completou Gina – Já que aquela...– fez uma careta ao falar – mulher saiu, teremos um novo professor de Defesa esse ano também.

- Não podemos contar nada – continuou a Sra. Weasley, sorrindo ao ver o olhar desapontado no rosto dos garotos – Mas tenho certeza que vocês vão gostar da surpresa, não acha Remus?

- Espero que sim – respondeu Lupin sorrindo cordialmente e então tomando mais um gole de café.

Pouco tempo depois, quando todos já haviam terminado o café, ouviu-se o barulho de um motor se aproximando. Lupin olhou para o relógio e depois deu uma espiada pela janela.

- Papai chegou - disse Rony imediatamente.

- Já não era sem tempo – disse a Sra. Weasley impaciente e depois se dirigiu aos garotos – O que vocês estão fazendo parados aí, tratem de trazer suas malas para baixo!

Mal Harry tinha colocado sua mala no chão ao lado da de Rony, o Sr. Weasley entrou pela porta, deu um sorriso para todos e beijou a Sra. Weasley antes de começar a falar.

- Bom dia – disse o homem sorridente – Como estão todos?

Todos ali retribuíram o bom dia, porém Harry pôde deixar de notar que, apesar de sorridente, o Sr. Weasley exibia um semblante bem desgastado, talvez por causa das várias noites passadas no ministério.

- Dia corrido Arthur? – perguntou Lupin se aproximando e sorrindo.

- Mês corrido – respondeu o Sr. Weasley – Finalmente consegui uma folga, deixei o departamento aos cuidados do McRaig enquanto me ausento, isso vai nos dar um tempo.

- Então não vamos desperdiçá-lo – disse a Sra. Weasley – Vamos colocar as malas no carro, Percy vai estar nos esperando no Beco, não vai?

- Isso mesmo – disse o Sr. Weasley – Ele foi direto para lá e eu vim aqui pegar vocês.

Harry e os outros já estavam levando as malas para o carro do Sr. Weasley; o garoto esperou até estarem fora do alcance de todos para falar com Rony:

- Como anda o Percy ? – perguntou ele

- Não me fale dele – respondeu Rony amarrando a cara na mesma hora – Percy...O idiota.

- Nós fingimos que está tudo bem por causa da mamãe – disse Gina colocando sua mala no porta-malas do carro.

- Ahh, que é isso... – disse Hermione – Ele pode ter feito o que fez, mas ele ainda é irmão de vocês e...

- Um irmão traidor e idiota – cortou Rony.

- Ahh, vamos lá Rony – disse Hermione tentando argumentar – Todos nós sabemos como o Percy é, ele sempre teve essa ambição de subir na vida, só que ele se apoiou nas pessoas erradas.

- Hermione, ele virou as costas pra família – disse Rony ficando ligeiramente vermelho – É um maldito traidor, é isso que ele é.

- E ainda disse coisas horríveis sobre o Harry – completou Gina.

- Não estou dizendo que concordo com o que ele fez, ou mesmo que gostei – tentou novamente Hermione – Só estou dizendo que vocês deveriam dar outra chance a ele.

- Quando ele provar que merece uma – disse Rony bruscamente jogando a mala para dentro de qualquer jeito – Aí quem sabe...

Hermione virou os olhos dando-se por vencida, e foi arrumar a mala de Rony, que estava jogada de tal modo que nenhuma outra podia entrar ali. Gina deu uma olhada de esguelha a Harry e os dois riram baixinho.

Logo o Sr e a Sra. Weasley saíram da Toca, e bem atrás vinha Lupin, que parou por um instante olhando o relógio e depois sorrindo. Harry, que olhava para o professor neste momento, não entendeu, mas resolveu não se importar muito. Em pouco tempo todos já estavam dentro do carro do Sr. Weasley, voando em direção a Londres.

- Arthur, não voe tão baixo! – disse a Sra. Weasley certa ocasião – Já pensou o que aconteceria se algum Trouxa nos visse?

- Tenha calma, Molly, querida – respondeu o Sr. Weasley olhando os ponteiros no painel do carro – o Feitiço de Invisibilidade está funcionando muito bem, não há perigo algum.

