Exaustos, Aragorn e cia dormiam. No meio da noite, Legolas acordou e ouviu mais uma vez a triste canção élfica.
Intrigado com o que aquilo poderia significar, ele resolveu procurar a dona da voz.
Ele caminhou até um pequeno riacho e encontrou Laeriel a cantar.
- Então é você. - ele se aproximou.
- Você me assustou.
- Perdoe-me.
- Eu te acordei?
- Não. Mas não é a primeira vez que eu ouço essa música... onde você aprendeu?
- Minha mãe cantava pra mim.
- Ela tem uma letra triste. Diz: "Deus da Floresta, ouça meu coração..."
- "... E faça com que esse seja o meu último dia de solidão". - ela completou.
- Pedich i lam edhellen? [Você sabe falar élfico?]
Ela concordou com a cabeça, sorrindo.
- Deixe-me adivinhar: foi sua mãe que a ensinou.
- Acertou, Legolas.
- Sua mãe deve sentir saudade de você.
- E eu dela.
- Por que não volta?
- Ú-aníron den. [Eu não quero]
- Am man? [Por quê?]
Depois de alguns instantes, ela respondeu:
- Tenho medo.
- Você foi muito corajosa ontem em enfrentar Valandur.
- Eu sei lidar com humanos.
- Diga-me: aquele foi... foi...
- Foi o quê?
- Foi... o seu primeiro beijo?
- Por que quer saber?
- Perdoe-me se estou sendo indiscreto, mas é que você falou que ele "beijava mal" e eu concluí que...
- Não. Não foi o meu primeiro beijo.- Eu já me apaixonei um dia. Por um elfo. Ele era bonito, valente... como você.
- E onde ele está?
- Ele está... tipo, morto.
- Oh, eu lamento.
- Eu também. Me senti muito sozinha quando soube.
- Imagino. Você deve ter sofrido muito.
- E ainda sofro. É como se a minha vida não tivesse mais sentido. - Laeriel abaixou a cabeça.
- Ela tem sim. - Legolas a levantou com uma das mãos - Você é tão bela...
- E tão tola! - seus olhos se encheram d'água.
- Não chore. - ele continuou a segurar seu rosto.
- Legolas - uma lágrima escorreu - Eu preciso te contar uma coisa.
- Pode falar.
- É um segredo. Eu venho guardando-o há muito, muito tempo. Você nem imagina.
- Confie em mim. Pode falar.
- Legolas, eu sou uma elfa. Uma elfa... assim como você.
Dava pra ver nos olhos de Legolas a sua surpresa. Ele levantou parte dos cabelos de Laeriel, que sempre estavam soltos, e viu suas orelhas, confirmando o que havia dito.
- Mas... mas... como?!
- Por favor, não fique zangado comigo.
- Por que você não me contou, Laeriel?
- Não é tão simples assim. Eu guardo este segredo há 100 anos, Legolas. Foi a minha única saída...
- Me explique isso, eu estou muito confuso.
- O mais importante eu já te contei. Depois que ele morreu, eu me senti abandonada, tive muita raiva.
- Raiva de quê?
- De ser uma elfa, Legolas! Eu fui destinada a passar a eternidade sozinha. Por isso eu fugi.
- Fugiu para onde?
- Para nenhum lugar. Eu vaguei pelas florestas muito tempo... percebi que minha vida não tinha sentido sem ele e então.
- Então?
- Havia uma guerra. Não essa, mas outra, há muito tempo.
- O que você fez?
- Eu me juntei aos guerreiros e decidi que aquele seria o último dos meus dias.
- Você é louca...
- Eu não sou louca! Eu sofro! Poderia ter ficado lá, parada, esperando que alguém me matasse. Mas eu não consegui.
- Como assim?
- Eu não consegui. Quando vi aquela espada prestes a perfurar meu peito, algo dentro de mim, algo muito forte me fez lutar. Raios! Por quê...
- Então quer dizer que você luta porque quer morrer?
- Mas eu não consigo! Você nunca vai entender.
- Não, eu estou começando a entender. Por isso é que você canta aquela música antes das batalhas.
- "Deus da Floresta, escute meu coração..."
- "... E faça com que esse seja o meu último dia de solidão..." - agora era Legolas que tinha lágrimas em seus olhos - Não posso acreditar...
Eles se abraçaram por um longo tempo, emocionados.
