Capítulo 10 - "Uma rosa com espinhos"

Dias atrás pensava em voc

E não é assim mais

Olho pra trás

Mas penso e sigo em frente

Eram trajes prateados, com um decote trançado nas costas. Comprado na Itália, lhe caiam perfeitamente, combinando com a maioria dos colares prateados que ganhara dos amigos e destacando o cabelo ruivo, que estava solto, e esvoaçando pelo vento que entrava na varanda. No rosto, a maquiagem leve disfarçava o quanto ela havia chorado, ainda que resistisse a isso. Agora, a única marca de sua tristeza era a falta do sorriso que encantava a todos. Os olhos brilhavam em inocência e dor. Queria ter alguém para conforta-la. Alguém para lhe dar a mão, doando-lhe força, enquanto ouviria Harry e Cho dizerem "sim" a pergunta do juiz. Porém ninguém saberia fazer isso, pensou, olhando para Londres que se estendia até onde ela alcançava a vista.

Quer dizer, quase ninguém, ela acrescentou e seus pensamentos voaram para um par de olhos negros a que ela dependia muito. Mas ele não estava ali e não era confiável. Então, com um aperto no peito, desviou os olhos de Londres e voltou para o quarto, trancando a porta de vidro da varanda. Então, sentou-se em uma poltrona e olhou para o relógio. Cinco horas. Ainda era muito cedo - combinara de se encontrar com Oliver dali à uma hora. Pegou um livro porém não o abriu. Acomodou-se na poltrona e acabou dormindo por ali mesmo, com o pensamento no casamento, e no sentimento de que precisava de alguém para conforta-la, ainda que esse alguém fosse um assassino e a tivesse machucada muito.

Outro sonho: Era uma lembrança e embora ela soubesse disso, estava revivendo Aquele dia. Um dia que amava e que odiava.

"Virgínia Weasley, nos seus pequenos onze anos escrevia no "diário do Tom", como chamava. Eram quase oito horas da noite e ela estava deitada na cama, com as cortinas fechadas.

"Querido Tom, não sei o que está acontecendo comigo. É uma sensação estranha... quando... quando..."

"O quê, pequena Gina? Não confia em mim?"

"Você sabe que não é isso, Tom. Pelo contrário. Eu estou sentindo falta de você... é como se o diário fosse uma parte de mim e eu me sinto tão fraca sem você..."

"Você precisade mim, pequena? Tem certeza?"

"Tenho" - foi tudo que ela respondeu. Não entendia direito mas aquilo era a única coisa que podia dizer.

"Então... então quer me conhecer?"

Um rápido sorriso formou-se no rosto dela.

"Já lhe conheço, Tom!"

"Não... eu quis dizer pessoalmente. Deixe-me te mostrar... não precisa temer..."

"O medo é uma coisa para tolos... Você me ensinou isso."

"E você não respondeu a minha pergunta, Virgínia..."

"Eu não sei... não vou perder nada mesmo..."

"Sim ou não?"

"OK!"

O diário tremeu e as páginas começaram a virar rapidamente. Então, parou na última página. No instante seguinte, um vendaval de cores se formou, e Gina Weasley se viu entrando no diário do seu amigo Tom.

Ela estava sentada no chão. Era uma sala espaçosa. Um quartinho, com algumas poltronas em péssimo estado, uma cama de dossel, o chão molhado de água, e nas paredes um cheiro de mofo, como se não fosse usada há séculos.

Havia uma única saída - uma porta preta, na qual um rapaz de dezesseis anos estava apoiado. Possuía os cabelos fortemente negros, assim como os olhos, que eram estranhamente divididos entre a frieza e a sedução. Ele trajava vestes com o emblema de Hogwarts.

Gina nunca o vira antes mas tinha a sensação de conhece-lo.

­- Virgínia Weasley... Não está me reconhecendo? Fico magoado assim...

­- Tom... Tom Riddle? - ela se levantou e deu um passo para trás, hesitante. Por alguma razão não gostara do jeito dele.