A viagem em si estava muito tranqüila, Rony acabou dormindo sentado e foi escorado por Gina, que deu um sorrisinho para os amigos. Hermione se ocupou de ler um livro, e Harry, sem ter o que fazer, apenas ficava observando o interior do carro que havia sido enfeitiçado deixando espaço de sobra para todos ali se acomodarem confortavelmente.

Lupin, que estava sentado atrás com os garotos, manteve seu olhar para fora do carro a viagem inteira. Não que Harry visse algo de errado naquela atitude, mas o fato do olhar do antigo professor estar muito concentrado chamava uma certa atenção.

- Já estamos chegando – disse o Sr. Weasley após algum tempo.

- Gina. – chamou a Sra. Weasley se virando para trás – Acorde o seu irmão, querida.

Harry se inclinou para olhar pela janela e observar os prédios de Londres se aproximando cada vez mais, destacava-se dentre eles o relógio Big Ben , um dos símbolos da cidade – estavam, de fato, chegando. Lupin, pela primeira vez, tirou os olhos da janela e pareceu a Harry que ele havia soltado um suspiro aliviado. Hermione fechou o livro ao mesmo tempo em que abria um sorriso e Rony acordou meio abobado perguntando onde estava, o que provocou risos em todos ali.

O Sr. Weasley pousou o carro antes de entrar na cidade, tornando-o visível logo em seguida, e seguiu o restante do caminho até o Caldeirão Furado dirigindo como um Trouxa normal faria, para não chamar muita atenção. Demorou poucos minutos para que chegassem ao lugar e nem bem haviam estacionado, a Sra Weasley apressou a todos para seguirem para o Caldeirão Furado.

- Mas e as nossas coisas? – perguntou Rony, se referindo às malas.

- Depois nós as levamos – respondeu Molly – Agora vamos entrar.

- Não é bom para nós chamarmos atenção – disse Lupin, calmamente se aproximando.

Os garotos olharam desconfiados para o antigo professor, mas depois de ver a cara da Sra. Weasley resolveram não dizer mais nada e seguiram na frente.

- Alguém mais aqui está achando isso estranho? – perguntou Rony para Harry e Hermione quando já estavam longe do alcance dos ouvidos da Sra. Weasley.

- Não sei dizer – respondeu Harry meio pensativo – Me parece que eles estão apenas sendo cautelosos.

- Francamente, isso não é óbvio?! – disse Hermione para os dois – O que vocês esperavam?

Os garotos olharam para ela intrigados e a garota respirou fundo parando na porta de entrada do Caldeirão Furado e revirando os olhos.

- Vocês-Sabem-Quem retornou – disse ela olhando seriamente para os dois – É claro que todos estão preocupados, afinal...

- Eu estou aqui – disse Harry finalizando a frase de Hermione, percebendo que a amiga parecia meio arrependida.

- Ora essa – disse Rony mal humorado – Disso todos nós já sabemos, mas nada vai acontecer com Harry enquanto Dumbledore estiver por aqui.

- Rony, eu sei...- disse Hermione com ar preocupado – Mas...

- Tomar cuidado nunca é demais certo?! – disse uma voz calma atrás dos garotos que acabaram levando um susto e se virando para dar de cara com Lupin.

O antigo professor sorria tranqüilamente como se aquilo fosse algo normal e então continuou como se nada houvesse acontecido.

- Vamos indo – disse ele calmamente – Ainda temos que confirmar a reserva dos quartos.

Todos os garotos concordaram, principalmente Hermione, que pareceu na verdade bastante aliviada por não ter continuado com a conversa. Os garotos entraram pela porta acompanhados do antigo professor e assim que puseram um pé dentro do lugar, Rony não segurou uma exclamação.

- Agora, isso sim é que é estranho – disse o garoto arregalando os olhos.


Rony estava sentado no balcão do Caldeirão Furado, batendo os dedos ansiosamente na bancada, com Hermione ao seu lado lendo calmamente um livro.

- Que horas são? – perguntou Rony para Hermione que virou os olhos e fez uma expressão mal humorada.

- Meio dia em ponto – respondeu a garota secamente.