Quando se soltaram, Legolas pegou a jóia que prendia sua capa e prendeu os cabelos de Laeriel, do mesmo jeito que sempre prendia os seus, deixando suas orelhas à mostra.
Enxugou as suas lágrimas e as dela e disse:
- Eu pensei que você não pudesse ficar mais bonita do que já era, mas me enganei.
Eles se olharam fixamente e depois de algum tempo se beijaram.
- E então, eu beijo melhor que Valandur? - ele riu.
- Nossa, não tem nem comparação! - ela riu também.
Se abraçaram novamente.
- Por favor, não conte nada a ninguém.
- Como você quiser... eu só quero te ajudar.
- Você já ajudou muito.
Ficaram em silêncio por algum tempo, até que Legolas arregalou os olhos, dizendo:
- Laeriel, por que você canta aquela canção?
- É um jeito de me acalmar.
- Mas quando você canta?
- Sempre que sinto que alguma batalha se aproxima.
- Céus...
Ele a puxou pelo braço, floresta adentro.
- O que você está fazendo?!
- Estelio nin. [Confie em mim]
- Daro! [Pare!] - eles se encostaram numa árvore.
Enquanto recuperavam o fôlego, escutaram barulho de cavalos se aproximando. Legolas voltou a puxá-la, dizendo:
- Yro! [Corre]
Foram correndo entre as árvores, o que era muito difícil, pois não sabiam de quem estavam fugindo e nem da onde vinham.
Até que se depararam na frente de três cavaleiros armados. Legolas perguntou:
- O que vocês querem?
- A moça. - um deles respondeu.
- Mas o que ela fez?
- Não importa o que ela fez. O Rei Valandur nos ordenou capturar a mulher de cabelos curtos desse acampamento.
- Eu tenho cabelos curto, sim. - Laeriel falou.
Legolas segurou seu braço, não entendendo o que ela estava fazendo. Continuou:
- Mas eu sou uma elfa. Olhem, tenho orelhas de elfa!
Os cavaleiros se entreolharam, confusos.
- Creio que Valandur não esteja atrás de uma elfa.
- Não, ele não está. - o guerreiro disse.
- Pois então - Legolas concluiu - não é a ela quem vocês procuram.
Depois de alguns instantes, os cavaleiros foram embora.
Legolas e Laeriel voltaram a correr.
CONTINUA ...
Intrigado com o que aquilo poderia significar, ele resolveu procurar a dona da voz.
Ele caminhou até um pequeno riacho e encontrou Laeriel a cantar.
- Então é você. - ele se aproximou.
- Você me assustou.
- Perdoe-me.
- Eu te acordei?
- Não. Mas não é a primeira vez que eu ouço essa música... onde você aprendeu?
- Minha mãe cantava pra mim.
- Ela tem uma letra triste. Diz: "Deus da Floresta, ouça meu coração..."
- "... E faça com que esse seja o meu último dia de solidão". - ela completou.
- Pedich i lam edhellen? [Você sabe falar élfico?]
Ela concordou com a cabeça, sorrindo.
- Deixe-me adivinhar: foi sua mãe que a ensinou.
- Acertou, Legolas.
- Sua mãe deve sentir saudade de você.
- E eu dela.
- Por que não volta?
- Ú-aníron den. [Eu não quero]
- Am man? [Por quê?]
Depois de alguns instantes, ela respondeu:
- Tenho medo.
- Você foi muito corajosa ontem em enfrentar Valandur.
- Eu sei lidar com humanos.
- Diga-me: aquele foi... foi...
- Foi o quê?
- Foi... o seu primeiro beijo?
- Por que quer saber?
- Perdoe-me se estou sendo indiscreto, mas é que você falou que ele "beijava mal" e eu concluí que...
- Não. Não foi o meu primeiro beijo.- Eu já me apaixonei um dia. Por um elfo. Ele era bonito, valente... como você.
- E onde ele está?
- Ele está... tipo, morto.
- Oh, eu lamento.
- Eu também. Me senti muito sozinha quando soube.
- Imagino. Você deve ter sofrido muito.
- E ainda sofro. É como se a minha vida não tivesse mais sentido. - Laeriel abaixou a cabeça.
- Ela tem sim. - Legolas a levantou com uma das mãos - Você é tão bela...
- E tão tola! - seus olhos se encheram d'água.
- Não chore. - ele continuou a segurar seu rosto.
- Legolas - uma lágrima escorreu - Eu preciso te contar uma coisa.
- Pode falar.