Ele apenas concordou com a cabeça e fitou-a dos pés a cabeça.

­­­- A minha pequena amiga... claro que sou eu. Não precisa me temer.

Ele avançou, se esforçando para não sorrir. Agora que via não acreditava. Então era ela a garotinha com tanta força que estava lhe permitindo voltar a vida? Gina Weasley - uma garota amante de trouxas e pobre que possuía mais força do que muitas pessoas. E ela passara tanta energia para o diário que Tom sentia-se como se fosse uma parte dela. Uma parte que talvez lhe permitisse tomar o corpo da garota se ele usasse a cabeça.

­Gina não avançou.

­- Não - disse. - Isso não está certo. Eu quero ir embora. Deixe-me, por favor.

Ele sorriu e tomou-lhe a mão, levando-a até uma poltrona e fazendo-a se sentar, enquanto ele se ajoelhava.

­- E você iria, Virgínia? Abandonaria o seu amigo?

Ela abaixou a cabeça: - Não, Tom, eu não iria.

­- Então... vamos, continue o que você ia escrever. Eu sou o seu diário se lembra?

­- É estranho falar com uma pessoa e não escrever.

­- É a mesma coisa quando se trata do mesmo ser. - Houve uma breve pausa antes de ele acrescentar com um brilho de ódio no olhar: ­­- E o Harry Potter? Você não o mencionou hoje... Encontrou ele?

­- Claro... - ela sorriu e mordeu os lábios. - Eu sempre o vejo. Mas hoje ele foi ao Aniversário de Morte do fantasma da Grifinória. Por isso nem fui à festa...

­­- Você gosta muito dele - comentou Riddle, olhando-a seriamente.

­- Não é "gostar"... É algo mais e menos... Não sei direito. Acho que ele é especial por ser o Menino-que-sobreviveu.

Riddle fez um movimento e desviou seu olhar.

­­- Ele é mais especial que eu? - perguntou fingindo-se triste e com a cabeça abaixada.

­- É diferente, Tom. - Gina sorriu e levantou a cabeça dele. Seus olhos se encontraram.

­­­­- Não, não é. Se você fosse mais experiente entenderia o que é isso.

­- Você não poderia me explicar?

­- Talvez. Você é uma mulher e eu sou um homem. Não é fácil explicar isso para uma pessoa do sexo oposto.

­- ...

­Ele a fitou mais sério do que nunca. Afinal, por que estava tentando explicar isso para uma grifinória? Por que estava tentando falar de algo como o amor, sendo que durante toda a sua vida só amara a si mesmo? Porém uma outra coisa incomodou-lhe a mente. Gina era uma garotinha ainda, mas um dia cresceria... e como seria ela mais adulta, como uma mulher? Precisava ainda de um meio de conseguir definitivamente o que queria.

­- Você já beijou, pequena?

­Ela corou imensamente.

­- Como... como assim? Quero dizer, os meus irmãos, ou...

­- Não, não. Um garoto eu quis dizer.

­- Claro! - ela apressou-se em dizer, embora isso fosse uma enorme mentira. Pelo modo no qual ela disse isso Tom entendeu que não era verdade.

­- Então me mostre! - disse ele ousado, tocando a mão dela.

­- Acho melhor não.. Pra falar a verdade, eu nunca...

­- Não faz diferença... Sempre tem uma primeira vez, não é?

­- Exatamente. E eu queria que... bem... Harry...

­- Não vai querer passar vergonha não é? - disse ele maliciosamente, tocando no ponto fraco dela. - Imagino até ele rindo de você...

­- Ok,Tom. Você venceu. Mas eu...

­- Faça o seguinte. Somente feche os olhos.

Ela obedeceu. Seus olhos fecharam-se, enquanto ela apertava a boca, com o coração batendo a mil. Era uma sensação esquisita. Tinha vontade fugir dali e ao mesmo tempo queria ficar lá. Sentiu a mão fria de Riddle acariciando-a e retirando alguns fios de cabelo do rosto. Instintivamente relaxou a boca e seus lábios entreabriram-se.