- Como é que você sabe? – perguntou o garoto – Você nem olhou o relógio.

- Eu sei – respondeu Hermione fechando o livro com um baque surdo e o largando no balcão bruscamente – Por que já é a quinta vez que você me pergunta isso nesse minuto – fez uma pausa e respirou fundo antes de continuar – Quer se acalmar?

- Me acalmar? – perguntou Rony – Olha só esse lugar, não sei como você pode ficar aí lendo como se aquilo ali – apontou com o polegar por cima do ombro - fosse algo que se vê todos os dias.

A garota revirou os olhos novamente e Rony bufou, de fato o Caldeirão Furado estava diferente - ao que parecia, o ministro Fudge havia dado ordens para que se mantivesse um forte sistema de segurança nos lugares onde a comunidade bruxa se reunia em grandes quantidades.

Na manhã daquele dia, assim que entraram no lugar, eles puderam notar claras mudanças. Podiam-se contar cerca de quatro aurores, com as insígnias brilhando, rondando o local, sem falar nos que estavam espalhados pelo Beco Diagonal. Isso sem falar no fato que, para entrar em qualquer além do fato de que para entrar em qualquer estabelecimento, a pessoa deveria ser revistada.

Todos acharam aquilo um tanto quanto necessário apesar de tudo, mas Rony não gostou e argumentou que para ter tanta segurança assim, o lugar poderia ser atacado a qualquer momento. Tanto Harry quanto Hermione achavam que o amigo estava meio paranóico, mas não o culparam de todo; afinal, no fundo eles tinham os mesmo receios de Rony.

Assim que chegaram ao Caldeirão Furado, o Sr. Weasley, Lupin e Harry foram até Gringotes sacar dinheiro para as compras, e ainda não haviam voltado, fato que estava deixando Rony muito impaciente para o horror de Hermione, que estava tentando ler seu livro a mais de uma hora.

- Ai Rony, como você faz drama – disse uma voz feminina atrás dos dois – Até parece que o mundo vai acabar.

- Ninguém pediu sua opinião, Gina – respondeu Rony secamente – E o que você veio fazer aqui afinal?

- Amor fraternal – ouviu-se uma voz, agora masculina e brincalhona. – Que coisa maravilhosa.

- O pilar da sociedade – respondeu outra voz.

Todos se assustaram com exceção de Gina, que deu risada. Rony imediatamente se virou para ver quem estava falando e arregalou os olhos.

- Vocês? – disse o garoto mais alto do que pretendia.

- Nós – responde Jorge Weasley rindo-se - Quem você esperava?

- Que recepção, hein maninho... – continuou Fred Weasley fingindo estar sério – É assim que você recebe seus queridos irmãos após tanto tempo?

- Queridos e bem de vida – respondeu Rony olhando para as vestes dos dois.

Tanto Fred quanto Jorge, os dois gêmeos irmãos de Rony, estavam vestindo roupas que qualquer um, até mesmo alguém que não entendesse do assunto, diria que são muito caras.Os dois usavam calças pretas bem refinadas e camisas de um tom avermelhado bem escuro, que eram encobertas pela capa azul marinho presa por um broche em forma de vassoura que aparentemente era de ouro e ficava na altura do peito dos dois.

- A loja de logros está melhor do que nunca – disse Fred dando um tapinha em uma sujeira imaginária em seu ombro e sorrindo para os outros.

- Nós fizemos uma sociedade com a Zonko's – disse Jorge parecendo feliz da vida.

- Se antes tudo já ia bem – continuou Fred – Agora vai ficar melhor ainda.

- To sabendo – respondeu Rony – Lembro de ter visto no profeta que a Zonko's abriu sociedade com uma nova loja, mas não sabia que era a de vocês.

Fred e Jorge sorriram e estufaram o peito, orgulhosos.

- Mas quando vocês chegaram? – perguntou Hermione falando com os gêmeos pela primeira vez. – Não notei ninguém entrando aqui.

Neste momento os gêmeos ficaram claramente pálidos, Gina não conteve uma risada e os outros olharam para ela sem entender.

- Eles aparataram – disse ela se controlando – Bem em cima...da mamãe.