- É um segredo. Eu venho guardando-o há muito, muito tempo. Você nem imagina.
- Confie em mim. Pode falar.
- Legolas, eu sou uma elfa. Uma elfa... assim como você.
Dava pra ver nos olhos de Legolas a sua surpresa. Ele levantou parte dos cabelos de Laeriel, que sempre estavam soltos, e viu suas orelhas, confirmando o que havia dito.
- Mas... mas... como?!
- Por favor, não fique zangado comigo.
- Por que você não me contou, Laeriel?
- Não é tão simples assim. Eu guardo este segredo há 100 anos, Legolas. Foi a minha única saída...
- Me explique isso, eu estou muito confuso.
- O mais importante eu já te contei. Depois que ele morreu, eu me senti abandonada, tive muita raiva.
- Raiva de quê?
- De ser uma elfa, Legolas! Eu fui destinada a passar a eternidade sozinha. Por isso eu fugi.
- Fugiu para onde?
- Para nenhum lugar. Eu vaguei pelas florestas muito tempo... percebi que minha vida não tinha sentido sem ele e então.
- Então?
- Havia uma guerra. Não essa, mas outra, há muito tempo.
- O que você fez?
- Eu me juntei aos guerreiros e decidi que aquele seria o último dos meus dias.
- Você é louca...
- Eu não sou louca! Eu sofro! Poderia ter ficado lá, parada, esperando que alguém me matasse. Mas eu não consegui.
- Como assim?
- Eu não consegui. Quando vi aquela espada prestes a perfurar meu peito, algo dentro de mim, algo muito forte me fez lutar. Raios! Por quê...
- Então quer dizer que você luta porque quer morrer?
- Mas eu não consigo! Você nunca vai entender.
- Não, eu estou começando a entender. Por isso é que você canta aquela música antes das batalhas.
- "Deus da Floresta, escute meu coração..."
- "... E faça com que esse seja o meu último dia de solidão..." - agora era Legolas que tinha lágrimas em seus olhos - Não posso acreditar...
Eles se abraçaram por um longo tempo, emocionados.
Quando se soltaram, Legolas pegou a jóia que prendia sua capa e prendeu os cabelos de Laeriel, do mesmo jeito que sempre prendia os seus, deixando suas orelhas à mostra.
Enxugou as suas lágrimas e as dela e disse:
- Eu pensei que você não pudesse ficar mais bonita do que já era, mas me enganei.
Eles se olharam fixamente e depois de algum tempo se beijaram.
- E então, eu beijo melhor que Valandur? - ele riu.
- Nossa, não tem nem comparação! - ela riu também.
Se abraçaram novamente.
- Por favor, não conte nada a ninguém.
- Como você quiser... eu só quero te ajudar.
- Você já ajudou muito.
Ficaram em silêncio por algum tempo, até que Legolas arregalou os olhos, dizendo:
- Laeriel, por que você canta aquela canção?
- É um jeito de me acalmar.
- Mas quando você canta?
- Sempre que sinto que alguma batalha se aproxima.
- Céus...
Ele a puxou pelo braço, floresta adentro.
- O que você está fazendo?!
- Estelio nin. [Confie em mim]
- Daro! [Pare!] - eles se encostaram numa árvore.
Enquanto recuperavam o fôlego, escutaram barulho de cavalos se aproximando. Legolas voltou a puxá-la, dizendo:
- Yro! [Corre]
Foram correndo entre as árvores, o que era muito difícil, pois não sabiam de quem estavam fugindo e nem da onde vinham.
Até que se depararam na frente de três cavaleiros armados. Legolas perguntou:
- O que vocês querem?
- A moça. - um deles respondeu.
- Mas o que ela fez?
- Não importa o que ela fez. O Rei Valandur nos ordenou capturar a mulher de cabelos curtos desse acampamento.
- Eu tenho cabelos curto, sim. - Laeriel falou.
Legolas segurou seu braço, não entendendo o que ela estava fazendo. Continuou:
- Mas eu sou uma elfa. Olhem, tenho orelhas de elfa!
Os cavaleiros se entreolharam, confusos.
- Creio que Valandur não esteja atrás de uma elfa.
- Não, ele não está. - o guerreiro disse.
- Pois então - Legolas concluiu - não é a ela quem vocês procuram.
Depois de alguns instantes, os cavaleiros foram embora.
Legolas e Laeriel voltaram a correr.
CONTINUA ...