Para Riddle, era estranho estar acariciando o rosto de uma garota que ainda era uma criança. Tinha a efetiva consciência de que "estava ensinando a Pequena a beijar"! Subitamente, ele sentiu-se rir por dentro. Aquilo era uma crueldade, porém uma prova de que estava mais forte do que ela.

Olhou-a atentamente e então fechou os olhos. Finalmente, seus lábios se encontraram no primeiro beijo dela..."

- Admirando as suas lembranças? - uma voz interrompeu as lembranças delas. Ela se virou rapidamente e estremeceu ao encontrar os olhos negros de Riddle a fitando. Deu um passo para trás. - Ou esqueceu-se desse dia? O dia em que nós....

­- O dia em que ocorreu o primeiro ataque - ela interrompeu friamente. - Eu não me esqueci disso.

­­­Ele fez um gesto.

­- Não era disso que eu tava falando... Por que ficar com as más lembranças?

­- Talvez porque sejam somente de más lembranças que você seja formado.

­- Do que está falando? - a voz dele estava mais seca agora.

­­­­­­- De nada! - disse ela rapidamente. Riddle avançou alguns passos e ficou extremamente próximo a ela.

­- Você nunca conseguiu me esconder algo, pequena.

­- Tem certeza, Riddle? Você não sabe tanto sobre mim. Nesse ponto eu fui esperta por não escrever no diário.

­- O que eu conheço de você então?

­­­­­­­Gina sorriu enigmaticamente.

­- O meu lado angelical... E o meu lado negro?

­- Talvez eu conheça - respondeu Riddle com frieza e Gina estremeceu pensando no seu encontro com Lord Voldemort. - Não era à toa que eu dizia que você era uma rosa. Linda - ela corou mas não desviou seu olhar dos olhos dele - porém com espinhos. Acho que Lúcio sabia disso, por isso escolheu lhe dar o diário.

­- Mas por que eu, Tom? Com tantas pessoas, para que você ia escolher uma garotinha boba que ia começar o primeiro ano em Hogwarts. Podia ser um sonserino, alguém mais confiável...­

­- Pensei que pelo menos uma parte fosse óbvia. Você era irmã do melhor amigo de Harry Potter e conviveria com ele grande parte do tempo. Além disso ninguém iria suspeitar de você e há também o seu sangue... Embora odeio a sua família, Lúcio sabe que os Weasley carregam um sangue forte... mas certamente não suspeitou que uma garotinha inocente daria tanto trabalho para o futuro Lord das Trevas... Você demorou a sucumbir...

­- Realmente - ela estava fria agora -. Foi preciso você me beijar, não?

­- Eu precisava saber até onde eu podia te controlar.

­- Não entendi...

­- Nunca teria me beijado se eu não pudesse te controlar - disse Tom como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Mas então ele sorriu maliciosamente. - Não que o que aconteceu tenha sido somente por meu controle...

Ela fitou-o, mas não respondeu. Riddle apenas sorria.

Alguém a chamava incessantemente. Uma voz ao longe repetia o seu nome e ela estava dividida entre continuar dormindo e acordar de vez.

­- Gina!!!!!!!!

­- O... o quê? Oliver? O que você está fazendo aqui?

Oliver Writhe na frente dela, olhando-a preocupado.

­- Como o quê? Eu combinei de te pegar às oito horas, se lembra?

­- Ah... - ela se levantou. - Me desculpe... Acabei pegando no sono. Vou lavar o rosto e depois nós vamos...

A água fria tocou-lhe o rosto e ela admirou-se no espelho. Estava linda, porém não estava feliz. Era uma rosa com espinhos...

­­- Harry escolheu esse caminho... agora eu vou seguir o meu...

N/A: Desculpem pela demora... o meu PC tá com a Internet pifada e só consigo entras às vezes... Então, agradecimentos:

- Hasu Malfoy: Obrigada sinceramente... Espero que o meu final te agrade!

Bom, só isso.. Até breve (espero q seja breve..)