O efeito daquela frase em Fred e em Jorge foi bem visível para todos, assim que Gina terminou de falar. Rony não se agüentou e caiu na risada, enquanto Hermione tentava se manter séria com grande dificuldade.A simples imagem de Fred e Jorge aparecendo de repente em cima da Sra. Weasley não era uma coisa normal de se ver.

- Riam – disse Jorge sombrio - Podem rir a vontade, vocês não imaginam...

- Nós presenciamos o verdadeiro terror – emendou Fred – Não fico com tanto medo desde aquela vez em que colocamos fogo no cabelo dela.

- Vocês já colocaram fogo no cabelo da sua mãe? – perguntou Hermione seriamente.

- Colocar não é bem a palavra – disse Jorge com uma risadinha. – Nos fizemos o cabelo dela virar fogo.

- Só queríamos deixar ele mais vivo. – continuou Fred encolhendo os ombros – Mas acontece que como o cabelo é vermelho, o feitiço deu errado.

- Nem tanto – emendou Jorge – Só ficaram vivos demais, mas ela não pôde reclamar, afinal, com aquele cabelo, ela ficou realmente quente´´.

Hermione tossiu tentando disfarçar as risadas, porém Gina e Rony não se incomodaram. Bem nesta hora a Sra. Weasley apareceu descendo as escadas que levavam aos quartos, lançando um olhar irritadiço a Fred e Jorge, que na mesma hora pararam de rir.

- Vamos indo – disse ela ao se aproximar – Se nos apressarmos poderemos comprar tudo bem rápido antes das lojas ficarem lotadas.

- Mas o papai e os outros ainda não voltaram – disse Rony se levantando em um pulo.

- Harry acabou de mandar Edwiges pedindo para irmos encontrá-los na frente de Gringotes – disse a Sra. Weasley – Se eles voltarem aqui, para saírem depois, terão de ser revistados novamente, e isso leva tempo.

Todos concordaram com a cabeça e foram em direção à parede de tijolos que era a entrada do Beco Diagonal. Assim que a parede se abriu com os toques da varinha da Sra. Weasley, todos foram cercados por um grupo de Aurores que revistou cada um deles rigorosamente.

A Sra. Weasley quase perdeu a cabeça quando um dos Aurores foi revistar os bolsos de Fred e Jorge, deu-se um clarão seguido de uma explosão. Ao que parecia, era uma das novas invenções dos gêmeos que ainda estava em período experimental. Quem impediu todos ali de serem presos foi o Sr. Weasley, que havia voltado para ver por que estavam demorando tanto. Depois de uma conversa, tudo foi resolvido e finalmente eles puderam entrar definitivamente no Beco Diagonal.

Para a alegria de Fred e Jorge, a Sra. Weasley havia temporariamente se esquecido de ralhar com eles enquanto entrava na Floreios e Borrões para pegar um lugar na fila que já se ela havia dito antes, as pessoas não paravam de chegar e todas pareciam estar com pressa em voltar para casa.

- Eu não os culpo, sabe... – disse o Sr. Weasley observando a agitação de todos ali – Agora que todos sabem que Você-Sabe-Quem está de volta, ninguém quer sair de casa.

- Papai, onde está o Harry? - perguntou Rony, virando-se para ele.

- Está com o Lupin – respondeu o Sr. Weasley – Já deve estar chegando, vocês podem ir procurá-lo se quiserem.

- Vamos sim – responderam Rony e Hermione juntos, e quando Rony já ia na frente ele se virou para Fred e Jorge – Vocês não vêm?

- Podem ir na frente – respondeu Fred.

- Vamos ficar um pouco com o papai e com a mamãe – emendou Jorge - Para matar as saudades.

Rony achou a resposta vinda dos gêmeos estranha, mas resolveu não dizer nada. Virou-se para Gina, mas a irmã estava conversando com um grupo de colegas de escola, e ele resolveu não importunar. Quando olhou para Hermione, a amiga apenas deu os ombros, e os dois foram atrás de Harry e Lupin.

