Santa Madalena – Capítulo Cinco

*~*

"John... Quero falar um instante com você..." Antônio chamou enquanto John caminhou pacientemente até ele.

"Diga amigo... O que foi?".

"Bem... Você sabe que estou interessado naquela moça, não sabe?".

"Senhorita Marguerite, da barraca?". John se fez de bobo.

"Sim, ela mesma... Bem, ela também está interessada por mim... E você sabe, preciso saber mais coisas sobre ela...".

"Sim... Você pode perguntar à Verinha, até mesmo para José...".

"Verinha e José são muito complicados... Preciso de sua ajuda!". Antônio segurou os ombros com firmeza de John.Antônio podia muito bem perguntar o que quisesse para Vera ou José, mais percebeu o jeito em que os dois se olhavam na barraca e decidiu agir rápido. "Quero que você se aproxime dela... Fale bem de mim, diga minhas qualidades...".

"Qualidades?".

"Sim, você sabe... Procure saber mais dela... O que faz nos fins de semana, onde gosta de ir... Enfim, procure saber tudo sobre ela!".

John ficou olhando pra ele um pouco pensativo. "Por que eu?".

"Por que você é mais amigo meu do que José...".

"Não diga isso Antônio... Bem, mais tudo mesmo? Isso não é invasão de privacidade não?".

Antônio olhou serio para ele e cruzou os braços. "Claro que não...".

"Hei, calminha, só estou brincando...".

"Faça isso para mim e ... Arrume um encontro!Isso, arrume um encontro com ela rápido!".

"Eu? Arrumando encontro? Aonde está escrita em mim 'cupido'?".

"Em lugar nenhum, mais está escrito 'amigo'...".

"Ham sei... Está certo, farei como combinado...".

"Amanhã você vem?".

"Sim venho... E você?".

"Também...".

"Oh...".

"O que foi?".

"O que?".

"Esse 'oh' que você fez, o que tem?".

"Nada...".

"Ora vamos!".

"Bem é que você indo vai atrapalhar as coisas...".

"Como assim? Entre você e a senhorita Marguerite?".

O homem alto balançou a cabeça positivamente.

"Mais eu não entendo o porquê de atrapalhar...".

"É que quero ficar um pouco a sós com ela...".

"Oh sim, claro... Entendo...". John respondeu meio desanimado.

O homem sorriu e deu três tapas no ombro de John. "Obrigado amigo...".

John sorriu desanimado e José chegou.Bêbado.Cheio de marcas de batom. "Ah, se Vera vê você deste jeito!" John exclamou.

"Ihhhhhhhh......... Hum qui cêÊêiiiisss taumm fazendu rodandu dessssssss geito?!?...".

"Oh amigão, parece que bebeu um pouco..." Antônio ajudou com John a segurar o amigo. "Vem, vamos leva-lo até em casa".

Antônio se enfureceu. "Tinha que ser você José...Tinha que ser! Estragou a nossa noite...".

"Hummm..." José olhou invezado agora os dois Antônios que estavam ao seu lado. "Cê é uma graccccccccccinha, vem cá dá um beijinho vai...".

Antônio desviou de José que começou a rir.John também riu. "...Sss...Ssssó to brincandu co cê amigo...aaaaaaaammmmmmmmmiiiiiiiiggggggggggooo...".

"Pare de rir John!" Antônio ajudou José a caminhar.

John sorriu discretamente e também ajudou José a permanecer em pé.

"Ce também é uma graccccinh......... ua gracccccinha VIU Johnnn...... hehehe...".

Os três foram embora ouvindo as bobeiras que José dizia.

*~*

John acordou e a primeira coisa que viu foi os doces de Marguerite em cima do criado mudo.Ele sorriu ao lembrar do belo sorriso daquela jovem, que parecia a pessoa mais feliz que já viu.

"... Marguerite..." Ele murmurou o nome dela baixinho.Permaneceu um pouco na cama pensando nela, mas logo o sorriso saiu de seus lábios.Lembrou-se das palavras de Antônio. "Será que ele está pensando que quero alguma coisa com a senhorita Marguerite?". John arqueou as sobrancelhas e balançou a cabeça. "Pode ficar tranqüilo amigo, não quero me envolver com mais ninguém...".

John levantou-se e foi para a lanchonete.Para sua surpresa, estava lotada do lado de fora.Voltou e se arrumou rápido para começar a trabalhar. "Com certeza a minha máquina de café chegou ao ouvido do povo...". Ela sorriu em frente ao espelho penteando o cabelo sempre para trás.Passou creme para firmar o brilhoso cabelo negro e pegou o avental ao lado da pia. "Ao trabalho!".

*~*

Marguerite acordou com sua gata andando em cima dela. "Oh Marry! Bom dia pra você também...". A gata miou e se aconchegou no lenço perto de Marguerite.Ela passou a mão no pelo liso da gata e suspirou.

A noite na barraca tinha corrido longa e cansativa.Vendeu praticamente tudo.Bom, pois ela e sua amiga conseguiram arrecadar um bom dinheiro.Mas significava também trabalho dobrado.Tinha que levantar agora se quisesse garantir suas vendas.Teria que fazer no mínimo o dobro de doces que fez na noite anterior.Mas para tudo tinha que se dedicar, principalmente para Marguerite se o assunto era dinheiro.

Ela sentou-se na cama e espantou Marry.Pegou sua pregadeira no criado mudo e prendeu o cabelo como de costume.Depois foi ao banheiro e lavou o rosto, atendeu o pedido da mãe natureza e escovou os dentes.Pegou o lenço azul na gaveta do quarto e amarrou envolta da cabeça, vestiu seu vestido verde claro e estendeu a cocha na cama.Depois foi direto para a cozinha preparar os doces e fazer café.

Marguerite lembrou-se de Antônio. "Lindo...". Ela sorriu. "Pena que não é muito inteligente...". Sorriu. "Oh, mais quem se importa...".

Ela sorriu ao lembrar das coisas da festa, de Vera tentando convencer os fregueses de que seus bombons eram como os bombons da França, de José falando todas aquelas besteiras, de um senhor bêbado cantando ela, de uma senhora bem velhinha que dizia que ela era uma sacerdotisa druida, entre outras coisas. "Quanta besteira...".

Em seguida lembrou-se de John Cortez. "Hum... Muito simpático... Tem seu charme... Parece ser um homem triste mais é bem humorado... É, tem seu charme...". Ela sorriu. "Aposta! Rs... Bom, eu ganhei, e espero que esta noite ele volte para poder apresentar a minha mais nova invenção no ramo dos doces... E ganhar outra vez!". Ela ficou pensativa e lembrou de uma receita também antiga feita com chocolate e cravos-da-índia. "Ele vai adorar!". Marguerite sorriu e foi logo até a sala pegar na estante o livro de receitas.

Sem perceber, Marguerite estava fazendo todos esses doces, pensando em que John falaria.

*

John havia ganhado muito dinheiro.Sua máquina realmente lhe deu bons lucros. "Se continuar assim, poderei reformar a lanchonete...". Ele se animou.Já eram quase 5 horas quando o último freguês saiu da loja.Estava ansioso para contar e guardar o dinheiro que ganhou. "Quem sabe ano que vem também monte uma barraca na rua com senhorita Marguerite... Talvez ela possa me ajudar...".

CONTINUA...

*~*

***Eita... ta bonitinha né? *=) "R" ! ***