Não se passaram nem cinco minutos quando Hermione avistou Harry parado em frente à loja Madame Malkin de roupas e vestimentas para bruxos. A garota gritou e acenou para o amigo, que só então percebeu os dois vindo em sua direção.

- Cadê o Lupin? – perguntou Rony assim que alcançaram Harry.

- Disse que precisava comprar umas coisas e me pediu para esperar aqui – respondeu Harry – Não faço idéia de onde ele foi.

- Que estranho – disse o amigo – Ele esta aí ? – perguntou Rony apontando para a loja de Madame Malkin.

Harry acenou negativamente com a cabeça e apontou para uma ruela. À primeira vista, Rony e Hermione imaginaram que o amigo estava apontando para Gringotes, mas ao seguir com atenção a direção para onde Harry estava apontando, os dois exclamaram surpresos e olharam interrogativos para Harry, que apenas confirmou com a cabeça.

- Justo naquele lugar? – perguntou Hermione.

- O que diabos ele foi fazer na Travessa do Tranco? – perguntou Rony lançando um olhar desconfiado para a entrada da ruela.

- Não sei – disse Harry – Ele apenas me falou que precisava comprar algumas coisas, mas não disse o quê, e depois pediu para eu esperar aqui.

- Que estranho...- disse Rony – O que será que o Lupin tá planejando?

- Não acho que devemos nos preocupar – disse Hermione após um tempo, – Afinal, é do Lupin que estamos falando...quero dizer, ele nunca faria algo de errado.

- Mas isso é muito óbvio né, Mione? – disse Rony – Só que você não pode ignorar o fato de que é estranho.

A garota deu um sorrisinho, e bem nesta hora eles ouviram uma voz vinda de dentro da loja de roupas; parecia uma menina que falava.

- Obrigada, Madame Malkin – disse a menina – Não estava achando essas luvas em nenhum outro lugar.

- Não tem de quê, querida – respondeu outra voz, aparentemente sendo a da dona da loja – E mande lembranças para o seu irmão, ok?!

- Mando sim – respondeu a outra voz – Até outro dia.

Assim que essa última frase foi dita, Harry percebeu que estava bem em frente à porta de entrada. O resultado não podia ser outro: assim que a porta se abriu, uma garota saiu repentinamente e trombou com Harry, derrubando algumas sacolas que ela levava.

- Ai – disse a garota recuando alguns passos. – Me desculpe.

- Não, a culpa foi minha eu que peço...- ia dizendo Harry, e só então pôde observar melhor a garota. A reação dele e de Rony foi a mesma: a boca dos garotos se abriu involuntariamente.

- Hem hem – fez Hermione com a garganta e os dois rapidamente se recompuseram.

- Ahh, me desculpe – terminou Harry corando repentinamente e se abaixando para ajudar a garota a apanhar as sacolas de compras. Ela olhou para ele sem dizer nada e depois sorriu.

- Obrigado – disse ela em agradecimento e então olhando para um relógio de pulso muito estranho – Ahn... me desculpem mas, eu tenho que ir, obrigado pela ajuda.

- Não há de que – disse Harry corando ligeiramente – Meu nome é...

- Harry Potter, eu sei – disse a garota sorrindo. Rony se virou para Harry enquanto Hermione lançou um olhar desconfiado para a garota e Harry ficou sem saber o que dizer – Eu vi a cicatriz, foi um prazer, Harry – terminou ela. – A gente se vê por aí.

E então antes de Harry dizer qualquer coisa, ela se virou e partiu rapidamente em direção a entrada do Beco. Os três amigos acompanharam com o olhar até que Rony quebrou o silencio.

- UAU – disse o garoto – Que menina linda, cara!

- Muito – respondeu Harry olhando na direção que a garota havia seguido – Mas eu não conheço, o que ela quis dizer com, a gente se vê´´?

- Quem se importa? – perguntou Rony – Se uma garota daquela falasse comigo, o meu dia já estava feito.

Hermione havia cruzado os braços e tinha uma expressão mal humorada no rosto, ela olhava de Harry para Rony, e então bufou .

- Garotos – resmungou ela fechando a cara.

Os dois se viraram para ela e deram risada.

- Ahh Mione – disse Rony sorrindo – Você não pode nos culpar.

- Não estou culpando vocês de nada – respondeu Hermione secamente, Rony se virou para Harry e os dois ficaram com uma expressão intrigada que não durou muito, pois logo os três amigos avistaram uma figura saindo da Travessa do Tranco e se aproximando. Estava segurando um pacote de papel que parecia estar bem volumoso, indicando que deveria haver vários objetos ali. Assim que o homem já estava bem perto, eles perceberam que se tratava de Lupin.

- Desculpe a demora – disse ele calmamente ao se aproximar dos três amigos.

- Aconteceu alguma coisa lá? – perguntou Harry, que pareceu notar algo de estranho no antigo professor.

Lupin olhou para ele por um instante e depois para Rony e Hermione, os amigos também pareciam estar curiosos pelo fato do antigo professor ter ido à Travessa do Tranco, e ainda sair de lá com um pacote de papel aparentemente cheio.

- Eu encontrei um velho conhecido – respondeu Lupin com um pequeno sorriso – E agora vamos indo.

O tom do professor, apesar de tranqüilo como sempre, finalizou a conversa ali mesmo. Harry e Rony se entreolharam curiosos sobre quem seria o tal conhecido que o antigo professor mencionara, enquanto Hermione lançou um olhar desconfiado para o pacote que Lupin estava trazendo. Nenhum deles, porém, se sentiu inclinado a perguntar mais nada a Lupin, que continuava sorrindo tranqüilamente. Sem ter como dizer nada, os três amigos concordaram com o antigo professor, e acompanhados do mesmo, voltaram para junto dos restantes dos Weasley.


A semana havia passado voando, pelo menos foi essa a impressão que Harry teve. Logo no primeiro dia eles haviam comprado todos os materiais que constavam em suas listas e como sempre, a pilha de livros de Hermione era muito maior do que as de Harry e Rony.

- Sabe, ainda não entendo como um ser humano pode estudar tanto – disse Rony para Harry, certa vez em que Hermione não estava por perto.

O amigo apenas sorriu e deu de ombros; desde então foi uma semana relativamente tranqüila para todos. Demorou um pouco para Harry se acostumar com o novo sistema de segurança do Beco Diagonal, mas fora as várias revistas diárias que sofria, não teve do que se queixar, além de se sentir muito bem ao ver que depois do ano passado, ninguém mais o considerava um garotinho que queria chamar a atenção.

O próprio Fudge em uma entrevista coletiva ao Profeta alegou que as críticas ao garoto, feitas no ano passado, foram todas equivocadas e ainda disse que sentia muito. Rony achou que Dumbledore deu uma ajudinha com essa declaração do ministro e Hermione concordou.

Fred e Jorge apareciam às vezes para animar o ambiente, mas os gêmeos não paravam quietos nem por um instante, isso porque a sociedade com a Zonko's, apesar de gerar mais dinheiro, também fazia os garotos trabalharem mais, mas pelo visto eles estavam realmente se divertindo.

- É tudo que a gente sempre sonhou – disse Fred certa vez.

- Verdade – emendou Jorge – Estamos fazendo o que sempre fizemos a vida toda, e ainda estamos ganhando dinheiro com isso, vocês querem coisa melhor?

O comentário só não provocou mais risos por causa da Sra. Weasley que escutou e não gostou nada da atitude dos filhos. Segundo Rony, ela ainda preferia que os gêmeos terminassem a escola, mas vendo que eles estavam felizes daquele jeito, resolveu dar o braço a torcer.

A luz já começava a iluminar o quarto em que Harry estava, o garoto se levantou e deu uma gostosa espreguiçada, apanhando seus óculos que estavam em uma cabeceira ao lado da cama. Edwiges piou alto chamando a atenção do garoto, que ao esfregar os olhos e colocar os óculos, viu que a coruja estava pousada bem ao lado de onde estavam seus óculos.

- Bom dia para você também – disse o garoto retirando os óculos momentaneamente para limpar as lentes, depois de ter certeza de que já estavam limpas, ele voltou a colocá-los e nem bem acabara de fazer isso alguém bateu na porta.

- Pode entrar – disse o garoto se levantando ainda com uma expressão sonolenta.

- Querido, se apronte e venha tomar seu café da manhã – disse a Sra. Weasley colocando apenas a cabeça para dentro do quarto de Harry e dando um sorriso, então seu olhar se deslocou para outro lugar e ela virou os olhos. – Acorde Rony também – disse ela olhando para um molho uniforme de cobertores em uma cama ao lado da de Harry.

O garoto sinalizou positivamente com a cabeça e a Sra. Weasley fechou a porta. Harry se virou para uma cama ao lado da sua e sorriu ao ver os cabelos avermelhados do amigo escapando para fora do cobertor.

- Acorda aê – disse ele dando um toque de leve no ombro do amigo, que se remexeu na cama mas não acordou, Harry bufou e empurrou o ombro de Rony novamente, mas desta vez fazendo mais força e falando mais alto – Acorda cara, ou a gente perde o Expresso de Hogwarts.

Rony pronunciou uma palavra que Harry não pôde sequer imaginar o que seria e chutou as cobertas para longe dando uma longa espreguiçada.

- Tá bom – disse Rony se endireitando. Os cabelos dele estava quase tão desgrenhados quanto os de Harry – Tá bom, já acordei, tá vendo? – terminou o amigo dando um bocejo.

Harry, dando-se por satisfeito, foi se aprontar, e depois de alguns minutos Rony fez o mesmo. Em pouco tempo os garotos já desciam com as malas nas mãos e devidamente arrumados, e ao chegar ao primeiro andar encontraram todos lá esperando por eles. Estavam Gina, Hermione, Lupin e a Sra. Weasley. Fred e Jorge iriam se encontrar com eles diretamente na estação.

- Vocês demoraram – disse Hermione terminando de beber um copo de leite que fora servido por Tom, o dono do Caldeirão Furado.

- Culpa do Rony – disse Harry colocando pesadamente sua mala no chão – Eu fui ao banheiro me aprontar, e quando voltei ele ainda estava começando a arrumar as malas.

- Você não pode falar nada – disse Rony defendendo-se – Você teve que refazer as suas por que esqueceu de colocar algumas roupas e os livros.

- Eu disse para vocês dois deixarem essas malas prontas ontem à noite – repreendeu a Sra. Weasley – Mas bem, tomem o café de vocês, ainda há tempo sobrando.

Os dois garotos sorriram e se sentaram começando a comer as torradas trazidas por Tom, e não se demoraram mais de dez minutos com o café da manhã. Assim que Harry terminou de beber seu copo de leite, todos ali se levantaram e se despediram de Tom, seguindo para fora do Caldeirão.

Harry estava se perguntando onde estava o Sr. Weasley. Depois do dia em que chegaram, o garoto não vira mais o pai de Rony,e segundo a Sra. Weasley ele havia voltado para o Ministério. Harry já estava se perguntando se iriam a pé para a estação de trem, mas assim que passaram pela porta, viram o carro do Sr. Weasley parado bem em frente ao Caldeirão Furado, e este estava dentro do carro acenando para eles.

- Estão aí parados por que? – perguntou a Sra. Weasley apressando os garotos – Já estamos em cima da hora, vocês querem perder o trem?

Não demorou nem dez minutos para que todos já estivessem acomodados dentro do carro, e as malas devidamente postas no porta-malas magicamente ampliado.

- Desculpem o atraso – disse o Sr. Weasley assim que deu a partida no carro – Tive alguns trabalhos de última hora, estão todos aqui?

- Estamos todos aqui, Arthur – disse a Sra. Weasley – E ande logo, já estamos atrasados demais.

O Sr. Weasley deu a partida e rapidamente colocou o carro em movimento pelas ruas de Londres. Como ainda era relativamente cedo, o trânsito estava tranqüilo; parecia que as pessoas haviam decidido acordar mais tarde naquele dia, para a sorte de Harry e dos outros, que não demoraram muito até chegar a estação.

- Fred e Jorge já devem estar nos esperando do outro lado – disse a Sra. Weasley assim que todos pararam entre as estações nove e dez. – Não fiquem aí parados, andem logo.

Todos se entreolharam; pelo jeito a Sra. Weasley estava realmente com pressa. Harry foi o primeiro a atravessar a parede que dava passagem à plataforma 9 e ¾. Rony, Hermione e Gina foram logo depois e por último passaram o Sr e a Sra. Weasley seguidos por Lupin.

Harry nunca tinha visto tamanha movimentação diante do Expresso de Hogwarts: muitas pessoas corriam pra lá e pra cá levando malas, alunos subiam e desciam do trem , uma barulheira realmente incômoda. Mesmo com tanto barulho, Harry pôde ouvir as vozes de Fred e Jorge chamando: o garoto se virou e encontrou os gêmeos acenando para ele juntamente com Lino Jordan.

O garoto caminhou levando sua mala em direção aos gêmeos, logo atrás dele vinham Rony e Hermione, seguidos de perto pelo Sr e a Sra. Weasley. Lupin e Gina pareciam ter desaparecido misteriosamente.

- Até que enfim – disse Fred para eles assim que se aproximaram.

- Isto está uma verdadeira bagunça – comentou Jorge – Nunca vi esse lugar tão cheio.

- Não é nenhuma surpresa – disse a Sra. Weasley com uma expressão nada boa.

- Onde estão o Lupin e a Gina? – perguntou Harry olhando em volta em busca dos dois.

- Gina encontrou um grupo de amigas – disse o Sr. Weasley – E Lupin tinha um compromisso.

Ao ouvir isso o garoto levantou uma sobrancelha parecendo bem intrigado. Rony e Hermione também pareceram achar aquilo tudo muito estranho, e as lembranças do antigo professor saindo da Travessa do Tranco repentinamente pularam para a cabeça dos três, mas não tiveram muito tempo para pensar a respeito, pois bem nessa hora o trem soltou dois apitos muito altos, e a correria que antes já era muita, se intensificou.

- Já to entrando – disse Lino Jordan para Fred e Jorge – Quero tudo aquilo até amanhã, pode ser?

- Pode deixar senhor Jordan – disse Fred dando uma piscadinha para o amigo.

- Seu pedido será entregue sem demora – completou Jorge imitando o jeito do irmão.

Lino deu risada e se despediu dos gêmeos, sumindo para dentro do vagão do trem logo em seguida.

- Andem logo vocês também – disse a Sra. Weasley.

Não foi preciso ela repetir novamente. Ao que parecia, Fred e Jorge haviam reservado uma cabine para Harry e os outros. Reservado não é bem a palavra, mas os gêmeos haviam enfeitiçado a cabine, e Rony descobriu isso do jeito mais doloroso: assim que o amigo colocou os pés dentro da cabine, ouviu-se um estrondo e Harry viu o corpo de Rony ser repelido para fora.

- Feitiço anti-ladrão – disse Fred indo acudir o irmão.

- Precisamos aprender – completou Jorge desenfeitiçando a cabine – Por causa da loja.

- E bem que podiam ter me avisado antes, não acham? – disse um Rony extremamente mal humorado. Os gêmeos apenas deram de ombros, ao mesmo tempo em que o trem voltava a apitar, agora uma única vez e bem mais alta do que a primeira.

- E com isso nós terminamos – disse Fred se dirigindo para fora do vagão.

- Não deixem de visitar a gente – tornou Jorge – É só irem a Hogsmeade.

Antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, os gêmeos saíram pela porta do vagão, que se fechou magicamente pouco tempo depois. Rony e Harry debruçaram-se na janela da cabine para se despedir da Sra e do Sr. Weasley. Hermione se acomodou em um canto e abriu um livro, começando a ler na mesma hora.

A gritaria na estação pareceu se intensificar. Podiam-se ouvir vários gritos de despedidas, e desejos de boa sorte enquanto o trem lentamente começava a se mover.

- Parece que o ano vai ser realmente agitado – disse Rony para os amigos.

Harry deu um pequeno sorriso e começou a olhar pela janela, enquanto Hermione se concentrava em seu livro. Rony deu um pequeno bocejo ao ver as árvores que já começavam a passar rapidamente pela janela. Finalmente estavam a caminho de Hogwarts.